Darling escrita por Thaís


Capítulo 2
Bonjour, chanson!


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo fez existir o segundo.♥



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Suspirei abrindo fracamente os olhos. Uma preguiça gigantesca caia sobre meu corpo, mas conseguia observar o homem ao meu lado na cama. Sentado com a coberta até a cintura, tinha as pernas dobradas e um bloco de folhas apoiados, um lápis na mão e trazia sobre a face uma expressão tão profunda nos movimentos que a mão fazia...

Já havia passado um tempo desde que esses tipos de encontros aconteciam. Ele encarava meu rosto e trocávamos palavras sem qualquer obrigação, pelo simples fato de se contentar com a presença... Em pouco tempo, quando nos encontrávamos a sós as palavras se misturavam com toques, em rápidos segundos a intervenção do meu sorriso em meio aos lábios de Mana se mostravam bem frequentes.

Suspirei novamente e movi o corpo por entre as cobertas, porém a concentração dele ficara todo diante daquelas folhas. Sorri tendo a vaga lembrança da primeira vez que estivemos na cama, quando por um acidente dá minha parte aconteceu e o fez vim até a minha casa... Foi o que acabou levando aos primeiros toques íntimos da mesma mão que segurava o lápis agora... E logo as lembranças mais vivas dos toques feitos na noite passada, em como nossos corpos reagiam tão bem um ao outro.

Ainda não havia entendido direito o porquê da fita métrica de ontem. Mana chegara depois da hora do jantar com alguns materiais dizendo que acabou trabalhando um pouco mais do que tinha previsto na loja. Então jantamos e quando me dei conta já estávamos indo para o quarto com ele carregando a fita sobre os ombros.

A noite se desenrolara tão única. Como todas as anteriores.

Eu consegui despi-lo todo, ele me observava e aquilo me deixara bem estonteado e contente. Não que eu não tomasse iniciativa... Mas era Mana. Diante dele minhas ações ficavam quase sempre acanhadas. Dessa vez ele passava a fita várias vezes pelo meu corpo até acabar perdendo ela e ambos nos perdermos um no corpo do outro.

Ansiei profundamente balançando a cabeça tentando afastar as lembranças de poucas horas atrás.

Movi uma das minhas mãos enquanto meu rosto afundava-se no travesseiro, o sorriso mantinha-se sobre meus lábios e os dedos só pararam quando conseguiram invadir a parte dos lençóis que cobriam o corpo dele, e tocara em sua coxa. Seu rosto virou na minha direção e o lápis parava de se mover no mesmo instante.

-Acordou...

Mana erguera uma das sobrancelhas preso em meu sorriso. Algo me dizia que por mais que ele o visse pelas manhãs, jamais se acostumaria. Afirmei com a cabeça e subi a mão da coxa para a sua cintura onde o lençol terminava, tirei a mão dali e a aproximei do meu rosto.

- O que está desenhando?

Seu rosto circular voltou-se para a folha e os olhos ficaram perdidos. Era lindo. A pouca claridade que insistia em entrar no quarto o deixava com o tom claríssimo. Os fios do cabelo desarrumados, caídos sobre os ombros, com uma maquiagem amanhecida não conseguiam deixa-lo menos apreciador na minha visão.

- Vestidos. Já escrevi... E agora estou desenhando.

A atenção de Mana se voltou para o papel e fechei os olhos novamente. Era confortável tê-lo ali. Sabia que ultimamente ele tinha muito trabalho, mas incrivelmente conseguíamos manter nossos encontros. Não era algo público e tão pouco que saia de nossas bocas, então só uma pessoa bem observadora repararia algo. Não havíamos conversado sobre isso ainda, mas não me preocupava em nada. Assim estava bom.

Senti a mão de Mana passar pelo meu rosto em uma caricia suave, entre seus dedos trazia o lápis, mas a maciez da pele dele era bem mais marcante. Sua mão subira do meu queixo aos cabelos e podia sentir o olhar fixo em mim. Jogou um pouco dos meus cabelos para cima e murmurou inclinando o corpo, tombando-o na minha direção.

- O que quer fazer?

No final da pergunta já tinha seus lábios ao pé do meu ouvido. Meus sentidos ficaram aguçados, a respiração de Mana batia na minha pele e ela ficava arrepiada. Encolhi os ombros não abrindo os olhos.

-Está com fome?

Perguntei sentindo os lábios dele entreabrindo e prendendo meu lóbulo. Passara os dentes e vagamente a língua até voltar a se afastar subitamente e eu passar a ouvir o barulho do grafite sobre o papel. Abri os olhos e escondi os dentes, no em tanto ainda sorria. Mana negou com a cabeça e eu me ajeitei na cama novamente. Fiquei de barriga pra cima e puxei o lençol até próximo do pescoço.

