Gato Preto escrita por Lilly


Capítulo 4
Dois fugitivos - Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Não faço ideia de como concordar as idades com os avisos da história, então, se algo estiver estranho nessa questão, foi idiotice minha...



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Christian corria rua abaixo. A respiração cansada logo o entregava como um péssimo corredor, mas ele tentava não parar, corria com o máximo de sua vontade para longe da casa daquele gato. Uma sombra negra o seguia sob as sombras das árvores da rua, ele sabia que Cherie logo o alcançaria, mas não queria permitir que chegasse até ele sem que ao menos tivesse tentado fugir apropriadamente.

Foi detido na esquina, ela se pôs de pé à frente dele, as sobrancelhas arqueadas e uma postura arrogante.

_Então você achou que conseguiria correr mais que uma criatura infinitamente superior...

_Não custava tentar - arfou, pondo as mãos nos joelhos.

Ela sorriu. Andou ao redor dele, com certa curiosidade e por fim, aproximou-se abaixando um pouco a cabeça, informando-lhe que era hora de sua massagem. Christian mais uma vez lhe obedeceu.

_Eu quero voltar - ele disse após alguns minutos de silêncio.

_Então por que saiu correndo para tão longe? - Cherie reclamou.

_Eu quero voltar para o meu país.

_Não seja ridículo - ela se afastou e tomou a dianteira para a caminhada para o retorno à sua casa. - Você é um fugitivo, o que ganharia voltando? Além disso, uma vez que tenha entrado, me dado um nome e comido da nossa comida, deixa de ser uma escolha o dia em que vai voltar.

Ele xingou baixo e foi atrás dela - as ruas eram estranhas a ele, já não era mais as mesmas de quando ele estava simplesmente fugindo. As casas eram todas feitas de pedras, madeira e barro, erguidas como se fossem as casinhas de uma vila. Era noite e mesmo assim não se via nenhuma luz dentro delas, o que unido às árvores grandes e frondosas, lua brilhante e vento gelado lhe dava um urgente sentimento de perigo.

Uma vez que estavam novamente dentro da casa de Cherie ele se jogou no sofá, olhando com certo receio pela janela. "No que eu me meti? Por que porra eu pensei que seria completamente normal e aceitável falar com um gato?" Christian soltou o primeiro suspiro de vários que estava agora destinado a soltar, chamando a atenção de Cherie, que lançou-lhe um rápido olhar com o rabo do olho. Francamente não ligava para o desconforto dele, por isso, caminhou até a geladeira e separou para si um grande pedaço de bife e uma caixa de leite, catou achocolatado em algum canto, e marchou até a mesa, já lambendo os cantos da boca ao imaginar seu lanche.

Arrumou a mesa com descaso, jogou o bife em um prato qualquer, sendo que metade da carne ficou para fora do mesmo, sujou a mesa com leite e achocolatado também, mas não se importou. Estava a abocanhar a segunda grande mordida de bife quando um som lhe chamou a atenção. Passos. Passos iam em direção a seu portão, passos pararam, exatamente em frente à entrada de seu portão. Uma respiração leve se interrompeu para dar uma risada baixa, o farfalhar de roupas enquanto a mão dessa pessoa buscava algo nos bolsos, um pedaço de papel sendo desamassado e enfiado em sua caixa de correio. Os passos foram embora, e quando ela, bom tempo depois, já não podia mais ouvi-los, olhou diretamente para o humano, que obviamente, não tinha notado nada.

_Vai buscar o correio - ordenou.

O moreno levantou a cabeça para o relógio - era 21h10min, tarde demais para que alguma coisa nova tivesse chego, mas logo concluiu que ela nem devia ter se preocupado em recolher as cartas durante a tarde. Sem querer travar uma segunda discussão com a gata - por mais que as discussões quando com ela, nem mesmo se parecessem realmente com discussões - ele obedeceu, saindo em passos apressados e voltando quase correndo com uma única carta em mãos. Cherie tomou-a com tanta força que quase levou as mãos do rapaz junto enquanto retornava à mesa com os olhos apertados fitando o envelope amarelado.

Ela girou o envelope entre os dedos, sem reação alguma por um tempo. Com a unha do indicador rasgou-o na abertura, alguma expectativa estava ali - fazia muito tempo desde a última vez que recebera uma carta.

"Terceiro aviso"

A única frase escrita na carta. Todo o pelo dela se arrepiara, os olhos inevitavelmente se esbugalharam e ela se lançou escada acima. Christian se levantou de sobressalto ao ouvir a voz da gata esbravejando "Ande logo filhote, não tempos tempo!" Subiu entre tropeçadas e a encontrou revirando o armário, jogando roupas e velhos sapatos para fora.

_O que exatamente você está fazendo? - ele apertou as sobrancelhas.

Ela nem considerou dar alguma importância à sua pergunta, afinal, no mesmo instante em que ele soltava aquela frase, ela encontrava exatamente o que estava procurando. Arrancou do ponto mais fundo e obscuro do armário uma bolsa de couro escuro, com uma rede de crochê a enfeitando, feita tal como se fosse uma teia de aranha, com alguns pequenos pingentes de insetos pendurados. Ela prendeu a alça da bolsa a seu ombro e tornou a ele, com a expressão estúpida e decidida de quem acaba de resolver-se para cometer um grande erro.

_Está pronto para ir, não está filhote? - analisou-o por alguns instantes - por que diabos ainda não pegou a comida?

_Quando foi que você sequer pediu isso?! - Questionou em forma de protesto.

_Vamos rápido! - Insistiu, agora correndo escada abaixo - pegue a mochila preta! - ordenou entre os berros. Ele resmungou um punhado de palavrões e localizou sem dificuldade a mochila preta, era um dos itens que ela tinha jogado no chão em busca da bolsa de couro. Lá embaixo, metade da geladeira já tinha sido posta dentro de potes e sacolas, tudo muito bem lacrado. - Anda, me ajuda!

Resignado e já cansado demais para ir contra suas ordens, ele a ajudou e logo, quase toda a geladeira - tudo o que coube - estava dentro da mochila, que ela, obviamente, logo colocou às costas do moreno.

_Agora estamos prontos, filhote! - ela sorriu animadamente - somos oficialmente o casal mais procurado do país.

_Bem... Gatos pretos trazem azar, não é?


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Notas finais do capítulo

Sim, eu conheço um gato que gosta de leite com chocolate: o meu.



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