Tanya Denali escrita por AnnaJoyCMS


Capítulo 18
Capítulo 17. Lucca


Notas iniciais do capítulo

N/A: Quando comecei a escrever essa FIC pretendia me manter na narrativa sob o POV da Tanya somente. Mas, acho que chegamos a um ponto onde senti necessidade de escrever um capítulo que descrevesse os sentimentos do Lucca, nosso lobisomem Filho da Lua, e muito gato! ahsuahsuahs
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É um personagem inventado pro mim, mas como me inspirei muito em MS para escrever este capítulo, então continuo fiel ao universo criado pela genial Stephenie Meyers.
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Vejam o que vcs acham, então... E comentem...!



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17. LUCCA

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LPOV

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 – Lucca! – era a primeira vez que ela me chamava pelo nome e o que eu senti foi inacreditável. O som do meu nome em sua voz melodiosa dela era agora o som mais perfeito do universo para mim. Virei rapidamente para encará-la.

– Aliados não. Amigos. – ela cantou com um sorriso aconchegante nos lábios. Seus maravilhosos olhos dourados eram insondáveis, e exultante, eu não pude deixar de sorrir também. Sem palavras para respondê-la, apenas aquiesci e fui procurar um lugar para montar minha barraca.

Eu precisava pensar. Precisava compreender.

Resolvi acampar próximo do chalé. Há alguns metros da porta dos fundos, que dava para a cozinha, começava a floresta que subia montanha acima. Montei minha barraca ali. Era possível ouvir o som da água do pequeno rio que descia da montanha, perto daqui. Ele estava superficialmente congelado, mas parecia que ainda descia água por baixo da camada de gelo.

Fechei o zíper da minha familiar barraca e escorreguei para dentro do saco de dormir. Não que o frio estivesse me incomodando, mas era um cuidado necessário, visto que estávamos na lua nova e nesta semana eu estaria bastante enfraquecido. Ainda assim, para um humano não seria possível estar aqui onde eu estou sem cobrir-se de agasalhos e eu vestia apenas jeans e uma camiseta. Retirei a calça para ficar mais à vontade e relaxei.

Meus sentidos não estariam tão aguçados neste período. Eu já estava acostumado com isso, mas essa proximidade com vampiros me deixava um pouco cismado. Não que eu tivesse qualquer hostilidade com relação a eles. Seus olhos dourados me deram uma nova perspectiva das características da minha linhagem. Descobri que nós poderíamos coexistir em harmonia com estes vampiros de olhos dourados.

Nós... Não há um nós! Eu sou o último...

Por isso não posso falhar...

Para isso venho me preparando por todos estes séculos. Todos os lobisomens de minha ascendência, após as mortes de Rômulo e Tirreo procuraram pela vampira dourada. E agora que eu a encontrei, eu sabia que não podia falhar.

Eu só não imaginava que haveria essa complicação...

Jamais imaginei que me apaixonaria por ela no momento em que colocasse meus olhos nela...

Foi... mágico!

Inexplicável.

Num instante eu estava tenso, correndo na neve em direção a oito vampiros desconhecidos; no minuto seguinte perdi o chão e a individualidade.

Meu coração estava acelerado com a adrenalina, a expectativa. Marconi havia me falado dela, de seu estilo de vida e de seu clã. Mas não imaginei que haveria outro clã aqui junto dos Denali. É claro que eu estava tenso e me preparando para uma possível luta.

Senti seus cheiros primeiro e isso já deveria ter despertado a minha atenção para o curioso fato de que somente sete queimavam minhas narinas. Não queimava intensa e insuportavelmente como o fedor de tantos sanguessugas com os quais já me deparei, mas havia uma pequena e incômoda queimação... Porém, de um vinha um cheiro atraente, um perfume muito peculiar que eu nunca vi antes.

