Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 32
Consciência


Notas iniciais do capítulo

Sei que estou terrivelmente em falta com esta Fic. Mas espero poder postar com mais frequência.
Espero que a longa espera tenha valido a pena.
Boa leitura!!!!!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/122224/chapter/32

PDV Rose:

Como prometido ela não contou a ninguém, a não ser quando era incomodada. Ao contrário de mim, ela odiava ser o centro das atenções. E isso era visível. Então, quando alguém perguntava sobre o milagre de sua sobrevivência ela mencionava Edward. Colocando-o no patamar de herói, mocinho, salvador da pátria, príncipe encantado montado em um cavalo branco. Não mentia, mas não falava toda a verdade. Dizia que ele havia a alcançado rápido e desviado seu corpo do centro da colisão. As pessoas não se importavam com isso, não achavam sua atitude incoerente ou sobrenatural, nem haviam notado meu irmão do outro lado do estacionamento. Muito longe de toda a ação. E como esse dado alterava drasticamente a naturalidade do salvamento de Bella. E depois que destruímos o contorno do ombro dele da lataria do carro do outro menino que se feriu não havia mais como ligá-lo ao crime, ou suspeitar que ele não fosse exatamente um “garoto normal”.

Jasper passou a ser um pouco obsessivo com a segurança. Mesmo que Edward garantisse a ele que não passava na cabeça de ninguém que houvesse algo de extraordinário conosco, ele insistia que ele continuasse com a varredura diária pelas mentes monótonas dos moradores de Forks. Mas como era de esperar nada mudava. Preocupações com o tempo, com a roupa, namoricos, esconder drogas do inspetor, medo da mãe descobrir as revistas masculinas durante a faxina, intriga entre líderes de torcida, azaração e sexo. Dois meninos feios disputavam com o menino que atropelou a humana pela sua atenção dela. Parecia que Bella era um brinquedo novo que chega à creche, todos a disputavam. Sentia a variação na voz de meu irmão telepata ao pronunciar os nomes dos garotos. Meus sentidos avisavam que algo muito perigoso estava para acontecer, mas eu ainda não estava pronta para a revelação desta verdade. Então meu cérebro se protegia e parecia não ver o que devia estar evidente.

Edward obedecia fielmente à recomendação de Carlisle sobre manter distância da menina, mas a meu ver parecia que era uma precaução que ele gostava. Como se tivesse medo da proximidade dela, medo de tê-la por perto e haver outro episódio de descontrole que nos colocasse na lista negra dos Volturi.

Mas então chegou o momento mais esperado do ano. O baile. Neste caso o baile em que as meninas convidavam os meninos, invertendo os papéis no jogo da sedução. Alice adorava este tipo de baile e esta parte do ano. Desenhar vestidos, prever decorações e tentar intervir. Quando moramos em _______________ ela nos obrigou a arrombar o salão de festas para redecorar tudo como ela havia planejado e assim combinar a festa perfeitamente com nossos vestidos. E quando passamos uma temporada na Eslovênia ela produziu um baile medieval só para ter essa agitação do baile e do convite. Essa minha irmã, é meio louca.

Havia também a tradição dos convites diferentes de Jasper e Emmett. Então quando era nossa vez de convidar, ela se animava tentando bolar formas surpreendentes para convidar Jasper para o Baile. Eu também teria que inventar um jeito diferente de convidar Emmett. Senti Edward mudar de postura depois que os convites começaram a correr soltos pela escola. Mas imaginei que fosse o usual desconforto por ser o único sem um par para acompanhá-lo ao baile, ou não ter alguém para se acabar tentando imaginar um modo diferente de convidá-lo depois de já ter feito isto zilhões de vezes por ser vampira e ter passado pelo colegial repetidos anos.

Foi quando uma coisa alterou tudo e eu fui obrigada a admitir o que tanto minha intuição escondia de minha mente. Eu e Emmett estávamos nos beijando no corredor só para deixar os humanos bobos deslumbrados quando Alice chegou dizendo que o telepata já nos esperava no carro. Saí relutante dos braços de Emmett e andei em direção à saída. Estávamos ainda perto do refeitório quando Edward fechou a picape da humana e ficou nos esperando. Considerando que ele a evitava como um vampiro de filme evita alho, e ele ser um cavalheiro (odeio admitir, mas é verdade) estranhei.

