Save Her escrita por little_lys


Capítulo 3
Novo trabalho, e memórias aparecem.


Notas iniciais do capítulo

Mah tem uma "lembrança" ou será que foi só um sonho? Ah, mas que naquilo tem alguma coisa, ah isso tem!



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Acordei às seis e meia da manhã. Pegaria no batente às sete e meia. Há essa hora todos da casa já estavam acordados e muito bem dispostos. Hoje descobri uma coisa do meu passado: eu odeio acordar cedo. Pelo menos é uma coisa né?

Depois do banho e de eu ter me arrumado fui tomar café com todos. Johnny já havia chegado, ele ajuda seu João na roça. Seu João mesmo disse: “é bom ter braços jovens e fortes me ajudando.”

Assim que desci todos já estavam à mesa, apenas me esperando.

- Bom dia a todos. – falei.

- Bom dia – disseram juntos.

- Venha querida, sente-se aqui. – dona Ger puxou uma cadeira para mim.

- Obrigada. – agradeci. Peguei meu prato e coloquei panquecas e torradas, depois um suco de laranja.

- Está pronta para o seu 1º dia querida? – perguntou dona Ger assim que se sentou à mesa.

- Acho que sim... – falei.

- Que bom então. Johnny irá lhe levar até lá, tudo bem?

- Tudo sim- respondi. Não conversamos muito durante este café-da-manhã, não tínhamos muito assunto. À medida que terminávamos, saímos para executar nossas devidas tarefas: Seu João foi para roça; começar, logo Johnny voltaria para ajudá-lo, eu e Johnny fomos ate o carro dele para irmos pro centro, e dona Ger foi a ultima a sair, ela cuidaria da casa, mesmo velha.

Eu prometi ajudá-la assim que terminasse o serviço lá no mercado, o que não demoraria muito, já que eu largaria às 16 horas.

-x-

- Eu estava pensando – Johnny começou; nós já estávamos no carro – agora tenho um ótimo motivo pra continuar caminhando a noite não é? – eu sorri corada.

- Se você acha...

- É claro que eu acho. – respondeu rindo.

- Ótimo então.

Assim que chegamos onde seria meu local de trabalho, eu desci rapidamente e Johnny foi embora. Peguei minha bolsa e entrei naquele pequeno mercado do centro.

Assim que entrei todos os funcionários olharam para mim – àquela hora não havia nenhum freguês, e também por que eu era um rosto novo na vila.

A vila era pequena, tinha pouco mais de oitocentos habitantes. Todos aqui se conheciam. Quando viemos pro centro pela primeira vez juntos, seu João e dona Gertrudes pareciam ser parentes da maioria das pessoas daqui. Eles conheciam todos.

Fui ate o caixa para pedir informações. Quando viemos para aqui, uma mulher nos atendeu – Mônica – e ela disse que era para eu falar com ela.

- Por favor, gostaria de fal...

- Mah– gritaram, uma mulher baixa e de cabelos louros veio saltitando em minha direção. – Creio que você é Mah não é?

-Sim – respondi. – e você é Mônica Colts, correto?

- Corretíssimo! Então, pronta para seu primeiro dia?

- Sim. Acho que não será muito difícil não é? É so empacotar.

- Isso mesmo. Venha, vou lhe mostrar onde está seu armário e lhe apresentar para a galera!

Ela saiu me puxando ate um corredor. “hum”, pensei, “galera, parecia ate adolescentes! Apesar de eu ser. Mas ela não é...”.

Chegamos ate o final daquele corredor. Havia muitos armários e dois grandes bancos na frente deles. Tinha umas pessoas sentadas e outras em pé neles.

- Oi gente! Olhe aqui a novata!

- Oi. – respondi baixinho.

- E ai, Mah? – falou um grandalhão. – bate aquê! – ele estendeu à mão, eu fiz o mesmo, mas antes das nossas mãos baterem e passou direto, fechando mão, e disse – HAHA, pastel! – todos riram da minha cara.__. ’

- Hmm. – gemi.

- Peter, nada dessas brincadeirinhas com ela – repreendeu Mônica – pelo menos por enquanto.

Por enquanto?! O-oh, já vi que esse trabalho vai ser bem longo, com esses colegas que eu tenho!

