Fênix Parte I: Exílio escrita por Imogen


Capítulo 1
Capítulo 1




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Cap.I • Nova Ordem: Sangue Malfoy

Era um salão antigo, aparentemente o lugar estava abandonado há muito tempo; Somente o velho lustre de cristal conservava o ar de imponência em meio à mobília deteriorada… Do lado de fora, a natureza parecia em fúria. Raios riscavam o céu a cada minuto e a água não cessava. A madrugada parecia se estender propositalmente, como se quisesse ocultar o mal que estava prestes a se manifestar outra vez.

Havia pouca luz, homens e mulheres ocultos por longas capas negras formavam um círculo e aguardavam em silêncio. A tensão aumentava a cada segundo, a qualquer momento seria iniciado o julgamento, embora a sentença já fosse conhecida por todos.

Uma grossa névoa toma conta do local – ele se aproxima. Logo os encapuzados abrem espaço para uma imensa serpente de olhos brilhantes que desliza para o centro do salão seguida por seu mestre. Era uma figura bizarra, de feições deformadas e de uma magreza cadavérica; Seus pés não parecem tocar o chão, enquanto se movem; O ambiente parece ainda mais frio com sua presença. Ele chega ao centro do salão e todos os presentes se
curvam em uma demonstração de respeito.

- Tragam o traidor a minha presença!- brada.

Imediatamente um homem loiro e de pele muito clara, visivelmente machucado era arrastado pelo salão e arremessado com violência aos pés de seu antigo mestre, agora seu juiz e seu algoz.

Desde que fora capturado, Lúcio sofreu com as mesmas maldições que durante anos ele utilizou para torturar pessoas inocentes. Rastros de sangue se formavam em suas costas, tinha hematomas por todo o corpo e quase não tinha forças para se manter de pé.

Agora ele sentia em sua própria pele não somente a dor física, mas também uma dor mais cruel e profunda para alguém como ele; Sentia a dor da humilhação de ser acusado e julgado perante seus companheiros, muitos considerados por ele bruxos de classe inferior e que agora lhe olhavam com ar de superioridade e zombavam de sua condição. O ódio o consumia por dentro, mas não se renderia tão facilmente, decidiu engolir seu orgulho e tentar uma última manobra.

- Milord – tentou falar com as forças que ainda lhe restavam – eu não o trai, não tive culpa…

Mas não concluiu sua fala, pois foi bruscamente interrompido. Sentia-se queimar pelo olhar dos comensais. Nunca imaginou que seria vítima de sua própria quadrilha, chegava a ser irônico; Muitas vezes, ele conduziu pessoalmente inquisições idênticas contra traidores e se encarregou de ensinar aos companheiros os métodos de tortura mais cruéis e eficazes para se obter uma confissão de culpa… E agora ele era o réu.

- Cale-se! – gritou a figura esquálida, enquanto se dirigia a um dos encapuzados.

Ao perceber o olhar de seu mestre, o comensal fez uma reverência e retirou o capuz, revelando longos cabelos negros que emolduravam a face enigmática da única mulher que gozava da inteira confiança do Lord das Trevas.

– Bella, minha querida, falou em um tom irônico, quase parecendo suave – qual, na sua opinião, seria o castigo adequado os traidores que existem entre nós? O que deveríamos fazer para eliminá-los?

- A traição deve ser punida com a morte, Milord…- ela respondeu sem hesitar.

- Não! – suplicou o prisioneiro.

Embora Bellatrix Lestrange já houvesse provado sua lealdade inúmeras vezes, Voldemort não perderia a chance de colocá-la novamente em prova; Um verdadeiro comensal acima de tudo deve demonstrar lealdade a seu mestre e como Voldemort sabia do laço de parentesco que unia Bellatrix a Lúcio, mas do que isso, sabia da proximidade que existia entre os dois, ficou extremante satisfeito com a resposta de sua serva. Mas a morte seria um caminho fácil demais, Lúcio ainda precisava sofrer.

- Creio que tenha razão, minha fiel e dedicada Bella… Mas não se trata de uma traição qualquer… Após uma ordem silenciosa, a grande serpente cravou suas presas na pele do homem, o fazendo urrar de dor.

- Por causa de sua falha, Potter continua vivo e um dos meus súditos mais fiéis teve sua identidade revelada e agora corre grande perigo! Tu não foste capaz de controlar teu próprio filho, falhou na tua missão e agora terá a morte como castigo… Não me deixastes escolha, serei obrigado a eliminar todos os de nome Malfoy da face deste mundo! – ameaçou.

