Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 22
Mais uma despedida


Notas iniciais do capítulo

Espero que perdoem meu atraso na postagem. Jasper sente muito, tudo. Tive que pensar bastante no capítulo, para não deixar pontas desamarradas.

Sempre penso nessa música quando o casal "Jasper e Alice" aparecem na trama. Ambos se lançaram de olhos fechados nessa relação que havia dia e hora para começar. Exatamente como diz a música. Ao contrário do instinto protetor de Jasper. É Alice quem o vela, o olha por dentro. E ao contrário da alegria de Alice é Japser que lhe traz beijos colhidos e clima de festa.

Espero que gostem. Boa leitura.



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Para meu amor:

Vieste na hora exata
Com ares de festa e luas de prata
Vieste com encantos, vieste
Com beijos silvestres colhidos prá mim
Vieste com a natureza
Com as mãos camponesas plantadas em mim

Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim
Meu amor

Alice

Para meu amor:

Vieste a hora e a tempo
Soltando meus barcos e velas ao vento
Vieste me dando alento
Me olhando por dentro, velando por mim

Vieste de olhos fechados num dia marcado
Sagrado prá mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim

Jasper

PDV Jasper

Ela estava lá. Vestida de branco, andando em minha direção, transbordando de felicidade e fé. Fé em mim, mesmo que não mereça. Fé em nós, como um só. Meu corpo forte de vampiro se sentia no limite. Além de meu nervosismo aparente, de minha ansiedade incontrolável, havia a sensação de todos. E eu sequer conhecia a maioria delas. Estar com os Cullen é para mim como ser um recém criado, me sinto um bebê sendo ensinado a viver, a ser humano. È exatamente isso, os Cullen são vampiros vivendo como humanos. E eles estavam tentando me fazer reviver a humanidade há tanto perdida.

Havia no ambiente a fraternidade, acho que isso seria um definição para o que Emmet e Edward sentiam. Eles emanavam, carinho, instinto protetor, companheirismo, partilha.

Havia o orgulho de Carlisle, não sei de mim ou se dela, pois ela agarrava seu braço como um ponto de apoio e salvação. Nos primeiros dias com os Cullen senti receio da parte de todos (O que já era um ganho, geralmente as pessoas me temiam), menos de Carlisle. Nele havia admiração e orgulho. Perguntei um dia o que o levava a se sentir assim. Ele me olhou sereno e respondeu: “O que está fazendo é admirável. Resistir ao apelo da sua natureza depois de quase um século”. Era exatamente isso que ele sentia agora, orgulho e esperança.

Havia o sentimento de compreensão e curiosidade de Carmem e Eleazar. Aliás, foi ele quem acabou revelando meu talento a todos os Cullen. Assim que chegou ele disse ao Carlisle:

- Aro procura talentos há séculos e você recebe dois batendo à porta.

- Dois? Emmet quis saber.

- O poder da vidente é espantoso. E ele um manipulador muito talentoso. Posso estar velho, mas não enferrujo. Emmet riu da piada.

Depois disso foi impossível não revelar meu segredo. Emmet ficou um pouco chateado por não ter percebido, senti que Carlisle já desconfiava e ficou feliz com a confirmação. Edward como já sabia apenas ficou receoso que Carlisle o repreendesse por não ter dito nada, mas como isso não aconteceu ficou aliviado. Felizmente Alice, Rose, Esme, e as irmãs Denali estavam entretidas com os preparativos.

Compreensão porque eles sabiam o que era estar apaixonado e se solidarizavam comigo e minha futura esposa. Já as irmãs Denali estavam um pouco insatisfeitas por não terem companheiros. “Falta de vampiros no mercado”, foi a sentença de Emmet.

Rose estava com inveja, mas não era de todo um sentimento ruim. Ela só desejava ser como Alice, aceita como Alice, fácil de conviver e amar como Alice. Ela não queira prejudicá-la de forma alguma. E por mais que ela ainda não pudesse compreender, ela também partilhava da satisfação de nossa família, só não se permitia ver isso.

Havia a curiosidade dos humanos, e obviamente o apelativo cheiro de sangue. Carlisle e Edward me falaram do “Santo Graal” de nossa dieta. Aquilo que nos motiva a mortificar o desejo natural da carne, para refrear nossa sede implacável. Carlisle cria na existência de sua alma, seu “Santo Graal” era o que aconteceria com ela. Edward temia ser o monstro que via através da mente de suas vítimas. Meu “Santo Graal”? Alice.

