Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 5
Capítulo 4. Gianna


Notas iniciais do capítulo

Prontinho! Aí está mais um capítulo!
Agora as coisas começam a ficar interessantes! Ela chegou à Volterra!
Espero que goste! ;*



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4. GIANNA

Era madrugada quando pulei o muro da cidade e entrei em Volterra.

Fazia um mês desde minha conversa com Carlisle pela internet. Eu já estava na Toscana há duas semanas, hospedada em um hotel em La Chiostra. É claro que ainda antes de chegar aqui, Carlisle fez novo contato, preocupadíssimo, na medida em que Alice lhe contou para onde eu ia e o que tencionava fazer. Mas, eu o tranquilizei.

Planejei esta noite com muita calma. Era a primeira vez que entrava na cidade desde então; uma vez que, vigiando muito discretamente, os arredores de Volterra, vi Alec, Demétri e Félix saindo juntos em uma viagem, há dois dias. Provavelmente, para resolver algum assunto de interesse dos líderes Volturi. Então, achei que seria uma boa hora para tentar entrar na cidade, sem os três por perto.

Não faria muito hoje, somente uma primeira incursão exploratória: verificar em quais becos a guarda se posicionava; memorizar alguns cheiros, quem sabe até ouvir alguma conversa comprometedora e que acabasse sendo útil aos meus planos...

Fazia muito tempo que eu não vinha a Volterra... A última vez, há 150 anos, foi para servir de testemunha dos Volturi no julgamento de alguns vampiros que estavam criando exércitos de recém-criados e chamando muita atenção com isso, no norte da África. Sempre que eu pensava em minha fidelidade às leis deles e no que fizeram com minha irmã, a motivação para estar aqui – a procura de algo que pudesse ser útil na minha vingança – aumentava.

A cidade toda dormia. Eu sabia em quais becos poderia circular sem esbarrar na segurança Volturi. Como esta era uma noite comum, a guarda provavelmente se espalhava mais nos becos subterrâneos próximos ao prédio que lhes servia de fachada, não estavam todos nas ruas cobrindo cada canto da cidade.

Ninguém fazia ideia que eu estava aqui.

Eu conseguia sentir o cheiro de nossa espécie no ar. Então, evitava os becos onde o cheiro era mais forte. Reconheci o caminho que eu queria dentro do labirinto subterrâneo de Volterra com facilidade.

Pelo flanco direito do subsolo do prédio não havia sinal de qualquer vampiro da guarda vigiando. Achei isso estranho, mas me movi como um borrão no ar, em direção ao prédio. Minha respiração desnecessária acelerou-se um pouco, talvez porque eu pudesse sentir a proximidade de Caius e o ódio fazia meu corpo pulsar em estresse e angústia. Foco, Tanya, foco.

De repente, escutei um pouco distante um tropel de passos acompanhado de cheiro humano bem forte. Percebi que vinham da tampa de um grande ralo no alto. O ralo ficava no chão do saguão de entrada do covil dos Volturi, bem no canto.

Ouvi uma voz feminina falando como se estivesse guiando muitas pessoas em direção a algo. Era uma voz perfeita demais para ser humana e o cheiro característico deu a certeza de que se tratava de uma vampira. Os passos aproximavam-se aos poucos. O cheiro dela não me era estranho, mas naquele dia, em Forks, eles eram tantos que não reconheci prontamente. Quando ela se aproximou, a uns cinco metros da tampa que estava acima da minha cabeça, o cheiro invadiu minhas narinas e vi que era Heide – a pescadora.

Ela parecia não dar pela minha presença. Estava muito próxima a um grande grupo de humanos que a seguiam maravilhados com a decoração e suntuosidade do prédio.

– Por favor, venham por aqui. Sei que já é tarde, mas nossos funcionários estão aguardando para acomodar todos vocês em seus quartos. Sabemos que a viagem foi longa e logo todos poderão descansar. – dizia ela com um imperceptível toque de ironia na voz.

Então, Heide estava chegando de uma pescaria e o grupo de turistas enganados por ela achava que o prédio era um hotel. Interessante! Parece que a sorte estava do meu lado, afinal! Por isso, consegui chegar até aqui, tão próximo do subsolo do saguão do castelo Volturi sem ser notada pela guarda. Aproveitei esta vantagem e resolvi improvisar, porque logo eles estariam se alimentando; então eu teria algum tempo e poderia entrar sem ser notada. O grupo de humanos, tendo Heide a sua frente, passou todo a alguns metros, sobre minha cabeça e seguiu em direção a torre, que eu sabia que era onde os líderes ficavam.

