- S-Sua namorada? Vocês estão namorando? – Eduardo perguntou, assustado.

- Aham. Por que? Algum problema, Eduardo? – Romeu enfrentou ele.

- Ah, não. Nenhum problema.

- Romeu e Julieta. Olha que irônico. – Um garoto do time de futebol comentou.

- É, Romeu. Isso é irônico até demais. Será que você não começou a namorar ela só pra ter fama? Porque se fosse pra isso, cara, eu aconselharia você a namorar aquela líder de torcida gostosa. Como é o nome dela mesmo? Ah é, Carolina. – O outro falou.

Olhei para Romeu, esperando sua resposta.

- Cara, o que você ta dizendo? Eu gosto da Julieta, ok? Eu to em um namoro sério agora. E eu queria que vocês respeitassem isso. – Romeu respondeu, já se irritando.

- Ah, ok então.

- Peraí que eu vou ali chamar o Shakespeare. – Um dos meninos disse e então, a mesa inteira começou a rir.

Romeu revirou os olhos e me levou de volta para a nossa mesa.

- Me desculpe por tudo aquilo. Eles são uns idiotas.

- Está tudo bem. Eu já sabia disso antes de você me apresentar a eles. – Eu disse.

Eu ouvi risadinhas vindas da mesa das líderes de torcida e quando me virei para ver, me deparei com Carolina me olhando com cara de nojo.

- Deve ser alguma aposta, gente. Não é possível o lindo do Romeu estar namorando aquele treco. – Uma das líderes de torcida comentou (n/a: MANDA ESSE TRECO DE VOLTA SENÃO O BICHO PEGAA! Monstros s/a ♥).

Romeu percebeu que eu estava prestando atenção na conversa delas e me disse:

- Ei, não liga para o que os outros pensam, ok? Só seja você mesmo.

Sorri e lhe dei um selinho.

- Alô? – Estranhei o número desconhecido que estava me ligando.

- Filha? Ah, Joanna, querida, que saudades! – Minha mãe exclamou do outro lado da linha.

- Mãe? Por que você ta me ligando? Aonde você está? Aconteceu alguma coisa? – Me assustei.

- Eu estou no Brasil, filha! Mais precisamente na casa dos Albuquerque. A Laura me deixou dormir no quarto de hóspedes dela enquanto eu fico aqui. Ah, adivinha quem veio me acompanhar? O seu pai! Ele foi muito gentil ao não me deixar vir sozinha, pois era “perigoso”, como ele disse.

- Peraí, peraí. Deixa eu ver se entendi. – Falei. – Você está na casa dos pais da Helena e do Romeu? E o meu pai também?

- Aham, não é o máximo? Ah, por falar nisso, amanhã nós vamos fazer uma reunião aqui. Chamaremos uns velhos amigos pra ouvir música e bater um papo, aproveita pra trazer os seus novos amigos aqui para eu conhecê-los.

- Reunião? Ah, ok então...

- E fala pro Romeu e pra Helena que eu to mandando um beijo. Nos vemos amanhã, ta? Te amo, filha.

- Ok, mãe. Também te amo. Tchau. – Desliguei o telefone e fiquei encarando ele pensando na estranha situação dos meus pais estarem hospedados na casa dos pais do meu namorado.

Porém, se eu não fosse naquela reunião minha mãe iria me matar e confesso que eu estava um pouco curiosa para conhecer a casa de Romeu e Helena.

Fomos todos no carro de Romeu e Joanna teve que ficar no meu colo para caber no carro, o que gerou a discussão de quem era a mais gorda e a mais leve dali.

Quando chegamos, toda a conversa cessou porque todos começaram a olhar admirados para a casa dos Albuquerque.

Ela era tão grande que parecia uma mansão.

Tinha uma fonte na entrada e duas garagens nas laterais da casa. Parecia que a mãe de Romeu gostava de antiguidades porque a casa tinha um estilo vitoriano branca e mogno, parecendo uma casa de bonecas.

