Harry Potter e a Arma de Slytherin escrita por Shanda Cavich


Capítulo 45
Capítulo 45 – Segunda Tarefa


Notas iniciais do capítulo

Ihuuul, mais um capitulo publicado! Espero que gostem!!



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Alvo estava usando um conjunto de vestes negras, um sobretudo contendo no peito o emblema de Hogwarts junto ao peito, e um par de botas de couro de dragão caríssimo. A diretora de sua escola ficou silenciosa durante quase todo o caminho planejado. Ao conduzi-lo pelos degraus de pedra para o frio início de noite de novembro, ela pôs a mão no ombro do garoto.

– Agora, não entre em pânico, – disse Minerva – mantenha a cabeça tranquila... Temos bruxos à disposição para resolver a situação se ela sair do controle... O principal é você fazer o melhor que puder. Você está bem, Alvo?

– Estou. – Alvo ouviu-se mentir. – Perfeitamente.

Ela o conduzia até as proximidades de uma grande arena, montada especificamente para a segunda tarefa. O lugar margeava a floresta, onde já era possível enxergar várias arquibancadas formando um círculo, semelhante a um Coliseu menor.  Uma grande barraca estava armada, pouco antes estava Rita Skeeter e seu fotógrafo, ambos com olhares vidrados ao jovem bruxo campeão.

– Você deve entrar aí com os outros – disse a diretora McGonagall, com a voz um tanto trêmula – e esperar a sua vez, Potter. O Sr. Lorrey está aí dentro, ele lhe dirá como tudo irá proceder. Boa sorte.

– Obrigado. – disse Alvo, longe de ter alguma emoção tranquila.

Alvo Potter entrou na barraca, tentando parecer o mais confiante possível. Não sabia ao certo a quem ou o que teria que enfrentar na arena, mas dois dias atrás ouviu Lorrey e Czarcov cochichando algo muito ruim a respeito dos contendores que os campeões iriam enfrentar. Não conseguia entender como estava mais nervoso do que na primeira tarefa.

Alec Stoichkov estava sentado no canto, bangueando a cabeça de um modo perturbado. O ruivo às vezes dizia algo em russo para o chefe de Cooperação Internacional em Magia, Michel Lorrey. E mesmo Alvo não entendendo o idioma, poderia imaginar sobre o que estavam discutindo. Nalah Malak estava no meio da barraca, ajeitando sua túnica bordô que cismava em desprender o gorro. Rita Skeeter entrou na barraca rapidamente, sua pena de repetição flutuou imediatamente em frente ao nariz de Alvo.

– Ora, ora, ora! – disse a velha mulher, com um sorriso vermelho e assustador. – Alvo Potter, está preocupado, querido?

– Não. – respondeu friamente.

– Talvez queira revelar suas habilidades de duelo, como na vez em que enfeitiçou um garoto com a Maldição do Príncipe no segundo ano!

– Como soube disso? – Alvo arregalou os olhos, inconformado.

– Então você confirma! – disse ela, com um sorriso ainda maior. Sua pena começou a escrever agitadamente no pergaminho flutuante.

Rita Skeeter não era uma simples repórter. Descobria coisas que pesquisadores do mundo todo demoravam anos para descobrir. Segundo Harry, aquela mulher era uma das pessoas mais terríveis que já teve o desprazer de conhecer. Michel Lorrey fez um gesto para os três campeões se reunirem ao centro, e outro para Skeeter se afastar.

– Muito bem, já chega. Rita, pode sair. – disse ele, autoritário.

A mulher e seu assistente saíram, por um momento pareceram emburrados, mas logo deram risadinhas entusiasmadas. Michel Lorrey era um homem grande, de feições fortes. Parecia-se um bocado com o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas, Emperor Hazel. Trajava vestes semelhantes às de jogadores de Quadribol dos anos 90.

– Bom, agora que estamos todos aqui, hora de dar a vocês informações maiores! – Lorrey disse animado. – Quando os espectadores acabarem de chegar, vou oferecer a cada um de vocês esta caixa, – ele mostrou uma pequena caixa preta e sacudiu-a diante dos garotos – da qual vocês irão tirar uma miniatura da coisa que irão enfrentar. Cada campeão enfrentará uma criatura diferente. O objetivo é derrotar a criatura designada, e claro, sem utilizar Maldições Imperdoáveis.

O coração de Alvo disparou. Seu pai havia passado por uma tarefa aparentemente igual quando foi um campeão tribruxo. E até onde soube, dragões foram as criaturas. E se novamente fossem desta vez, Alec Stoichcov estaria em total vantagem, pois parecia ter uma grande afinidade por eles, assim como todos em Dursmtrang.

Nalah e Alec não tiverem nenhuma reação diferente. Talvez achassem melhor ficarem quietos, para evitar algum constrangimento. Michel Lorrey abriu a pequena caixa. Estranhamente ela parecia vazia, com o fundo totalmente preto.

