Procura-se Uma Babá escrita por Kel Costa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Lembrando que eu somente posto a fic para a K, ela quem escreve...

Boa leitura.



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Durante o jantar eu me sentei  em silêncio e permaneci assim até que o celular do meu patrão tocou e ele atendeu, falando comigo ao mesmo tempo. Devagar, por favor.

- Desculpe... Eu não entendi.

Eu tinha colocado em meu perfil do site que não falava um inglês perfeito e torci para que ele não tivesse achado que aquilo era só brincadeira. Eu realmente boiava com algumas expressões ou quando falavam rápido demais. Sr. Cullen... ou Edward, como ele prefere, me olhou e franziu a testa.

- Ah sim. Eu apenas pedi licença para atender essa ligação. Já volto.

Como era possível eu não ter entendido uma coisa tão ridícula? Seria preciso ficar mais atenta para não dar outro mole como esse. Sofia ficou olhando o pai enquanto ele se retirava da sala de jantar. Ela tinha uma carinha triste por vê-lo se afastar, então eu tive a idéia mais patética de todas.

- Ei Sofia, você já fez montinho de arroz?

A menina me olhou sem entender, talvez por eu não ter achado a palavra certa para “montinho” em inglês. Eu comecei a brincar com minha comida e ela ficou me olhando curiosa. E então felizmente Sofia começou a me imitar, colocando o arroz empilhado de um lado do prato, até que a cozinheira apareceu na sala.

- O que você está fazendo? Ensinando-a a brincar com a comida?

- É! Legal, não?

- Não.

Ouch, doeu. Larguei meu garfo rapidinho e abaixei a mão de Sofia para ela fazer o mesmo. A mulher carrancuda saiu da sala e eu agradeci por ela estar indo embora. Só precisaria aturá-la novamente amanhã.

- Credo, ela é sempre simpática assim?

Perguntei e Sofia balançou a cabeça positivamente. Quando eu soltei sua mão, ela voltou a fazer o montinho do jeito que eu tinha mostrado.

- Sabe que eu sinto que a gente vai se dar bem?

Esfreguei a cabeça de Sofia que nem os adultos costumam fazer com as crianças e me senti a verdadeira adulta. Até que era bom não ser a pirralha do lugar, né? Fazia eu me sentir importante...

- Sofia, não brinque com a comida.

Ah cacete, até ele? Eu abaixei novamente a mão da menina quando Edward voltou para seu lugar e sorri para ele.

- Ela inventou de ficar fazendo isso. Pff... Mania de criança mesmo.

Oh, eu espero que ela me perdoe. Aproveitei que o patrão não estava nos olhando e sorri para a menina. Será que ela entendia linguagem labial. Eu mexi minha boca dizendo: “esse é nosso segredo”.

- Então, Isabella, pretende fazer algum curso na cidade? Eu preciso que você veja isso para então podermos montar seu horário com Sofia, ok?

- Claro. Eu vou dar uma pesquisada o quanto antes.

- Certo, eu agradeço.

Eu não sabia se comia, se prestava atenção em Sofia ou se olhava para meu patrão. Putz, devo estar pagando todos os meus pecados. Eu não tinha muito bem o costume de fazer refeições em família, então quando terminei de comer, fiquei apenas sentada em meu lugar, esperando. Não sei exatamente o que, mas eu estava esperando.

- Isabella?

- Sim?

Nossa, aqueles olhos não deviam ter encarar tão rapidamente e profundamente. Deixava qualquer mulher tonta.

- Se já terminou não precisa ficar aqui. Quando eu estiver em casa, Sofia fica por minha conta, não se preocupe.

Eu fiquei radiante! Pedi licença e me retirei, indo direto para meu quarto terminar minhas arrumações. Devo admitir que meu instinto profissional – eu tinha mesmo isso? – me fazia pensar em Sofia de vez em quando, me preocupando se ela estava mesmo aos cuidados do pai ou se ele estava com o celular no ouvido enquanto a garota se afogava na piscina. Ou isso, ou então minha preocupação era mesmo só com a piscina... Que por sinal, era linda!

Já era bem tarde quando saí do quarto, tomada de banho e com vontade de já me enfiar dentro de um pijama confortável e me jogar na cama. A viagem e o dia tinham sido cansativos, mas antes de fazer isso, resolvi ir até a cozinha para beber água. Quando eu estava voltando, ao passar pela sala, dei de cara com meu patrão, apenas de sunga, com uma toalha branca em vota do pescoço, passando por ali. Oh merda. Pensa rápido, pensa rápido! Pensa, pensa! Uau, que abdômen!

- Eu... Eu... Sede!

OMG! Pior impossível. Edward me observou, franzindo a testa e considerando ter contratado uma maluca para tomar conta da filha.

- O que?

- Eu tive água! Quer dizer, eu tive sede. Isso... E vim beber água.

- Tudo bem.

Não olha para o material dele! Não olha! Eu tinha 2 segundos para dar o fora dali antes que piorasse ainda mais a minha situação. Passei por ele, sem olhar para o lado e subi as escadas. E isso era apenas o primeiro dia. Como eu achava que sobreviveria àquilo? E o que diabos ele estava fazendo se sunga tão tarde? Eu entrei no meu quarto e vi que o relógio de cabeceira marcava mais de onze horas. Será que ele gostava de nadar de noite? Talvez para relaxar? Peguei o papel com os horários de Sofia na escola e fiquei decorando aquilo enquanto esperava o sono chegar. Eu demoraria a dormir aquela noite...

