Deja Vu escrita por Lolakuph


Capítulo 1
Capítulo 1




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Não havia nenhum sinal de movimento naquela madrugada na Rua Mayber, exceto pelas árvores que balançavam com a brisa. Pessoas dormiam profundamente depois de um dia de trabalho. Mas ainda havia uma acordada.
Uma adolescente de seus 14 anos, cabelos castanhos longos e lisos, olhos escuríssimos e uma quantidade bastante significante de sardas no rosto pálido observava fixamente o paralelepípedo da calçada pela janela do quarto. Sabia que dali a algumas horas sua avó bateria furiosamente na rua do quarto e berraria que ela estava atrasada para o colégio e que se repetisse de ano iria ver como iria para um público, já fazia muito em pagar um particular, e só pra não sujar o nome com uma Moops estudando em colégio público, que fique claro. Mas não conseguia fechar os olhos. Alguma coisa do interior de Rachel Moops dizia que alguma coisa iria acontecer naquela noite. Alguma coisa. A qualquer momento poderia descer uma nave de extraterrestres no meio da Rua e acordar a todos, e ela poderia dizer que foi a primeira a ver pois estava com insônia. Ou então iria cair um meteoro, viria um furacão. Mas alguma coisa muito forte dizia: "Não vá dormir, Rachel. Fique aí e sossegue".
Alguma folhas caíram do pinheiro com uma brisa mais forte. Já eram 3:07 e ela estava ali há quase quatro horas. Rachel puxou uma cadeira. Encostou o rosto no vidro da janela. As pálpebras começaram a pesar e ela caiu no sono inconscientemente, antes de um jovem virar a esquina e caminhar a passos largos em direção ao muro do terreno baldio em frente à casa de Rachel.

Como de costume, Rachel foi perceber que já era de manhã e que o despertador tocava desesperadamente quando faltava apenas 30 minutos para o primeiro tempo de aula começar. Sua avó se esgoelava e socava furiosamente a porta trancada, berrando coisas que Rachel não conseguia distinguir. Fez um gesto obsceno com o dedo para a porta, e se levantou se encaminhando para o banheiro do quartinho de empregada.
- Já levantei, vó. Estou quase pronta.
- Ah, é? Então abra a porta para eu ver.
- N-não, vó, vai fazer o café.
- Não, senhora! Vamos parar com essa vagabundagem, seu estorvo rebelde, burr...
- AMÉLIA, VENHA VER!!
- Já vou, meu velho.
Rachel suspirou de alívio e começou a se vestir tropeçando nos lençóis espalhados pelo quarto.
Ela era uma garota orfã, que perdeu os pais com 4 anos em um acidente de avião, e desde então morou com os avós em uma casa velha na Rua Mayber, tendo apenas um quartinho de empregada como espaço. Odiava seus avós. Não faziam receio de repetir trezentas vezes na frente dela que tudo que desejavam era curtir a aposentadoria e a privacidade em paz, e ainda arranjam uma menina rebelde e idiota de sangue Slling para eles cuidarem; só faltava essa. Já não bastava o desgosto sofrido pelo filho, de quem cuidaram com tanto carinho, ainda tinham que criar outra menina para ter o mesmo desgosto depois. Era muito pra duas cabeças de 70 anos.
O pai de Rachel, Paul Moops, fugira de casa com 17 anos para se casar com a mãe de Rachel, Jane Slling. Os pais de Paul eram contra o casamento, pois julgavam Jane muito pobre para um jovem "do feitio de Paul". E os pais de Jane, por sua vez, não queriam que a filha casasse com um homem rico, metido, arrogante. Paul, com seu caráter completamente diferente do do irmão (Ernest Moops, um perfeito "filhinho de papai"), fugiu com Jane para Londres, onde teve Rachel. Porém, em uma viagem em família, o avião caiu e Rachel foi a única sobrevivente do acidente. Embarcou para Nova York e foi morar com os avós paternos. Desde então, tem vivido um verdadeiro inferno.
Já com aquele uniforme patético de freira, Rachel desceu as escadas e deu com os avós olhando pela janela, olhares assustados. Subiu as escadas correndo de novo e espiou pela janela do quarto. Uma grande multidão observava entre murmúrios um muro pichado, em que se lia:
"RACHEL, TE AMO. ASS; LISMICC"


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