Capitulo cinquenta e seis:

Fiquei dando voltas pelo andar de baixo da casa, se eu subisse para o meu quarto provavelmente Charlie perderia a coragem de conversar comigo e consequentemente eu não seria liberada do meu castigo. Por fim sentei no sofá e liguei a TV. Charlie estacionou o carro em sua vaga e entrou em casa se assustando por eu estar vendo TV, algo que Charlie nunca tinha me visto fazer, não por livre e espontanea vontade.

- Bella, você teria um minuto? – desliguei a TV e olhei para ele. – eu queria falar com você sobre o seu castigo. – afirmei com a cabeça, pedindo para que ele continuasse – eu estive pensando e acho que vou liberá-la do castigo, notei que você nunca desrespeitou-o e sequer reclama sobre ele, então, por bom comportamento, eu tirarei você do castigo.

- sério pai? – fingi empolgação – obrigada!…

- só tem uma condição – ele interrompeu minha empolgação.

- qualquer uma – continuei animada apesar de aquilo tudo não ter efeito nenhum, ja que eu saia de casa com ou sem castigo.

- Jake. Antes ele vivia aqui  você vivia na reserva, depois que os Cullens voltaram se eu o vi por aqui mais duas vezes foi muito.

- o Jake é difícil, mas farei meu máximo. – ele estranhou a facilidade com que aceitei a condição, mas não disse nada. Charlie afirmou com a cabeça dando a conversa por encerrada.

Fui para o meu quarto e lá fiquei até que Charlie resolvesse dormir.

- estou pronta – apareci na porta do closet, tinha escolhido uma calça jeans com uma blusa amarela de babados e, para Edward não reclamar, um casaco de couro por cima. Coloquei um sapato de salto não muito alto que combinasse com o casaco e por fim coloquei um brinco de pedras que Blunt havia me dado no meu aniversário de quinze anos.

- an Bella… - ele me chamou – tem certeza que quer ir de salto? – ele perguntou sem acreditar. Voltei para o closet e coloquei uma sapatilha preta.

- pode ir primeiro eu desço logo em seguida – ele fez uma careta e, então, pulou pela janela. Sentei no peitoril da mesma e dei impulso para pular. Edward me pegou impedindo-me de cair no chão. – lembra daquele dia em que eu peguei você me espionando? – dei uma leve risada. – você estava em cima daquela árvore logo ali – apontei para árvore no limite do meu quintal com a floresta que tinha uma ótima visão do meu quarto.

- lembro, quase tive um infarto por ver você pular da janela. – senti uma leve pontada de culpa pela indireta que ele tentou me passar. Eu havia acabado de pular do mesmo jeito em que eu pulei naquela noite.

- vamos logo estou com saudades da Esme. – ele adentrou na imensidão de árvores e virou-se para mim.

- posso? – ele fez sinal de me pegar no colo – é só até o meu carro, estacionei longe da sua casa para não corrermos risco de acordar Charlie – vai por mim ele não iria acordar, falei mentalmente. Por fim dei de ombros e deixei ele me pegar no colo e nem eu sabia porque eu havia feito isso, precisava parar com esse tipo de atitudes, elas não ajudavam Edward e o seu complexo de fragilidade.

Em poucos segundos nós chegamos ao carro e em mais alguns minutos já estavamos estacionando em frente a casa de Edward. Ele abriu a porta do carro para mim e depois a porta de sua casa esperando que eu passasse.

- obrigada – agradeci sem graça.

- olá Bella – Alice veio me abraçar. E foi ai que eu respirei pela primeira vez desde que entrei na casa, fazia tempo que não visitava essa casa, fazia tempo que eu não caçava, não estava podendo suportar esse cheiro tão forte.

- oi Alice – separei-me de ser abraço e voltei para o lado de Edward. Jasper olhou de canto de olho para mim, porém ignorou minha reação.

