Encostei minha cabeça em seu peito e fechei os olhos para curtir mais aquele momento. O coração batia rápido, como estivesse nervoso. Não podia negar que o meu também estava assim. Mas eu não poderia deixar de perguntar.

- Está nervoso? – perguntei levantando a cabeça para olhar diretamente para aqueles lindos olhos verdes dele.

- E-eu? Não, e-eu não estou nervoso.

- Por que está gaguejando Johnny? Está sentindo alguma coisa? – já me preparava para tentar levantar para ajudá-lo, mas ele me impediu segurando delicadamente meus braços, me obrigando mais ainda a olhá-lo.

- Sim Marie, eu estou sentido muito forte aqui dentro. – e colocou a mão no lado esquerdo. Eu rapidamente me apavorei. Algum tipo de ataque cardíaco?

- Ah meu Deus! Diz-me, é uma dor forte, muito forte, da pra agüentar? – eu já estava ficando desesperada.

- Eu não sei dizer, mas sei mostrar.

- Mostrar?

- É, posso? – disse se aproximando mais do meu rosto.

- Claro!

Ele então ele pôs a mão na minha nuca e olha profundamente em meus olhos. Aquele olhar foi tão penetrante que fez meu coração quase sair pela boca.

Ele deu um ultimo sorriso torto e me puxou para um beijo suave. Quer dizer, ele começou suave, logo ficou mais urgente.

Nós dois já estávamos ofegando quando eu mesma parei o beijo, mesmo não querendo. Mas precisa de uma explicação, não é mesmo?

- Johnny... – falei num tom de surpresa – o que foi...

- O que foi isso Marie? É isso que eu tenho aqui dentro! Que eu tenho desde que te vi perambulando pela estrada de madrugada naquele dia. Isso... Amor.

- Ãã? – agora ele conseguiu me confundir.

- Se não entendeu, eu explico. Vou ser direto: eu estou perdidamente apaixonado por você.

OMG!

- Er... Nossa. Eu não sei nem o que dizer Johnny. – falei desviando o olhar dele.

- Não precisa dizer nada. É que foi tão repentino. Eu pensei em você o resto da noite toda, e não consegui parar mais! – eu ficava cada vez mais surpresa – não fique assim, coisas de quem está apaixonado. – eu levantei e fiquei de pé, não era hora de ficar daquele jeito. Ele também levantou.

- Johnny, olha, eu preciso de um tempo... – tentei falar, mas ele me cortou

- Eu sei, eu não quero que você pense que estou lhe pedido em alguma coisa, pois não estou apesar de querer muito. So me declarei para que você saiba. Sei que fui um burro de fazer isso num momento como esse, você cheia de problemas! Mas não podia ficar calado. Então, continuemos sendo só amigos, certo?

- Sim, você é um amigo e tanto! Não gostaria de perder sua amizade. Você é muito legal! – falei e sorri, ele fez o mesmo.

- Ok, então, não aconteceu nada demais aqui hoje, não é?

- É! – concordei. – e então, qual o seu lugar preferido? – isso ainda estava me matando. Sou curiosa. Legal, mais uma coisa que descobri do meu passado!

- Um dia eu te mostro. Vamos voltar? – perguntou. Eu fiz um não com a cabeça. Aquele lugar era lindo demais e eu queria continuar apreciando aquilo um pouco mais.

Ele apenas sorriu e voltar a sentar do lado da pedra e fez sinal para que eu sentasse do seu lado. Eu fui e sentei. Ficamos apenas olhando o mar.

Depois que voltamos para casa, agimos como se nada tivesse acontecido, e isso era muito bom. Eu já estava confusa, perdida demais com meus problemas.

-x-

De noite tive o sonho com a Marie. Quer dizer, agora comigo. Estava um dia ensolarado lá fora e a Marie estava olhando para a porta, com a boneca Bel nas mãos.

- Vai demorar muito, mamãe? – perguntou para a mãe, que estava no sofá da sala lendo “Diário de noticias”.

Oh meu Deus, aquela era a minha mãe! Fui ate ela, queria lhe dar um abraço. Não estava nem um pouco me importando que ela não pudesse me ver e sentir. Só queria abraçá-la, mesmo que eu também não a poderia abraçar do jeito que queria.

Apenas fuá ate ela, e a envolvi em meus braços, passando por entre as folhas daquele jornal aberto na seção policial.

Todos então ouvimos uma buzina.

- Mamãe, chegaram, chegaram! – gritava à pequena Marie, ou eu. – a mulher deixou o jornal de lado o foi abrir a porta. A Marie foi rápido ate algum canto da casa gritando: - papai chegaram!

Fui atrás dela, por que pelo visto iria ate seu pai, meu pai. Agora me sinto mais triste. Lembrei daquele sonho, que agora percebo que não é mais sonho, em que Eliza e Damon morrem. Eu fui à única sobrevivente.

Agora que estou começando a lembrar do meu passado, tudo poderia estar melhor! Mas não, estou triste. Descobri que sou órfã.

- Papai, eles já chegaram. Vamos para a sala?! – a Marie foi ate a cozinha onde o pai estava preparando algo, e pelo cheiro estava delicioso – hm, que cheiro bom! – o pai riu.

- Eu sei, estou quase acabando. – a menina ficou ali parada, vendo o pai acabar de preparar a comida. Eu, ao contrario, não queria ficar ali parada so o observando. Fiz a mesma coisa que fiz a minha mãe. O abracei.

- Pai... – falei baixo, não que isso importasse so que o meu estado me permitia fazer apenas isso. Estava muito emocionada ao vê-lo. Ao ver todos, na verdade, me ate quando era mais nova! As lagrimas desciam sem que eu quisesse.

- Pronto, acabei. Podemos ir. – falou ele, então passou por mim, como se eu estivesse invisível. E eu estava invisível.

Eles foram em direção a entrada da casa. Havia um carro um homem – eu creio que fosse o motorista, pelo uniforme – retirando umas malas. Ao lado dele vi a Marie e um garoto um moreno, um pouco mais alto que ela.

Era ele! Sim, sem sombra de duvida, era ele. Dave!  Estou me lembrando. Nós dois brincávamos tanto quando pequenos! Ele era como um irmão para mim. Confiava nele bastante, mais do que em mim mesma.

-x-

Acordei no outro dia mais feliz. Eu vi e “abracei” meus pais. Apesar de ainda estar um pouco triste, por saber que morreram. Eu os vi morreram! Tão cruelmente, deu um jeito tão ruim. E eu era tão pequena...

Mas também fiquei feliz por que vi Dave! Oh, Dave. Onde você está agora?