Reduzi meu ritmo e passei a forçar meus olhos enfraquecidos a enxergarem o perigo a frente e vi seus vultos, em formação de semicírculo a minha espera. Só que nessa fase de lua nova, e minha visão prejudicada não pude enxergar nada mais de onde eu estava. Precisava me aproximar.

Tentei acalmá-los falando pausada e calmamente em minha saudação. O vampiro loiro que me respondeu também não foi hostil, então cheguei mais perto e pude ver então seus olhos. Como Marconi havia me dito; eram todos dourados.

E então, aconteceu... Ela deu alguns passos à frente, destacando-se do grupo, e no momento em que eu ouvi sua voz esqueci quem eu era. Esqueci o que tinha vindo fazer aqui. Senti que meu coração bateu errático em meu peito e meus pés já não pisavam o chão. Sequer sei dizer como me aproximei dela, acho que levado pelo perfume. O mesmo distinto perfume que senti antes; reconheci como vindo dela em minha direção, me chamando para ela. Era uma força que estava além dos meus sentidos, das minhas emoções e medos.

Eu já não era mais Lucca, descendente de Rômulo e Tirreo; minha individualidade estava perdida para sempre. A partir daquele momento eu me tornaria Lucca, o homem destinado a proteger e a amar aquela vampira acima de todas as coisas.

Pensei ter amado duas mulheres que me deram dois filhos, muito embora, hoje eu pareça mais o filho de Marconi do que seu pai. Mas, a partir daquele momento percebi o quão solitário eu era quando me envolvi com elas e que o afeto que senti por elas em nada se compara com essa entrega, esse comprometimento, com esse fogo queimando meu peito.

Tanya...!

Ela com o olhar intenso tranquilizou um dos vampiros que veio protetoramente para junto dela e depois me sondou. Com toda certeza, tentando compreender como é que eu poderia ser o pai do velho Marconi que ela conheceu na Itália. E, então, seus olhos de âmbar alcançaram os meus e eu tive certeza, não só que a seguiria onde quer que ela fosse; mas também que ela era a vampira dourada que a antiga profecia etrusca dizia que se uniria a um Filho a Lua de nossa linhagem, para destruir nosso maior inimigo de olhos vermelhos.

Veja o cabelo dela! Tem a cor dos raios do crepúsculo!... Tão linda... A pele clara e macia... Tive ímpetos de levar minha mão até seu rosto, mas me controlei. Seus lábios eram fartos, rosados e convidativos. Reprimi minha imaginação que já desenhava em minha mente, a possibilidade de tocá-los com os meus; seus lábios seriam gelados como a neve e isso, inexplicavelmente, não me causava repulsa.

Na verdade, não poderia ser mais atraente para mim.

Somente uma parte muito pequena de minha mente lembrava-se do que meu pai dizia a respeito da profecia. Ele carregava a crença de que todos os lobisomens de nossa linhagem, de certa forma, viveram suas longas vidas atormentados a procura dela, vagando errantes pelo mundo inteiro à caça de sanguessugas e da vampira que de alguma forma seria dourada... E eu a encontrei! Estava aqui, diante dela! E ela me modificou para sempre... Estes pensamentos me levaram a dizer:

 – Encontrei você, enfim...

Mas agora, eu precisava dormir e descansar para recobrar minha força e meus sentidos. Mas, eu não consegui deixar de pensar nela e ver cada traço de seu rosto perfeito me olhando no teto da barraca. “Aliados não, amigos”, ela disse. Ela queria ser minha amiga e embora isso estivesse longe de ser o que eu queria, eu estava disposto a ser o que ela quisesse.

Então, uma ideia me veio. Uma carta!

Não, algo mais simples. Um bilhete. Sim! Eu poderia retribuir sua gentileza escrevendo-lhe um bilhete. Falaria da nossa amizade. Eu a faria entender que ela pode contar comigo incondicionalmente.

