A chuva estava ficando cada vez, mais forte e a minha casa ficava a uns vinte quarteirões acima da escola, então resolvi esperar a chuva passar debaixo de um ponto de ônibus rezando para alguém conhecido aparecer.

- Sindy – virei para saber quem estava me chamando e não consegui ver nada – Entra no carro – ofereceu o meu salva vidas. Quando consegui ver o carro que estava a uns dois metros de mim percebi que era preferível ficar na chuva, então disse obrigado e voltei ao ponto de ônibus – Que droga não me faça ter que te buscar – e novamente disse que não entraria no carro – Ok então você não me deixa escolha! – afirmou abrindo a porta. Quando a mão quente do Tom pegou meu braço eu fiquei toda arrepiada, era uma sensação incrível saber que tem alguém quente com toda esse frio.

- Da para parar de me puxar, por favor? – pedi tentando me soltar.

- Não enquanto não chegarmos no carro – disse me empurrando para dentro do banco do passageiro – pronto agora eu te soltei – e saiu sorrindo da minha cara.

- O que você está fazendo aqui até está hora? – perguntei colocando meus materiais no banco traseiro.

- Te procurando. Sua mãe ligou para a minha mãe que ligou para mim dizendo que era para eu fazer o favor de te levar embora! – afirmou.

- Bom saber disso, quando eu chegar em casa vai ter barraco! – ironizei e ele entendeu o porquê.

- Faça o que você quiser, o barraco que quiser – disse em um tom bravo e magoado.

- Chega, já deu essa briga de adolescentes de quinta série né. Me diz por que vocês fizeram aquele teatro todo de manhã? – perguntei e de repente seu corpo ficou rígido.

- Nada demais queria tirar uma duvida e consegui apenas isso  – disse dando de ombros. Desde que entrei no carro ele não me olhou nenhum segundo – Sinto muito ter feito você sofrer. Bill me contou tudo e acho que aquela encenação de hoje cedo me mostrou que você deve ficar com ele e não comigo, ele é o cara certo para você eu só sou um idiota que já pegou muitas mulheres e não consegue ... – eu olhei para ele e notei que me olhava de canto de olho sem deixar de prestar atenção na estrada – enfim, fique com ele eu só vou te fazer sofrer! – afirmou com tristeza.

- Só que tem um porém Tom apesar do Bill ser o cara perfeito para mim não é por ele que sou apaixonada e você sabe disso. Não posso enganá-lo mas ... – uma lágrima caiu sobre meu rosto e Tom parou o carro – Chegamos? – perguntei disfarçando a tristeza.

- Não – respondeu me encarando – é incrível como você fica linda de qualquer jeito, até molhada – disse me fazendo ficar vermelha, agradeci – Não precisa é a verdade. Se você está apaixonada por mim como diz por que pediu para o Bill te beijar aquele dia em casa? – perguntou. Eu sinceramente não sabia a resposta, mais tinha que dar uma a ele. Vasculhei minha mente e não achei nenhum então respondi:

- Não sei, sinceramente eu não sei – disse fitando meus pés.

- Então caso eu te beijasse agora você não se sentiria culpada? – perguntou se aproximando.

- N-não – ele sorriu – quer dizer, não faça isso! – disse me afastando um pouco para trás.

- Não adianta você tentar se afastar, todas as portas estão travadas e só eu tenho a senha e não direi qual é – disse fazendo uma cara de obvio.

- Tom por que você me tortura deste jeito? – perguntei me virando para ele.

- HAHAHA Te torturar – disse dando gargalhadas e quando viu que eu estava falando sério parou e continuou – Isso não é te torturar, é tentar te conquistar de novo, tentar ter você perto de mim sem medos, brigas ou magoas – disse.

- Pensasse isso antes de ir embora e antes de fazer aquela aposta idiota! – afirmei com raiva.

- É. Me faz um favor? - perguntou.

- Você não tem jeito – ele sorriu envergonhado – Fala logo o favor! – pedi.

- Passa para o banco de trás, por favor – eu achei estranho mais como ele pediu tão educadamente eu fui para lá me arrependendo dois minutos depois. Tom também resolveu vir para trás e se sentar ao meu lado – Muito obrigado- agradeceu me puxando para seu corpo absurdamente quente – Percebi que você estava tremendo de frio, espero que te aqueça. Não sou exatamente o sol em pessoa mais pelo menos estou mais quente que você! – afirmou me abraçando cada vez mais forte. Eu não sabia onde estávamos, mas ter o Tom daquele jeito bem próximo de mim depois de todo esse tempo foi à coisa mais maravilhosa que me podia acontecer.

