Amor ou Poder escrita por MateusGomez


Capítulo 3
Capítulo 3




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Aquela sensação era nova para o rapaz. A bochecha que a garota beijara estava ardendo. Era uma sensação estranha ("Talvez ela tenha mentido, e aquele era mesmo o colar original"), mas não se comprava ao que sentia quando via Nefer passando, ou, pior ainda, quando ela tocara sua mão.

Chegando a sala de Slughorn, sozinho, o rapaz cumprimentou o professor que logo deu um forte abraço na rapaz.

- A que devo a honra de sua ilustre visita? – perguntou animado o professor.

- Gostaria de saber para que serve o óleo de... – Tom fez uma pausa, tentando se lembrar o nome do óleo que Nefer passara em sua queimadura – lótus-de-Rá.

- Ah, claro... É muito raro... É um óleo egípcio, ótimo para curar queimaduras, das mais leves às mais pesadas.

- Só isso? – perguntou Tom, indignado.

- Até onde eu saiba só... ah! – lembrou-se o professor – usa-se como perfume, e, ressecado, vira um ótimo incenso!

- Não é utilizado para... talvez... fazer você se fixar em alguém?

- Não, se não, no Egito, todos se fixariam em todos – respondeu Slughorn, levando um pedaço de pudim de leite com ameixa a boca – Mas porque? Andou se fixando em alguém de pois de usar um, é? – brincou o professor.

- Claro que não! – Disse o jovem, veemente.

- Ora, meu caro, é brincadeira.

O jovem calou-se, de cara amarrada. "Fixar-se em alguém? Eu? Jamais!"

Os dois continuaram a conversar, sobre outros assuntos. Algo sobre Inferius, Lobisomens... De vez em quando, a mente de Tom viajava e chegava ao Colar de Boleyn, depois a Eva. E, por fim, onde sua mente permanecia por mais tempo, até voltar ao assunto com o professor: Nefer.

O ano letivo de Hogwarts estava prestes a encerrar. A turma de Tom estava assistindo suas últimas aulas na escola, pois este era seu último ano. A biblioteca, com os exames finais, NOMs e NIEMs, a biblioteca estava mais cheia que nunca. Os encontros de Tom e Eva tornaram-se quase rotineiros na biblioteca. Os dois passavam mais tempo conversando do que estudando, o que fazia Tom dormir pouco a noite, já que agora, o único tempo que tinha para dedicar-se aos seus planos diabólicos era a noite, embora Eva estivesse neles: Riddle queria o Colar de Boleyn original.

Na manhã seguinte, Tom reuniu-se mais uma vez com seus companheiros para discutir alguns assuntos. Eles também tinham planos especiais e diabólicos, mas não contara a nenhum deles dos seus. Não por completo.

Em um encontro na biblioteca, Nefer apareceu.

- Oi, Evy!

- Oi, amiga, senta aqui – Eva fez final para que a amiga se sentasse ao lado deles, em uma mesa mais afastada, na biblioteca – estava falando do Tom sobre a história da minha tia ta-ta-ta-ta – e repetiu o mesmo "ta" algumas vezes, em tom de brincadeira – avó.

O estômago de Tom, mais uma vez congelara, contrastando com a labareda que seu dragão produzia em suas costas.

- Nossa, você não cansa de contar essa história né? – sorriu Nefer, já se sentando ao lado dos dois.

- Pois é! Ele também achava que a Tia Anne não morreu por causa da duplicata! Os livros insistem em dizer isso! A duplicata ficou, e a tia é quem foi degolada! Daí a cópia virou pó, como é de praxe! Eu sou ta-ta-ta-ta-ta... – mais uma vez, fazendo a brincadeira – neta da Mary, mas com o marido bruxo. Com o marido trouxa ela teve outros filhos... que não vem ao caso, né... – a menina fez uma pausa e se levantou – Gente, acho que vou deixar vocês sozinhos, tenho umas coisinhas para providenciar!

- Que coisinhas? – indagou Nefer.

- Ué, vocês se esqueceram? O baile de formatura é daqui a duas semanas! Tenho que preparar a minha produção!

Eva saiu com seus passos largos e oscilantes característicos e acenou para Nefer e Tom, que agora estavam sozinhos no canto da biblioteca.

- Pois é, eu já tinha me esquecido!

Tom calara-se. Não tinha intenção de olhar direto nos olhos da garota, pois sabia que, caso o fizesse, não conseguiria mais desviar o olhar. "É a outra que você tem que convencer! É a outra! A outra tem o Colar de Boleyn!", dizia o rapaz em seus pensamentos a ele mesmo. Para Nefer, Tom parecia perdido no meio das páginas do livro de Feitiços.

