Perdi a noção de quando tempo eu fiquei lá, encostada na porta, sem me mexer. Por sorte minha mãe estava dormindo. Não comi nada, meu estomago parecia estar embrulhado. Deitei na cama ainda assustada e fiquei lá, horas, sem conseguir dormir, até que o cansaço me venceu.

O barulho do despertador continuava entrando nos meus ouvidos e por mais que eu tenta-se ignorar, aquele som irritante acabou vencendo. Levantei sem a mínima vontade e fui para o chuveiro com a esperança de que a água levasse todo aquele cansaço embora.

Depois do banho me vesti, escovei meus dentes e desci para tomar café. Minha mãe já estava de saída. Minha mãe já tinha saído. É, eu estava atrasada, mas minha mente estava tão cansada quanto meu corpo para se preocupar com isso. Tomei um café demorado e depois caminhei vagarosamente para o colégio. Resultado: cheguei no início da segunda aula.

Por sorte a supervisora me deixou entrar e o professor continuou a aula como se nada tivesse acontecido.

_Você está horrível, olha essas olheiras – disse Ino assim que me sentei. Hinata apenas me olhou curiosa. Eu não falei mais nada, simplesmente me arrumei na carteira e dormi, sem ousar olhar para a direção onde Sasuke estava sentado.

_Sakura, Sakura – escutei a voz de Temari chamar. Abri meus olhos ainda confusa.

_É recreio, as meninas estão lá fora, fiquei encarregada de acordar você – ela disse me fazendo lembrar que estávamos no colégio.

_Hum – falei enquanto bocejava – acho que vou ficar na sala – disse me acomodando novamente na cadeira.

_Então vou ficar com você – ela falou com uma voz meio estranha.

_Aconteceu alguma coisa? – perguntei arqueando as sobrancelhas para ela.

_Só quero evitar encontrar com o Shikamaru – ela falou meio vermelha.

_E eu com Sasuke, vamos nos dar bem – falei e nós duas rimos.

_Hum – ela disse parecendo lembrar-se de alguma coisa, mas ficou em dúvida se falava ou não.

_Diga – falei e ela deu um sorriso por causa da minha dedução.

_Ta rolando uns comentários que o Sasuke terminou com a Karin – ela falou meio sem graça. Temari não era do tipo que gostava de fofocar – não que isso te interesse, só estou falando o que eu ouvi – ela acrescentou rapidamente.

_Por que terminaram? – não resisti e perguntei.

_Bem dizem que ele já conseguiu o que queria com ela, se você me entende –ela disse ainda sem graça.

_Hum , , , mas por que esta me contando isso? – não foi uma cortada, foi uma pergunta mesmo. Como disse, Temari odeia fofocas.

_Bem – ela disse pensativa – é que eu estou sentindo que você ta gostando dele e eu , , , eu não quero me meter na sua vida, mas Sasuke, ele, como eu posso dizer – ela perguntou confusa enquanto procurava as palavras.

_Só pensa em sexo – terminei a frase por ela e a mesma assentiu.

_Eu não quero que ele te machuque – ela falou com um olhar de mãe.

_Eu entendo – disse sem jeito – obrigada Temari, mesmo – falei sorrindo.

_Nada – ela falou e se levantou assim que eu bocejei pela segunda vez – Vou te deixar dormir agora, afinal, a próxima aula é da cobra, e você vai ter que estar bem acordada– ela falou rindo.

Dei um sorriso para não deixá-la no “vácuo”, mas não respondi seu comentário, apenas pensei nas suas palavras. Elas pareceram esclarecer tudo em minha mente: Eu sempre acabo me encantando por um Sasuke insistente, que meche comigo. Mas é irreal, se baseia apenas em uns momentos que logo são esquecidos pelo seu lado “Uchiha” que no fim sempre se sobressai. Sakura e Sasuke é uma utopia, pois, ele tem tudo que eu odeio num homem e eu sou a última mulher que ele imaginaria ao seu lado. No final, isso não passa de um mal entendido por que eu odeio Uchiha Sasuke e eu nunca poderia me apaixonar com ele. Sentimento que é totalmente recíproco pelo mesmo.

Na minha mente tudo parecia tão claro, então por que meu coração doía tanto?

O sinal tocou me tirando dos meus devaneios. Os outros alunos adentraram na sala rapidamente e logo Orothimaru começou sua aula.

Depois da aula sufocante de química, coloquei meu uniforme e nos direcionamos para a quadra para a aula de educação física, com a figura Gai, mais conhecida como professor. Com sua teoria de “fogo da juventude” ele fez todos nós nos alongarmos e depois nos mandou correr ao redor da quadra. Assim que terminamos o aquecimento, as meninas foram jogar vôlei e os meninos futsal.