- Bella! – Esme apareceu na sala. – quanto tempo querida!

- oi Esme, estava com saudades – abracei-a

- Bells você chegou! – Emmett entrou na sala me abraçando e me rodopiando no ar.

Outra pontada em minha garganta, por alguns segundos permeti-me imaginar se o veneno de um vegetariano teria o mesmo sabor de um vampiro de dieta normal. Jasper rosnou e me separou do Emmett colocando-se na frente do irmão. Levei minha mão a boca, não acreditava que havia sequer cogitado essa ideia, como eu poderia?! Ali na minha frente eram os Cullens não qualquer outro vampiro desconhecido por qual eu não tinha nenhum laço afetivo.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- desculpe-me – Jasper afirmou com a cabeça e voltou ao estado normal. Edward notou minha lágrima e olhou para o irmão sem acreditar.

- você a machucou?! – ele caminhou a passos lentos em direção a Jasper.

- não Edward! – impedi que ele desse qualquer outro passo em direção a Jasper – ele só estava… – tentando proteger o irmão, completei mentalmente. – ele não me fez nada. – mudei a frase. Edward veio me abraçar por trás. Levei minha mão a minha garganta implorando para que esta não ardesse mais nenhuma vez por pelo menos essa noite. Respirei fundo tentando me convencer de que isso daria certo. Arrependi-me no instante seguinte em que Edward beijou o topo de minha cabeça e o ar chegou  a minha traqueia. Parecia que alguem havia me forçado a tomar ácido. Fechei meus olhos com força.

- Bella por favor – Jasper praticamente me implorou. Ele estava sentindo o que eu estava sentindo, consequentemente ele também estava desejando o líquido que circulava pelo corpo dos irmãos e do seu próprio.

- desculpe-me – dei uma leve risada, bloqueei Jasper.

Outra pontada em minha garganta. Tentei disfarçar, mas Jasper percebeu e ficou me encarando.

- por que está encarando a Bella amor? – Alice perguntou a um tom que tecnicamente eu não ouviria.

- Edward – chamei-o – lembra aquela vez na campina quando você disse que se caso eu pedisse para me dar um tempo sozinha você me deixaria ir? – ele afirmou receoso pelo que estava por vir.

- eu preciso disso, preciso de uma noite sozinha. – selei nossos lábios por poucos segundos, porém o sufuciente para minha garganta arder novamente.

- quanto tempo? – Jasper perguntou sem demonstrar emoções. Todos olharam para ele sem entender.

- mais de uma semana – ele me reprovou com a cabeça – não vou poder ir longe por favor…

- pode ir, nenhum de nós sairá dessa casa até amanha. – ele avisou.

- obrigada, outro dia fico mais. – acenei despedindo-me de todos e sai da casa. Concentrei-me em manter o escudo na mente de Jasper, não queria que Edward descobrisse sobre mim desse modo.

Corri para o mais longe possível da casa dos Cullens sem me afastar muito de Forks. cheguei a mesma clareira em que os Cullen me levaram para um pequena partida de baisebol. Parei exatamente no meio dela e respirei fundo analisando se ali seria longe o suficiente da casa de Edward. Senti o cheiro de Quil fazendo ronda por ali. Dei uma leve risada. Os lobos sempre aumentavam suas rotas cobrindo um pouco do ‘território Cullen’.

Esperei que ele sentisse meu cheiro e viesse até mim, estava longe o suficiente da casa dos Cullen para que eles não corressem nenhum perigo comigo. Em poucos segundos um logo gigante apareceu a margem das árvores, ele olhou confirmando minha presença e foi se transformar apesar de saber que não precisava disso para se comunicar comigo.

- Bella! Quanto tempo! Sentimos sua falta nas rondas. – ele abriu um sorriso.

- Quil – abracei-o – sabe como é né, ter um namorado tem suas desvantagens se for vampiro multiplique-as. – ele riu com a minha brincadeira.