Eu era absolutamente viciado nos sentimentos que ela nutria por mim. Nessa esperança infundada que brotava tão logo seus olhos me alcançavam. Na sensação de bem querer, de dependência e ao mesmo tempo de proteção. Nesses poucos anos que estamos juntos Alice desnudou um leque de infinitas emoções, sem as quais era impossível suportar a eternidade. Passei quase um século dentro do ciclo vicioso de apenas três: Medo, violência e ambição.

Se para fazê-la feliz eu precisava enfrentar vários humanos empesteando o ar de uma sala com 35 metros quadrados, eu o faria. Eu posso viver como humano, me alimentar de insetos se for necessário, morar no deserto, no espaço sideral.

E ela continuava lá, andando em minha direção, sorridente, inumanamente bonita. Por um segundo o mundo entrou em suspensão e eu fiquei só com as minhas sensações, sem a de mais ninguém. E sabe o que restou? Amor. Amor suficiente para nós e o resto do mundo. Eu acho que já sofri a irremediável mudança que o amor físico proporciona (como Carlisle explicou, na noite em que me aconselhei com ele), sem ao menos tocá-la. Alice tocou a alma que nem tenho certeza que possuo.

Quando enfim Carlisle entregou meu futuro em meus braços, eu relaxei. Senti a paz que perdi exatamente no momento em que deixei de ser humano. Será que os Cullen têm razão? Será que podemos ser tão humanizados pela sua dieta incomum que recuperamos um pouco de nosso “eu” perdido?

Mas havia mais uma sensação que eu não podia ignorar. Ao lado de meu sogro, líder, pai, conselheiro, havia uma minúscula figura nos olhando com afeto. Talvez de todos os sentimentos que pude experimentar desde que me juntei a esse clã, ela seja a que mais me inquieta. Esme sentia algo tão grandioso que era muito difícil para que eu entendesse. Havia um misto de responsabilidade, cumplicidade, carinho, cuidado, realização, preocupação. Eram tantas coisas que eu me sentia confuso, desorientado. Já vi muitos vampiros desejando a vingança da perda de seu companheiro, já vi alguns que os protegeriam com a própria existência. Mas Esme daria sua morte definitiva para proteger qualquer um de seus filhos, ela abriria mão de sua felicidade pela deles. E ela conseguia sentir com a mesma intensidade para todos, sem que isso diminuísse seu afeto por nenhum. Era capaz de sentir felicidade apenas ao contemplar outra pessoa feliz. Ver Alice feliz. Assim que tive esse pensamento ela me olhou e sorriu, como se soubesse o que havia em minha mente e dissesse: “Você, também. Fico feliz com sua felicidade”.

Edward pigarreou me fazendo olhar em sua direção e discretamente balançou a cabeça num visível sim. Não sei porque, mas ela também me amava.

As mãos de Alice estavam um tanto quanto frias. Somos frios, é claro, mas não sentimos assim quando tocamos outro vampiro. O que me levava a crer que ela estava tão nervosa quanto eu. Ao contrário de sua natureza, ela estava um pouco aérea e foi sucinta em seu juramento. Apesar de a verdade em suas palavras torná-las um poema para mim. A verdade é que ela era meu destino. Viveria milênios naquele sofrimento mesmo que soubesse que passaria apenas um dia com ela.

Foi menos doloroso do que eu estava esperando. Falo é claro do cheiro instigante do sangue na pequena sala. Casar com Alice jamais poderia ser classificado como algo doloroso. Quando saímos para a pequena recepção nos jardins, o ar ficou respirável e eu me senti ainda melhor.

Mas obviamente que nenhum dia passaria sem que eu fosse traído pelo meu talento. Havia no ar o doloroso sentimento da ruptura, do abandono. E eu sabia exatamente para onde olhar. Rose estava em uma conversa intima com Emmet num canto, ninguém havia percebido. Creio que nem mesmo Edward, ele estava repleto de mentes para dividir sua atenção.

Flashback:

Lembro-me do dia que enfim pude compreender a difícil relação entre eles. Apesar de ser claro que a opinião dele importava muito para ela e que ele se importava com sues sentimentos. Eles se estranhavam como a guerra e a paz. Ela estava desesperada e eu não entendia por que. Logo, desceu as escadas e colocando seus delicados dedos acusador no rosto de Edward disse:

- Me dê Edward. Onde a escondeu?

- Não sei onde está sua escova Rose. Não fui eu quem pegou. E não sei o motivo do desespero. É só uma escova. Vá a uma boutique e compre outra.

Ela gruniu e ameaçou:

- Vou quebrar todos os seus vinis. Um por um até que me devolva.