- É... Você está animado? – perguntou a garota, tentando ser simpática com o rapaz.

- Para que? – disse Tom, entre os dentes, sem olhar para Nefer.

- Para o Baile! Nem parece que já se passaram sete anos aqui! Passa rápido.

Tom não respondeu em voz alta, mas em seu pensamento. "Eu tenho coisas mais importantes para me preocupar do que um baile idiota. Eu serei o maior bruxo de todos os tempos, não vou perder meu tempo com isso."

- É, acho que isso é um não. – respondeu a menina, envergonhando-se.

Tom não conseguiu se controlar e mirou os olhos de Nefer. Não pode controlar seu impulso:

- O que você pretende fazer quando sair de Hogwarts?

- Ah, já pensei em ser curandeira. Quero poder ajudar as pessoas. Ou fazer o curso de Comunicação Mágica, no Brasil. Ou, quem sabe, prosseguir o comércio do meu pai.

"Que garota sem ambições! Não merecia ser bruxa" foi o pensamento imediato de Tom, apesar de divergir dos seus sentimentos naquele momento.

- Mas e você? O que pretende fazer quando sair de Hogwarts? Imagino que vá para o Ministério. – perguntou Nefer.

- Eu quero vir dar aulas em Hogwarts. – respondeu o rapaz, mas contra a sua vontade, não queria dar satisfações de sua vida àquela garota insolente.

- Nossa, que legal! Deve ser divertido, ter um professor tão novo, quase da nossa idade! Então, daqui a alguns anos, quando vier visitar Hogwarts, vou logo procurar você! – respondeu Nefer, dando graciosas risadinhas.

O rosto pálido de Tom ficou rubro. O dragão de suas costas parecia estar em fúria, já que suas costas estavam ardendo como nunca. Seu estômago congelou, de tão frio que ficou. Era uma sensação ao mesmo confortável e horrível: ninguém nunca em sua vida dissera que voltaria para vê-lo. No tempo em que permanecera calado e olhando para Nefer, lembrou-se de sua infância no orfanato. Lembrou de todos os finais de semana que ficou sozinho em Hogwarts. Todos os fins de recesso quando seus amigos falavam de seus pais. "Pare de pensar nisso! Você é será o Lord, não pode ser fraco como um trouxa imundo!" foi uma tentativa quase inválida de escapar desses pensamentos.

- Acho que já vou, Tom! Já tem companhia para o baile?

- Não. A gente se vê, tchau! – respondeu Tom, antes que a menina desse prosseguimento a conversa.

Nefer se retirou do lugar, em passos simples com os seus cabelos enrolados balançando.

"É isso! O Baile de Formatura!", pensou o garoto quando Nefer se retirou. O garoto sorriu assustadoramente, seu belo rosto dava lugar a um sorriso diabólico.

Nefer estava debruçada na janela da sala comunal da Corvinal, admirando céu estrelado da primavera. A lua estava crescente, Nefer sabia que haveria uma bela lua cheia na noite do baile.

Eva foi ao encontro da amiga, saltitando e rodopiando. Quando a encontrou, deu um abraço apertado na amiga.

- Nossa, por que você está tão quieta aí, na janela? Pensando em alguém?- perguntou Eva.

Nefer corou. E respondeu sem tirar os olhos da lua, que refletia em seus olhos que ficavam ainda mais faiscantes.

- Não, só estou vendo aqui a lua. Lá no Egito meditamos à luz do luar, dizem que abre a mente... – a menina virou-se a amiga – Eva, você vai com quem para o baile?

- Não sei, amiga. O Amadeus Oldwood, da Lufa-Lufa, me convidou, mas acho que não tem nada a ver. Tem o Joseph Marble, da Grifinória, mas parece que ele convidou a Joanne Parker, da Sonserina, e eu não vou acompanhada do cara que ela dispensou. Tem também o Adon Copernic, que é um gato, é um caso a se pensar. O Lestrange, da Sonserina, tem me passado cantadas muito grosseiras. O Wyatt, que você estraçalhou o braço...

- Eu não estraçalhei braço de ninguém!

- Ta, amiga, que seja... Ele me mandou flores, mas vai que ele não sai da ala hospitalar antes do baile? Mas e você? Muitos convites, eu sei! Mas já escolheu um?

De fato, recebera vários convites, mas naquele momento, Nefer só pensava em um rapaz: Tom Riddle.

- Não, acho que prefiro ir sozinha... – respondeu Nefer, desanimada. – Vou durmir, amiga, até amanhã.

E a garota subiu as escadas para o dormitório.

Eva, em seguida, encontrou a menina de cabelo louro enrolado, olhos azuis, rosto angelical, sua outra amiga Vivian.