Alcancei, em minha mochila, o meu bloco de anotações e caneta; depois resolvi acender a lanterna para escrever, não querendo forçar mais ainda minha visão. Apesar de ser manhã, estava escuro, devido ao mau tempo.

Mas... O que escrever para ela? Busquei então, um dos livros que Marconi me fazia trazer sempre que saia para viajar, para que eu me distraísse lendo, e encontrei algo bastante simples. Era um pequeno poema de Einstein, que em sua simplicidade falava da amizade de uma maneira muito pura. Tão pura, como só uma criança é capaz.

Então, satisfeito, copiei um trecho para ela.

Enquanto o fazia, percebi que alguém conversava na cozinha do chalé aos sussurros, tentei forçar meus ouvidos, mas não pude ouvir. Não na lua nova...

Depois apaguei. A lanterna e minha mente. Dormi um sono sem sonhos, exausto demais para isso.

Quando acordei, parecia que já era fim de tarde. Saí da barraca e entrei timidamente pela porta da cozinha. A vampira espanhola veio ao meu encontro, tentando ser uma anfitriã solícita, perguntou:

– Você... hã... Gostaria de tomar um banho?

– Eu agradeceria muito, sim. – respondi tentando ser gentil. Voltei à barraca, peguei uma muda de roupas e permiti que ela me conduzisse para o andar de cima do grande chalé. Passamos por um corredor com quatro portas depois que subimos a escada. No final deste corredor havia uma escadinha que dava para o quarto do alto. Um único e espaçoso aposento no terceiro andar; cujo teto, rebaixado em madeira, era inclinado devido ao telhado do chalé, e cujo cheiro delicioso indicava sua dona.

– O banheiro fica por ali. – ela apontou antes de sair, fechando a porta do quarto atrás de si.

Analisei o quarto de Tanya cuidadosamente.

Em frente à porta ficava a janelinha que dava para frente do chalé. O enorme cômodo de paredes inclinadas recebera uma divisória para incluir o banheiro e pelo tamanho, provavelmente um closet, que eu vou explorar em alguns instantes. Então, na parede reta da divisória havia várias fotos que eu olhei uma por uma. Na maioria delas estavam Tanya, sua irmã Kate e outra vampira com curtos cabelos loiros, que desconfiei ser Irina, a irmã morta por Caius. Tinha fotos das três desde as mais antigas, em preto e branco e envelhecidas pelo tempo; até fotos coloridas, também desgastadas e as coloridas mais recentes, com ótima imagem. Os cenários e as roupas que elas usavam eram os mais diversos ao redor do mundo e acompanhando os traços marcantes da moda, de todas as épocas.

Encostado nesta parede havia um confortável divã e uma escrivaninha com uma luminária e um netbook fechado sobre ela. Sobre o assoalho de madeira havia um tapetinho oval de crochê grosso e no canto, uma mesinha com um pequeno equipamento de som e vários livros ao lado e na prateleira de baixo. Ao lado uma escultura de mais ou menos meio metro, que no alto de uma base em estilo helênico continha a delicada forma de três moças que, de mãos dadas, pareciam brincar de roda.

Fui para a porta que acessava o banheiro e, como eu desconfiava, passei primeiro por um pequeno closet.

Enchi a banheira de Tanya e relaxei na água quente desfrutando de seu perfume, que estava em cada canto aqui. Fechei os olhos e a imaginei nua nesta mesma banheira, seu perfume me inebriando, enquanto deixava minha imaginação correr livremente.

Quando dei por mim, minha ereção latejava angustiantemente dentro d’água. Já fazia tanto tempo... Desde a mãe de Gianna, no final da década de 70, eu nunca mais estive com nenhuma fêmea humana. Aliás, eu só conhecia fêmeas humanas, e agora, este desejo suplicante ardendo em cada fibra do meu corpo...

Como seria estar com uma vampira?...

Eu sabia que o corpo era muito rígido, mas macio com cetim sobre o mármore.