Bom, a primeira impressão que tive de todos foi à melhor possível. O ambiente é bem agradável, e o trabalho é super fácil!

-x-

Voltei de ônibus para casa. O trabalho – apesar de não ter sido muito movimentado hoje – foi bastante divertido. Todos eles são muito amigos e brincam muito – principalmente o Peter. Ainda bem que me encaixaram tão depressa nesse grupo de amigos.

O ônibus veio lotado, um sufoco. Mais assim que cheguei tudo melhorou. Eu estava finalmente em “casa”. Não era minha verdadeira casa. Eu nem sabia se existia e onde minha casa mesmo ficava.

Mas não me importa. ESSA é a minha casa. Pelo menos por enquanto. Eu quero muito mesmo achar minha casa verdadeira.

Entrei e vi seu João na sala vendo um jogo e dona Ger na cozinha.

- Oi gente – falei.

- Olá querida – veio dona Ger até mim, dando um beijinho de cada lado do meu rosto. – como foi lá? Trataram-te bem?

- Sim, sim. Trataram-me super bem! Todos lá são super legais, e eu me diverti bastante.

- Oh, isso é muito bom!

- É... Vou tomar um banho e volto para jantar.

- Vá querida.

Subi para o meu quarto e fui tomar um banho. Depois de ter me ajeitado desci para jantar.

À mesa conversamos mais sobre o meu trabalho e o dia de hoje. Eu falei que todos foram super gente boa comigo, muito alegres, divertidos.

Falei também de como o trabalho era fácil. Mas, nem tem duvidas de que não seja fácil, afinal, eu só sou uma empacotadora.

Depois que terminamos lavei a louça e fui dormi. A noite podia ser considerada ótima; foi sem sonho, pesadelo. Mas antes de conseguir pegar no sono, eu pensei naquele dia, que eu levantei e fiquei na estrada.

Que aconteceu aquele acidente, e tudo foi muito sinistro. Mas foi bem rápido, logo, logo eu peguei no sono e pronto, tudo escuro.

O outro dia foi à mesma coisa. Levantei para tomar banho bem rápido, depois desci para tomar café e fui trabalhar. Peguei o ônibus rapidamente e cheguei 5 minutos antes no mercado.

- Oi gente, bom dia! – falei assim que cheguei. Catharine – namorada do grandalhão Peter – estava ajeitando o caixa. Peter estava carregando umas caixas lá para dentro. E Mônica estava vindo em minha direção.

- Bom dia Mah! Tudo pronto?

- Aham.

- Então vamos! – fomos ate onde estavam os nossos armários, passando por onde Peter estava carregando aquelas caixas.

Eu sou muito desastrada, percebi isso há um tempo. No caminho, eu não vi que havia um botijão grande no chão. Tropecei nele, batendo bem forte na minha perna, senti uma dor muito aguda que não conseguia levantar.

Na minha cabeça, apareceram imagens poucos distorcidas, mas eu consegui vê-las bem. Eram novamente daquela família. A mulher – que naquele meu sonho havia morrido – estava viva, brincando com a filha, a tal de Marie.

- Marie, não corre assim! – gritou para a menina, que corria loucamente.

- Ah mamãe! Eu quero brincar! – e continuava correndo – vem mamãe! Vem me pegar! – e então ela tropeçou numa torneira que estava perto do chão. A torneira bateu na perna dela exatamente onde a caixa bateu na minha.

- Marie! – a mãe gritou e foi correndo ate ela. O homem – que também havia morrido – estava lá também, fazendo o churrasco, e foi correndo ate a filha.

- Mamãe, ta doendo muito! – eu fui pra perto deles, e pelo visto estava tudo igual: eles não conseguiam me ver. O local onde batel estava vermelho e saindo e pouco de sangue.

- Shhh, calma vamos chamar o nosso medico para ele tratar disso. Damon – ela virou para o homem – leve ela ate o quarto, depois faça um rápido curativo enquanto ligo para o medico.

- Ok, querida – ele pegou a menina nos braços e correu ate a casa, seguido da mulher, achei melhor ficar onde estava.

Então a minha perna começou a latejar muito e as imagens aos meus olhos novamente ficaram embaçadas. Tudo ficou preto e depois foi clareando, percebi que estava gritando de dor, e segurando a perna – no local onde havia batido.

