Epílogo

Nunca nevara tanto quanto naquele inverno. Apesar do feliz clima de Natal, nunca negariam que estavam sentindo frio, ainda mais depois dos sentimentos trocados naquele quarto.

-Draco. Levante-se!

-Não quero me levantar, porque sempre temos que sair da cama?

-Porque tem metade de um mundo bruxo querendo ver o mais novo e significante herdeiro dos Malfoy.

-Posso dizer que estou com dor de cabeça?

-Isso nunca funcionaria com eles como funciona comigo.

-Eu nunca usei esse truque com você!

Um sorriso despercebido passou pelos lábios de Draco, quando Harry o encarou com um olhar sério de incredulidade!

-Ok, estou me levantando.

Passados 5 minutos, Draco ainda estava na cama e um curioso Harry Potter totalmente vestido saia do banheiro onde escovava seus dentes.

-Draco?

-Sim!

-Porque você não me deixou ligar as luzes e não quer sair de onde está?

-Estou com sono!

-E ontem? Porque não quis que eu te visse nu e não me deixou tocar seu peito?

Draco estava ficando sem respostas para as perguntas, Harry nunca fora tão curioso.

-Responda Draco.

-É... Não deixei que me visse porque estava com vergonha... E, meu peito está doendo.

-Depois desse tempo todo namorando, não acredito que ainda tenha vergonha de mim. E o que você fez para que seu peito doa? Tem 3 dias Draco, que eu não posso te ver sem suas roupas, você sempre está apagando as luzes e que você não deixa que toque o seu peito, está repelindo meu toque?

-Harry, à quanto tempo estamos namorando?

-Fazem, uns 10 meses. Mais ou menos. Quer saber de quando realmente começamos, no carnaval ou de quando voltamos após a Gi...

A expressão impagável de asco e desprezo de Draco estava em seu lugar toda vez que alguém fazia referência à Gina.

-Ok! Tudo bem! 10 meses. Do início?!

-Sim, acho que sim, porque?

-Eu estava guardando para te mostrar no Natal, mas como você não pode esperar por mais algumas horas...

Draco levantou-se calmamente, desnudando seu corpo das cobertas. Primeiramente, estava de costas, mas virou-se calma e pausadamente. Nem é preciso dizer a expressão de Harry. Era indecifrável, era Amor!

-Draco, você?

-Sim, eu fiz.

-Uma tatuagem?

-Sim!

-Mas você odeia leões!

-Mas eu amo você!

Um leão ilustrava o peito esquerdo de Draco, com as iniciais dos dois guardadas sob as patas.

-Nada mais, nunca mais, fará mal ao nosso amor!

Harry estava chorando, aprendera com Draco a chorar surdamente...

-Não chore. Eu ainda tenho outra surpresa.

Agarrando o moreno pela mão esquerda, o beijou levemente na face e nos lábios, andou calmamente pelo aposento e levando Harry até uma parte do quarto mais isolada, conjurou uma tela coberta por um fino lençol. A tela tinha mais ou menos a altura dos dois e era da largura de uma das mesas de Hogwart.

-Este é o meu real presente.

Descobrindo a tela lentamente, Harry lembrou-se do dia em que havia sido pintada, só não sabia que eles estavam sendo observados.

-Draco, isso é! Naquele dia e que estávamos no Jardim... No dia em que eu pedi que me dissesse por que havia mentido. E você me disse que não havia mentido.

-É, exatamente. Bom Harry, eu não lhe contei a verdade na época, mas conto hoje.

-Trate de começar.

Algumas prateleiras começaram a trepidar levemente, ele estava descontrolando-se novamente! Como já não acontecia a um bom tempo.

-Na noite anterior àquela em que o quadro foi pintado. Como você suspeitou, eu não estava indo dormir. Tinha uma coisa importante para fazer e apenas uma pessoa poderia me ajudar, por isso eu tive que ir ver Hagrid. Eu havia pedido a ele um favor, e ele havia me prometido a resposta para aquele dia, e não tive opção à não ser despistar você para que eu pudesse passar a noite sozinho, assim poderia ir vê-lo.

-Draco, porque não me contou que estava indo ver o Hagrid?

-Porque você não ia ter surpresa hoje se tivesse contado. E porque com certeza quereria ir comigo, e não poderíamos conversar corretamente e porque você com certeza me mandaria sem volta para a enfermaria. Posso terminar?

Ao ver Harry assentir com a cabeça e as prateleiras se aquietarem novamente. Draco continuou.

-Bom, ele conhecia um tatuador que era especialista em tatuagens bruxas, tatuagens com significados maiores que o simples desenho. E eu conhecia um pintor de quadros fantástico, que fez inclusive uns quadros de algumas celebridades bruxas fabulosas, como um do próprio amante de trouxas. Eu queria que o meu pintor entrasse na escola para nos pegar distraídos, e queria que o tatuador dele fizesse esta arte.

Disse apontando para o peito que mesmo um pouco inflamado, continuava tão alvo como sempre fora.

-Então combinamos. Ele nos pegaria nos Jardins no outro dia, e o tatuador faria próximo do Natal, para que eu pudesse deixar você ver-me sem problemas e sem desconfiar, procurei fazer com que você não notasse a minha mudança, mas eu nunca contaria com o fato de que o amor da minha vida é tão minuciosamente observador. É isso!

Harry agora chorava ainda mais, mas com o brilho de entendimento povoando o verde que Draco tanto amava.

-Harry, por favor... Posso me vestir? Estou começando a ficar com frio.

Ao virar-se de costas, teve braços fortes o agarrando pela cintura, como sempre faziam. Aquela posição para ambos já era mais que normal, Draco sendo fortemente agarrado por algo que era mais que os braços, mais que os dedos. Ele naquele momento era agarrado pelos sentimentos, pelo coração do moreno.

Harry beijou-lhe ternamente o pescoço, sendo correspondido por um roçar de peles, desceu beijando o ombro esquerdo alvo, depois tocou-o na face com a mão direita, fazendo com que se arrepiasse ao toque dos dedos frios. O fez virar-se e encara-lo nos olhos, levantando seu rosto com uma mão apoiada no queixo.

-Meu Dragão, eu te amo tanto que não tenho palavras mais para descrever. O que sinto é como o cortar da alma, um último pulsar de um coração, o verdadeiro soar da manhã, ou a força da torrente de uma cachoeira. Você meu Dragão, é responsável pelo meu atual e futuro viver, e é a razão das minhas noites perfeitas, dos meus dias ensolarados e pela felicidade que sinto dentro do meu ser.

Beijou-o ternamente nos lábios e agarrou-o com mais força. O queria seu agora. Levantou Draco e colocou-o no colo, carregando-o como um bebê. Deitou-o na cama, e ia deitando-se também.

-Harry os nossos convidados.

-É verdade, quase me esqueci.

Draco estava começando a achar que Harry ia exigir pela milésima vez que fosse se vestir. Mas ele apenas esticou o braço e pegou sua varinha, fazendo com que Draco o observasse. Lançou um forte feitiço de imperturbabilidade na porta e olhou para Draco que ainda espantado continuava a observar suas ações.

-Agora não temos com o que nos preocupar.

Tirando desajeitada mente a gravata e abrindo os primeiros botões da camisa, deitou-se na cama com Draco.