 E saiu para o lado externo da correndo. Mas Edward era mais rápido e logo uma briga ferrenha se instalou na porta da garagem. Esme e Emmet apareceram e tentaram resolver:

- Essa louca quer quebrar meus discos, por que supostamente eu dei fim em sua escova. Acho uma perda de tempo passar tanto tempo na frente do espelho. Por que eu faria isso?

- Devolve Edward. Ela gritou.

- Rose. Por que acha que foi ele? Esme quis saber.

- O cheiro dele está no quarto. Ele nunca vai ao nosso quarto.

- Amor, fui eu quem o chamou. Queria combinar a despedida de solteiro de certas pessoas. Emmet disse apontando para mim.

- Viu, só? Não pode sair por aí torturando inocentes sempre que não tem sua vontade saciada. O mundo é bem maior que seu espelho, sabia? Edward a confrontou.

Então o desespero aumentou, ela estava à beira do pânico. Era como se houvesse perdido uma pessoa, alguém que amava muito. Então resolvi ajudar, acalmei-a e disse a Edward em pensamentos:

- É muito importante para ela. Precisamos procurar. Quem deu a escova a ela? Era de sua vida humana?

Edward imediatamente ficou triste e me olhou como se pedisse que eu aguardasse o momento oportuno. Procuramos por um bom tempo e só a encontramos depois que Emmet teve a idéia de arrastar a cômoda do quarto. A noite deve ter sido bem movimentada para eles. Edward então me contou como ela havia se tornado vampira e que não havia como ser de sua vida humana, porque ela não pode sequer ver os pais antes deles abandonarem Rochester.

Eu saí para caçar com Alice e ao voltarmos senti o aroma dela a alguns quilômetros de casa. Pedi a Alice que nos deixasse a sós e ela concordou. Ela não esboçou reação com a minha aproximação, estava abraçada aos joelhos e chorando. Mas quando olhou sentiu um pouco de medo, depois se afundou em tristeza. Era tão grande que chegava a ser física. Havia também uma forte sensação de injustiça. Por um momento pensei que talvez não fosse a mim que temesse.

- Não vou te machucar. Prometi.

- Não sou um monstro. Ela disse sem me olhar.

- Não estou te acusando de nada.

- Mas pensou, eu sei.

- Eu achava que apenas Edward lia pensamentos.

- É o que todos pensam.

- Não é o que sentem.

- Edward acha. Ele vê em minha mente. E me odeia. Claro, quem iria gostar?

- Ele não te odeia. E ele gosta de você. Só não sabe como demonstrar isso. O que ele vê?

- É complicado. Foi da minha vida humana, quer dizer, o fim da minha vida humana. Eu não disse não. Ele sabe.

- Por isso quer tanto sua aprovação? Por que ele pode ver sua mente?

- Não preciso da aprovação dele. Eu não preciso dele. Mas ainda assim ele sabe que eu não disse não. Eu permiti que aquele monstro me atacasse. Eu não consegui reagir. Você não entenderia.

Não queria dizer que sabia de seu fim trágico. Então fiz a única coisa que podia. Mesmo desconhecendo um pouco esse sentimento, tentei deixá-la alegre. Ela se acalmou e sorriu. Depois a deixei e voltei à casa dos Cullen. Ela chegou pouco depois se sentou ao lado de Emmet e apoiou a cabeça em seu ombro, inspirou o aroma dele e fechou os olhos. Isso lhe trouxe uma sensação de conforto e segurança. Ela ficou mais feliz do que quando a manipulei.

Flashback  off

No frigir dos ovos, ela ansiava sua aprovação por achar que ele sabia mais dela que ela mesma e temia que fosse realmente um monstro. E ele não sabia como se aproximar dela, depois da convivência tão difícil. Olhei novamente para ela e senti pena, sabia que sua decisão era por achar que não tinha valor, não era importante. Mas ela era, mesmo para Edward. Quando nos arrumamos para sair e Carlisle nos presenteou com a lua de mel, eu fiquei nervoso. Emmet achou que estava frustrado por não poder usufruir de minha sonhada noite de núpcias. Mas o que mais temia era o avião. Se enfrentar a sala era um sacrifício, imagine um ambiente totalmente lacrado, repleto de humanos? Se eu me descontrolasse, seria um massacre.

Assim que saímos, vimos Rose e Emmet se despedirem da família. Seu olhar carregado de tristeza e mágoa fez os sentimentos de proteção de Esme dispararem e o temor de perdê-los foi esmagador. No fundo ela sabia que eles não voltariam.

