–É o uniforme de lá, seu idiota, a culpa não é minha. –Linn fez um biquinho e se moveu no meu colo, seu decote ousado permitia que do ângulo em que eu estava tivesse uma boa visão de seus seios. Aquela movimentação toda e aquele decote... Eu sabia que aquilo não ia terminar bem...

–Se seu pai descobrir sobre o uniforme de lá ele me mata. Eu disse pro babaca do Greg que não era pra te fazer usar aquele uniforme. Cretino filho da puta. –Eu senti a respiração de Linn em meu pescoço e aquilo me causou um certo alvoroço. Eu sabia exatamente o tipo de efeito que ela estava causando em mim e isso me irritou. Como eu podia ter esse tipo de reação com minha melhor amiga? Linn provavelmente me daria um chute bem merecido se soubesse o que se passava por minha cabeça.

–Você deveria estar feliz por eu ser uma pessoa independente. –Ela disse sorrindo enquanto me olhava nos olhos. Era praticamente impossível controlar as reações de meu corpo naquele momento.

–Feliz por ter que ficar vendo aquele bando de macho estranho babando em cima de você? Claro, ficarei muito feliz. – Eu disse rindo. –Mas vamos deixar isso pra lá, estamos de folga.

–Tá bom, mas você é muito ciumento. –Ela tocou meu peito e então me deu um beijo no rosto. Apesar de todas as minhas tentativas de controle, o pior aconteceu. Eu estava “animadinho” como ela mesma diria. E com ela em meu colo era questão de tempo até Linn perceber.

–Linn... Acho melhor você levantar.

–Por quê?

–Eu tenho que... Eu vou... –Não precisei inventar desculpa alguma, pois logo ela entendeu, ou melhor... Sentiu o porquê de eu querer que ela saísse de meu colo.

–Mas o que...

–Eu só... Eu não... Eu posso explicar.

–Eu to esperando. –Ela disse com uma expressão meio confusa.

–Ajudaria se você saísse de cima de mim, não consigo raciocinar desse jeito. –Me calei assim que percebi a besteira que estava falando.

–Então a culpa... Disso, é minha? –Ela fez uma careta engraçada e então começou a rir.

–Sério, isso é constrangedor. –Eu disse, sentindo o rosto queimar.

–Chad. –Ela me encarou por alguns segundos, pensativa e então aproximou seu rosto do meu, sua boca estava perigosamente perto da minha e se eu esticasse um pouco a cabeça para frente seria fácil beija-la. –Eu acho que talvez eu esteja

E então meu celular tocou.

–Alo? –Eu disse frustrado atendendo-o, quem diabos poderia estar ligando àquela hora? Eu realmente estava curioso pra saber o que a Linn ia dizer. Eu até aceitaria melhor as coisas, se a voz do outro lado da linha não fosse tão insuportável. –Ela tá aqui sim... –Aquele cretino do Dave tinha coragem, ligar no meu celular... –É pra você. –Eu disse passando o celular pra Linn.

–Alo? –Ela me olhou confusa e então voltou sua atenção para o celular. – Dave, por que você não ligou no meu celular? –Ela fez uma pausa e então deu um tapinha na testa. –Desligado? Acho que deve estar descarregado, mas por que você me ligou?

–E no meu celular. –Resmunguei e então senti sua mão cobrindo minha boca.

–Jantar? Hoje não dá Dave, o padras. -Linn parou de falar, me encarou e então voltou ao telefone. –O Chad me lembrou que a Melinda chega hoje, temos que sair todos juntos... –Ela fez uma pausa. –Certo, valeu mesmo por concordar, depois do um jeito de te compensar... –Linn corou levemente e deu risada. –Que mente suja Dave!

Ela sorriu e depois desligou o celular, aquele sem vergonha além de ligar pra ela no meu celular ainda por cima falou safadeza. Ele não podia me irritar mais do que havia irritado naquele momento, ou era isso o que eu pensava.

