Yama no Kami escrita por Manta do Deserto


Capítulo 2
Capítulo 2




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Avise-me quando ela acordar...

 

Mina não fazia ideia de quando tinha escutado essa fala, mas ela ficava martelando na sua cabeça o tempo todo. Sentia alguma dores no corpo ao tentar se mexer, mas também sentia certo conforto do ambiente ao redor, estava um calor agradável que a acalmava mais.

 

...quando ela acordar...

 

Quanto tempo ela ficou desacordada ainda não sabia, mas fazia questão de descobrir. Forçou seus olhos a se abrirem e olhou ao redor. O local era iluminado por algumas velas, mas ainda era um pouco escuro, tentou se levantar e uma pontada na costa a fez gemer de dor e deitar-se de lado no futon, logo percebendo que estava sem suas roupas.

—-Não deveria ter se levantado – disse uma mulher ao entrar com uma bandeja no quatro -. Suas costas ainda não sararam completamente e a ferida pode abrir se se esforçar de mais – ela sentou-se sobre os joelhos e lançou um sorriso para Mina -. Como você se sente?

Uma loba? Era uma loba adulta, com uma forma humana perfeita, se não fosse as orelhas um pouco pontudas, igual a Mina. A youkai era esguia, tinha os cabelos um pouco mais curtos que os de Mina e eram de tom prateado, os olhos eram dourados e a pele branca, também era possível reparar no ventre grande que se destacava nela.

—-Quem é você? - perguntou Mina assim que a dor parou e ela conseguiu se ajeitar melhor no futon.

—-Me chamam de Dama de Prata - se apresentou -, ou pode ser Ania se preferir – ela pegou uma cuia com misturas de ervas e passou os dedos por ela -. Vire-se, deixe-me passar em suas costas, vai ajudar a sarar – Mina a olhou desconfiada e hesitante -. Vamos, não fique assim. Eu não vou te atacar – disse já fazendo questão de virar Mina, esta deitou-se de bruços, mas ainda com o rosto virado para a outra loba -. Vai arder, mas para quem suportou esses ferimentos por três dias, acho que você pode aguentar.

Três dias! pensou exasperada. Havia ficado muito tempo desmaiada, o povo do vilarejo já devia ter se espalhado para procurá-la. Devia voltar rápido. Fez menção de se levantar novamente.

—-Você é teimosa, sabia? - disse Ania dando apoio as costas de Mina.

—-Eu acho que tive a quem puxar – disse lembrando-se de Roku e do pai dele -. Onde eu estou? - perguntou depois de um gemido rápido e voltando-se para olhar Ania.

—-Você está em...

—-Achei ter dito para me avisar quando ela acordasse, Ania – interrompeu bruscamente um homem entrando no quarto.

Será que estou num bando? Era outro lobo. Este era alto, imponente e com os músculos bem definidos, o cabelo era comprido de um tom castanho-avermelhado escuro e os olhos eram da mesma cor, porém mais claros. Trajava um kimono negro, um pouco aberto na parte do peito. De fato era uma figura encantadora.

—-Eu já ia lhe avisar, Ouji-sama – disse Ania com um toque de humor e se virando novamente para Mina – Assim que terminasse de tratar os feridas dela.

—-Não estou para brincadeiras Ania, sabe que não gosto quando me chama assim – ele se aproximou das lobas com um olhar sério e frio –. Como esta? - perguntou para a loba morena.

Mina demorou um pouco para responder. Quando percebeu que o olhava de mais, desviou o olhar e puxou a coberta mais para perto do corpo ao perceber que seus seios estavam aparecendo um pouco.

—-Bem, eu acho... – respondeu.

—-Hm... ótimo.

Ele se abaixou e puxou Mina pelo braço, forçando-a a se levantar. Ela tentou se soltar, mas ele a segurou com mais força o que a fez ficar quieta, também pelo fato de suas feridas ainda estarem cicatrizando. Onde está minha voz quando preciso dela?, perguntou-se Mina, irritada consigo mesma.

—-Aonde você vai levá-la? - perguntou Ania juntando a roupa de Mina e se esforçando para ficar de pé e segui-los.

—-Para bem longe daqui – respondeu o lobo sem olhá-las.

