Rose ainda estava na UTI sendo medicada e cuidada. Ainda estava em coma induzido, para aliviar a dor e ser tratada de forma mais humanizada. Não se sabia como ela iria ficar. Se iria se recuperar da perda de sangue e anemia, bem como dos cortes. Esses foram profundos e se Alberta e Mikail não tivessem chegado naquele exato momento, seria o fim dela. Ela realmente sabia o que estava fazendo ao se ferir daquela forma. Ela realmente queria morrer.

Janine e Abe foram informados pela Rainha de tudo o que ela tinha conhecimento sobre a Rose nestes últimos dias e chamou Alberta e Mikail para falar sobre Rose também.

Contou-lhes sobre como ela fez para obter uma audiência com ela, que ela não estava recebendo seus amigos mais. Raras as vezes que Lissa havia conseguido falar com ela.

Disse que quando tomou conhecimento disso e de que Rose não estava sequer comparecendo ao refeitório para se alimentar, remanejou Mikail, que aparentemente, era a única pessoa que tinha acesso livre a ela, para que garantisse que ela fosse levada ao hospital, tomasse as medicações e se alimentasse corretamente até quando da chegada de Janine e Abe.

Pediu ainda a intervenção de Alberta, que Rose gostava muito e a respeitava, para que ajudasse Mikail. Percebeu que tinha algo de errado com ela e exigiu vigilância o tempo todo nela, chegando ao cúmulo de mandar fazer uma varredura em seu quarto e retirar de lá qualquer objeto que pudesse feri-la, já prevendo, pelo seu estado depressivo, que aquilo pudesse vir a acontecer. O médico tinha receitado antidepressivos para ela e Mikail estava garantindo que ela ingerisse, embora ela tenha ficado um tempão sem tomar a medicação, porque ninguém sabia que ela sequer tinha aberto os vidros de remédios.

Contou sobre seu surto estranho no ginásio e o médico, a princípio, errou dizendo que aquele surto era a fraqueza em decorrência da anemia. Aquilo, aparentemente, já era um sinal do grau de instabilidade de Rose.

Como eu pude não perceber isso, meu Deus! Era só o que se passava na cabeça de Tatiana, assim como na de Mikail e de Alberta.

Janine e Abe ficaram devastados e foram diretos para o hospital. Lissa, Christian e Dimitri estavam lá quando eles chegaram. Eles ficaram sabendo por Mikail sobre o que havia acontecido e foram direto para lá.

“Ah! Guardiã Hathaway!” Lissa abraçou Janine e chorou. “Não sei como a Rose pode fazer isso! Eu não entendo! Chegamos de viagem no dia em que trouxemos Dimitri de volta e depois eu mal a via... Quando eu e Christian íamos falar com ela, muitas vezes ela nem nos atendia, principalmente nesses últimos dias! Eu pensei que fosse por causa do... Bem, não importa! Ela tem que se recuperar! Eu tentei muito entrar lá para curá-la, mas a Alberta acha que isso pode ter sido efeito do espírito e ela acha melhor não arriscar sobrecarregar a Rose mais ainda com curas!” Lissa chorou de novo!

Janine estava intrigada.

“Você disse que pensava que o estado depressivo dela era ‘por causa do...’ Por causa do quê ou de quem Princesa?” Lissa ficou sem fala. Ela só pensava no que ela iria dizer.

“Pensei que fosse porque Adrian foi embora!” Mas ela sabia que não era isso. Que era por causa do Dimitri, ou pelo menos era o que ela pensava. Sem lembrou de quantas vezes a Rose pediu a ela para que conversasse com Dimitri para que ele a recebesse...

Eles sabiam que Rose namorava Adrian desde que saiu da Academia. Lissa conseguiu disfarçar, mas Dimitri não.

“Guardiã Hathaway, posso falar com a senhora um momento, por favor?” Disse Dimitri e ela o acompanhou até um jardim de inverno que tem no hospital.

“Sim, Belikov, o que você sabe que nem eu nem ninguém mais sabe? Por que se não é sobre Rose, eu não estou com tempo nem cabeça para isso!” Janine estava tão atarantada, que acabou sendo grosseira, mesmo sem querer com Dimitri. E isso era só o começo!

“Guardiã Hathaway, eu quero dizer em primeiro lugar que sinto muito por tudo o que eu fiz com a Rose!”

“Você não estava em si, Belikov! Isso não importa agora!” Ele a interrompeu.

“O que eu quis dizer não foi isso. Não foi o que fiz com ela enquanto eu era strigoi! Foi o que eu fiz com ela antes e depois que eu voltei à vida. Se é que isso é vida!” Disse mostrando suas novas presas.