O menino que bateu o carro no dia do acidente, aproveitou que Edward impedia a passagem de Bella e saiu de seu carro para falar com ela:

- Vai me convidar para o baile de primavera? Ele quis saber.

- Eu não estarei na cidade, Tyler. Ela disse sem paciência.

Tyler, então esse era o nome dele. Olhei para Edward, sua testa estava franzida, ouvidos atentos. Eu sabia que ele estava prestando atenção à conversa. Desde que a garota chegou e ele não pôde ler seus pensamentos, Edward tentava captar suas falar como uma forma de tentar quebrar as barreiras da mente da menina, ou diminuir sua frustração por seus poderes não terem nenhum efeito sobre ela. Não podíamos andar com nossa velocidade pela escola, mas até mesmo para um humano eu estava andando devagar. A curiosidade pelo desenrolar dos fatos me fez querer desacelerar o passo para ver no que aquilo ia dar e porque meu irmão estava tão interessado nisto a ponto de fechar a pobre menina. Alice me olhou e piscou como se pudesse ler minha mente também. É duro ter uma família cheia de talentos.

- É o Mike me contou. Ele disse.

Quem é Mike, afinal de contas?  Um dos dois patetas que vivem rondado a menina?

- Então porque... Ela quis saber.

- Eu esperava que você só estivesse se livrando deles do jeito mais fácil. Tudo bem, a culpa era totalmente dele. Ele deu de ombros.

- Desculpe Tyler, eu estarei mesmo fora da cidade. Ela disse já sem paciência nenhuma.

- Tudo bem, ainda temos o baile de estudantes. O menino disse e voltou para o carro.

Tinha que admitir que o menino era mesmo confiante, esse tal de Tyler. Chegamos ao carro e Jasper abriu a porta para sua fadinha. Edward ria audivelmente, tanto que seu corpo sacudia no banco do carro. Qual o motivo dele estar tão feliz só porque a menina não aceitou o convite do menino? Estava apenas se divertindo com o toco que o pobrezinho havia tomado ou havia algo mais? Olhei para a humana e ele o fuzilava pelo retrovisor, já acelerando o carro. Ela iria bater no volvo, mas antes que a proteção da lata velha batesse no fundo de nosso carro, meu irmão acelerou e fomos para casa. Fui todo o caminho tentando entender o que havia acontecido. Sei que Alice também queria saber os motivos, mas Jasper parecia estar controlando a esposa ao máximo.

Assim que chegamos, ele pulou o Sol Duc e do outro lado do rio gritou:

- Vou caçar!

Alice balançou a cabeça e sorriu. Como se Edward estivesse fazendo uma estripulia.

- O que há Alice? Quis saber.

- Vi que eu e Bella seremos grandes amigas. Mas ele não me deixa encostar, diz que não devemos nos aproximar, que são ordens de Carlisle. Vi que amanhã ele falará com ela, então logo poderei ser sua amiga também. Mas ele passou todo o caminho dizendo que não.

Eu não vi nada disso, ou melhor, interpretei as coisas de forma errada. Será que apenas eu sentia que algo muito perigoso estava acontecendo? Assim que entramos Alice subiu as escadas, com certeza para bolar uma forma de convidar Jasper para o baile. Eu fui tomar um banho e trocar de roupa, hoje houve aula de Ed. Física no 2º período e jogamos basquete. Odiava humanas suando perto de mim. Jasper e Emmett resolveram se dedicar a coisas mais reflexivas, foram disputar uma partida de vídeo game.