Fora daquele quarto Mina finalmente descobriu onde estava. Era uma aldeia dentro do que parecia ser uma fortaleza, ou pelo menos o que restara dela. As casas estavam destruídas e que deveria ser o castelo dos Senhores dali também estava bem deteriorado, onde deveria ser o campo para as plantações era nada mais que um monte de terra enlameada e o chão tinha cheiro de sangue seco assim como o lugar inteiro, também não se via crianças e muito menos adultos, fora aqueles dois que a acompanhavam. Mas só aqueles dois não poderiam ter matado todas as pessoas, principalmente Ania com aquele barrigão.

—-O que aconteceu aqui...? - perguntou Mina preocupada com a resposta e sem deixar de ser puxada pelo braço.

—-Não lhe interessa loba – outra resposta grosseira, mas dessa vez Mina também perdeu a paciência e conseguiu estancar num lugar e pará-lo, fazendo com que ele a olhá-se sério e irritado.

—-Quem você pensa que é para falar comigo assim? - disse o encarando e segurando a coberta em frente ao corpo.

—-Sou eu quem pergunta isso loba – respondeu ele a encarando com tal intensidade que Mina sentiu o corpo tremer -. Você é um estranha aqui, não pode ficar e agradeça por ter sido ajudada. Agora vamos, meu tempo é precioso de mais pra gastar com uma loba doméstica como você.

—-O quê? Doméstica? - ela ficou com mais raiva – Não me rebaixe a tanto, você nem me conhece – defendeu-se.

—-Mais um bom motivo para eu me livrar de você o quanto antes.

—-Não seja tão grosseiro – defendeu-a Ania -. Por que não a deixa ficar? Ela é uma youkai como nós você querendo ou não – terminou pondo o kimono de Mina sobre os ombros da mesma.

—-Por que? Ania, basta olhar para ela para saber que só seria um estorvo!– ele esbravejou.

—-Não fale como seu se eu não estivesse aqui!

—-E logo você realmente não vai estar – ele a segurou novamente pelo braço e ela novamente tentou se soltar.

Logo ele também a pegou pelo cabelo da nuca e a trouxe mais perto para sentir-lhe o cheiro e Mina não pode deixar de corar e se arrepiar quando ele suspirou profundamente perto da pele de seu pescoço e grunhiu. Um grunhido que, de algum modo, fez suas pernas tremerem e seu sangue circular mais rápido.

—-Tsc! Sinto cheiro de humanos no corpo todo. Aposto como ela nem consegue caç...

De repente o lobo de pôs em alerta, afrouxou o aperto no braço de Mina, e virou-se para olhar a floresta por cima dos muros da fortaleza. Ania ficou trêmula e abraçou a barriga protetoramente. Mina estava confusa com aquelas reações, mas era uma loba afinal e tinha que tentar entender o que estava acontecendo, então mexeu as orelhas para tentar escutar melhor e farejou até sentir um cheiro bem fraco, mas ainda incomodo, igual ao que tinha sentido antes de desmaiar dias atrás. Youkais ursos?, ela mal terminou de pensar quando uivos ecoaram pela floresta.

—-Maldição! - ele rosnou e se virou para Ania -. Vá para o castelo e fique lá até voltarmos – disse parecendo mais calmo e pondo a mão na barriga dela -. Vou trazê-los de volta, não se preocupe – e deu um beijo na testa da mesma.

Por um momento Mina a invejou sem saber exatamente por quê, talvez porque simplesmente o lobo havia saído correndo como se tivesse esquecido que ela estava lá.

—-Ora seu... - rosnou ela, vestindo a roupa de qualquer jeito para correr e poder alcançá-lo.

—-Espere! Não pode ir! - Ania tentou impedi-la, mas ela já estava longe. Muito rápida, pensou impressionada, mas depois indo se esconder como o “Ouji-sama”, como ela chamava, havia dito.

 

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Esperem, eu já estou indo, pensava o lobo correndo rapidamente pela floresta. Ele olhou para trás ao sentir cheiro de humanos e não gostou nada quando viu Mina o seguindo e chegando cada vez mais perto dele. Maldição! Só vai me atrapalhar, rosnou ele apressando o passo e lançando-se para frente sendo envolvido por uma fumaça semi-transparente e, ao sair dela, assumindo a forma de um grande lobo castanho-avermelhado, permitindo que corresse mais rápido.