O que eu não daria para tocá-la?... Ao menos uma vez... Tocar seus cabelos...

Precisei me aliviar da tensão em meu baixo ventre antes de sair daquele banho.

E antes de fugir, rapidamente, deste quarto, resolvi que deixaria o bilhete para ela aqui. Seria menos embaraçoso do que entregar-lhe em mãos.

Antes, porém, de colocá-lo na escrivaninha, lembrei do que acabara de fazer na banheira dela... Pensando nela.

Aquilo estava tão distante das palavras ingênuas de Einstein, que sem pensar no que fazia, dobrei o bilhete para escrever por dentro uma frase de Nietzsche que eu gostava muito e conhecia muito bem e que descreveria o inferno que seria esta minha amizade com a bela imortal pela qual eu estava, surpreendente e miseravelmente, apaixonado.

Não. Não era isso. Essa frase não era capaz de descrever o meu tormento. Ela falava da impossibilidade que era uma amizade com ela, quando um amor tão intenso me corroia a carne por dentro até o cerne dos ossos.

Eu estava longe da antipatia física por Tanya... Muito longe...

E, assim, deixei seu quarto e fui rapidamente procurar por ela.

Facilmente, a rastreei e, surpreso, vi que ela estava no rústico galpão de madeira ao lado do chalé. O que Tanya fazia ali? Um som estranho vinha lá de dentro, como pedra sendo quebrada e lixada...

Bati na porta, embora ela provavelmente já tivesse percebido minha aproximação.

Empurrei a porta, timidamente e vi que Tanya num salto ágil acabara de cobrir o grande objeto que ela estava manipulando com um lençol branco; assim, como havia outros lençóis, cobrindo outros objetos disformes.

Então, ela esculpe... Isto é um atelier! Que interessante!... Aliás, ela poderia ficar ainda mais interessante para mim? Eu desconfiava que sim, mas não via a hora de descobrir o quanto...

– Olá. Falaram que você estava aqui... – menti, não precisei perguntar a ninguém. – E eu... – precisava te ver, precisava estar com você.

– Sim, Lucca. – disse ela, um pouco alarmada talvez. – Pode entrar. Você não atrapalha. – fitei a peça disforme que ela acabara de jogar o lençol por cima. O que será que ela esculpia ali? Mas, no segundo seguinte, não querendo importuná-la, disse:

– Tem certeza? Eu posso voltar...

– Não! – ela respondeu visivelmente alarmada. Que estranho!... – Eu já ia fazer uma pausa. – completou ela.

Analisei melhor a escultura na qual Tanya estava trabalhando e escondera de mim, mas não pude supor o que seria... Bom, acho que é comum ao artista não expor a obra antes de pronta.

Tanya parecia nervosa com algo, olhou em volta após saltar da bancada, levantando uma pequena nuvem de pó de mármore. Bom, supus que fosse mármore por causa do cheiro. Ela estava coberta de mármore e ainda continuava linda, gloriosa, sem nem sequer se dar conta do quão maravilhosa ela é, e do quão suja ela estava. Achei isso cômico e fofo, e soltei uma risada. Ela me fitou confusa, depois percebeu que estava coberta de pó branco, o que a deixou um pouco desconcertada. Adorável!...

– Acho que preciso de um banho... – concluiu ela, finalmente. Eu não pude deixar de rir mais uma vez. Então, ela parou como se tivesse lembrado algo muito importante e disse – Você também deve querer...

– Eu já tomei. – interrompi. – Carmem me ofereceu um dos banheiros do segundo andar. Mas, pelo cheiro acho que era o do seu quarto. – será que deixei que ela percebesse o que aquele cheiro havia feito comigo?

– Ah! – ela respondeu vagamente antes de ir para a porta. Eu a segui. Sempre seguiria. – Acho que perdi a noção do tempo enquanto trabalhava. Vamos.