Tentei pensar em uma forma de convite na banheira, mas a imagem de Edward interceptando a menina no estacionamento não me saía da cabeça. Primeiro a expressão de fúria e frustração quando o menino a convidava, depois a de júbilo quando ele a convidou. Por quê? O que havia mudado nesse curto espaço de tempo? Porque ele iria querer acompanhar a vida amorosa da menina?  Não sei por que a imagem de Esme bailando de pantalona surgiu em meus olhos. Não havia o menor sentido, eu já havia superado tudo aquilo. Sentia um sincero amor fraternal por Alice, seria capaz de dar a minha quase vida por ela tanto quanto por Esme. Mas a cena se repetia diversas vezes em minha mente. Não entendia porque meu cérebro ficou me obrigando a ver aquilo. Será que minhas crises de memória haviam chegado a todas as lembranças ruins que tinha? Depois de Esme e Jasper trabalharem comigo por tanto tempo já havia 10 anos que só me lembrava no aniversário de minha transformação, no ano passado até consegui para as lembranças. Jasper me pediu para narrar todos os meus casamentos com Emmett, até que o dia acabasse e funcionou.

Mas as imagens se repetiam, como se minha mente estivesse irritada por que eu ainda não havia matado a charada. Me senti como naquele dia, como se Esme houvesse novamente preferido Alice à mim. Queimei de ciúmes novamente. Ciúmes? Porque Edward sentiria ciúmes da humana? Porque senti ciúmes de Esme? 1,2,3... Os pensamentos foram se encaixando. O salvamento que quase colocou nossa cabeça a prêmio. O afastamento dele nas últimas semanas, como se evitando algo perigoso em relação a ela, a proximidade com ela, a frustração em ver outro homem flertando com ela, o júbilo ao perceber que ela não se interessa por outro. Meu Deus! Meu irmão se apaixonou por uma humana. Meu irmão sentia ciúmes porque amava a humana.

Fiquei na banheira mais um tempo tentando processar aquele fato, a seriedade alarmante de minha descoberta. Será que ele tinha consciência de que a amava, ou era algo apenas intuitivo, inconsciente como a força que o levou a salvá-la naquele dia? Terminei meu banho e desci para a sala. Emmett e Jasper ainda jogavam, Alice se concentrava repetidas vezes e eu peguei uma revista para folhear. Estava imersa em meus pensamentos quando Alice disse:

- Até que enfim. Já não aguentava mais. E quase morri quando eles se decidiram pelo México. Não tenho nada contra “sombreros” e “piñata”, mas não tem nada a ver com um lugar onde chove 400 dias no ano.

- O ano só tem 365 dias amor. Jasper a interpelou sorrindo.

- De que diabos ela está falando? Emmett quis saber.

- O baile irmão. Esse ano são elas que nos convidam. O sorriso de Jasper foi deslumbrante ao dizer isso, o safado gostava de ser bajulado.

- Você tem mesmo que falar no nome do diabo em toda sentença Emmett? Esme perguntou do ateliê, meio contrariada.

- Não, Esme. Me desculpe, é que costumávamos falar assim lá em casa. Minha mãe não ligava, na verdade falávamos assim porque aprendemos a falar com ela.

Havia anos que Emmett não falava de sua família, acho que a última vez em que ele falou deles foi quando nos casamos pela primeira vez e ele me disse o nome de todos os seus irmãos com suas manias. Mas isso foi há tantos anos... Olhei para ele curiosa para saber por que ele havia se lembrado deles tão de repente, mas ele apenas suspendeu os ombros como se não fosse grande coisa. Pensei em minha família, a recordação ainda me doía muito. Esme deve ter notado também porque saiu de seu ateliê e veio para a sala.

- Tudo bem? Perguntou tocando o braço de meu marido.

- Sim. Só respondi sua pergunta.

- Tem certeza? Perguntei ainda desconfiada.

- Sim. Me lembro pouco deles agora, na verdade quase não penso neles. Mas quando Esme me perguntou, lembrei de minha mãe. Ela era durona, também com tantos filhos. Se fosse ela me diria: “Que diabos Emmett, tem que falar diabo cada vez que abre essa boca porca menino?”

Todos rimos com ele falando com o sotaque de sua região. Imitando a mãe. Esme deu um beijinho em sua bochecha e afagou seus cabelos.