– Primeiro as damas. – disse ele, oferecendo-a a Nalah Malak. Ela enfiou a mão trêmula em direção ao pequeno buraco negro e quadrado, afundando quase metade do braço. Um segundo depois, retirou dela uma minúscula e perfeita figurinha de um Trasgo. Havia o número dois pendurado em seu pescoço. – Oh, você enfrentará o Trasgo Montanhês!

Nalah fez uma cara de nojo e Alec de assombro. Talvez ele tenha ficado chateado por não se tratar de dragões. Michel Lorrey estendeu a caixa preta ao garoto estoniano, que direcionou seu braço branco e musculoso ao buraco.

– Humm... Um Gigante do Norte! Terrível esse aí! – comentou Lorrey. – Chega a ser irônico, não? Visto que o senhor acabou de pegar um gigante em miniatura!

Apenas Michel riu, enquanto os campões tentavam descobrir qual seria a última criatura na caixa. Alvo engoliu em seco antes mesmo de Lorrey dizer:

– Sua vez, Potter.

Alvo meteu a mão na caixa preta e sentiu algo gelado. Retirou de dentro dela uma criaturinha magra, pútrida, coberta por trapos negros. Uma sensação infeliz atingiu seus pensamentos drasticamente, de modo que só pudesse pensar em dor e tristeza.

– Dementador... – disse Lorrey, forçando animação, embora fosse impossível se animar naquela situação. – Bom, então está decidido! Cada um de vocês sorteou a criatura que irá enfrentar e a ordem em que cada um fará isso, entenderam? Agora vou precisar deixá-los por um momento, porque vou fazer a irradiação. Sr. Stoichkov, o senhor é o primeiro, só o que tem a fazer é entrar na arena quando ouvir o apito, certo?

Alec olhou novamente para a pequena criatura em sua mão. Sua verdadeira forma deveria ser no mínimo trezentas vezes maior. Michel Lorrey saiu da barraca, então começou uma grande agitação do lado de fora. Um apito soou em algum lugar, e Alvo pôde notar uma terrível expressão no olhar do garoto ruivo.

Alvo e Nalah se encararam, mas logo voltaram o olhar para a saída da barraca. Segundos mais tarde o garoto ouviu os berros dos espectadores, o que significava que Stoichkov entrara na arena e agora estava cara a cara com o modelo vivo de sua figurinha. Foi pior do que Alvo poderia ter imaginado, ficar sentado ali escutando os gritos de Alec, cada vez em que o garoto era atingido por um ataque do gigante grotesco. Nalah começou a andar de um lado para o outro, agora olhava para o chão.

A multidão gritava, urrava, exclamava como uma entidade única de muitas cabeças, enquanto Stoichkov fazia o que quer que estivesse fazendo para tentar passar pelo gigante. Nalah permanecia olhando para o chão, então começou a dar voltas na barraca. E os comentários de Michel Lorrey tornavam tudo muito pior. Imagens horrendas se formaram na mente de Alvo, quando ele ouviu: “Aaah, por pouco o Sr. Stoichkov perde o braço esquerdo!”... “Muito bom, campeão! É um garoto muito forte!”... “Boa tentativa, pena que não deu certo!

Então, uns quinze minutos depois, Alvo ouviu um urro ensurdecedor que só poderia significar uma coisa: Alec Stoichkov conseguira passar pelo gigante e sobreviver.

– Realmente muito bom! – gritou Lorrey. – E agora a nota dos juízes!

Mas ele não irradiou as notas, Alvo supôs que elas seriam reveladas apenas depois dos outros campeões.

– Um a menos, faltam dois! – berrou Lorrey novamente, quando o apito tornou a tocar. – Senhorita Malak, queira fazer o favor!

Nalah tremia da cabeça aos pés. Alvo sentira um pouco mais de simpatia ao vê-la sair da barraca determinada e aparentemente confiante, apertando a varinha. Sua túnica arrastava atrás de seus pés, e seu cabelo coberto pelo gorro dava a sensação de que ela era ainda menor.

Alvo ficou só. E recomeçou o mesmo processo.

– Srta. Malak, isto não foi muito sensato! – a voz de Lorrey ecoou alta e debochada. – Ora, mas foi muita sorte! A senhorita assustou a pobre criatura!

Dez minutos depois, Alvo ouviu a multidão prorromper em aplausos mais uma vez. Nalah devia ter sido bem-sucedida também. Uma pausa, enquanto os juízes mostravam as notas de Nalah, mais palmas, então pela terceira vez o apito. Um som, que para Alvo Potter, foi o som do abismo lhe chamando para cair.

Era hora de entrar na arena. Por alguns instantes pensou em Tiago, que vezes parecia querer ser seu amigo, outras vezes ficava contra ele de modo que deixasse a raiva ultrapassar qualquer outro sentimento entre irmãos. Pensou na longa amizade que tinha com Rose, mas não ouviu nem um “boa sorte” vindo dela antes da tarefa. Então se lembrou de Scorpio lhe presenteando com as botas que estava usando naquele exato momento. Este sim era seu amigo de verdade, que agora rasgava a garganta gritando seu nome na plateia, junto a Nicolau Krum, Lavínia Parkinson, Paul Lovecraft e todos da Sonserina.