Covarde!, pensava Mina sendo deixada para trás e pelo visto havia se esquecido completamente do ferimento em suas costas.

 

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—-Não sabia que você era tão covarde a ponto de apelar para atacar filhotes, Garret – provocou um lobo na forma humana que tinha os cabelos curtos e arrepiados para trás num tom cinza claro, os olhos negros e que usava apenas a parte de baixo do kimono.

—-Cale-se seu lobo idiota! - urrou o youkai urso, maior que o lobo em sua forma natural de urso. Ele usava uma armadura, a boca salivava e segurada uma corrente cuja ponta tinha uma maça com espinhos. Esse atacou o lobo.

O lobo desviou-se, arranhou o adversário e o empurrou, fazendo-o perder o equilíbrio e cair.

—- Fay! Zarek! Tirem os filhotes daqui!

—-Você não pode lutar sozinho! - protestou Zarek, o lobo castanho, ainda um jovem, assim como Fay, uma loba castanha-acinzentada.

—-Vão! - ordenou o lobo mais velho segundos antes de ser golpeado e ver-se preso debaixo de Garret que tentava esmagá-lo, mas o lobo empurrava-o com as patas, este olhou os quatro jovens próximo a floresta – Vão! Agora! - ordenou novamente.

Os jovens não puderam questionar, pegaram os dois filhotes e fugiram.

—-Achei que você teria pelo menos coragem de me atacar de frente, mas me enganei – falou o lobo forçando a voz grave enquanto tentava tirar Garret de cima de si.

—-Para quem vai morrer você até que fala bastante – falou o urso descendo a cabeça rapidamente para uma tentativa de ferir o lobo, mas este interrompeu, pondo uma pata na garganta do urso.

Os grandes dentes de Garret já estavam quase conseguindo ferir o lobo, mas na hora que ia conseguir dar o golpe na garganta o urso foi golpeado no ombro e algo pulou em seu pescoço, fazendo-o sair de cima do lobo cinzento.

—-Tão novo e já perdendo a forma Ulric? - brincou o lobo castanho-avermelhado, o que havia atacado Garret.

—-Eu só estava me esticando – respondeu Ulric bem humorado e se levantando -. E eu podia dar conta dele sozinho – justificou.

O amigo riu enquanto se desviava e provocava Garret.

—-Venha me ajudar logo, ainda tenho muito o que fazer!

—-Nem precisa pedir duas vezes! – Ulric atacou de novo.

Juntos, os dois lobos confundiam o urso com seus movimentos ágeis, mas isso não impedia ao youkai também infringir danos nos dois. Garret já tinha a armadura quebrada e uma ferida aberta na testa, os lobos achavam que a luta já estava ganha, grande engano o deles, mas só perceberam isso quando o lobo castanho-avermelhado investiu no pescoço do oponente, mas fora atingido no peito pela garra do urso.

Ulric distraiu-se ao ver o amigo caído – mas teimando em levantar – e teria sido atingido pela maça do inimigo caso alguma coisa não tivesse a cortado e separado da corrente. Uma fêmea? O lobo cinzento ficou surpreso ao perceber. E ainda mais quando notou os cabelos negros dela e lembrou-se que só podia ser aquela que eles salvaram dias a trás.

—-A corrente! - Mina gritou para Ulric enquanto distraia Garret.

Ulric pareceu acordar de seu transe, não era hora de ficar admirado. Pegou a corrente caída no chão e laçou o pescoço de Garret, bem na hora em que ele ia atingir Mina, e puxou-o para trás, fazendo-o perder o equilíbrio. Aquela era a hora perfeita para Mina atingi-lo na garganta, no entanto a sorte quase nunca está presente e as costas de Mina começaram a doer até que ela sentiu um líquido quente descer por sua pele. Ela ajoelhou-se, tamanha a dor da ferida não cicatrizada.

Apesar desse azar, o lobo castanho-avermelhado levantou-se, orgulhoso e imediatamente saltou sobre o urso, arranhando profundamente sua cabeça e costa. Garret caiu no chão e Ulric soltou a corrente que o prendia, para correr até a loba caída em frente ao outro lobo.

—-O que você achou que estava fazendo?! - brigou o lobo mostrando os dentes, rosnando irritado – Vê o que você fez consigo mesma? - disse referindo-se a ferida aberta.