Tocamos a campainha e me assustei quando minha mãe veio correndo me abraçar.

- Julieta, meu bebê! Que saudades que eu tava, meu Deus! E aí, como você têm se alimentado? Não tem gastado muito não, né? Pelo amor de Deus, Julieta, eu não sou rica que nem a Laura.

- Ah Eliza, faça-me rir. – Laura ironizou com o comentário da minha mãe.

- Então filha, me apresente seus amigos. – Minha mãe pediu, ignorando Laura, enquanto entrávamos na sala de estar dos Albuquerque.

- Ah, mãe, esses são a Joanna, o Gabe e o Rafael. – Apontei para eles. – Gente, essa é a minha mãe, Eliza.

- Ai meu Deus, esse seu sapato é da Vintage? – Gabe perguntou, quase beijando o chão onde minha mãe passava.

- Ai, é verdade! Como eu não reparei nisso antes? – Joanna percebeu.

- Ok, esses dois aí são engraçados. – Minha mãe comentou e depois respondeu a Gabe. - E sim, é um Vintage. Comprei em Londres.

- Julieta! – Meu pai apareceu na porta e veio me abraçar. Logo, tive que apresentar Joanna, Gabe e Rafa de novo.

- Dona Eliza, eu sei que a senhora está muito feliz por reencontrar a sua filha, mas eu vou levar ela pra conhecer o resto da casa, ok? – Helena disse e me puxou para o segundo andar junto com o resto do povo.

- Esse é o meu quarto. – Ela mostrou para todos.

O quarto era gigante. Sério mesmo, era do tamanho da nossa sala na república.

Ele tinha paredes pintadas de rosa-claro e toda sua decoração era branca e rosa.

- Foi minha mãe que decorou o meu quarto. – Ela explicou.

Tinha uma cama king-size, uma escrivaninha com um laptop e um closet gigante.

- Ta, chega de baboseira. Vamos ver o meu quarto que é muito mais legal. – Romeu nos levou para o quarto ao lado.

O quarto de Romeu era todo pintado de azul-claro, cheio de pôsters de times de futebol colados e uma guitarra pendurada na parede em cima da cama.

Tinha as mesmas coisas que no quarto de Helena - uma cama king-size, uma escrivaninha com um laptop e um closet (bem menor do que o de Helena, é claro) – só que era bem mais bagunçado. Havia várias revistas de videogames e esportes jogadas pelo quarto e juro que vi uma da Playboy jogada embaixo da cama.

Decidimos ir pra sala de TV e ficar conversando e ouvindo música lá. Só faltava uma coisa: Comida.

Romeu e eu nos voluntarizamos para ir buscar comida na cozinha.

Ao chegar lá, encontramos a cozinha vazia e várias bandejas com salgados e doces na bancada.

- Já sei. Minha mãe deu folga para a empregada e tentou cozinhar para os convidados. Ela deve ter se empolgado demais. – Ele disse. – Acho melhor nós não arriscarmos e só levarmos a bandeja com os brigadeiros. A gente pode pegar uns biscoitos pra completar.

- Ai meu Deus, olha o que eu achei! – Gritei enquanto olhava um armário.

Peguei o pote de Nutella e mostrei à Romeu.

- Minha namorada é tão esperta... – Ele passou o dedo na Nutella e botou na boca. Logo depois, pegou minha cintura e me beijou carinhosamente.

Fiquei na ponta dos pés para facilitar o beijo e passei os braços pelo pescoço de Romeu.

Porém, fomos interrompidos ao ouvir o barulho de uma bandeja caindo no chão.

- Ai. Meu. Deus. – Laura disse, boquiaberta.

Rapidamente, larguei Romeu.

Laura e minha mãe nos olhavam com os olhos arregalados e, de repente, começaram a gritar e a pular.