- Minha família era meio “Família Buscapé”. Aliás Esme, o nome de minha irmã caçula era Esmeraldine e a chamávamos de Esme. Por isso gostei de você logo de cara, me lembrava à sonoridade de seu nome quando minha a mãe gritava por ela, procurando-a. Os sons da minha casa, de minha humanidade. Ela era uma gracinha com suas tranças amarradas com pedaços de barbante, a janelinha, o vestido embolado de tanto subir nas árvores. Se não me engano ela tinha seis anos quando a vi pela última vez. Quando saí para caçar ela me fez prometer que logo a ensinaria a atirar e me pediu um passarinho para colocar em sua gaiola. Como se eu não soubesse que ela burlava a vigilância de minha mãe e convencia os mais velhos a deixá-la atirar com balas de borracha.

Então um momento de nostalgia se instalou na sala e todos começaram a falar do que se lembravam. Eu achava que era a única a manter as lembranças de minha vida humana. E isso me custava um preço caro, lembrava também do que não gostava. Mas mesmo que com o tempo as memórias fossem se esvaindo todos eles se lembravam de algo, um som, um cheiro, um episódio. Acho que além de nos fazer sentirmos mais humanos, a forma como nos alimentamos nos ajuda a manter a memória porque nos sentimos menos “animais”, instintivos. Esme disse:

- Me lembro de minha mãe me dando bronca por subir em árvores, eu adorava também. Foi por conta disto que conheci Carlisle como humana, caí de uma delas e quebrei o pé. Lembro que ajudava a meu pai quando ele recortava as abóboras para o dia das bruxas, do cheiro das abóboras e das velas, mas não me lembro mais do rosto dele. E lembro o cheiro de maças com canela quando minha mãe as cozinhava para fazer tortas.

-Não me lembro, vocês sabem. Mas me lembrei do cheiro da alfazema um dia e Esme disse que devia ser minha mãe. Acho que nos dávamos bem, porque quando me juntei a essa família sentia como se o tempo inteiro antes de minha chegada tivesse sentido saudades de Esme. Mas ela acha que sentia saudades de minha mãe e que por isso tenho essa sensação. Também gosto de água, não sei o motivo, mas acho que morava em algum lugar de mar ou rio. E algumas vezes, vejo coisas com pérolas e tenho um lampejo. Posso dizer se uma pérola é falsa ou verdadeira a quilômetros de distância, que tipo de ostra a produziu, a bitola, tudo. E não é porque sou vampira. Alice disse se aconchegando ao marido.

- Gostava de cavalos, talvez por isso fui parar na cavalaria do exército confederado. Até hoje sinto fascínio por eles, deve ser por isso que gosto tanto de apostar em corridas de cavalo.

- Não põe a culpa de seu vício na sua vida humana não Jasper. Ninguém vai cair nessa. Emmett o provocou sorrindo.

- Lembro de meu avô me ensinando a escovar o pêlo do cavalo, tratar as ferraduras. Ele dizendo que só é um bom cavaleiro quem sabe tratar seu cavalo bem. No Brasil quando fiz os móveis tive essa sensação de Alice. Não me lembro de verdade, mas é tão fácil e natural que mais parece que você sempre fez aquilo e não lembrava até sentir suas mãos em contato com a madeira, com o ferro.

- Não me diga que depois de tanto tempo vai “aboiolar” também Jasper. Alice faça alguma coisa, mostre a ele porque é bom ser macho. Basta o Edward sujando o nome da família. Meu marido como sempre fez graça.

Pensei comigo mesma: “Se eu estiver certa, ele é muito homem. Só é estranho, sempre foi. Por isso fez uma escolha tão inusitada.” E a imagem da pequena cena de ciúmes no estacionamento mais cedo invadiu minha mente. As peças se encaixaram em minha mente e pude ver claramente que Edward estava apaixonado pela humana. Isso era tão perigoso.

- Eu o que Emmett?

- Edward! Esme exclamou feliz e abriu os braços o convidando para um denguinho.

- Estamos falando sobre o que nos lembramos de nossa vida humana. Jasper explicou.

Edward franziu a testa em minha direção. E eu sorri amarelo, não sabia desde quando havia chegado e o quanto de meus pensamentos havia lido. Tentei me concentrar em algo para evitar que ele soubesse do que desconfiava e logo vi minha imagem refletida na parede de vidro. Perfeito!