—-Fique calmo, nii-san – defendeu Ulric ao lado da loba, que não se mexia – Por hora temos que levá-la de volta para casa – ele já se abaixava para pegá-la no colo.

—-Hum! Eu preferiria deixá-la ai! Só vai nos causar...

Antes que pudesse terminar de falar, foi surpreendido com Garret levantando furioso – parecia que ele se movia inconscientemente – erguendo as garras para ferir o lobo, mas um deles foi mais rápido. Mina impulsionou-se para frente, saltando sobre o lobo irritado e enterrando a mão diretamente no coração de Garret, esmagando-o. Dessa vez era definitivo, o urso estava morto e os dois machos de lobo, estupefatos com o feito de Mina.

Ao terminar de apertar o coração de Garret, Mina olhou para o lobo castanho-avermelhado com tanta determinação, coragem e orgulho que ele – apesar de se recusar a admitir – sentiu arrepios, e seus músculos tremeram involuntariamente. Ela não era uma loba qualquer, mas ele ainda ficaria de olho nela.

—-Eu estava aju-dando... vo-cês... - ela forçou-se a responder a primeira pergunta daquele lobo antes de cair desmaiada novamente, mas não caiu no chão, ela foi segurada pelo irmão de Ulric, que parecia um pouco menos irritado.

—-Ela precisa de cuidados, Oriya – reforçou Ulric, preocupado com a loba, mesmo não a conhecendo. Talvez fosse compaixão por serem da mesma espécie – E de roupas melhores também – observou com um toque de humor e malícia ao olhar o kimono rasgado, sujo com sangue e amarrado de qualquer jeito ao corpo dela.

O mais jovem deu um pulo de susto quando, como resposta do irmão, recebeu um rosnado feroz e um olhar de repreensão. Ulric tremeu e se calou - não era qualquer um que se atrevia a enfrentar sua fúria – embora não entendesse o motivo de tanta agressividade por parte de seu líder. Manteve certa distancia enquanto aguardava o humor do irmão melhorar um pouco.

Oriya voltou a baixar seu olhar para a loba em seus braços e com um rosnado baixo, pegou-a no colo.

—-Eu sabia que você só ia causar mais problemas... - sussurrou, entrando na mata seguido de Ulric.

 

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Sentiu o corpo deitar suavemente no quarto e seu kimono ser retirado. Mal conseguia se mexer, mas talvez a semi-escuridão do lugar lhe oferece-se um pouco de conforto por se sentir tão inútil. Mina conseguia sentir a presença de outro youkai naquele quarto, mas não se importou em tentar saber quem era. E esse mesmo youkai, que ela via como sendo um vulto, cobriu seu corpo com o dele, bem maior que o dela, lhe oferecendo um calor reconfortante.

Ajudou-a a se virar e ficar de costas para ele e este lhe segurou a cintura com um dos fortes braços e abaixou a cabeça, até que seus lábios tocassem a ferida nas costas de Mina e ela começou a sentir uma ardência na pele, uma dor que parecia que a estavam queimando para fechar seu ferimento. Ficava claro, conforme a língua do youkai subia pela ferida dela, queimando, que os gemidos fracos, antes de dor, tornavam-se encorajadores para o youkai.

Ele lhe teceu beijos pelo ombro e se acomodou melhor entre as pernas dela...

 

Mina acordou com um arfar e sentou-se no futon assim que abriu os olhos. Ela estava um pouco suada e tentava recuperar o ar enquanto apoiava a cabeça em uma das mãos. Estava confusa com a mistura de sentimentos que estava sentindo depois daquele sonho. Se por um lado sentia-se aliviada por ter acordado, por outro sentia-se como se tivessem lhe tirado algo de precioso.

Atingida por uma tontura, provavelmente por conta da rapidez com que sentou-se, deitou-se novamente descobrindo que suas costas não doíam mais. Das duas uma..., pensou Mina, fiquei desacordada por mais tempo dessa vez ou eu morri, mas logo descobriu que essa opção estava fora de cogitação quando outro youkai entrou no recinto, deixando a porta aberta. Foi só então que pode sentir o aroma de carne assando e o som baixo de um canto animado.