- volte para o mundo dos solteiros oras!

- não – fiz uma careta em desgosto – estou bem com o Edward.

- quer dizer que já contou tudo a ele? – neguei com a cabeça. – não sei porque fica adiando, quanto antes ele souber antes as coisas se resolvem.

- tenho medo que ele me ache um monstro e me deixe novamente. – desabafei.

- pense bem Bella, você terá que contar cedo ou tarde, não importa quando ele descobrir sua reação será a mesma, talvez com mais raiva se você demorar para contar a ele. Bem o que eu quero dizer é que, você terá que encarar a reação dele agora ou daqui a dois anos, não adianta evitar. – Quil disse tentando me convencer. – preciso ir – ele levou a mão a cabeça – alfa chamando – ele deu uma última risada e se tranformou.

Voltei a me concentrar em minha caçada. Fechei os olhos e respirei fundo, precisava localizar o vampiro mais próximo da região que não tinha sobrenomes conhecidos.

Senti um cheiro extremamente apetitoso e estranhamente perto. Fui andando calmamente para sua direção, seria eu tão sortuda ao ponto de ter um desagarrado passando por Forks?

- Isabella Swan – ouvi sua voz rouca me chamar. Eu não poderia ser e eu não era tão sortuda a ponto, infelizmente aquele não era um desagarrado. – sabe eu esperei por você esta tarde, mas então me aparece aquele Volturi metido comerciante em minha porta. Por pouco não tirei sua eternidade, imaginei que você desconfiaria antes da hora se eu o fizesse.

- Scott – fingi surpresa – a que devo a honra? – ignorei tudo o que ele havia dito antes mantendo a total calma na voz.

- tenho alguns planos para você, planos que se tornaram maiores depois que meu melhor segurança não voltou para casa.

- oh sim, infelizmente ele ficava me perseguindo sabe – falei irônica – ai um dia ele chegou perto de mais, eu me irritei, infelizmente um fim leva a outro não?

- ele pouco me importa, mas então minha querida – ele finalmente saiu da sombra das árvores. Antes eu conseguia vê-lo, agora, qualquer um poderia. Ele se aproximou e pegou meu braço. – você tem um dos melhores cheiros de toda a terra, não pense que eu não notei um pouco dele em seu vinho, só assim aquilo poderia se tornar algo viciante a um vampiro, quer dizer, vampiros sequer eram para se tornar viciados.

- bem isso é uma pena então – disse com mais ironia na voz. Scott me olhou interrogamente, então, resolvi explicar. – sabe, o vampiro que descobre isso infelizmente tem que ser eliminado, ele não pode ficar sabendo do meu pequeno segredo.

- você e mais quem? Não pense que seu amiguinho, parceiro de trabalho virá te ajudar, fiz questão de ter certeza de que você não faria isso. Ah, seu namorado também não virá – ele completou por fim. Senti meu sangue subir para minha cabeça.

- você fez algo a eles?! – perguntei irritada.

- não e nem pretendo, só queria que soubesse que minha pequena frota de segurança está cercando a casa de seu namorado enquanto dois deles seguram seu amigo. – afirmei com a cabeça enquanto chamava Quil mentalmente. “há um bando de vampiros rodeando a casa dos Cullen, vocês tem total autorização minha para matar um a um, vá rápido”. – mas sabe, se você não cooperar não posso responder por eles. Tudo será mais fácil se você for comigo ninguém se machucará seu segredo estará bem guardado e também, eu sempre quis ter uma bolsa de sangue viva. – rosnei involuntariamente, ficava meio irracional quando me colocavam em situações como essa.

- não sou e nunca serei uma bolsa de sangue – disse aproximando-me mais dele.