Quando o saguão ficou vazio novamente, empurrei a tampa cuidadosamente e me certifiquei de que não havia mais nenhum imortal ali.

Estava tudo limpo.

Eu sabia que tinha pouco tempo. Heidi precisava acompanhar os passos lentos do grupo de humanos, mas quando ela chegasse à torre, eles não levariam muito tempo para beber todos. Então, apressei-me em direção aos aposentos privativos. Sabia que todos os líderes tinham os seus. O grande corredor estava completamente vazio. Todos aguardavam Heide. Reconheci o cheiro de Caius com facilidade e apressei-me rastreando-o. Meus pés sequer tocavam o chão de mármore, ia tão rápido que não fiz qualquer barulho. Principalmente com os instintos dos vampiros todos voltados para o grupo de humanos que, infelizmente, entregariam suas vidas para que eu obtivesse sucesso esta noite.

Cheguei a frente de uma das últimas portas. Três que ficavam lado a lado no fim do corredor. Tudo era ricamente ornamentado, mas notei que a decoração ficava mais luxuosa neste pequeno lobby em frente destas portas, que reconheci como sendo dos aposentos de Aro, Marcus e Caius, respectivamente, o que me deixou surpresa, por ser o de Marcus ao meio e não o de Aro.

Fui para a porta da direita, dos aposentos de Caius. O cheiro dele era intenso, minha respiração tornou a se acelerar e comecei a ver tudo vermelho. Precisei de um minuto para me acalmar.

Foco, Tanya, foco. Eu repetia como um mantra.

A porta estava destrancada. Eles pecavam por excesso de confiança. Entrei devagar. Não havia ninguém no quarto.   

O luxuoso quarto era todo branco com detalhes clássicos em vinho e dourado, colunas gregas em mármore, muitas obras de arte caríssimas nas paredes: Van Gogh, Picasso, Renoir, Matisse... A janela na parede em frente à porta estava fechada e ficava, parcialmente, escondida por cortinas de veludo vinho; a luz principal estava apagada e a penumbra ambiente invadia a escuridão por entre as cortinas e vinha de fora. Na parede esquerda, abaixo de uma enorme pintura a óleo, ficava um confortável divã, e na parede da direita, uma pesada estante de mogno cheia de livros. No canto, ao lado da estante, ficava uma porta, que imaginei ser a entrada para o closet.

Voejei até esta porta e me surpreendi com uma gigantesca cama king size, ricamente arrumada e ornada. O cheiro de Caius, neste cômodo, parecia muito misturado ao de outro vampiro. Presumi que talvez este fosse um aposento comum entre ele e Athenodora, uma vez que logo em frente, na parede onde a cama ficava próxima, havia outra porta para um aposento interno – ao qual me dirigi – e que parecia ser somente dela. A decoração, apesar de austera, era mais feminina, e o cheiro adocicado dela era forte ali.

Ao mesmo tempo em que este encadeamento de cômodos interligados me fez compreender porque era o quarto de Marcus que ficava ao meio, também notei que ao lado do divã dos aposentos de Athenodora, havia uma escrivaninha de mogno, com uma requintada cadeira estilo Luís XV em frente. Sobre a escrivaninha um livro de capa dura aberto ao meio. Junto deste livro, uma pena antiquíssima e o tinteiro. Aproximei-me cuidadosamente e vi que se tratava de um diário, ainda inacabado. Das duas páginas abertas, a primeira estava toda escrita com uma caligrafia muito elegante e delicada; a segunda página encontrava-se escrita até a metade da folha, quando o relato foi interrompido, provavelmente pela proximidade da refeição que Heide trazia.

Li as palavras escritas freneticamente. Nada recente parecia relevante para mim. Comecei a folhear o diário, voltando alguns dias rapidamente. Quando, de repente, algo escrito há quatro meses me chamou a atenção:

.

“Minha espera agora chega a termo... Após oito séculos, finalmente, vou reencontrar meu amor... Não em carne e osso, mas em sangue. O sangue que corre nas veias dos descendentes de sua linhagem. O meu sangue também corre naquelas veias... O fruto do meu amor verdadeiro, Caius pode tê-lo destruído, mas ele deixou descendente. Meus descendentes também... Vagando errantes pelo mundo... Uma delas estava tão próxima e eu não sabia... E agora, o que será dela? Preciso encontrar uma maneira de tirá-la daqui... Mas como? Ela nem mesmo sabe que sou sua aliada... Nem ao menos sabe que ela precisa fugir daqui...

