PDV Bella

Eu torcia nervosamente as mãos sobre o meu colo no banco do carro enquanto esperava chegarmos ao tal Café que Renée tinha marcado comigo. Edward estacionou na frente e me encarou.

– Pronta?

Ri, nervosa.

– Mais ou menos.

– Quando quiser que eu venha lhe buscar é só me ligar, vou ficar em casa te esperando.

– Tudo bem – suspirei.

Ele sorriu e me beijou de forma carinhosa, fazendo meu coração saltar. Foi muito, muito doce. Como eu ainda tremia desse jeito? Acho que seria assim sempre.

– Calma, Bella – sussurrou ele ainda com sua boca na minha, eu me afastei lembrando do que ia enfrentar agora.

– Pra você é fácil falar – disse abrindo a porta do carro para sair.

Ele riu.

Fiquei olhando o carro se afastar tentando tomar coragem para entrar. É agora Bella.

Era uma cafeteria como qualquer outra da cidade, com pessoas entrando e saindo apressadas para o trabalho, ou sentadas nas mesas sem prestar atenção ao seu redor. Olhei em volta meio insegura, sem saber muito bem o que fazer.

Acabei sentando em uma mesa vazia e pedi um café, tentei reconhecer alguma das mulheres que estavam aqui, mas como poderia? Só sabia que não havia nenhuma sentada sozinha como se estivesse esperando alguém, a não ser eu, então supus que ela ainda não havia chegado.

Comecei a brincar com meu café, eu estava nervosa demais para comer qualquer coisa. Olhei para meu relógio e já havia se passado 5 minutos que eu estava aqui. Droga, por quanto tempo eu teria que esperar?

– Bella? – disse uma mulher, meio insegura, ao lado da minha mesa.

Olhei para cima e encarei a mulher que me olhava fixamente.

Ela era bem parecida comigo. Tinha um cabelo curto um pouco mais claro que o meu e obviamente mais velha, era como se eu fosse uma versão mais nova dela.

– Me desculpe por tê-la feito esperar – disse ainda me encarando.

– Não tem problema – murmurei meio insegura.

Ela se sentou na minha frente e logo uma garçonete se aproximou, ela também pediu um café (o mesmo que o meu) e depois se voltou para mim sorrindo.

– Não sabe como estou feliz por ter aceitado vim falar comigo hoje.

– Hum... Eu só não vi porque negar – murmurei.

– Eu tenho tanta coisa pra te falar...

– Porque não começa com porque você falar comigo? Porque está aqui?

Ela me olhou como se não entendesse.

– Como assim o que vim fazer aqui? Eu queria te conhecer... Eu sou sua mãe!

– Não acha que está um pouco tarde para isso? – perguntei sem consegui me conter.

Ela ia falar alguma coisa, mas desistiu, fazendo outra pergunta.

– Nunca teve vontade de conhecer sua mãe?

– Já, por muito tempo. Na minha infância e adolescência eu me perguntava como você era, se gostaria de saber sobre mim também, se iria voltar uma dia para me ver. Mas eu cresci Renée, me tornei o que sou hoje e há muito tempo parei de me perguntar essas coisas.

Ela pareceu refletir sobre o que eu disse.

– Eu não culpo você, Bella. Eu só... Entrei em pânico, tudo bem? Eu era muito nova... Só tinha 18 anos, um amigo dos meus pais tinha me oferecido uma vaga de emprego fora do país, me dando a chance de crescer fora de Forks, eu não amava seu pai o bastante, e se eu levasse você... Eu achei melhor que ficasse com seu pai.

Respirei fundo, tentando entender tudo que ela tinha falo.

Então ela tinha ido embora, sem olhar para trás, por causa de uma oferta de trabalho. Ela foi egoísta ao ponto de me deixar com Charlie sozinho para lucro pessoal, para construir outra vida melhor em outro lugar.

– De certa forma eu entendo, você queria uma carreira fora e uma filha lhe impediria – suspirei – Eu só não entendo o que está fazendo aqui.