- Acho que Nefer não está legal hoje – disse a loira.

- Pois é, ela até disse que vai ao baile sozinha! Aliás, é sobre isso que quero falar com você...

- Lá vem bomba! Olha, se você quer que eu fale com o Demétrius...

- Não é isso – interrompeu Eva, impaciente – Eu quero saber se você... ainda é... apaixonada... por ele...

- Por ele? – perguntou Vivian, desdenhosa.

- É. Pelo Riddle!

O rosto angelical de Vivian ficou rosado. A menina baixou a cabeça e respondeu entre os dentes: "Sim."

- Mas você se importaria se... eu fosse com ele ao baile?

- Ele te convidou?

- Ainda não... mas acho que vai. Ele tem me feito muitas perguntas, sabe, temos passado horas na biblioteca conversando.

Vivian continuava de cabeça baixa, o que impediu Eva de ver uma lágrima correr pelo sou rosto. Ela sabia que não poderia impedir e sabia também que Tom Riddle jamais dirigira a palavra a ela, talvez por ter uma mãe nascida trouxa. Vivian o amava secretamente e, como o observava bem, percebera que ele prefere manter contato com "sangues-puros".

- Eva, não me importo. Se é você que ele quer. Antes ele com uma amiga, do que com uma inimiga! – e deu um sorriso forçado.

Os alunos do último ano estavam animados, apesar de que, após o baile, teriam um mês e pouco de aulas até chegar a colação de grau e as férias. A freqüência com que as meninas e Tom se viam diminuiu, pois este estava reunido aos seus companheiros de casa, e pouco encontrava Nefer e Eva, a não ser em seus pensamentos. Pensava em Eva, no baile, utilizando o colar e, mais freqüentemente, sonhava com Nefer em situações que odiava e se envergonhava.

Às vésperas do baile, Tom procurou incessantemente por Eva, até que que a encontrou na hora do almoço.

- Boa tarde, Rainha Eva! – disse Tom a moça, galanteador, que estava sentada em uma escadaria fora do castelo, comendo um sanduíche.

- Ai, Tom, não me chame de princesa! – respondeu a garota, corada.

Tom puxou do bolso interno de sua veste a varinha e bateu a ponta no colo da garota. Surgiu um lindo buquê de rosas vermelhas.

- Gostaria de me acompanhar na noite do baile? – perguntou Tom, sorridente. Eva, que não tinha uma boa sensibilidade, não notou a malícia em seu sorriso.

- Achei que você nunca fosse convidar!

- Eu estava meio envergonhado, e pensei que, uma menina como você, já tivesse uma liste de pretendentes... Não achava que você sairia com um garoto como eu.

Eva não parava de rir. Adorava ser elogiada.

- Hum, neste caso, preciso de um vestido que tenha mais a ver com você!

O sorriso malicioso do garoto deu lugar a um diabólico. Estava chegando onde queria.

- Acho que você, como Rainha da Inglaterra, deveria se vestir como uma.

- Ah, então o que você acha de violeta?

- Você fica bem de qualquer cor, Eva!

- Ah, você é maravilhoso...

- Você é quem é, Lady Eva... mas, numa ocasião como esta, seria legal se... você homenageasse sua tia.

- Como? – perguntou a jovem, curiosa.

- Ah, você deveria vir parecida com ela, você ia ficar ainda mais linda!

- Ah, Tom, você é tão fofo... Então, que tal vinho? Minha tia adorava vinho... E tenho a tiara dela, é bem simples, de ouro e rubi, muito bonita, e o colar que uso...

"Droga!", pensou Tom, mas logo prosseguiu a conversa.

- Olha, você talvez devesse... não sei, é só uma sugestão... vir com o original.

- Eu bem que gostaria, mas meu pai não ia deixar...

- Mas... nem em uma situação como essa? Não tenho nada a ver com isso, mas... é o seu baile de primavera, talvez... se você conversasse com ele... só por uma noite, o que pode acontecer com o colar...

- Não sei, Tom... – respondeu Eva, receosa

- É... é só uma sugestão... mas sua tia... morreu jovem, degolada... – disse ele, lembrando da suposta "sobrevivência" de Anne Boleyn – acho que ela se orgulharia se fosse homenageada...

- É, você tem razão! Acho que vai ser uma forma de ela estar presente!

- Ela com certeza vai ficar feliz, onde ela estiver – Tom sorriu, mais diabolicamente que nunca, mas Eva estava encantada demais para perceber – então espero encontrar a Rainha no baile!

- Você é uma gracinha, sabia, Tom?

- Bondade sua... Vou ter que ir agora, a gente se vê!

E o rapaz se retirou. Quando se distanciou, não conteve uma cruel gargalhada.


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