Ele se deitou ao lado de Esme colocando a cabeça em seu colo. Esme começou a fazer cafuné. Mas ele me olhava de forma séria e profunda. Fui salva por Alice que disse:

- Eu e Rose vamos caçar.

Emmett sorriu e disse:

- Capriche na surpresa baixinha. Como se eu não soubesse que vai contar à Rose o tema da festa.

Assim que nos afastamos o suficiente, Alice disse:

- Bond, James Bond.

- O que?

- O tema da festa, é um cassino, meio Las Vegas. Mas com o mistério de James Bond. Estou pensando em mandar o primeiro Vanquish do Edward para a festa. Ligar depois que eles anunciarem o tema dizendo ser um ex-aluno que tem um amigo, que tem um Vanquish antigo. Para o cenário e para tirar fotos, acho que vai ficar legal.

Ela ficou catatônica por alguns segundos e disse excitada:

- Erick York vai adorar a idéia e nem vai ligar para quem está oferecendo o carro. Vou me oferecer para ajudar na decoração. Adoro interpretar a humana frágil que precisa de ajuda para carregar caixas e tem medo de subir em escadas.

- O que fará para convidar Emmett? Estou sem idéias para convidar o Jass.

Ainda estava pensando sobre minha recente descoberta. Por mais que a excitação por fazer algo fora de nossa monótona rotina quisesse me puxar para outra linha de pensamentos, não conseguia deixar de pensar em como o lesado do meu irmão foi se apaixonar por uma humana. Também, não posso reclamar de escolhas. Me apaixonei pelo monstro do Royce.

- Rose o que você tem? Ela perguntou se aproximando de mim.

- Nada Alice, não é nada. Só estou preocupada por não estar conseguindo ter idéias.

- Vai conseguir tenho certeza. Vamos caçar? Saco vazio não para em pé, nem tem boas idéias.

- Claro.

Atacamos cervos, eram bem comuns em nossa região. Quando estávamos perto da casa tive uma idéia e Alice sorriu assim que a visualizou. Depois fez um biquinho e disse:

- Droga, devia ter sido minha essa idéia.

Quando chegamos Edward dedilhava notas desconexas no piano. Alice o olhou tristonha e eu pensei que fosse algo relacionado a ela não se aproximar da humana. Ela subiu para o quarto atrás de Jasper e ele me avisou:

- Emmett foi à Seattle buscar uma encomenda na loja de eletrônicos. Ele disse que era uns jogos novos, ou algo do tipo. Não prestei muita atenção.

- Esme?

- Foi com Carlisle a festa de bodas de prata de um médico do hospital. Esme colocou no cartão que sonha com o dia em que fará bodas de prata também, acho que para disfarçar a idade. Mas ela disse que era apenas para reforçar nossa história. Não sei por que as mulheres se importam tanto com a idade.

Eu e Edward já não brigávamos tanto, mas ter momentos só entre nós era raro, meio estranho. Compartilhávamos o mesmo espaço, mas sem manter nenhum tipo de contato ou conversa na maioria das vezes. Sempre que engatamos uma conversa é porque tem mais membros da família conosco. Ou quando discutimos casos médicos com Carlisle, pois decidi fazer uma universidade de medicina a fim de me sentir mais aprovada por nosso criador. Liguei a TV num canal sobre a vida de famosos, mas era tão tedioso que mudei. Havia um documentário sobre Ford e suas linhas de produção no THC (The History Channel) e eu comecei a assistir.

- Tem certeza? Ele parou de tocar e olhou para mim.

- O quê? Tentei disfarçar, mas sabia o motivo da pergunta.

- O que sinto pela humana?

Sim, ele tinha ouvido meus pensamentos com clareza.

- Não sei Edward, não tenho talento como você. Nem sei prever o futuro.

- Mas é intuitiva. Intuiu que Emmett era o homem de sua eternidade rapidamente, a presença dos lobos no passado, a ligação entre Alice e Esme. Não sei se é seu instinto de proteção, mas você tem algo Rose, algo que lhe faz perceber algumas coisas antes de todos.

- E se for? O que poderá fazer? Não há como isso acontecer. Disse com tristeza.

