Luce escrita por carlyluna


Capítulo 2
O porão


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora pessoal!!! Mas meus pais tinham me posto de castigo, ou seja, sem internet!! Mas... ai está: Capítulo 2!
Boa leitura...



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O dia estava bem ruim na opinião de Luce. A chuva caia através da janela de seu quarto, e Pedro ainda estava intrigado pela noite passada. Luce olhou desanimadamente para a janela e voltou seu olhar para a tela da TV, onde ela assistia ao seu DVD favorito: As Crônicas de Narnia. O filme estava na parte em que Susana e Pedro diziam aos outros que Aslam disse que eles não poderiam mais voltar para Narnia. Seu cachorro, um labrador adulto, pulou em seu colo quase a esmagando com sua imensa pelagem dourada.

- Oi Look – ela disse desanimadamente.

Look se ajeitou mais entre as cobertas na cama de luce, colocando a cabeça em seu colo.

- Sabe, – disse Luce – às vezes eu me pego pensando se realmente existe um mundo como Narnia, ou qualquer outro lugar no qual as pessoas acreditassem em mim.

Em resposta o cachorro lambeu o rosto de Luce, o que pelo menos a fez dar seu primeiro sorriso do dia. Então ela ouviu um toc-toc no batente de seu quarto. Pedro estava parado na porta. Ele vestia jeans e camiseta e segurava um grande pedaço de bolo em sua mão.

- Você veio para me dizer que não acredita em mim? – Lucinda perguntou.

- Não – Pedro entrou no quarto e se sentou na beirada da cama – eu vim para pedir desculpas por ontem à noite. Luce, me desculpa?

Ela não disse nada. Apenas continuou olhando o filme, que agora estava nos créditos finais.

- Eu não sei o que deu em mim Luce – Pedro continuou – eu realmente não sei. Mas é difícil acreditar em algo quando você não vê. Apenas você viu aquilo te atacando, eu não. Eu sei, eu deveria acreditar que não foi você que se machucou para que eu acreditasse, você nunca mentiu para mim, mas é a única explicação lógica. Luce, por favor, me desculpe!

- Pedro – ela sorriu – você é meu irmão mais velho, eu sei que você tentaria arranjar uma explicação lógica para o que não tem lógica alguma. Eu só peço que você acredite em mim, está bem?

- Está bem.

Ele sorriu para ela e saiu do quarto. Mesmo estando bem com o irmão, era como se ela sentisse a presença da coisa que a atacou na noite passada. Era uma sensação estranha, como se estivesse alguém ao seu lado, era uma sensação de frio e medo.

Luce era uma garota esperta. E mais do que esperta, ela era uma garota curiosa, muito curiosa, e mesmo se a situação a colocar em perigo ela não liga. Como as pessoas dizem: curiosidade mata.

Que me matem então!  Pensou Luce. Não importa o que aconteça, eu vou descobrir o que está acontecendo.

Foi com este pensamento confiante que ela desligou a TV e o DVD e se dirigiu para fora de seu quarto. Ela tinha que saber se sua família estava em casa. Look a seguiu como um cão fiel. Luce olhou o quarto da mãe e não havia ninguém, olhou o de Pedro e também não havia ninguém.

Então ela desceu as escadas até chegar ao hall de entrada que dava para a escada, a cozinha, a sala e os outros cômodos do térreo. Não havia nem sinal de sua família.

Naquele momento toda a coragem que ela havia reunido dentro de si mesma a abandonou. Luce agora tremia ao olhar para a sala a procura de alguém. Ela enrolou seus dedos no pelo dourado de Look e tentou fazer a voz sair de algum esconderijo que ela havia encontrado.

- Pe... pedro? – ela disse. Sua voz não passava de um sussurro tremulo.

Onde será que estão todos? Pensou ela consigo mesma.

Então ela decidiu ir dar uma olhada na geladeira, onde a mãe sempre pendurava alguns recados. Embaixo de sua foto com Pedro quando eles eram pequenos, havia um quadro branco e aquelas canetas de lousa. Escrito em vermelho tinha um recado para Pedro:

Pedro, era a letra de sua mãe, não se esqueça de dar almoço para Luce e não se esqueça de comer também! Eu e seu pai fomos visitar sua tia que estava doente. Explico tudo depois. Amo vocês.

Mamãe.

Luce sorriu e passou para o recado escrito em azul abaixo do recado de sua mãe. Era de Pedro:

Luce,

Fui comprar algo para nós comermos porque fazer comida é um saco. Volto em meia hora...