– Sr. Potter, venha finalizar a segunda tarefa! – Michel Lorrey disse sombriamente.

Alvo Potter foi até a saída da barraca, cruzou um cercado de troncos e deparou-se com o foco de luz que indicava o lugar do duelo, o pânico se avolumando dentro dele. O garoto via tudo diante de si como em um sonho berrantemente colorido e ao mesmo tempo nebuloso. A noite estava mais fria do que nunca, e só conseguia pensar em como se arrependia de nunca ter conjurado um patrono com sucesso. Mesmo quando viu dementadores atacarem seus colegas nascidos trouxas na noite em que Argo Filch foi morto no Cabeça de Javali.

A multidão fez um estardalhaço quando Alvo entrou na arena. Lorrey gritou alguma coisa... Mas os ouvidos de Alvo não estavam mais ouvindo bem. Ouvir não era importante. O lugar todo não era muito iluminado. Como se o pouco que restava de luz tivesse se apagado subitamente, tudo pareceu mais frio. As entranhas de Alvo se gelaram. O dementador, alto, encapuzado, seu rosto oculto, deslizou lentamente em direção a ele.

Alvo instintivamente correu para o lado oposto, sua varinha estranhamente ainda estava no bolso. A plateia da Academia Hydra vaiou a atitude, enquanto os alunos de Hogwarts tentavam encorajá-lo de todas as formas. O dementador começou a sugá-lo. Dois sopros, e o garoto tropeçou anestesiado. Apenas gritos passavam em sua cabeça, brigas com seus pais e irmãos, dor física e mental, morte. Mortes de pessoas que ele não conhecia. Lembranças que ele não se lembrava.

Alvo agarrou a varinha, pôs-se de pé e voltou-se a criatura pútrida. Seu estômago deu um pulo. A figura alta e encapuzada deslizava de um modo medonho, seguindo seu olhar, flutuando no chão, sem pés ou rosto visíveis por baixo dos mantos, sugando tudo o que a noite lhe apresentasse.

Expecto Patronum! – ele gritou.

Um brilho prateado de vapor se ascendeu da ponta de sua varinha e o dementador foi retardado, mas a magia não funcionara nem um terço do que deveria. Tropeçando nos próprios pés, Alvo recuou mais, enquanto o dementador avançava para cima dele, o pânico nublando seu cérebro. “Concentre-se”, dizia a voz em sua mente.

Um par de mãos cinzentas, asquerosas e feridas saíram de dentro dos robes do dementador, procurando alcançá-lo. Um barulho de algo correndo encheu os ouvidos de Alvo.

Expecto Patronum!

Sua voz soou fraca e distante. Um novo brilho de fumaça prateada, ainda mais fraco do que o último, saiu da varinha. Não conseguia fazer a magia que precisava, não conseguia sequer manter-se em equilíbrio. Havia uma risada dentro de sua própria cabeça, uma risada aguda e estridente... Podia cheirar o bafo pútrido e frio do dementador preenchendo seus pulmões, afogando-o em desespero. “Pense em algo feliz.” Mas não havia felicidade nele. Os dedos gelados da criatura estavam se fechando sobre sua garganta, e a risada aguda ficava cada vez mais alta.

Seus pensamentos decaíram ainda mais. A sensação de que iria morrer a cada vez em que o dementador o sugava era inevitável. A multidão gritava, Lorrey começara a se preocupar de verdade. Alvo pensou que chegara sua hora. Nunca mais veria seus pais, seus amigos. Então, como um último sinal de esperança, os rostos deles apareceram claramente na sua mente enquanto lutava por ar. As memórias que tinha antes de ir para Hogwarts, aquelas que eram completamente puras, sem as intervenções do Lord das Trevas que ocorreram a partir do segundo ano escolar.

Expecto Patronum! – o garoto gritou, lembrando-se de sua mãe, que tentara protegê-lo de todas as formas quando Voldemort o amaldiçoara com a Maldição Imperius.

Uma enorme serpente prateada surgiu da ponta da varinha de Alvo, suas presas pegaram o dementador no lugar onde o coração deveria ficar. Atirou-o para trás com uma força inestimável. Enquanto o patrono atacava, o dementador se lançou para longe, derrotado.

Os ouvidos de Alvo puderam finalmente perceber o aumento do volume de som, e enfim tomou consciência do barulho da multidão, que gritava e aplaudia com tanto estardalhaço que ultrapassava a torcida da primeira tarefa.

– Olhem só pra isso! Olhem só pra isso! – Lorrey disse entusiasmado. – Achamos que não iria conseguir, Potter! Juízes, sejam sensatos, isso foi incrível!

Alvo, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo, viu os funcionários do ministério húngaro se adiantarem para conter o dementador, aparentemente morto. Seu patrono serpentino sumiu, sua luz resplandeceu mais alguns instantes. E lá na entrada do cercado, a diretora McGonagall, Tiago e Rose corriam ao seu encontro, todos acenando para que fosse ter com eles, seus sorrisos visíveis mesmo àquela distância. Conseguira cumprir a segunda tarefa. Sobrevivera.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero reviews heinn! beijooooos!