Mesmo que me delicie com o sofrimento que traz a guerra humana, não entendo o motivo.

Embora seja divertido observa-los matando uns aos outros, mesmo sem nunca terem trocado olhares, mesmo sem saber os nomes daqueles de quem tomaram a vida.

Por isso apressio a morte.

Por ser tão rápida, por devastar em segundos o que levam-se anos.

Se enquanto vives, precisas de um nome, de comida e roupas; para morrer basta apenas ter um coração pulsante.

No final, me digam; Para que serve a vida?

As pessoas mesmo que temam a morte, cometem pecados. 

Se o fim não existisse, o que temeriam?

Até mesmo a morte já viveu um dia.

E ela não temia.

Deus, mizericordioso, não levou sua alma ao fogo, mas sim as águas; suas águas.

Capitulo 3 - A morte viva.

Vejam aquele que ri, observem suas mãos; aquelas manchas são a dor dos inocentes sacrificados por diversão. 

Há algo que não podem ver.

Ao lado do pecador, os assassinados, tornam-se assassinos.

Tomados pela raiva, suas mãos passam até o tempo acabar (não podem tocá-lo, não podem mata-lo).

Era inverno e os fracos morriam de frio; Não podiam me ver, mas de longe ria com a agonizante dor que os dobrava.

Naquela época, imaginava que a morte seria feia, tão feia, que aqueles que viam seu rosto, desdobravam-se; de nojo.

Hoje sei que o que assusta não é seu rosto.

São suas lágrimas.

Algumas pobres almas de coração puro, quando me vêem, choram comigo, e esticam suas mãos, com o proposito de enxugar minhas lágrimas. O que faz mais lágrimas cairem.

A algum tempo atrás, eu convertia essas pessoas ao ódio.

No momento em que a lamina fria de minha espada, dividiam seus corpos em dois; e antes que perdessem seus sentidos vivos, tivessem a imagem do meu sorriso.

Por castigo, prolongo meus pecados. 

Almas que deveriam viver em paz, foram sacrificadas ao sofrimento eterno, apenas para me divertir; No tempo em que eu não sabia nada além de matar.

Almas que deveriam ir ao fogo, foram a luz, por conta de minhas mentiras.

Agora perguntem-me, por que choro?

Apenas choro, por entender o sentido da vida depois de ter a perdido.

Choro por pena, de mim mesmo, que perdi rosto, mão e alguns sentidos.

Não tenho corpo.

E se não tenho corpo,não tenho coração; mas por quê choro?

Por que sinto pena e entendo coisas tristes, quando deveria apenas carregar as almas aos seus encarregados?

Por que, Por que? 

Por que me lembro de minha vida, se nem crânio tenho?

Por que, só sinto tristeza, se posso tantas coisas por que não me deixam ter um pingo de felicidade?

Por um minuto, gostaria de sentir o que a pouco não lembrava que existia.