Diante da cena montada, Lúcio sabia que sua morte era certa, questão de minutos, talvez segundos, tentava manter-se frio e pensar, mas ao ouvir que sua sentença seria estendida a sua família, sentiu-se, pela primeira vez na vida, tomado pelo desespero e pensando no filho, decidiu fazer algo que nunca antes havia passado por sua cabeça: suplicar.

- Não, milord! Eu imploro! Sempre fui fiel… – suplicou.

- Cale-se Lúcio. Perdeu sua chance. Você e os seus irão pagar – Avadakedavra!

E um raio de luz verde selou o destino do comensal. Era o fim de Lúcio Malfoy e o início de uma guerra.

Longe dali, Severo Snape tinha uma importante decisão a tomar. Andava depressa pelos corredores enquanto tentava organizar seus pensamentos. Não podia trair o voto perpétuo que fez a mulher que sempre amou, mas também não poderia trair aquele que foi o único a lhe apoiar, o único que acreditou em sua palavra, o único que lhe deu uma chance. Não, ainda não era hora de revelar toda a verdade. È preciso ganhar tempo.- pensava.

Abriu bruscamente a porta de sua sala e encontrou um jovem ainda em estado de choque, sentando no chão com a cabeça baixa, apoiada sobre os joelhos. Aproximou-se do garoto sem muito jeito, nunca imaginou que se veria em uma situação tão crítica, não sabia exatamente o que dizer.

- Ele vai me caçar e me matar! Eu falhei! Eu não pude! – repetia o garoto seguidamente para si mesmo.

Snape nunca fora sentimental, mas não pode deixar de sentir pena do rapaz. Sabia que dias difíceis estavam por vir e se sentiu na obrigação de ajudar, talvez por Narcisa, talvez pelo fato de Draco ainda ser jovem demais para ter sua vida destruída, talvez por ele mesmo…

- Acalme-se! Lamentos não adiantam. Vamos, temos que deixar o castelo imediatamente. Em segundos haverá comensais por todos os lados… Hogwarts agora está à mercê do Lord das Trevas. – falou Severo entre os dentes.

- Para onde vamos?- quis saber o jovem.

Mas não houve resposta.

Aparataram em uma sala de estar, poucos móveis, decoração simples, porém muito aconchegante. Por alguns segundos foi essa a sensação que invadiu Draco Malfoy, sentiu-se estranhamente bem naquele ambiente, tinha um cheiro bom, acolhedor, como ali estivesse protegido de qualquer perigo.

Mas esse sentimento logo se desfez quando uma mulher de meia idade, de cabelos cor de fogo adentrou a sala como um furacão e começou a berrar:

- Como ousa invadir minha casa, Severo? O que quer aqui? E esse garoto? Será que ainda não estão satisfeitos com todo o mal que causaram? – falava a mulher sem tomar fôlego.

- Acalme-se Molly, logo terá todas as explicações que deseja – respondia Snape com uma assustadora tranqüilidade, sem se importar com o olhar raivoso que a Senhora Wesley lhe lançava. A discussão continuava, quando foram interrompidos pela chegada de Lupin seguida por Moody e McGonagall.

- Mas o que está acontecendo? Arthur! Arthur, você sabia disso? – perguntou fulminando o marido.

Arthur Wesley havia recebido uma coruja de Moody há minutos atrás comunicando sobre a reunião de emergência com a presença de Severo Snape e Draco Malfoy. O choque das últimas notícias foi tão grande que fez com que permanecesse estático tentando assimilar todas as informações que havia recebido e por isso deixou de prevenir a esposa.

- Acho que estão todos aqui – disse Lupin, enquanto se encaminhavam para a enorme mesa de jantar da família Wesley.

- Acomodem-se, por favor – pediu o senhor Wesley - Severo Snape tem algo importante a nos dizer.

- E quanto a ele? – questionou Tonks, dirigindo seu olhar a Draco, que permanecia estático ainda sem conseguir acreditar que estava na famosa “Toca” dos Wesley.

- Os garotos estão lá em cima, creio que o senhor Malfoy deve se juntar a eles – concluiu a senhora Wesley.

Há quase duas horas Tonks e Hagrid tinham escoltado Harry, Rony, Gina, Luna e Hermione em segurança até a Toca; Hogwarts já não era um local seguro, já não havia um local seguro em todo o mundo mágico, principalmente para aqueles jovens. Pela primeira vez desde sua fundação, Hogwarts entrou em estado de emergência e os alunos foram enviados para as suas famílias num esquema nunca antes visto.