Passei a viagem olhando fixamente porá Alice. Meu “santo graal” estava estranhamente quieta. Nós chegamos à Paris e depois fomos de carro à um pequeno vilarejo próximo. Carlisle invadiu um pequeno chalé nele quando chegou à França, mas depois consegui comprá-lo. Era lá que nos hospedaríamos, Esme contratou uma pessoa para arrumar tudo para nós.. Longe o suficiente, perto o bastante. Ela esteve calada todo o caminho, o que era bastante estranho. Nada de euforia, sorrisos ou pulinhos de alegria.

Levei nossas coisas para o quarto e esperei que ela se arrumasse na ante-sala, como ela me pediu. Ela me chamou e quando enfim pude vê-la fiquei deslumbrado. Vestia uma camisola branca bordada no busto e plissada abaixo dele. Mas o que me deslumbrou foi seu olhar constrangido e cheio de expectativas ao mesmo tempo. Não sei se era só eu, ou ela fazia meus sentimentos se amplificarem, mas senti excitação, medo e vergonha. Eu encurtei e distância entre nós e a beijei. Ela fechou os olhos e retribuiu delicadamente e depois com mais paixão. Ao contrário do que esperava, do que usualmente acontecia entre eu e Maria, não foi selvagem e arrebatador.

Me senti em câmera lenta. Meus lábios deslizavam vagarosamente em seu colo, seus seios, sua barriga lisa. Minhas mãos alisavam suas pernas, se esgueiravam entre o lençol e suas costas. E eu a olhava, cada reação, cada suspiro, cada gemido. Como se meus olhos estivessem com lentes de aumento. Eu via as gotículas de veneno escorrerem de seus lábios, os pelos minúsculos de seus braços se arrepiarem. Quando enfim uni nossos corpos, ela retraiu o quadril. Perguntei se ela queria que interrompêssemos, jamais seria capaz de permitir que algo machucasse Alice. Muito menos eu mesmo. Mas ela envolveu seus braços no meu tronco e disse:

- Tudo bem, foi só o inesperado. Pode prosseguir.

Nos amamos por uma eternidade, até que a sede nos levou a deixar nosso pequeno ninho. Alice quis ir ás compras e estranhamente Paris me deixava com vontade demonstrações públicas de carinho. Desde que lhe pedi a mão eu beijava Alice, mas jamais publicamente. Ela estranhou isso.

Voltamos depois de três meses. Esme quis nos presentear com uma casa, mas tão logo Alice vislumbrou essa decisão ligou para casa e disse que não queria. Explicou que passou muito tempo afastada de sua família e que por enquanto preferia viver com eles. Esme então construiu um anexo muito aconchegante.

Ela comprou metade da França e trouxe presentes para todos, até mesmo para Rose e Emmet. Esme perguntou se ela havia visto alguma intenção do retorno deles, mas ela negou.

Sabíamos que era tempo de mudar, mas Esme se recusava.  Sabíamos também o motivo disso, ela não queria abrir mão da esperança deles voltarem para casa. Quando abril se aproximou, não havíamos mesmo como nos estender naquele lugar. Éramos muitos e éramos diferentes. Ela pediu até o final do mês a Carlisle e ele assentiu. Havia uma esperança baseada, eu creio, na intuição materna. No dia 29 de abril, estávamos de malas arrumadas quando um sorriso largo brotou nos lábios de Alice. Edward sorriu também e sem que dissessem nada Esme chorou. Eles estavam voltando. Rose chegou visivelmente abatida e Emmet preocupado. Depois de nos cumprimentar ela se jogou nos braços de Esme e chorou. Era tão intimo que fiquei constrangido e então peguei-a no colo, levei-a ao quarto de Esme e a deitei. Esme se deitou ao seu lado. Saí do quarto e me sentei perto da porta tentando acalmá-la.

- Quase duas semanas lembrando. Não conseguia mais suportar, então a arrastei até aqui.

Emmet disse cabisbaixo, com os braços afetuosos de Carlisle ao redor de seus ombros.

Depois da tempestade nossa vida voltou ao normal, até que um dia Carlisle entrou com uma caixa de presentes na mão. Alice e Edward sorriam cúmplices. Esme beijou o marido em nossa frente ao abrir o envelope que havia dentro da caixa.

- O que é isso? Emmet perguntou.

- Uma despedida.

- Como? Rose perguntou assustada.

- Eu e sua mãe sairemos em lua de mel. Por alguns meses.

Ela suspirou e quis saber:

- Para onde?

Esme sorriu. Para onde será que eles iriam?


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Notas finais do capítulo

E então onde eles irão? No próximo capítulo um romance mais maduro. Paixão, muita paixão.

Por favor deixem seus comentários. beijos