—-Achei que fosse demorar mais para acordar – comentou Ania, ajudando Mina a se sentar devagar, ela não protestou, nem hesitou em confiar na loba grávida, esta que estendeu a mão para uma jovem youkai do outro lado do futon, que até então Mina não tinha notado – Você ficou desacordada só por um dia dessa vez. É mais resistente do que eu achei ser possível – disse sorrindo.

A jovem sorriu quando a loba morena a olhou e meneou a cabeça num comprimento breve. Ela esticou um copo com chá para a Mina e também lhe ofereceu alguns peixes. Um dia? Pareceu uma eternidade...

—-Sinto muito pela pouca comida, mas meu nii-san vigiou Fay – e indicou a loba jovem - o tempo inteiro quando mando que ela lhe trouxesse alimento – desculpou-se Ania.

Mina olhou para a youkai grávida após beber um pouco do chá. Ela nunca provara nada igual, sentiu imediatamente calma e deu seu primeiro sorriso para aquela que poderia vir a ser sua mais nova amiga.

—-Agradeço a comida. Não tem por que se desculpar – e mordeu um dos peixes.

—-Claro que tenho! Meu nii-san sabe ser rude quando quer. Primeiro queria lhe levar daqui sem ao menos ter se recuperado e agora não deixa que coma direito! Aquele baka!

Era a primeira vez que via Ania deixando de lado a doçura e a gentileza para reclamar das atitudes do irmão. Irmão!? , isso Mina não podia acreditar. Eram completamente diferentes, ele, que tentara se livrar dela, era sério e pelo visto irritadiço e ela, calma e gentil, não era possível terem laços sanguíneos, era? Mas por outro lado, Mina não sabia por que se sentira aliviada ao saber disso.

Ania de repente olhou para Fay, que fazia alguns sinais com as mãos.

—-Ah! Claro, vá na frente eu desço já - a mais nova levantou-se e saiu. Mina olhou-a com uma cara confusa – Fay não consegue falar – respondeu Ania em tom triste -. Mas ela ainda é jovem, e esperamos que um dia ela consiga mostrar como tem uma voz linda.

—-Desejo boa sorte. Ela parece... ser uma boa garota – disse Mina depois de um tempo calada.

A loba morena continuou comendo, sendo observada pela outra. Quando deu uma ultima mordida no peixe, alguns barulhos mais altos lhe chamaram a atenção, pareciam vários risos e um homem de voz grossa resmungando para os demais. Ania soltou outro resmungo.

—-Machos... não posso deixá-los sozinhos um minuto... - e apoiou a cabeça na mão.

—-O que está acontecendo?

—-Provavelmente estão brincando com os filhotes, mas as vezes eles exageram um pouco. Os filhotes eu digo – e riu um pouco -. Eles são bem levados.

Mina desviou o olhar de Ania para a porta e a loba branca percebeu. Levantou-se com alguma dificuldade.

—-Venha – convidou indo até a saída – Você já está forte o suficiente para andar sozinha. Vamos descer.

Não precisou pedir duas vezes, já estava cansada de ficar deitada e logo estava de pé ao lado da loba branca. Só quando saíram do quarto foi que Mina deu-se conta de que estavam no que deveria ser um castelo destruído, mas que mesmo assim ainda servia de casa para eles. Não estavam tão longe dos outros, bastou descer o que sobrou na escadaria e já estavam no salão principal, também estava em pedaços, mas apesar de tudo o bando, pequeno, acendera uma fogueira no centro e dançavam sem precisar necessariamente de instrumentos musicais para tal.

Contando com Ania, o bando tinha nove integrantes e Mina quase não continha as lágrimas de finalmente ter encontrado outros como ela. Será que eu posso...? Infelizmente, se o que Mina queria era fazer parte daquela matilha, primeiro tinha que resolver-se com o irmão de Ania. E pensando nele... logo o encontrou dançando muito próximo de uma youkai loira, que sorria cada vez que ele a olhava de cima a baixo e ele parecia estar bastante satisfeito quando ela mexia os quadris. O que está acontecendo comigo?, pensou quando sentiu o sangue ferver e o corpo formigar quando os lábios daqueles dois estavam prestes a se encontrar. No entanto, os olhos dele encontraram Mina por sobre o fogo da fogueira e ela não tinha como descrever a sensação que sentiu sob aquele olhar em chamas.


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Notas finais do capítulo

Sugestões e Críticas construtivas são sempre bem-vindas ^-^



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