Se Caius descobrir que uma descendente de Rômulo vive, aqui, bem embaixo de seu nariz...”

.

Neste exato momento, ouvi muito ao longe, os gritos do grupo de turistas trazidos para esta armadilha mortal. Os ouvidos humanos não seriam capazes de escutar e distinguir este som, da distância que eu estava da torre, mas meus ouvidos rapidamente me deram o sinal de que a carnificina tivera início e que eu precisava me apressar, se eu quisesse sair dali sem ser notada.

Sem tempo para ler mais, arranquei aquela folha e a seguinte também.

Aquilo, definitivamente, era importante!

Oito séculos? O que aconteceu há oito séculos? Rapidamente me virei para a grande estante na parede atrás de mim. Como desconfiei, era abarrotada de grossas caixas de arquivo. Estavam envelhecidas pelo tempo e deviam estar cheias de diários como aquele sobre a mesa. Oito séculos... Pensei nas palavras escritas por Athenodora nas folhas que agora estavam em meu bolso, e escalei a estante até encontrar a caixa que procurava. Todas estavam rotuladas com a data das décadas e séculos que continham. Encontrei a caixa, cujo rótulo trazia: SÉCULO XIII/1º DECÊNIO. Peguei o diário que tinha na capa o ano 1207 e guardei a caixa em seu lugar. Depois tratei de sair rápido dali. Voltava pelo mesmo caminho voando, quando estanquei violentamente ao sentir cheiro de sangue humano atrás de uma das portas do corredor. O que significava aquilo? Não senti o cheiro quando cheguei? Por quê?

Percebi, então, que antes eu estava concentrada demais rastreando Caius, mas que agora, afastados também os humanos capturados por Heide, consegui sentir este aroma. Aproximei-me da porta e ouvi em gemido de dor.

Entrei lentamente.

Havia uma jovem humana e grávida deitada sobre uma cama. Tinha os olhos bem abertos e apavorados ao me ver. Parecia estar sentindo dores muito intensas, mas recebia, no mínimo, soro intravenoso em uma punção no braço direito. Entre os gemidos, ela perguntou, em italiano:

Chi sei? Quem é você? Eu não a conheço... – ela parecia cansada até para falar. Parecia ser uma jovem muito bonita, mas estava desfigurada, parecendo muito doente, tinha profundas olheiras. Mas aquela barriga era de gestante, eu tinha certeza. Aproximei-me lentamente para não assustá-la e perguntei, suavemente, em italiano perfeito:

Come si chiama? – ela fitou meus olhos âmbar, da minha última caçada, já na Europa e pareceu relaxar, respondendo minha pergunta.

– Gianna. Meu nome é Gianna. Per favore, me ajude!

– Ajudá-la? Como? Não posso demorar...

Mio fratello... Entregue esta carta a ele, per favore, mio fratello... – ela se virou com dificuldade, pegou um envelope que estava escondido na gaveta do criado-mudo e o colocou em minhas mãos. Não tinha um conteúdo muito volumoso, mas o nome e o endereço do destinatário estavam preenchidos. E então, continuou. – Seus olhos... Reconheço seus olhos... Não são como os olhos deles... São dourados como os olhos da pequena vampira americana... Que esteve aqui na primavera passada... Junto com a jovem humana.

Ela falava com dificuldade, mas deve ter visto a confusão em meu rosto, porque completou explicando:

– Ela veio encontrar seu irmão. O jovem vampiro estava desesperado... Qual era mesmo seu nome?... Cullen... Isso mesmo... Edward Cullen.

Alice Cullen?! – confirmei em choque. Carlisle havia me contado esta história. Quem era esta Gianna que conheceu Edward, Alice e Bella?

– Sim. Per favore, me ajude, estranha. Trago, em meu ventre, um bebê... Que está sugando minha vida. Tudo foi tão rápido... Eu só queria ser um deles... Teria sido tão leal... Só meu irmão pode me ajudar agora...

Ouvi passos muito distantes, a refeição chegava ao fim, meu tempo estava se esgotando. Gianna viu minha cabeça girar rapidamente e sibilou desesperada:

Andare! Vá! Eles não podem te encontrar aqui. Andare, depressa.

Guardei a carta dentro do diário de Athenodora e saí rapidamente, fechando a porta do quarto atrás de mim. Alcancei o saguão voando, desci pela abertura do ralo e desapareci na noite estrelada da Toscana...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que achou? Me conte por review!Posto o próximo amanhã!bjokas!