Pedro

Pelo menos estava tudo bem. Agora ela podia começar sua “investigação”. Luce já ia para seu quarto procurar algo que pudesse mostrar a Pedro, para que ele pudesse ver também o que ela via. Mas, neste exato momento ela ouviu um barulho, um barulho como o da noite anterior. Todos os pelos de seu corpo se arrepiaram, parecia que o machucado em seu tornozelo era uma fratura exposta, pois começou a doer como se fosse. Ela se segurou na quina do balcão para não cair. Look a olhou com seus grandes olhos dourados pensando que era uma nova brincadeira, mas de repente ele levantou as orelhas como se estivesse ouvido algo e olhou para a porta do porão, que ficava de frente da porta da cozinha. Look começou a rosnar e latir, como se sua vida e a de Luce dependesse da defesa dele.

Ele rosnava e latia como um grande e perigoso animal. Em nenhum momento seus olhos deixaram a porta, nem quando Luce passou por ele para ver o que estava acontecendo. Ela abriu relutante a porta do porão. Desde quando ela se mudara para aquela casa ela evitava o porão. Nunca ela pisara naquele lugar, e ela se lamentava por estar pisando agora.

- Lucinda! – ela disse para si mesma. – Você é uma garota, e garotas são sempre melhor em tudo que os garotos por sermos mais inteligentes! Então levanta sua cabeça e deixe o medo para trás.

Dizendo isso ela acendeu a única luz que o porão tinha e começou a descer a escada do porão. Cada passo que ela dava fazia a madeira ranger em seus pés. Quando ela estava quase no meio da escada a porta atrás dela se fechou, fazendo um barulho muito forte.

Luce soltou um grito de puro terror. Ela voltou correndo para a porta, mas estava trancada.

Nada estranho, não é mesmo?

Mentira.

A chave estava para o lado de dentro, e antes de Luce entrar estava do lado de fora, outra coisa mais estranha era que por mais que Luce tentasse, ela não conseguia girar a chave.

Do outro lado da porta, Look rosnava, latia, e agora ele também arranhava a porta de madeira. Luce se virou ficando de costas colada na porta e olhou atentamente o porão, tentando controlar seu medo. Mas não dava para controlar o medo quando você vê algo como o que Luce viu.

Subindo os degraus com as mãos e com os pés estava a criatura mais sinistra que Luce já havia visto. Era quase impossível de descrever, era como se Luce estivesse olhando para o próprio medo.

Parecia humano, mas não era. Com certeza não era. Tinha a altura de um adulto e não tinha orelhas nem nariz. Seus olhos eram totalmente brancos e sua boca era completamente cheia de dentes afiados como facas, só que do tamanho de um canivete. A pele era branca e murcha e seus ossos quase eram translúcidos. Ele não usava roupa alguma e suas mãos tinham apenas dois dedos cada com unhas grandes e afiadas.

Luce não conseguia se controlar. Ela gritava e batia na porta tentando se libertar. Foi então que a porta em que se apoiava sumiu e se braços fortes não a tivessem segurado, ela teria ido de encontro ao chão. Pelo menos ela estava fora do porão.

- Luce! – Pedro disse olhando assustado nos olhos da irmã. – Você pode me dizer a razão de todo este pânico?

Luce não conseguia falar, ela apenas olhou para a criatura que agora estava de pé olhando intensamente para ela. Luce olhou para Pedro. Ela não entendia como ele poderia ficar calmo na presença de um monstro como aquele.

Luce apontou para o monstro.

Pedro olhou na direção apontada.

- Luce – ele tentou ser calmo – não tem nada lá.

O bicho sorriu para Luce e desapareceu em fumaça.

Como ele não vira? Será que Luce definitivamente havia ficado louca?

- Mas Pedro... – ela começou a chorar.

- Luce, por favor. Eu não vou brigar com você. Eu não tenho o direito de fazer isso. Mas pare, por favor, de inventar coisas.

Ela não podia acreditar que estava ouvindo uma coisa dessas. Ela fechou com força a porta do porão e prometeu nunca mais voltar lá. Lagrimas escorriam dos seus olhos enquanto via Pedro se afastar.

Ela voltou seu olhar para a porta, que agora estava toda arranhada pelas unhas de Look. Ele estava ao lado de Luce, e a encarava como se perguntasse a Luce: O que era aquilo?

- Você também viu, não foi Look?

Ele apenas olhou para ela, e depois para a porta, como se respondesse um “sim”.


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Notas finais do capítulo

Ficou bom gente???? Comentem para mim saber se ficou bom ou se têm algo em que eu errei e posso melhorar.
É de criticas que uma pessoa pode melhorar, não é mesmo?
Beijos da autora.



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