Eu a acompanharia até a varanda de qualquer forma. Ela, então, iniciou uma conversa comentando sobre meus filhos. Eu prestava atenção nela e a respondia, mas uma boa parte de minha mente pulsava com a proximidade dela caminhando ao meu lado, seu cheiro... Olhava para a forma com que seus lábios se moviam enquanto ela articulava as palavras e desejava tocá-los com a ponta dos meus dedos. Desejava beijá-los, roçar minha língua neles. Deveriam ser muito frios. Aqueles lábios deveriam ser como o gelato mais saboroso, que gelateria nenhuma da Itália jamais inventou...

Mas, ainda assim, eu lhe dava atenção e a respondia normalmente.

– Bom, eu vou subir... – disse ela um pouco agitada. Só esta simples declaração dela me deixou completamente em pânico quando me lembrei do que ela encontraria em seu quarto. Meu coração disparou e eu sabia que ela ouviria isso. Então, olhei naquele âmbar perfeito que era olhar dela e prometi.

– Vou ficar te esperando... – pra sempre. Hei de te esperar e te acompanhar pela eternidade.

Depois que ela entrou, resolvi descobrir o que havia naquela outra construção com paredes de vidro do outro lado do chalé. Apenas a família do jovem e talentoso vampiro de cabelos cor de bronze estava na varanda e eu não quis incomodá-los.

A construção parecia uma estufa. E era... Aliás, uma estufa que faria inveja a muitos colecionadores e botânicos. Eles tinham uma enorme coleção de orquídeas aqui, mas faltava uma. A mais rara, que eu faria questão de trazer para presenteá-la assim que eu fosse para casa.

Comecei a passear pelos corredores ladeados com vasos e plantas floridas de todos os tamanhos e me dei conta do quão civilizados e até sofisticados vampiros vegetarianos poderiam ser. Seus vínculos afetivos pareciam mais fortes do que dos outros vampiros que se alimentavam de sangue humano. Só posso atribuir isso a dieta...

Ouvi quando Tanya voltava de seu banho e vinha ao meu encontro aqui na estufa, após ser informada onde me encontrar. Estranho...

Quando ela entrou, antes de mesmo de olhá-la, dei voz a minha admiração à coleção que eles tinham aqui:

– Vocês têm edelweiss... – depois me virei para sorrir para ela. Senti meu coração apertar-se até parecer uma uva-passa com o sorriso deslumbrante que ela me deu de volta. E resolvi tocar logo no assunto que estava quase me deixando louco de tanta expectativa. – Imagino que você tenha encontrado meu bilhete?... – ela aquiesceu e aproximou-se lentamente, como uma gazela.

– Encontrei. Mas não o compreendi totalmente. – disse ela cautelosa, enquanto chegava mais perto de mim. Meu coração acelerado. Seu rosto cheio de interrogações; dei nome a elas, eu podia supor perfeitamente.

– Nietzsche! – disse rindo para disfarçar minha tensão. O problema foi a citação que eu não deveria ter colocado lá. O que ela teria entendido daquilo?

– Nietzsche... – ela repetiu confirmando.

– Me... Desculpe.  – por desejá-la tanto a ponto de ter desrespeitado a intimidade do seu quarto como um ogro devasso, acrescentei mentalmente. Depois continuei explicando meu gesto. – Eu não devia ter escrito aquela citação no verso... O trecho de Einstein era para ser uma resposta a sua gentil oferta de hoje cedo, mas ele não dizia muito do que realmente vai à minha alma, então... – olhei profundamente para ela, buscando enxergar em seu rosto a compreensão das minhas palavras, mas ela parecia confusa, e sussurrou.

– E o que realmente vai em sua alma? – senti seu hálito gelado exalar pelo meu peito. O cheiro era como o perfume dela concentrado, aquilo atrapalhou meu raciocínio.