- Quer tomar um banho?

Mana perguntou e aquilo de certa forma me surpreendeu. Ainda não havíamos tomado banho juntos, ao menos é o que imaginei com a pergunta.

- Quero... Você vem comigo?

Sentei-me e encostei meu rosto em seu ombro, aproximando-me e observando o vestido que ele desenhava. Era admirável, assim como o dono que o desenhava. Trazia elegância, autoridade e uma beleza que só ficaria mais perfeita quando saísse do papel. Passei uma das mãos pelos cabelos dele e a outra ficou em seu ombro, onde meu queixo ficara apoiado.

- Quer minha companhia no banheiro também? Eu já estou terminando... Então, espere um pouco e já te realizo esse sacrifício...

Não foram palavras fortes, diante delas se formava um sorriso nos lábios de Mana. Um singelo e fascinante sorriso. Sabia que não era sacrifício nenhum. Ri baixo e beijei o ombro dele. Os lábios fizeram um barulho estralado e ele me lançou um olhar sem expressão, soltando o lápis e o bloco de papel.

- Terminei... E não conseguiria continuar o outro sabe...

As mãos de Mana seguravam o lençol que ainda estava em meu corpo e a abaixou, tocando-me e inclinando o tronco. Movi as mãos para seu rosto. Nossos olhos se encontraram e a boca dele se encaixou com a minha, a língua mais ousada invadira a boca e trocamos um beijo longo e apurado.

Em pouco tempo estava me levantando junto a ele pelo simples fato de prolongar mais o beijo. Sorri sentindo a língua dele parar de se mover e seus olhos passarem a se fixar no caminho que faria até o banheiro. Passei os dentes pelos lábios dele até prender o inferior com certa força. As unhas de Mana se pressionaram contra a pele da minha cintura, marcando-a ali novamente. Cerrei os olhos. Não que fosse amante de dores, porém qualquer sensação que Mana que provocasse me deixava atordoado.

Soltei o lábio de Mana e começamos a caminhar, passando pela porta do banheiro. Sorria abertamente afastando-me de suas mãos e entrando no box, abrindo o chuveiro e deixando as primeiras gotas caírem pelo corpo.

A nudez já não era tão embaraçosa. Não que incomodasse antes.  Mas depois que fazíamos sexo os olhares procuravam não fitar tanto os corpos... Já agora os orbes de Mana faziam com que ele se aproximasse e parecia acompanhar as gotas d’agua que deslizavam pelo corpo.

A aproximação fora tão perspicaz que a presença de Mana se fez valer assim que os quadris se encontraram. Chocando-se e deixando que ambos os corpos ficassem molhados com a água relativamente quente do chuveiro.

Uma das mãos de Mana abrira mais o chuveiro deixando a temperatura mais controlada. Encostei meus lábios sobre os dele e alcancei o shampoo, abrindo, coloquei-o de volta assim que peguei um pouco na mão. Passei pelos seus cabelos e movi os dedos fazendo espuma, rapidamente ela escorria dos fios, as bocas passavam a ter outro gosto e afastei a minha fazendo uma careta.

Suspirei sentindo as mãos dele deslizando pelo corpo, ora se afrouxando ora pressionando os dedos fazendo os corpos ficarem mais juntos. Os lábios se abaixaram e mordiscaram o queixo de Mana aproveitando que as mãos deixavam o corpo livre por instantes e fui abaixando-me.

Sorria largamente e pude vê-lo acompanhando os movimentos com a cabeça, entreabrindo os lábios cada vez mais e arregalando os olhos. Os lábios percorriam o corpo de Mana e sugava as gotas que tinham pelo caminho. Passara pelo tórax, descia alcançando sua barriga, parando na altura do umbigo e passando a língua lentamente, sugando e descendo mais. As mãos dele seguravam os ombros tentando me levantar, mas sem muita força.

- Kaya... Kaya...

Ouvi o chamado e certo temor no tom da voz. Mas não poderia parar ali. O olhar abaixou-se para o membro de Mana que ficava ereto. Voltei a olhá-lo e ele piscava várias vezes, encostando a cabeça na parede. Uma das mãos tocou na extensão do membro dele desceu até a glande. O indicador e o dedão moviam-se, acariciando e vendo o sexo mais ereto.

Fora a água caindo, a respiração de Mana que ficava acelerada era audível naquele box.

A boca foi aproximada e os dedos deslizaram pela extensão até os testículos. A língua passou pela glande umedecendo ainda mais enquanto os olhos procurava fitá-lo. Os dedos de Mana seguraram com força o cabelo e a boca tratou de pegar mais do membro, mais da extensão, percorrendo com a língua e sugando-o.