- Eu te amo! – disse ele ao meu ouvido bem baixinho, eu sorri e olhei para ele.

- Eu também te amo! – afirmei e ele se surpreendeu. Ele se aproximou do meu rosto e me beijou eu coloquei a mão em seu rosto e retribui o beijo, quando dei por mim ele estava tirando a minha blusa e me deitando no banco traseiro acariciando meu rosto, eu fiz a mesma coisa mas uma onda de culpa tomou conta de mim e pedi para ele parar:

- Não Tom, pare! – afirmei empurrando-o e colocando a minha blusa

- Desculpa, não quero adiantar nada – disse me olhando assustado colocando a sua também.

- Não é isso, é que é errado Tom, eu ainda estou com o seu irmão, esqueceu? – perguntei e ele fechou a cara – Me desculpa mais não posso fazer isso com ele, não é certo, Bill me ajudou e segurou uma barra enorme quando você foi embora – ele ficou bravo.

- Porra Sindy da para parar de falar sobre isso, eu sei que fui embora não precisa ficar jogando na minha cara - eu me aproximei dele e segurei seu rosto com as mãos.

-Desculpa meu amor. Deixa eu falar com o Bill primeiro, vou me sentir melhor! – afirmei e ele sorriu.

Resolvemos que era melhor nós irmos embora logo se não iriam pensar coisas erradas, principalmente o Bill que estava me ligando de cinco em cinco minutos, não achei certo atende-lo em frente do Tom então desliguei o celular sem que ele percebesse.

- Ainda bem que você pediu para eu parar – disse com alivio, eu fiquei intrigada.

- Porquê? – perguntei fitando-o

- Porque não quero adiantar as coisas com você, tenho medo de perder o que sinto depois que agente transar – disse com sinceridade estacionando o carro e mudando de assunto – Tem alguém que quer falar com você – apontou e eu olhei para o lado. Bill estava sentando em uma escada próxima de uma porta e quando nos viu chegar se levantou, eu baixei a cabeça e sai do carro. Ainda sem saber o que dizer fui caminhando até chegar perto o suficiente dele:

- Olá! – cumprimentei.

- Oii – respondeu com um sorriso. Aquilo me fez me sentir pior do que eu já estava – Nós precisamos conversar – continuou sério demais.

- Sim – respondi. Eu não conseguia olhá-lo, estava com muita vergonha de ter beijado o Tom sem ter terminado com ele.

- O que aconteceu, você está estranha? – perguntou erguendo  meu rosto com os dedos.

- Eu beijei o Tom – disse olhando nos seus olhos e ele deu um sorriso de lado.

- Eu imaginei que isso iria acontecer afinal você ama ele, não a mim – disse – Olha eu não posso impedir vocês dois de ficar juntos seria egoísmo demais Sindy, então eu acho que devemos terminar para tudo ficar certo entre nos três – sugeriu ele.

- Verdade – não sei por que mas uma tristeza tomou conta de mim ao ouvi-lo dizer aquela frase. Comecei a chorar – Desculpa ... – ele me abraçou e tentou não chorar apesar de sua voz está totalmente embargada quando ele retornou a falar.

- Não precisa se desculpar meu anjo eu sabia que isso iria acontecer. Eu quero que vocês sejam muito felizes, de coração e caso tenham algum herdeiro eu quero ser padrinho! – exigiu sorrindo e enxugando as minhas lágrimas.

- Pode deixar – disse sorrindo para ele.

- Com certeza você vai ser meu irmão! – me virei e Tom estava atrás de mim olhando fixamente para Bill. Eles ficaram ali parados um olhando para o outro por um longo tempo parecendo se comunicar por pensamentos e quando eu pensei em dizer algo Bill abraçou Tom pedindo desculpas por tudo que ele falou e Tom fez a mesma coisa me olhando.

- Cuide bem dela! – afirmou Bill enxugando as lagrimas e saindo do estacionamento sem nos olhar.

- Bill ... – sussurrei começando a chorar novamente. E Tom ao perceber isso me abraçou.