- Mah! Calma! Já estamos te levando para o posto medico!

- Mônica, tá doendo demais!

- Pronto, galerinha, chegamos! – ouvi a voz de Peter, depois senti ele me levantar e me carregar ate dentro do posto.

Colocaram-me numa maca, senti a dor ficar mais forte. Entrei numa sala branca, depois me tiraram da maca e colocaram-me numa cama.

- Shhh, calma mocinha, vamos dar ponto e logo a dor vai passar. – falou a voz do medico.

- AAI! – gritei.

- Calma, logo vai passar. – depois realmente foi passando, fui ficando aliviada.

- Oi pai! – ouvi a voz de outro homem naquela sala, voz que eu conhecia bem. – Mah? O que aconteceu?! – Johnny veio rápido ate mim.

- Nada – respondi – so tropecei forte numa caixa.

- Foi num botijão? – perguntei o medico, que pelo visto era pai de Johnny.

- Sim.

- Nossa, que estranho isso ter causado tantos danos. Acredito que você já tenha se machucado nesse local antes, e ele tenha ficado frágil.

- Pode ser pai! – falou Johnny para o medico.

- Você se lembra onde bateu antes? – perguntou a mim, e eu tive vergonha de falar que eu tinha amnésia.

- Eu... Er...

- Hm, pai, venha cá – Johnny o chamou o doutor e falou alguma coisa, bem baixinho. O medico fez cara tipo “Ah”, e então voltou.

- Tudo bem, Mah. Não precisa se envergonhar, você não tem culpa. Ok, vou ali pegar umas coisas, Johnny, fique com ela. Já volto. – foi deixando eu e ele sozinhos.

Johnny foi ate uma cadeira e a trouxe para perto de mim.

- Johnny, pode fazer um favor para mim? – ele assentiu – avise a dona Ger e seu João para mim, por favor?

- Claro – disse levantando. Foi ate a porta e a abriu, mas parou – ela já está acordada sim, podem entrar – então saiu e apareceu Mônica e Peter.

- Oi Mah! Que bom que você está bem! Você está bem não é? – disse vindo ate a cadeira onde Johnny estava.

- Estou sim, pelo menos acho...

- Que bom então, baixinha! – falou Peter esfregando meu cabelo

- Ai Peter. – e rimos.

Nada como ter amigos! Amigos verdadeiros, para todas as horas, assim como sei que eles são. Passamos um tempo conversando besteiras, acho que eles só queriam me distrair e tal.

Tenho que admitir estavam me distraindo um pouco sim, as conversas com eles são muito divertidas, principalmente se Peter estiver no meio!  Mas nada me distraia mais do que aquelas imagens que vieram à minha mente.

Por que sempre aquela família? O que eu tinha haver com eles? Algo me diz que eles podem ser uma pista para eu descobrir quem sou eu. Quem sou eu?... A pergunta que não sai da minha cabeça...

Logo depois os dois saíram para que eu pudesse descansar, e eles também, afinal, já estava ficando tarde.

Eles saíram e assim que eu fechei os olhos dormi. Dormi e fui para um lugar, uma casa. Uma casa que eu mesmo antes de entrar sabia de quem era. E minhas suspeitas se confirmaram assim que apareceu uma menina mancando pelo jardim.

Uma menina não, A menina, aquela menina de sempre: Marie. Ela caminhava calmamente sobre a grama verde de sua casa com uma boneca na mão. Aquela boneca... Eu me lembro de algo sobre essa boneca... Mas não completamente.

Ela olhava as estrelas... Eu gosto de ver as estrelas de noite. O luar assim, tão belo. Aquela brisa refrescante batendo na gente suavemente.

Ela se deitou na grama, deitou à boneca do seu lado, como se fosse pra ela também admirar aquela noite linda. Sorri com a cena. Fui e deitei ao lado da menina.

- Não sei direito quem você é, Marie – falei para ela, mesmo sabendo que ela não me escutaria – mas gostei de você. – Voltei novamente para aquele céu estrelado – só queria saber o que eu tenho haver com você e com essa família. E também descobrir quem sou eu.