Os movimentos da cabeça seguiam um vai e vem, a boca sugava enquanto a língua umedecia o pedaço de carne que tinha. Lábios e língua cariciavam e quando alcançavam a glande de Mana, unidos pressionavam e deixavam saliva por ela. Um gemido baixo fora ouvido. Mana espaçava as pernas e as mãos puxavam os cabelos, os dedos pressionavam a cabeça, procurando afundar mais os lábios que o chupavam.

Os dedos dos testículos se esticaram e descer mais. Deixaram de brincar ali e o indicador passara a circundar a entrada do corpo de Mana. Ele fechara a boca e os dentes pressionavam os lábios. Seus olhos fechados, a respiração mais acelerada. A boca que tanto o estimulava. Aquilo o enlouquecia.

Mana jogou a cabeça para trás criando certa distância das costas com a parede de vidro. Repetiu o nome de Kaya mais uma vez, como forma de aviso. Estava próximo. Aquele ato o pegara desprevenido. Kaya costumava fazer isso. As coisas feitas com ele costumavam sair do padrão.

Mais uma sugava e assim que o indicador entrara e saíra do corpo de Mana, seu gozo fora para a boca, que fora engolido sem demora e que logo já mostrava um sorriso enorme. Os olhos de Mana se abriram e os lábios que antes estavam sobre o membro foram selados.

                - Fiz bem?

                A pergunta veio entre o beijo, o gosto dele estava presente ainda. As mãos de Mana enlaçaram de volta a cintura e caminhava para fora do banho controlando a respiração e me carregando para fora do box. O queixo dele encostara-se sobre meu ombro e puxei uma toalha que logo foi pega por ele também, aberta e passada pelos corpos. Mana a segurou suspirando. Sorri mais voltando para o quarto.

                - Fez valer meu sacrifício e te acompanhar até embaixo do chuveiro... Agora posso te recompensar melhor.

                Ri ouvindo-o.  A toalha se soltou das cinturas e virei meu corpo de frente para Mana. Uma das suas mãos foi até meu rosto e iniciou uma nova caricia.

                - E vou acabar te contando a surpresa...

Arregalei meus olhos assim que terminei de ouvi-lo sussurrar. A palavra surpresa que causava muita curiosidade. Ainda mais vinda de Mana. Meus lábios se moveram prestes a perguntar que tipo de surpresa, alguma dica ou que me falasse qualquer coisa, mas foi interrompido com o indicador.

- Sério que não percebeu nada?

Pisquei sentindo o indicador descendo até o queixo. Inclinei a cabeça para o lado e passei a pensar naquela pergunta. Era algo que eu devia ter percebido? Mordi os lábios olhando um pouco distante e voltando a fitá-lo. Notei um fraco sorriso se formando sobre os lábios de Mana... O que era?!

- ....Não percebi... Era algo que eu devia—

Novamente fui interrompido. Fitava-o esperando ansiosamente como uma criança diante de algum doce.  Diante de alguma revelação.

- Ontem cheguei atrasado, estava fazendo uma peça muito importante... Eu te disse, mas você surgiu com os pratos e nem deu atenção direito ao que eu falei...

Era verdade. Estava esperando-o e assim que ele chegara já coloquei a comida para servir. Estava com fome e depois de ouvi-lo que tinha ficado até mais tarde pelo trabalho, imaginei que também estava...

- Oh! Gomen... Você disse algo mais?

- Que não tinha terminado a peça porque me faltavam as medidas.

Continuei a ouvi-lo, mas Mana parara de falar. O sorriso bobo surgiu nos meus lábios ainda não conseguindo acompanhar aquela linha de raciocínio.

- ...Ainda não?

Neguei com a cabeça e o ouvi rir baixo. Seu dedo se afastou do queixo e senti um selo fraco sobre os lábios.

- A peça que faltava era um vestido para você. As medidas eram as suas... Mas eu já peguei ontem mesmo. Hoje de manhã fiz alguns novos ajustes. Era o desenho que você olhava.

Fiquei parado vendo Mana caminhar, distanciando e puxando um quimono meu do armário. Colocou sobre o corpo. ...A fita métrica...O vestido de hoje de manhã... Apertei os passos correndo na direção dele e o abraçando. Encostei meus lábios em sua bochecha, beijando-o.

Os olhos de Mana abaixaram-se e sua face ficara um pouco quente. Sorria largamente. Estava transbordando de felicidade. Não exclusivamente pelo vestido, mas pela atenção que ele tivera. Pela ideia que Mana tivera. O trabalho que ele devia estar tendo em fazê-lo.

- Eu jamais adivinharia!

Sabia que seu trabalho era feito com todo afeto que Mana tinha.


Descobrir que em um dos seus trabalhos estava a minha surpresa, era extraordinário.


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Notas finais do capítulo

AEAEAE *-*