- Não. Ele fica. – disse Moody.

Contrariada, a senhora Wesley ainda tentou questionar, mas McGonagall interveio – O destino do senhor Malfoy será decidido esta noite. Ele deve ficar.

- Sente-se senhor Malfoy e vamos iniciar a reunião – disse Lupin, enquanto McGonagall cochichava com o senhor Wesley que garantia ter confiscado todos os pares de orelhas extensíveis existentes na casa, a fim de garantir o sigilo da reunião.

O clima era tenso. Draco estava nervoso, mas não iria demonstrar. Nunca imaginou precisar daquelas pessoas que sempre considerou traidores do sangue, indignos da posição que ocupavam. Pensava em sua mãe, no que aconteceria com ele, certamente Voldemort não permitiria que ele vivesse mais um dia… Mas seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Arthur Wesley.

- Severo, poderia nos contar o que realmente aconteceu? Como essa desgraça se abateu sobre nós?

E prontamente Snape começou a narrar detalhadamente os últimos acontecimentos que levaram a morte de Alvo Dumbledore. A cada palavra, Draco sentia-se mais miserável, como pudera ser tão ingênuo e acreditar nas promessas de poder de Voldemort? Ele era apenas mais um fantoche que seria usado para executar o trabalho sujo e que ao final seria entregue aos leões.

Essa era a verdade. Ele mataria Dumbledore e seria perseguido pela Ordem de Fênix, enquanto Voldemort seguiria com seus planos sem chamar atenção. Era tão simples, mas ele não conseguiu enxergar; Só pensava em conseguir mais poder e em destruir Harry Potter e seus amigos.

-… e por fim, avisei a Narcisa, que no momento se encontra escondida, em um lugar que eu mesmo desconheço – concluiu Severo Snape.

- Então, você afirma que Dumbledore tinha conhecimento de todo o plano, inclusive da situação de Draco Malfoy, e ainda assim, lhe pediu que o protegesse? – questionou Moody.

- Sim. Draco Malfoy foi usado como isca para desviar a atenção da Ordem, permitindo que Voldemort executasse seus planos tranquilamente.

- Muito cômoda essa afirmação, não? Um garoto de dezesseis anos recebe a missão de matar o maior bruxo vivo do mundo. Esperto demais para escapar do local do crime e inexperiente demais pra não ser capturado em seguida. Por que Alvo permitiria? Ele poderia ter impedido – falou Tonks.

- Alvo sabia que ia morrer e por isso me pediu que tomasse todas as providências, incluindo entregar esta carta a você, Minerva – e entregou um pergaminho a mulher sentada ao seu lado.

O pergaminho era sem dúvida autêntico, pensou McGonagall reconhecendo a caligrafia do velho amigo e nele Dumbledore mais uma vez depositava sua confiança nos membros da Ordem da Fênix para proteger o Harry Potter e seus amigos até o momento que as profecias fossem cumpridas e o mal derrotado por completo. E ao final, o velho diretor afirma que Draco Malfoy possui um papel importante na guerra que se inicia e deve ser visto como responsabilidade da Ordem.

- Muito bem, então Alvo diz que Draco Malfoy é nossa responsabilidade… Mas isso não apaga o fato de que aceitou participar de um plano para cometer um assassinato. O que tem a nos dizer em sua defesa, senhor Malfoy?- indagou Arthur.

Draco mal podia digerir toda aquela situação. O homem que quase matou sempre soube que ele tentaria fazê-lo e não o impediu e ainda o colocou sob a proteção da Ordem da Fênix, até então seus maiores inimigos.

- Eu… Eu creio não ter nada a dizer. Cometi um erro – falou sério, já sem o tom orgulhoso que sempre tivera.

- O senhor Malfoy entende as conseqüências do que fez, mas está disposto a cooperar. – começou Snape.

- Não sei se podemos confiar nele – interrompeu Moody. Mesmo sendo jovem é um comensal!

- Não sou mais. E nunca voltarei a ser chamado assim. Fui usado, e agora eu e minha família seremos caçados e mortos por uma missão que desde o início eles sabiam que não seria cumprida por mim! Eu não matei ninguém! Não sou um assassino! – desabafou Draco.

- Tudo bem, temos que considerar a vontade de Dumbledore. Se o jovem Draco está disposto a mudar de lado e a lutar conosco, devemos aceitá-lo – ponderou Molly Wesley, que a esta altura já olhava para o garoto com um olhar maternal.