- oh desculpe ofender seus sentimentos mas – ele puxou meu cabelo violentamente para trás fazendo com que minha cabeça se inclinasse e meu pescoço ficasse exposto.  – seria tudo mais fácil se você fosse comigo agora. – segurei firmemente em seu braço e lentamente girei-o fazendo com que ele sentisse cada segundo de dor de um futuro braço quebrado.

- talvez você devesse tentar de outro modo. – disse rude largando seu braço.

- hm interessante – ele olhou para o braço – você é uma menina forte, cruel gosto disso, quem sabe eu não me aproveito de você mais do que eu esperava. Imaginei que você não aceitaria – ele refletiu saindo da posição de ataque – mas você não imaginou que eu viria aqui sem um segundo plano. Se aproxime! – ele disse um pouco mais alto como se gritasse com alguém. lentamente e tremendo igual a gelatina, Mike Newton saiu do meio das árvores… como eu não havia percebido o cheiro dele?!

- Bella! – ele correu para o meu lado quando me viu. – ele te pegou também? – ele disse desesperado. Não cheguei a encará-lo, deixei meus olhos fixos em Scott e passei Mike para trás de mim como forma de protegê-lo.

- saia de trás dela e venha para o meu lado – Scott ordenou firme, Mike fez menção de obedecê-lo porém eu o impedi.

- fique aqui e estará protegido. – informei-o

- mas minha mãe não, deixe-me Bella – ele passou pela minha barreira – ele disse que se eu não fizer tudo o que ele manda nunca mais voltarei a ver minha mãe. – de fato, ele nunca voltaria, mas seria por que ele morreirei e não ao contrário.

- a questão agora é a seguinte, se você presa pela vida de seu amigo, ou melhor, pela humanidade dele, acho melhor você vir comigo. E gentilmente nós partiremos enquanto ele acha uma saída daqui.

- vou passar o convite, obrigada – ele ficou surpreso pela minha recusa, ele não esperava que eu colocasse a vida de um humano em risco. – pode fazer o que você quiser com ele – disse sem me importar, mas na verdade rezava para que ele não fizesse nada.

- ok. – Scott deu de ombros e atacou Freak, antes que eu pudesse prever ou impedir qualquer ato.

Scott mordeu o pescoço de Mike, porém logo foi interrompido por mim pulando em cima dele. Me vi rosnando igual nunca havia feito, quem ele pensava que era para sair atacando pessoas inocentes sem motivo nenhum?! Ele lergou de Mike no mesmo e se virou para mim impressionado, haviamos atingido uma árvore com a força do meu impacto sobre ele. Ele se livrou rapidamente de mim para se colocar em devida posição de ataque, enquanto ele o fazia respirei fundo, não poderia deixar nenhuma emoção me guiar em uma luta, precisava pensar em tudo que Jared havia me ensinado sobre artes marciais e em meus anos de experiencia em luta.

Habilmente consegui escapar de todos os seus golpes até finalmente dar uma brecha para que ele conseguisse, convenientemente, me morder em meu ombro onde minha jaqueta cobriria a mordida.  Depois disso não exitei em separar todos os seus membros esperando para que eles se tranformassem em pó como acontecia com todos que me mordiam.

Voltei minha atenção para Mike, não sabia se deixava-o se transformar, se o matava ou se simplesmente sugava seu sangue como nos velhos tempos de caçada com o Jared. Me aproximei dele ouvindo seu gemidos de agonia, a ‘transformação’ só estava no início, a dor que ele sentia ainda não estava nem em um décimo do que ele sentiria. Passei a mão em seus cabelos tentando imaginar qual seria sua decisão. Olhei para orla da floresta, Jake me observava dali, provavelmente estava ali há um tempo. Ele acenou com a cabeça para mim, olhei de volta para Mike sabendo o que eu teria que fazer. Coloquei meus dentes exatamente em cima da mordida anterior e comecei a sugar o veneno, felizmente não havia muito em seu sistema. Mas sim o suficiente para Edward conseguir chegar a tempo de me ver com os dentes no pescoço de Mike.