Janine arregalou os olhos. Ela ainda não sabia que ele agora era um moroi ou quase isso. Ela o achou meio pálido demais, mas achou também que isso era porque não estava se sentindo bem em sua nova condição.

“Di-Di-Dimitri, você tem presas?!?” Ela mal conseguia formular uma frase. Ele sorriu tristemente.

“Sim, pelo tempo em que eu permaneci em um corpo strigoi, me alimentando só de sangue, a cura teve um efeito estranho e ao invés de eu voltar a ser um damphir, ter um corpo de damphir, eu me tornei uma espécie de vampiro moroi ou algo parecido com isso, não se sabe. A alma foi curada e voltou para o corpo, mas o corpo não. Agora deixe-me terminar de falar sobre Rose.”

“Ok!” Ela estava assustada demais para falar qualquer coisa e o deixou continuar.

“Guardiã Hathaway, eu sei que foi errado, mas quando eu era mentor da Rose, nos apaixonamos e fizemos amor e...” Janine, ao ouvir aquilo, foi passando do rosado, para o vermelho, do vermelho para o roxo e quando ela viu, ela já estava estrangulando ele. Só não o fez porque Abe chegou naquele exato momento.

“Solta ele! Solta ele, Jane!” Ele a retirou de cima de Dimitri, que não teve qualquer reação, embora sua força estivesse muito acima da dela. “Algum de vocês pode me dizer o que é que está acontecendo???”

“Esse maldito! ESSE MALDITO SEDUZIU A NOSSA FILHA ENQUANTO ERA O MENTOR DELA!!!” Ela gritava e caiu em um choro compulsivo. Abe a abraçou e disse a Dimitri.

“Saia daqui, agora!” Disse para Dimitri, entre dentes, de uma forma que era absolutamente assustadora. Mas Dimitri estava convicto de que já que tinha começado, tinha que terminar.

“Não! Eu preciso falar o que aconteceu!” Abe suspirou. Lissa entrou naquele jardim e viu a cena, analisando as auras.

“Christian, pegue um copo de água, um chá, um Valium, qualquer coisa para a Janine! AGORA!” Christian chamou uma enfermeira e ela veio com um calmante para Janine. Ela tomou.

“Sr. Mazur, eu preciso...”

“Dimitri, isso não é a hora certa!” Disse Lissa, mas ele sentia que tinha que falar senão ele explodiria. A essas alturas, Abe já sabia que ele era um vampiro.

“Belikov, você está alimentado?” Ele assentiu. “Então fale de uma vez e depois suma da minha frente!” Ele começou a falar, de cabeça baixa.

“Quando eu era o mentor de Rose, nos apaixonamos e fizemos amor. Eu estava decidido que depois da formatura daríamos um jeito, mas naquele dia houve o ataque à Academia e eu me tornei strigoi. Eu não queria que ela se machucasse e fui para a Rússia, mas ela foi atrás de mim, para cumprir uma promessa que fizemos um para o outro e tentou me matar. Só que não deu certo, o que o senhor já sabia e a minha obsessão por ela foi só aumentando. Aí, como ela tinha se negado a ser acordada para ser a minha companheira, matou quase todos os strigois daquele clã ao qual eu pertencia e, quase conseguiu me matar, eu achei que tinha que matá-la e comecei a torturá-la com cartas de amor e ódio! Depois que eu fui trazido de volta, não voltei ao meu corpo de damphir e me tornei essa aberração que vocês estão vendo e desde então eu a evitei. A evitei por medo de não resistir e beber dela. Aí ela começou a se isolar e tentou se matar e agora está lá, quase morta, em coma induzido e eu acho que isso é tudo minha culpa. Eu sinto muito!” Dimitri estava já sussurrando e chorava compulsivamente.

Abe exigiu que ele fosse embora e que não voltasse, proibindo a visita dele para a Rose.

Passado já quase uma semana, Rose acordou. Mas ela não era a mesma. Estava completamente desorientada, não falava com ninguém e quando falava ela só dizia que queria morrer porque ela não agüentava mais ouvir aqueles sussurros e risadas. Ela estava assustada e dizia ver criaturas em todos os lugares. Ela tentou fugir do hospital e foi pega bem na porta, precisando ser mantida amarrada na cama do quarto, depois de lutar e imobilizar quase todos os guardiões que tentaram chegar perto dela e só  Mikail e Alberta que conseguiram contê-la. Rejeitava visitas e dizia que eram criaturas que ficavam rindo dela e sussurrando. Os médicos disseram aos seus pais, após muitos exames e testes aplicados em Rose que ela havia perdido o total contato com a realidade. Ela tinha enlouquecido!