O último mundo, como todos antes dele, não havia rendido pista alguma do paradeiro de Flamma ou Ivan. Mas Hikaru não estava prestes a desistir de procurar.

Não muito depois de deixar The Land of Dragons, Hikaru sentiu um acúmulo de escuridão muito próximo, em outro mundo por ali, e abriu um portal para dentro dele. Passou pelo portal, e voou na direção que sentia a escuridão, de onde podia ouvir alguns gritos e... o tilintar de guizos?

Logo chegou à origem dos sons, e deparou-se com uma cena estranha: sobre um trenó voador puxado por algumas renas (daí o som dos guizos), um velho senhor de longas barbas e cabelos brancos, vestido de vermelho e verde, lutava contra um enxame de heartless e nobodies que o cercava (daí os gritos).

Sem pensar, avançou em direção ao trenó, eliminando os heartless e nobodies com complexas manobras de seu keyblade glider, até não restar nenhum.

– Obrigado, ahn... – começou o senhor barbudo.

Ao perceber o olhar incerto que lhe era dirigido, Hikaru olhou para si mesmo e percebeu ainda estar de armadura. Desativou-a para ver-se vestido como um elfo de um RPG de fantasia, com uma túnica curta de mangas longas azul-marinho sobre calças brancas enfiadas em botas pretas, com pedaços de armadura prateada sobre o peito, os braços e as canelas (além da sua armadura original sobre o ombro esquerdo). A corrente de prata com o pingente de símbolo estranho, agora com as fissuras geométricas feitas de cristal atlante, continuava lá. Era, Hikaru concluiu, a mais funcional das roupas esquisitas que se havia encontrado vestindo ao desativar a armadura até agora... mas é, continuava sendo esquisita.

– Ora... Obrigado, rapaz. – disse o senhor, estendendo a mão para Hikaru e interrompendo suas divagações.

– Ah... Não, não foi nada. – Hikaru apertou a mão estendida, com seu sorriso de sempre.

O senhor assentiu.

– Você é um bom garoto. – disse, soltando a mão – Gostaria de ter um presente para você... – coçou a barba, pensativo.

– Presente? – Hikaru perguntou, sobrancelhas franzidas e cabeça levemente inclinada em curiosidade.

O senhor riu, uma risada que soou vagamente familiar a Hikaru.

– Você realmente não é daqui, é? – à expressão alarmada de Hikaru, o senhor pôs uma mão reconfortante sobre o ombro do rapaz – Não se preocupe, você não é o único. Já ouviu falar de Papai Noel?

Depois de algum tempo com as sobrancelhas franzidas em ponderação, Hikaru assentiu. Tinha algo do gênero nas memórias de Sora.

– Bom, muito prazer! – respondeu o senhor com um largo sorriso, de braços abertos.

– Papai Noel? – perguntou, incrédulo – O Papai Noel que eu me lembro era diferente. – franziu as sobrancelhas.

Papai Noel riu.

– A aparência pode mudar, mas dar presentes é o que eu faço. Dar presentes a bons garotos como você. – sorriu.

– Ahn, bom... – disse Hikaru, coçando atrás do pescoço meio sem jeito, com um meio-sorriso sem graça.

– Eu não tenho um presente para você agora, mas posso te dar um conselho. – propôs o bom velhinho com um sorriso.

– Conselho? – Hikaru indagou curiosamente, e começou a planar ao lado do estranho trenó voador quando Noel fez este começar a se mover, já atrasado com os presentes.

– É uma intuição minha, mas acho que você está procurando alguém, certo?

Hikaru assentiu.

– Bom, meu conselho é “Siga seu coração, um velho amigo vai mostrar o caminho”.

– Velho amigo? Quem? – Hikaru franziu as sobrancelhas.

– Não sei, o amigo é seu! – Noel riu – Acho que vai saber quando encontrá-lo. – sorriu, e seu sorriso deu uma confiança inexplicável ao jovem guerreiro da keyblade.

Hikaru sorriu de volta.

– Ouça, tem um acampamento de guerra para lá. – Noel apontou uma direção – As tendas são vermelhas e douradas, vai ser fácil de achar. Peça para que alguém no acampamento te leve a Aslam, talvez ele possa te indicar a direção a seguir daqui.

– Obrigado, senhor Noel. – Hikaru assentiu respeitosamente, e Noel riu.

– Leve isto e diga que eu o mandei, assim não desconfiarão de você. – entregou um de seus guizos a Hikaru – Entregue a Aslam, e ele o devolverá a mim. Ou pode ficar com ele como presente de natal. – Noel deu seu sorriso gentil.

– Obrigado. – Hikaru sorriu de volta, segurando o guizo firme na mão.

– Não há de quê. Adeus garoto, boa sorte! E feliz natal! – disse, acenando, antes de tomar outra direção e acelerar.

Hikaru acenou para o bom velhinho, vendo-o se afastar. Olhando o guizo em suas mãos, sorriu para si mesmo.

– “Natal”, é? Parece divertido. – disse para si mesmo, antes de virar seu keyblade glider na direção que Noel apontara mais cedo e acelerar.

Precisava encontrar o tal Aslam, ver se ele sabia algo sobre o que Hikaru procurava, e se podia ajudá-lo a encontrar.