– Eu não sei... – respondi honestamente, não conseguia pensar, o perfume dela era intenso e inebriante.  – Mas sei que não é tão somente amizade. – Obriguei-me a completar, com o mínimo de razão que eu ainda tinha.

Não posso acreditar que disse isso... Eu costumava ser tímido... Timidez? Onde mesmo?!...

Ela começou a respirar pesadamente. Estranho... Perdi o foco ao fitar sua pele, o pescoço e o colo à mostra no discreto decote da blusa preta. Acabei dando voz aos meus desejos:

– Você esculpe no mármore... Queria poder tocar, só uma vez, esta escultura de mármore perfeita que está bem aqui ao alcance da minha mão... – minha mão direita elevou-se involuntariamente na ânsia de tocar aquele alabastro que cintilava com a lâmpada fluorescente do teto da estufa. Só uma vez... Só um toque bem de leve, para senti-la...

Tanya! – alguém gritou na porta. Senti meu corpo pular de susto e me virei para ver sua irmã Kate parada na porta me fuzilando com os olhos. Envergonhado por causar este constrangimento à Tanya pedi licença e me retirei ainda a tempo de ouvi-la perguntar do outro lado da porta:

– Mas o quê está acontecendo aqui?

Voltei a minha barraca, extremamente envergonhado e constrangido pela minha fraqueza, de tentar tocá-la daquela maneira desrespeitosa, e por ter saído daquele jeito deixando Tanya sozinha para se explicar para a irmã.

Mas eu não sabia como lidar com uma situação como aquela...

Afinal... Qual era o problema de Kate? Não entendi sua entrada hostil...

Então, em uma decisão rápida, aproximei-me furtivamente da estufa e não havia gritos, nem sinal de qualquer agitação lá. Forcei minha audição a escutar algo, qualquer coisa e ouvi Kate balbuciar algumas palavras que soaram embaralhadas e completou algo como:

“... tenho certeza de que você vai encontrar um vampiro maravilhoso e vocês vão se apaixonar e serão como as duas partes de um todo.”

Então era esse o problema. Eu não era bom o suficiente para Tanya... ‘Como se ela me quisesse...’ Dizia aquela vozinha interior bem irônica.

Voltei amuado à minha barraca e me enfiei lá dentro.

Deitei e fiquei pensando nela. No seu rosto, no seu perfume, e na impossibilidade do meu amor.

Eu era patético! Um lobisomem apaixonado por uma vampira!...

Acabei cochilando ainda exausto do esforço que fiz para chegar aqui durante meus dias de fraqueza. O som de um motor arrancando me despertou parcialmente. Eles não dormem... Lembrei. Mas tudo estava agitado demais. Não tive forças para levantar e ver do que se tratava, voltei a dormir alguns minutos em seguida.

Sonhei com a minha bela imortal sem imaginar que me seria permitido tocá-la no dia que se seguiria. Dormi sem imaginar que me seria permitido senti-la estremecer com meu toque em sua pele, sua cintura. Perceber que ela, misericordiosamente, reagia a mim de alguma forma.

Em poucas horas, nós deslizaríamos juntos por uma pista de gelo. Era uma brincadeira para alegrar a pequena híbrida. Mas para mim, significou a possibilidade de sentir Tanya em meus braços pela primeira vez. Ela estava tão... Linda! Ela reluzia ao sol, tal qual um obsidinium. E durante um tempo tão pequeno da música que nós dançamos pude esquecer as palavras de sua irmã: “... você vai encontrar um vampiro maravilhoso e vocês vão se apaixonar...”.

Pude acreditar que ela era minha...

Meu corpo todo pulsava em chamas, enquanto nós deslizávamos no gelo...


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Notas finais do capítulo

N/A: Espero que tenham gostado!... *-*

E só para avisar, no próximo capítulo retornaremos à narrativa da Tanya e ao seguimento da história, ok?

Obrigada por ler e bjokas! ;**