- O senhor estaria disposto a cooperar integralmente com a Ordem, revelando tudo o que sabe e aceitando nossas decisões sem questionar? – indagou Lupin.

Todos sabiam que não estavam diante de um simples garoto. Draco era filho de Lúcio Malfoy um dos comensais mais cruéis que já se teve notícia e foi criado para suceder o pai junto ao Lord das Trevas, acolhê-lo poderia ser um erro fatal, mas por outro lado, sua colaboração naquele momento crítico poderia ser decisiva para a Ordem de Fênix. Alvo Dumbledore sabia disso, e deixou claro em suas últimas palavras Draco Malfoy merecia uma nova chance.

- Sim – respondeu Draco sem hesitar, embora não lhe agradasse a idéia de receber ordens, o que importava no momento era manter-se vivo.

Enquanto isso, no andar de cima, um jovem ruivo encontrava-se indignado e falava com raiva:

- Por que não podemos participar da reunião? E o que aqueles traidores fazem na minha casa?

- Calma Rony, mamãe disse que nos chamariam no final da reunião e nos explicariam tudo – falou Gina, numa tentativa de amenizar o clima de tensão.

Todos estavam reunidos no quarto de Rony, que andava de um lado para o outro sem conter a ansiedade. Após a notícia da morte de Dumbledore, Harry Potter e seus amigos ficaram aos cuidados de Hagrid por algumas horas, até o momento de serem trazidos para a Toca.

Ainda com a voz trêmula, Hagrid explicou aos garotos que devido aos trágicos acontecimentos, as aulas ficariam suspensas e a escola seria evacuada. Minerva McGonagall havia assumiu a direção de Hogwarts e iniciado os procedimentos para que os alunos retornassem as suas casas em segurança, mas aquele grupo era especial. O menino que sobreviveu e seus amigos certamente corriam mais perigo e por isso era preciso cautela.

McGonagall decidiu recorrer a Ordem de Fênix para garantir a segurança dos jovens e solicitou a Tonks, auror do Ministério da Magia que os acompanhassem até a residência dos Wesley, onde deveria ser decidida a melhor maneira de mantê-los em segurança. Nunca tinham imaginado ver Hogwarts daquela maneira, a alegria sumiu por completo do ambiente sendo imediatamente substituída pelo medo e insegurança.

Ao chegarem a Toca, todos foram recebidos com muito carinho pelo casal Wesley, mas não permaneceram em sua companhia por muito tempo, sendo de pronto obrigados a subirem para os quartos. Estava claro que eles não eram os únicos a serem esperados naquela noite.

Harry permaneceu em estado de choque por algum tempo, mas logo foi tomado por um sentimento estranho. Queria encontrar o responsável por todas as tragédias de sua vida e queria fazê-lo imediatamente. Foi um custo para Tonks e Hermione o convencerem a aguardar as instruções da Ordem.

- Se pelo menos ainda tivéssemos as orelhas extensíveis… Vocês têm certeza que os gêmeos não deixaram outro par? – perguntou Harry que também já não conseguia esconder o nervosismo.

- Papai confiscou todos os pares – lamentou Rony voltando sua atenção para uma garota de cabelos castanhos, que permanecia de cabeça baixa. - Não sei como você consegue ler numa hora dessas, Mione!

- Ora Rony, estou apenas tentando me distrair. De que adianta ficar andando de um lado pro outro, afinal? - respondeu a garota.

Hermione mantinha-se sentada na poltrona com os olhos direcionados para o livro que tinha nas mãos, mas não lia. Sua cabeça fervilhava tentando juntar as peças daquele imenso quebra-cabeça? Qual seria o próximo golpe de Voldemort? Como detê-lo? Ela sempre foi assim, a inteligência sempre foi sua principal arma, aprendeu desde cedo que devia estar sempre um passo a frente dos outros, primeiro porque era mulher, depois porque era nascida trouxa e agora porque a vida das pessoas que amava dependia disso. Sua grande preocupação naquele momento era proteger seus amigos, faria o que fosse preciso, estudaria até seu limite, descobriria um caminho e guiaria Harry com máximo de segurança possível a cada uma das horcruxes.

- Garotos, venham até aqui! – a voz do senhor Wesley despertou Hermione de seus devaneios e logo a garota descia as escadas, acompanhada por Harry, Rony, Gina e Luna.


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