– Eu... Queria que você me aceitasse de volta em sua vida.

– Por quê?

– Bella... Eu sou sua mãe.

– Não, minha mãe está trabalhando naquele hospital agora – disse firme.

Eu vi que ela ficou magoada, mas não me contradisse.

– Eu sei que Esme representa tudo que eu devia ter representado para você, então eu só peço, pelo menos como amiga.

– Eu não tenho muita certeza – murmurei.

– Pensei que você também estava curiosa sobre mim quando aceitou meu convite. É claro que eu previ o rancor e até a raiva, mas você não parece... Se importar – disse ela me encarando tristemente.

– Não, eu não tenho rancor e muito menos raiva, eu aprendi a viver com o que a vida me ofereceu e ela me deu uma mãe substituta e duas irmãs que eu amo muito. Mas minha curiosidade sobre você não morre, por isso eu estou aqui – disse.

Ela sorriu para mim.

– Eu gostaria de te conhecer melhor, Bella. Como uma amiga, por favor? Apenas mais uma chance.

Eu encarei-a meio tímida, ela parecia ser uma pessoa legal...

– Tudo bem – sorri.

Ela deu um grito de alegria totalmente dela e levantou como se quisesse me abraçar, eu também levantei, suspirando.

Resolvemos sair da cafeteria para dar uma volta por perto conversando sobre banalidades. Ela me perguntou sobre meu curso e disse que estava morando na Itália e que agora era casada, mas não tinha filhos no casamento e não tinha planos de ter.

Fiquei surpresa, em minha opinião quando uma pessoa casa é visando ter filhos, uma família, mesmo que não seja tão nova. Ela disse que não era o estilo dela, que se casou porque estava apaixonada e queria ter uma vida a dois, e completou falando que já tinha uma filha, não precisava de outra ou outro.

Passamos em frente a uma livraria e ela disse que queria muito entrar. Fiquei na frente esperando e acabei ligando para Edward pedindo pra ele vir me buscar, ele acabou chegando antes de Renée sair da loja.

– Onde você estava? Chegou muito rápido – sorri me atirando sobre ele.

– Acabei indo pro hospital, fiquei lá sem atrapalhar – eu ri da carinha inocente que ele fez.

Ouvi um pigarro atrás me mim e me virei para ver Renée nos encarando com um olhar divertido.

– Já comprei o que queria.

– Certo. Renée, esse é Edward, meu namorado – disse timidamente olhando-o depois.

– É um prazer conhecê-lo rapaz – ela sorriu para ele e estendeu a mão que ele prontamente aceitou.

– O prazer é meu Sra. Renée.

– Por favor, Edward! Até senti um cala-frio com o “Sra.”, me chame de Renée.

– Tudo bem - os dois riram.

– Então... Você veio buscá-la?

– Foi.

Renée sorriu para ele.

– Então acho que já vou indo. Nos veremos outro dia, Bella? – ela perguntou agora olhando para mim, Edward me abraçou com mais força.

– Claro.

– Eu te ligo – disse passando a mão em meu rosto e depois indo embora.

~~*~~

– E então, como foi?

– Bom... Ela foi sincera comigo, pelo menos foi o que pareceu e eu também fui sincera. Ela disse que na época preferiu se dedicar a um trabalho fora do país ao invés de criar a filha. Eu disse que não estava magoada - dei de ombros olhando para Alice e Rosalie que estavam sentadas na minha cama.

– Caramba... Parece coisa de novela – Rosalie e eu rimos de Alice.

– Eu não teria reagido como você, teria gritado um pouco com ela – murmurou Rosalie rindo para si mesma.

Ergui as sobrancelhas, estranhando.

– Alice, é impressão minha ou a Rosalie está bastante risonha hoje?

– Eu também achei, minha irmã. Estou perturbando ela desde que chegamos do shopping ontem, mas ela não quer me contar - disse Alice chateada, fazendo seu típico biquinho.