Tínhamos nossas brigas, mas ele era meu irmão, jamais desejaria seu sofrimento. Vê-lo sofrer seria uma espécie de sofrimento para nós também. Assim como quando Jasper tinha suas crises. Quando ele e Alice sofrem, sofremos também.

- Tchau. Ele disse fechando as teclas do piano.

- Vai vê-la, não? É isso que faz todas as noites, não é? Não se afasta dos casais para proteger seus ouvidos e a “pureza” de sua mente. Vai vê-la, ficar perto dela. Não se torture Edward, isso só vai te fazer sofrer.

- É tudo que posso fazer. Vê-la dormir, como o bom ser das trevas que sou. Só me resta isso Rose.

Antes de alcançar a porta ele me olhou e ponderou se deveria me fazer mais uma pergunta:

- Desde quando sabe?

Sorri de forma enigmática:

- Minha consciência ou minha intuição?

Ele devolveu o sorriso e saiu tomando a noite com sua velocidade impressionante. Emmett voltou bem mais tarde, quase de madrugada. Já havia uma sinfonia de gemidos vindo dos quartos dos outros casais há algum tempo. Emmett torceu a cara ao ouvir sua preciosa mamãe dizer:

- Mais Carl, não pare. Não pare coração. Isso. Dedos também amor, preciso sentir dentro.

- Eu não me conformo que ele faça isso com minha mãe. Bem ao meu lado.

Emmett reclamou bufando. Sorri de sua birra, jamais senti desconforto ao saber que Carlisle mantinha uma vida sexual e para todos os efeitos ele é meu pai.

- Vem se distrair também. Já, já vai esquecer isto. Você devia começar com essa parte, sabe que adoro.

Falei me lembrando do início de nossa vida juntos quando Esme e Carlisle precisavam nos aconselhar nessa parte do matrimônio. E nos instruíram pela primeira vez sobre “beijos genitais”. Sorri da careta impagável que ele fez.

- Não consigo esquecer com você fazendo comparações com eles, sabendo que eles estão fazendo o que vamos fazer. E ela instruindo com detalhes o desnaturado do... Nem vou dizer o que ele é. Ela é minha mãe, pelo amor de Deus! Ele disse alto para Carlisle ouvir.

- Ela é minha filha e você não me considera. Carlisle retrucou sorrindo.

- Ah! Amor, os meninos estão ouvindo. É melhor irmos para a floresta. Esme disse com um timbre oscilante, como se estivesse muito envergonhada.

- Não, não vou parar agora. Além do mais somos os pais da história. Ele é que devia respeitar minha filha. Vem amor, você prometeu. Deixa eu terminar direitinho, como você gosta. E depois você.

- Pessoal vamos nos concentrar, por favor? Vocês estão acabando com o clima. Minha noite apenas começou, ainda estava no aquecimento e vocês já estragaram. Da próxima vez vamos ser o jovem casal em lua de mel que quer distância da família Jass. Alice reclamou.

- Tô me mudando. Emmett me puxou para a floresta e eu sorri.

Voltamos quase na hora da escola para casa. Adoro sexo selvagem ao ar livre, e Emmett estava impossível depois da birra em casa. Edward estava com um olhar estranho, meio ensandecido. Alice o olhava, dividida entre felicidade e medo. Tudo parecia normal naquele dia. Chegamos à escola, Edward voltou para o carro para pegar uma revista que mostraria ao professor de química. Fomos para nossas aulas, assisti uma com Emmett e outra com Alice, já que ela estava numa turma avançada de filosofia. A louca da minha irmã até me levou para o banheiro para fingirmos nossa humanidade usando privadas. Segundo ela uma menina do 2º ano comentou que éramos tão metidas que não entrávamos no banheiro da escola com as rélis mortais. Que devíamos ser seres sobrenaturais que “descomiam” dinheiro e peidavam perfume.

Mas a maior surpresa do dia me aguardava no refeitório, mal pude acreditar no que vi ao chegar para a hora do almoço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então como será que Rose vai convidar Emmett. Ele com ciúmes da mãe é muito fofo, não.
Prometo me esforçar para postar com mais frqueência. Beijos :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perspectiva" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.