Gato Preto escrita por Lilly


Capítulo 6
Sonhos pt I - Capítulo 6




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Ele tinha destruído mais ou menos umas cinco árvores, todas as vezes o pequeno acidente fora precedido por um rosnado raivoso e arranhões. Talvez tenham caminhado por horas, Christian não saberia dizer. Em algum momento já não podia mais ver a cidade e parecia que nada além de estranhas árvores negras os cercavam, como se estas fossem infinitas e quisessem engoli-los - ele tinha em algum lugar, no fundo de sua mente uma vozinha dizendo que nunca mais sairiam de lá.

Ele só percebeu que tinham sido horas - não dias - a se passar quando novamente escurecia e Cherie finalmente decidiu que era hora de parar para descansar um pouco. Esticando-se sobre a terra e acomodando a cabeça sobre uma pedra anormalmente lisa, ela parou sem avisar, se espreguiçando e soltando um longo bocejo.

_Você podia se cansar mais facilmente, não acha? - ele sentou ao lado dela, fazendo um baque seco ao chocar-se contra o chão.

_Prrrreguiçoso - ronronou, se aproximando e exigindo sutilmente que suas orelhas fossem massageadas, novamente ele acatava suas ordens sem questionar.

_Não é que eu queira questionar sua lógica, mas... Onde estamos indo e pra que no meio da floresta, Cherie?

_Estamos fugindo, filhote. Ninguém vem até a floresta.

_E esse é o único lugar nesse mundo onde a gente pode se esconder, logicamente.

_Ah, filhote... - ela virou de lado fechando os olhos - você nem faz ideia... - e apagou.

Uma sala de jantar escura, mobiliada por uma mesa longa e duas cadeiras fora o cenário desse nome sonho. Cherie logo sentiu seus pulsos e tornozelos amarrados à cadeira que estava de costas para a porta, o que unido ao silêncio e à falta de luz no local, lhe era perturbador. Ao longe podia ouvir passos de alguém andando em círculos, mas não podia com toda certeza discernir quem ou porque estava naquele caminhar incômodo.

Puxou com força os pulsos e sentiu uma dor aguda no osso: algo a estava cortando. Preocupada, tentou ver alguma coisa ao redor. Uma sombra encostada à parede à sua direita, nem mesmo respirava, motivo de ela não ter notado antes sua presença.

_Ed, que porra?

_Boa noite, minha querida. Como vai?

_Ed, o que está acontecendo?

_É exatamente isso o que eu ia perguntar meu bem... Está fugindo?

_O que? De você? - revirou os olhos, fazendo um som de chacota - você não vale tanto.

_É mesmo? - ele sorriu - bem, é bom, já que, fugir não é do seu feitio.

_Obviamente, já que sou simplesmente perfeita.

_Mas me diga, minha querida, onde vocês estão?

_Já isso não é da sua conta.

_Como?

_É assunto meu.

_Olha, eu quero te ajudar...

_Nós dois sabemos que nunca em sua vida você sequer pensaria em me ajudar.

Abanando os ombros, ele se viu rindo, enquanto os pulsos e pernas da gata eram soltos. Ela saltou até o ponto do cômodo oposto ao que ele estava, mantendo o queixo erguido em demonstração clara de orgulho. Analisou-o com cuidado. Ele não estava armado ou acompanhado, estava simplesmente encostado na parede a observando.

_Estou indo - ela logo soltou, se dirigindo à porta.

_Vamos te encontrar.

Ela sumiu por detrás da porta e começou a vasculhar o local. Longos corredores, ausência total de janelas em meio a paredes ásperas de pedra irregulares. Estava no subsolo, a parte oculta do palácio. A pessoa que andava em círculos - ela notou - havia parado. Só podia ouvir a respiração fraca. Engoliu em seco. Se estava sonhando com isso, então o melhor era ir atrás dessa pessoa para acordar logo, já que quanto mais tempo ficava dentro daquele sonho mais perturbada se sentia.

Avançou em passos leves, se mantendo sempre próxima à parede. Foram cerca de 60m de corredores atravessados até que encontrasse uma porta. Era uma porta branca, cerca de 1,50m de altura, algo que a incomodou um pouco. se agachando para alcançar o trinco, ela passou pela porta sem saber ao certo o que encontraria do outro lado...

Cherie acordou em meio a um salto. Tinha sido realmente impressionante, mas não era nada que quisesse ter de lembrar tão cedo. Olhou para o lado, onde Christian estava completamente apagado em meio a um punhado macio de terra e revirou os olhos - como ele ousava acordar depois dela?

Empurrou-o com força com ambas as pernas, fazendo-o rolar e ir de cara na terra, em seguida se levantando num pulou e virando para Cherie, só nesse momento entendendo o que acabara de ocorrer.

_Puta que pariu, Cherie, pra que isso?!


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