–Quase que falo por Dave que seu padrasto tava aqui. Esqueci que só eu sei que ele não é seu pai. –Ela disse se levantando de meu colo.

–Ele te chamou pra jantar?

–É, falou que tinha planos especiais para hoje, mas eu não vou te abandonar. –Linn sorriu meio sem jeito. –Além do mais, a Melinda vai voltar da viagem dela hoje. –Ela deu um suspiro e fingiu indignação. –Que coisa, só eu não viajo.

–Na próxima te levo. Mas... Toma cuidado com o Dave tá? Pelo que deu pra perceber ele falou alguma pervice pra você, e eu não gostei disso.

–Relaxa Chad, até porque hoje não vai ter “pervice” alguma, já que vamos sair em grupo.

–Escuta...Você e ele ainda não...Vocês não...Você sabe...

–Eca Chad, não, você sabe que pra mim não seria tão simples assim. –Linn falou séria enquanto brincava com uma mecha de seu cabelo, ela sempre fazia isso quando estava nervosa.

–Eu devia ter matado seu irmão quando tive a oportunidade...

–Ave Chad deixa isso tudo pra lá. –Ela disse enquanto esboçava um sorriso fingido. –Vamos lá em casa, hora de você me bancar o estilista e me ajudar com o que devo vestir.

–Linn. –Eu me levantei e seguirei sua mão. Eu queria perguntar o que ela ia dizer, mas eu sabia que ela não diria mais. Então suspirei e pensei em alguma outra coisa para dizer. –E o que vamos fazer mais tarde?

–Melinda que vai decidir, mas conhecendo ela aposto que vai arrastar a gente pra aquela lanchonete que ela ama.

Fomos pra casa dela e passamos um bom tempo lá. Linn estava meio distante, mas a tarde foi agradável. E então Melinda chegou, acompanhada de John e Dave.

–Amor da minha vidaaa. –Melinda disse enquanto apertava Linda.

–Mel, senti sua falta.

–Ah amorzinha, foram só três dias, o ursinho aí passou vários dias a mais que eu longe daqui. –Ela disse apontando pra mim,

–Nossa quanto amor. Também senti saudades. –Eu disse para Melinda enquanto sorria.

–Seu bobo, você ficou longe tempo demais, demais mesmo. –Ela olhou para Dave com uma cara séria e então se virou para mim e deu uma piscadinha. –Mas agora a mamãe aqui voltou de sua viagem e vai cuidar de suas crianças.

–Vamos ou não? -Dave perguntou sério.

–Ave Dave, você continua chorão. –Melinda disse enquanto se agarrava no braço de Linn. –Que maravilha de namorado hein amiga.

–Melinda... Vai á merda. –Dave falou agarrando Linn pelo outro braço.

–Olha como fala com a Mel, Dave. –John já foi se aproximando de Dave encarando-o, se até o mais paciente do grupo tava puto é porque a coisa tava feia.

–Parem com essa putaria. –Eu disse enquanto acendia um cigarro. –Quando finalmente conseguimos unir o grupo todo vocês ficam com essa briguinha besta por causa da formiguinha aí.

–Também te amo Chad. –Linn disse enquanto se soltava das duas criaturas grudentas e ficava em minha frente, me encarando.

–Sua boba. –Levei meu braço direito até suas costas e a puxei para mim, a abraçando. –Ela agora é minha, Mel.

–Você passou o dia inteiro com ela, seu egoísta. -Mel disse enquanto se agarrava novamente em um dos braços de Linn.

–E eu achando que tinha namorada. –Dave resmungou baixinho.

Melinda POV

Pouco me importava se Dave gostava ou não de mim, eu também não o suportava. E além do mais, sempre achei que a Linn deveria ficar com o Kud.

E eu faria o possível e o impossível para uni-los.

–John vem aqui. –Puxei John pra perto de mim e dei um selinho nele, depois puxei sua cabeça pra perto da minha boca. –John me ajude a unir o casalzinho. –Sussurrei para que só ele pudesse ouvir.