- Bel – a menina falou com a boneca – amanhã o primo Dave vai chegar, eu estou tão feliz! A gente vai poder brincar bastante amanhã nesse mês que ele vai ficar aqui em casa. Você tá feliz também? – ela balançou a cabeça da boneca numa forma de sim – eu sabia! Você também adora o Dave né? – e riu.

Dave? DAVE! Eu acho que sei quem é esse Dave... Eu já ouvi esse nome antes. Ah droga... Maldita amnésia! Eu preciso ver esse Dave, preciso...

[...]

Acordei ainda no hospital com Dona Ger dormindo na cadeira ao lado da cama e Johnny no sofá lendo uma revista. O sol já estava forte, batendo no meu rosto.

- Hmm – gemi, despertando Johnny de sua leitura.

- Bom dia! – falou.

- Bom dia... Meu Deus, que horas são?

- Umas 10 horas, eu acho.

- Já?!

- É você dormiu bastante...

- Nossa, eu tenho que levantar... – falei tentando levantar, mas Johnny me impediu, mantendo-me apenas sentada.

- Calma mocinha, vou chamar o medico para primeiro liberá-la, depois você se levanta,

- Tsc, ok. – então ele saiu. Nisso a dona Ger acordou.

- Bom dia dona Ger!

- Bom dia querida! – Falou se acomodando melhor na cadeira – dormiu bem?

- Sim, feito uma pedra.

- Que ótimo! – nesse momento chega Johnny com o doutor.

- Olá Mah, tudo bem?

- Tudo sim doutor. E ai, já posso ir pra casa?

- Vamos ver – falou vindo pra mim. Pousou sua mão na minha perna, doeu um pouco. – é pode sim – viva! – mas vai ter que usar muletas por um tempo, ate isso sarar.

- Tudo bem, eu uso. Eu so quero voltar para casa. Percebi que não gosto de hospitais.

- Ok então, está liberada. – e saiu. Eu sorri, eu finalmente voltar pra “casa”, já que essa casa não é a minha casa.

Levantei e troquei a roupa, então fomos para o refeitório do hospital. Tomamos um rápido café-da-manhã, e fomos embora. Johnny já estava com a muleta na mão e me entregou.

Eu teria que ficar um tempo de repouso em casa. Ótimo! Era so o que eu estava precisando.

Quando chegamos a casa fui para o meu quarto e fiquei assistindo TV, na verdade qualquer coisa que estivesse passando. Dona Ger foi fazer seus afazeres, seu João foi para a roça e Johnny voltou para o hospital, disse que tinha que perguntar uma coisa muito importante a seu pai.

Quando o almoço ficou pronto seu João teve que ir lá em cima me ajudar a descer as escadas cuidadosamente.

Enquanto comiamos me perguntaram varias vezes se a perna estava doendo, se eu queria levantá-la, se eu queria um pouco de gelo, essas coisas. Mas tava ótimo, não que estivesse sem dor, tipo tudo perfeito.

Estava doendo um pouco sim, mas não a tanto.

Depois que terminamos voltei ao meu quarto e fiquei lendo umas revistas velhas de lá. Então entrou no meu quarto Johnny.

- Johnny? O que está fazendo aqui? – ele sentou-se na cama e eu me endireitei para ouvir.

- Fui falar com meu pai sobre você. Ele tem um amigo que pode ajudar você.

- Me ajudar? Como?

- Lhe ajudar a descobrir quem você é e tudo o que aconteceu.

- Nossa! Isso é... Perfeito. E como eu posso encontrar ele? – sim, a melhor noticia que alguém poderia me dar!

- Amanhã, eu te levo ate ele, combinado?

- Combinadíssimo! – eu estava eufórica, e não percebi o que eu fiz. Simplesmente me joguei em cima dele num abraço. Oh, oh. Eu não devia ter feito isso.

- Er... – tentou falar

- Ah meu Deus, me desculpa Johnny! – falei saindo de cima – foi mal, eu fiquei louca, é que...

- Tudo bem, ate que não foi tão ruim assim...

- ãã? – perguntei sem entender o que ele quis dizer.

- Nada. Agora eu vou indo. Tchau Mah.

- Tchau... – e saiu. Nossa... O que aconteceu aqui?


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