- Eu não acredito nisso!!! Laura, eles estão juntos! – Minha mãe exclamou enquanto pulava.

- Eliza, nosso sonho se realizou!!!

- Vocês são as mães mais loucas do universo. – Romeu comentou e uniu nossas mãos.

- Ai meu Deus, vocês estão namorando e nem nos contaram isso? Como assim? – Minha mãe perguntou.

- Nós achamos que não era importante... – Respondi.

- Como não é importante? Isso é maravilhoso! – Laura exclamou.

- Ei, qual é o motivo da gritaria? – Alan, o pai de Romeu, apareceu na cozinha acompanhado de meu pai.

- Querido, Romeu e Julieta estão namorando! – Laura respondeu.

- Ah, ok... – Ele disse, estranhando aquela alegria toda.

- Então vocês estão namorando oficialmente? – Meu pai perguntou, provavelmente se lembrando de todas as coisas que aconteceram em Londres.

Romeu assentiu, sorrindo.

- Ai, isso merece uma comemoração. Ainda bem que eu já tinha feito o bolo de chocolate, agora é só vocês provarem. – Laura disse.

Ela, minha mãe e Alan foram para a sala e eu fui logo atrás, mas diminuí o passo para poder ouvir o que meu pai tanto sussurrava com Romeu.

- Olha Romeu, eu sei que você é um bom rapaz e ta todo mundo feliz com esse namoro de vocês. Mas, a minha filha é muito ingênua e ela gosta muito de você, da para perceber. Então, eu só quero te avisar que se você machucar o coração da minha filha, você vai ter que se ver comigo, menino.

Senti o meu rosto ficar vermelho de tanta vergonha e tudo o que eu queria fazer naquele momento era cavar um buraco embaixo de mim e me esconder lá dentro.

- Eu sei, eu sei. Eu também gosto muito da Julieta e jamais faria uma coisa para machucar ela. Eu realmente espero que esse namoro dure bastante. – Romeu respondeu, me fazendo sorrir.

Porém, a conversa deles foi interrompida por um grito vindo da sala.

- HELENA ALBUQUERQUE! QUE TATUAGEM É ESSA NAS SUAS COSTAS? – Alan gritou.

Corremos para ver o que estava acontecendo e nos deparamos com uma tremenda confusão.

- Ah pai, me desculpa... Eu não tive a intenção... É que... – Ela gaguejava enquanto tentava explicar.

- É tudo culpa minha. – Romeu se intrometeu na briga. – Fui eu que convenci a Helena a fazer a tatuagem. Ela não queria e eu fiquei insistindo...

Helena olhou para o irmão e eu vi seus lábios se mexendo em um rápido “obrigada”.

O pai de Helena se acalmou um pouco com a declaração do filho e logo a briga havia acabado.

Romeu realmente havia salvado a irmã. Porque como ela iria explicar ao pai que havia feito uma tatuagem quando estava completamente bêbada se seu pai nem sabia que ela bebia?

A pequena festinha logo acabou e nossas mães não conseguiam tirar o sorriso do rosto a cada vez em que eu e Romeu ficávamos juntos.

Estávamos nos despedindo dos nossos pais, quando Joanna deu um grito e apontou para uma loja no outro lado da rua.

- Ai meu Deus! Ali tem a bolsa Prada que eu estava procurando o ano inteiro! Eu tenho que comprar!

Então, ela saiu correndo em direção a loja.

Eu não liguei muito para aquilo e voltei a abraçar meus pais, mas levei um susto quando ouvi o barulho de um carro freando bruscamente e quando me virei para ver o que tinha acontecido, vi Joanna caída no chão.

Nós corremos desesperadamente para ver se ela estava bem, mas ela não se mexia.

- Jo, fala comigo pelo amor de Deus! – Gabe segurou a cabeça dela em seu colo.

Helena foi verificar se ela estava bem e, com os olhos arregalados, disse:

- Ai meu Deus, ela não ta respirando.