–E lá vamos nós... –John disse dando um tapinha na testa.

Assim que chegamos à lanchonete esperei Dave sentar e então me soltei de Linn e dei uma corridinha para poder sentar no mesmo lado da mesa que ele, puxando John comigo. Á Chad e Linn só sobrou o outro lado.

–Sempre achei esse lado mais confortável. -Falei sorrindo enquanto Dave me encarava. –Garçoneteee! –Gritei enquanto agitava o braço.

A garçonete chegou e fizemos nossos pedidos, depois ela se afastou.

–Mas e então... Chad como vai o namoro com a Melody?

–Bem, eu acho.

–Interessante a parte do “eu acho”, isso sem falar que você nem chamou ela pra vir com a gente.

–A Mel tá muito ocupada com os estudos...

–Não chame ela de Mel, só eu posso ser chamada assim.

–Como quiser vossa majestade. –Chad disse sorrindo.

–E como foi tudo com a sua vó?

–Ela morreu depois de duas semanas lutando contra a doença.

–Ah, que pena docinho. Imagino o quanto você ficou mal. E você também ficou mal, né Linn? Afinal você amava a vó de Chad, não?

–Sim. –Linn disse meio tímida.

–Mas ainda sobrou o neto dela pra você amar. –Eu disse dando um sorrisinho inocente. Na hora Chad e Linn coraram, eles ficaram tão fofos, meio vermelhinhos enquanto se encaravam.

–Linda quer fazer alguma coisa quando a gente sair daqui? –Dave perguntou, acabando com o clima.

–É claro que vamos fazer alguma coisa, todos nós vamos. Eu perdi a festa na casa do Chad, então faremos um remake dela, só que só entre nos. –Eu disse encarando Dave.

Dave suspirou e ia dizer algo, mas na hora a garçonete veio trazer nossos pedidos.

–Obrigada. –Eu agradeci enquanto os outros atacavam seus pratos. –Gente vocês sabiam que as pobres criaturas que vocês estão devorando em seus hambúrgueres tinham família?

–Menos, Mel.-John disse beijando minha mão.

Chad e Linn dividiram cada um uma parte de seu lanche e trocaram entre si.

–Isso é meio idiota de se fazer. –Dave comentou. Sério, eu nem precisaria de muito esforço pra queimar o filme dele, o próprio já o fazia.

–Aff Dave como você é chato, você sabe que os três maníacos por carne adoram trocar comida entre si. –Eu disse me referindo á John, Chad e Linda. Eu não entrava no meio dessa porque sou vegetariana.

Dave me fuzilou com os olhos e juro que se olhar matasse naquele momento eu teria virado uma anjinha.

Comemos enquanto os meninos falavam como havia sido o show do Brainsaw, Linn até comentou que a Melody tinha largado o Chad de lado. Essa é outra que não havia necessidade de tentar queimar o filme, porque né...

Chad POV

Depois que saímos da lanchonete fomos para a casa da Melinda, ficamos conversando e bebendo por um bom tempo, então ela se levantou e se trancou no banheiro por um tempo. Eu já imaginava o que ela ia fazer lá, olhei para o lado da Linn e percebi que ela estava aflita, ela também sabia que Mel ia se entupir de heroína e odiava isso.

Quando Mel voltou levou uma encarada de nós dois, mas fingiu que nem percebia enquanto abraçava John.

–Vamos continuar a reunião em sua casa, Chad?

–Mel, meus pais estão lá, mas se mesmo assim estiver tudo bem pra vocês...

–Claro que está, adoro ver a cara de idiota que seu pai faz quando me vê de camisola. –Mel disse sorrindo, ela assim como os outros não sabiam que Jake não é meu pai, apenas Linn sabia disso.

–Pra mim não rola Mel, já estourei minha cota de dormir fora de casa.

–Eu falo com seu pai e peço pra minha mãe confirmar que você tá aqui.

–Sendo assim...

Depois de muita insistência e chororo via telefone, Melinda conseguiu convencer o pai da Linn a deixar elas terem uma “noite das garotas” pra compensar o fato dela estar viajando no dia da festa na minha casa.