– Tudo bem! Eu conto o que aconteceu...

– Espera! – gritou Alice me fazendo pular de susto – Será que tem alguma relação com Emmett ter te chamado para conversar aquela hora? Hein?

– Hummmmmmmm... – botei fogo.

– É, é... Nós estamos namorando! – ela gritou feliz.

Gritamos junto com ela, é claro que Alice bem mais escandalosa como sempre.

– Finalmente! Eu disse que ia acontecer – sorri para ela – estou feliz por você.

– Meninas, eu sei que sou irresistível e arraso, mas não precisam gritar assim.

Ergui as sobrancelhas olhando Emmett entrar no quarto como sempre se achando “o bom” e se jogando do lado de Rosalie.

– Com certeza, Emmett. Estamos todas aqui gritando desesperadas porque o cara mais gostoso de Dartmouth agora está amarrado – disse Alice de forma irônica.

– Eu não gostei do que ouvi – gargalhei com a cara que Alice fez ao ver Jasper na porta do quarto, é claro que ele só estava brincando.

Ele também riu e se sentou ao lado dela, abraçando-a. Legal, agora tem dois casais em cima da minha cama!

– Olha, ficar de vela no meu quarto para mim é demais então estou saindo – eles riram da cara que eu fiz, é eu estou amando essa situação.

Sai do meu quarto indo para a sala pretendendo me jogar no sofá ou algo assim, quando cheguei lá estranhamente encontrei Jacob sentado, olhando pro nada.

– Jacob? Está esperando Renesmee?

– Ah, oi Bella. Ela saiu com o Edward, então estou meio perdido aqui – ele riu, sua risada era agradável.

– Eu também estou meio largada – eu ri sentando no outro sofá. Não se passou nem um minuto e o telefone de Jacob tocou.

Ele atendeu sem parecer reconhecer o numero.

– Alô?

Desviei os olhos, tentando não ser intrometida.

– Sim, é ele... Não vejo como isso pode ser da minha conta... Como??... Espere! Quem é você?... Só pode estar de brincadeira... Tudo bem – ele desligou e se levantou abruptamente, eu pulei com o susto.

– Bella, eu já vou embora, tenho que fazer uma coisa... – murmurou Jacob, nervoso.

– Está tudo bem? – perguntei insegura.

– Está! Quer dizer, eu acho. Tchau Bella.

Olhei incrédula ele sair apressado.

– Que estranho – murmurei para mim mesma.

O telefone da casa também começou a tocar.

– Alô – atendi.

– Bella? O Jasper está?

– Alec? – perguntei reconhecendo a voz.

– Oi – ele riu divertido.

– Ah... Oi, o Jasper meio que não pode atender agora, já tentou ligar para o celular dele?

– É esse o problema, eu não tenho o numero do celular, só tinha o da casa. Então deixa pra lá.

– Tudo bem.

Depois ficou um silencio estranho.

– Hum... Era só isso Alec?

– Era, quer dizer... Bella, eu posso te pedir um favor?

– O que? – perguntei, não consegui imaginar o que ele me pediria.

– É que eu estou tendo um pouco de dificuldade em um trabalho da faculdade e queria sua ajuda... Já que você é uma amante da biblioteca...

– Ah! Alec... Você está a mais tempo do que eu estudando, duvido que eu vá ser útil em alguma coisa.

– Bella, não se subestime, pode pelo menos tentar me ajudar? Duas cabeças pensam mais do que uma! Por favor, Bella. – ele riu implorando.

– Tudo bem... Mas você vai ver, não vou ajudar muito, posso até te atrapalhar.

– Eu divido muito, então a gente se vê na segunda?

– Certo, tchau.

– Tchau Bella.

Desliguei o telefone, ainda confusa com o pedido, mas a confusão logo desapareceu quando ri ao ver Edward atravessar a porta, cheio de sacolas nos braços ao lado uma Renesmee bastante satisfeita.