Continuei ignorando Sasuke o máximo possível, o que era difícil já que ele ficava muito “vocês entendem” naquele uniforme.

A aula passou rapidamente e quando a mesma já estava acabando eu fui rebater uma bola e torci meu braço. Eu já disse que sou um desastre quando o assunto é esporte?

O professor Gai se aproximou de mim preocupado enquanto eu tentava engolir os gemidos de dor.

_Está tudo bem? – ele perguntou depois que se ajoelhou ao meu lado.

_Acho que eu só torci – falei tentando melhorar minha cara de dor. Um tumulto com um monte de curiosos começou a Sr formar em volta de nós.

_Eu levo ela para a enfermaria – adivinha quem disse isso? Bate a cabeça contra a tela do computador se você não sabe.

Ele ia pegar meu braço não machucado para me ajudar a levantar, mas eu me esquivei.

_Eu sei andar – falei saindo em direção a enfermaria, mas pude escutar seus paços me seguindo.

Quando cheguei lá, a enfermeira foi muito atenciosa e enfaixou meu braço dizendo que eu provavelmente só havia torcido, mas que era melhor eu ir a um hospital e pedi um raios-x.

Sasuke ficou o tempo todo calado, apenas observando de longe. Quando a enfermeira terminou de enfaixar meu braço, todos já tinham saído do colégio e advinha? Estava chovendo.

Sai da enfermaria sem olhar para Sasuke e continuei assim, mesmo sabendo que ele estava me seguindo. Quando eu ia pisar para fora do colégio, pronta para encarar a chuva, senti sua mão me puxar pelo meu pulso não machucado.

_Eu te dou uma carona – ele falou sério.

_Não precisa – falei soltando sua mão e saindo rapidamente dali. Eu já estava na chuva quando senti sua mão puxar novamente o mesmo pulso.

_Está chovendo – ele argumentou.

_Não sou de açúcar – falei séria. Escutei uns trovões no céu. O tempo parecia estar de acordo com o meu humor. Sasuke me fazia perder a cabeça – eu não sou louca de entrar no mesmo carro que você – falei lembrando-me da noite anterior.

_Eu vou devagar – ele disse e agora eu estourei.

_Qual é seu problema? – gritei e não esperei sua resposta – Você sempre fica insistindo para todas as garotas entrarem no seu carro? Porque se você não entendeu, eu NÃO quero uma carona. Sabe o que eu é mais inconformante? Olha pra mim. Eu não tenho nada a ver com as garotas que você sai. Me diz, você fez uma aposta ou algo assim? Isso é bem típico de garotos como você, mas se for isso, saiba que você NÃO vai ganhar. Por que eu NÃO vou cair na sua laia, então para de fingir que é legal, por que você NÃO é legal – cuspi essas palavras nele, ressaltando todos os “nãos”.

_Você realmente achou que eu estava afim de você? – ele perguntou num tom irônico – Você é feia, pobre e chata – ele gritou– eu só estava tentando ser legal por causa do acordo que você mesmo fez – ele se justificou, diminuindo o tom da sua voz – quer saber, é impossível ter qualquer comunicação com pessoas assim, dessa sua classe – ele fez uma cara de nojo que me irritou ainda mais e eu não pude evitar que algumas lágrimas caíssem, lágrima de ódio. Graças à chuva, acho que ele não pode perceber isso.

_Então enfia essas garotas no seu **! Vai comer essas ****** que são lindas, ricas e super interessantes e ME DEIXA EM PAZ – disse virando o rosto e saindo na direção da minha casa.

_COM MUITO PRAZER! –Ele gritou mais alto que eu. Pude escutar ele bater violentamente a porta do seu carro e depois acelerar com força. Mas não virei para traz.

Engoli meu choro, ele não merecia minhas lágrimas. Depois fui para casa e me sequei. A chuva parou logo em seguida, então fui para o médico já que meu braço estava doendo muito. Ele o enfaixou novamente, me deu uns remédios para dor e três dias de atestado. Passei no restaurante e deixei o atestado com Sai antes de ir para casa

 Preparei a janta com cuidado para não machucar minha mão. Quando minha mãe chegou, eu contei para ela do braço e ela ficou um pouco preocupada e disse para eu não forçá-lo. Nós jantamos em silêncio, pelo jeito minha mãe estava tão a fim de conversar quanto eu.

Escovei meus dentes e coloquei meu pijama. Estava exausta quando fui para a cama, já que não tinha dormido direito na noite anterior. Voltei a ficar irritada quando lembrei que tinha perdido meu sono por causa daquele idiota, mas logo fechei meus olhos entrando numa escuridão profunda e o que mais me incomodava é que até aquela escuridão me lembrava Sasuke e seus olhos negros. “Idiota” disse baixinho para eu mesma antes de dormir.