–O que acham de brincarmos de verdade ou desafio, como quando éramos crianças? –Melinda interrogou sorridente se sentando no chão de sua sala.

–Querida pare de beber. –John disse sorrindo enquanto puxava a garrafa de vinho que ela segurava.

Melinda POV

Tomei minha garrafa de volta da mão de John e dei um selinho nele, depois me virei, me dirigindo a todos.

–Ora vamos é só um joguinho bobo, não vejo mal algum nisso... É só para nos divertirmos.

–Está bem, está bem. –Linn disse dando um sorriso.

Depois de algum tempo jogando aconteceu o que eu queria, era minha vez de perguntar a Chad se ele preferia verdade ou desafio. E o melhor, por medo de minha pergunta ele escolheu desafio.

–Perfeito gracinha. –Abri um sorrisão. –Eu desafio você a beijar a Linn.

–O que? –Chad e Linn me interrogaram em uníssono.

–É só um beijinho ué. De língua, claro.

–Tá louca Melinda?-Dave interrogou furioso, ele já estava bem bêbado, como todos nós.

–Você não se importou quando eu desafiei você a beija-la, Dave.

–Mas eu sou o namorado dela, é diferente.

–São as regras Dave, Chad deve obedecê-las. –Eu disse dando de ombros, tudo estava saindo como eu planejara.

–Isso é idiotice!-Dave gritou. –Você deixaria o John beijar ela?

–Porque não? É só um beijinho inocente, seu dramático.

–Beijinho inocente de língua? Ah tá. Não deixa ele te beijar Linn. –Dave disse me ignorando e praticamente gritando com Linn, a sorte é que meu pai não chegou a ouvir a barulheira que estávamos fazendo.

–Você não manda nela. –Eu disse em voz baixa e controlada.

–Mando sim, ela é minha. –Ele berrou me encarando, Dave era uma bomba relógio prestes a explodir.

–Eu sou o que? –Linn o interrompeu, com a voz mais tranquila do mundo.

–Ele acha que você é uma posse dele. –Eu disse gargalhando. Dave simplesmente ficou em minha frente e me deu um soco.

–Seu filho da puta! –John disse se levantando. Ele queria acabar com a raça de Dave, mas Chad o segurou. Eu realmente não contava com aquele soco.

–Melinda é melhor pararmos com esse jogo, não? –Chad perguntou enquanto segurava John. –Aliás... –Chad encarou Dave, seu olhar estava carregado de ódio. –Dave ouse fazer algo novamente a alguma das meninas e juro que te arrebento. E você sabe que não sou bonzinho como o John. –Chad olhou para John que balançou a cabeça afirmativamente e logo foi solto.

–Eu vou acabar com vocês dois e-

–Isso é patético. –Linn que estivera calada desde que levei o soco disse enquanto se levantava e parava entre Chad e Dave, que se encaravam.

–Linn, esquece tudo isso. –Eu disse enquanto passava as costas da mão na boca, secando o sangue que estava lá. Eu havia desistido do meu plano, ao menos por hora.

–Você não tem o direito de ferir minha amiga ou de fazer escândalo na casa dela. E caso não tenha notado, você não é meu dono. –Linn disse me ignorando e falando com Dave, e então se virou de costas para ele e beijou Chad. Um senhor beijo, diga-se de passagem. Sucesso! Meu plano havia dado certo apesar de tudo, Linn estava beijando Chad e ele correspondendo.

–E nuca mais encoste um dedo em minha amiga ou juro que não falo mais um “a” com você. –Ela disse enquanto se virava pra Dave novamente.

–Linn eu... Perdoe-me. –Dave disse abraçando Linda. Podia ser só a bebedeira, mas para mim ele parecia um louco.

–Chega de toda essa frescura, vamos para a casa do Chad, não era isso o que íamos fazer? –Linn disse friamente enquanto se afastava de Dave e caminhava até a saída.