[...]

Sabe quando você está dormindo ou está de costas para uma porta e sente que tem alguém por perto, te observando? Eu não sei explicar direito, mas eu sentia algo assim e quando abri meus olhos, vi Sofia sentada igual Buda ao meu lado.

- Sofia? Como você entrou aqui?

Ela apontou singelamente para a porta. Oh, jura? Quantos anos você tem, Bella?

Enquanto a menina me olhava esperando por alguma reação minha, eu procurei pelo despertador e quase torci o pé com o pulo que dei da cama. Como era possível eu ter perdido a hora no primeiro dia que levaria Sofia para a escola? Saí tropeçando em meus próprios pés e peguei a folha com o horário dela que estava em cima de uma mesinha. Eu tinha menos de meia hora para me arrumar, alimentá-la e chegar sã e salva na porta da escola.

— Sofia, vá se arrumar! Nós estamos atrasadas!

Era sacanagem de minha parte falar aquilo para ela, pois a única atrasada ali era eu, mas foi preciso apressá-la daquele jeito. A pimpolha saiu em silêncio do quarto e foi fazer o que eu mandei, conseguindo estar pronta antes de mim. Impressionante!

— Ok, melhor nós irmos logo, né?

Eu teria tempo para escovar os dentes e pentear os cabelos depois... Cheguei que nem um furacão na cozinha e me senti um tanto perdida por ali. Aquela era a área de outra pessoa e a cozinheira da família não devia ir muito com a minha cara, já que eu não conseguia achar nada direito por ali.

— Você gosta de leite, né? Quem não gosta de leite? Vamos tomar leite então!

Eu não achei nenhum copo normal, então improvisei uma taça de cristal mesmo. Esperava pelo menos que ninguém ficasse sabendo daquilo. Sofia bebeu o leite enquanto eu segurava suas duas mãos para evitar que ela deixasse a taça cair e finalmente quando ela terminou – foi meio lenta, devo dizer – nós pudemos ir embora!

Eu ainda olhei para um dos carros parado lá na garagem e me amaldiçoei por nunca ter tirado a maldita carteira de motorista. Se eu tivesse feito isso, não precisaria ir a pé com Sofia para a escola, que até ficava razoavelmente perto da residência – se não fosse o fato de estarmos atrasadas.

— Me diz, Sofia... Você acha que seu pai ficaria chateado se eu pegasse o carro?

Ela balançou a cabeça negativamente. Criança é tudo inocente mesmo, né? E eu juro que realmente cogitei a hipótese de sair dirigindo sem habilitação, mas não achava que seria liberada facilmente se a polícia me parasse. Ajeitei a roupa da menina e sorri para ela.

— Sabe que lá onde eu cresci, as crianças costumam apostar corrida para ver quem é mais legal? Então... Sebo nas canelas!

Um dia eu seria castigada por tudo aquilo, certeza! Peguei na mão de Sofia e saí correndo pela calçada arborizada. Tomara que ela seja uma criança resistente. A lancheira dela fazia barulho enquanto corríamos e por incrível que pareça, eu parecia mais cansada do que ela quando chegamos na esquina da escola.

— Oh meu pai! Estou morrendo!

Sofia estava me abanando com as mãos enquanto eu tentava não desmaiar ali. Recuperei meu fôlego e me despedi dela, que entrou no prédio escolar depois de acenar para mim.

Tentei me recompor quando percebi alguns olhares assustados para cima de mim. Lógico, porque quem disse que eu tinha sido capaz de lembrar de me pentear antes de sair correndo de casa? Minha aparência devia estar algo de outro mundo mesmo.

— Ei, você está bem?

— Claro!

Sorri para o rapaz moreno que parecia preocupado comigo. Ou com o bem-estar das pessoas em volta de nós. Ele era um pouco só mais alto do que eu e tinha cabelos pretos arrepiados. Interessante...

— Você estava parecendo que ia desmaiar...

— Sério? Que nada! Eu estava apenas exercitando meus joelhos. Flexioná-los faz bem para os ossos!

— Jura? Nunca ouvi essa teoria.

E quem ele achava que era? Einstein? O garoto prodígio esticou a mão para me cumprimentar e eu retribuí o gesto educadamente.

— Sou Jacob Black, dou aulas aqui. Você é...?

— Isabella.

E parei aí mesmo. Nada de dizer meu sobrenome. O cara era professor... Faça-me o favor, né? De pobre já bastava eu!

Fiquei olhando para o professor, esperando que ele se tocasse que devia ir dar suas aulas e parar de me secar. Ele, no entanto, não parecia ter notado a minha intenção e continuou falando.

— Isabella? Não tem sobrenome?

— Tenho sim!

Abri um sorriso bem exagerado e ele pigarreou um pouco sem graça. Será que agora tinha dado para notar que eu não iria falar meu sobrenome? Não que eu fosse alguém muito importante, né?

— Ok Isabella. Espero que fique bem... Você está realmente muito vermelha.

Lógico que eu estava! Maldita corrida! Passei a mão em meus cabelos semelhantes à ninho de passarinho e fiz minha melhor pose sexy.

— Minha pele é muito delicada, aí eu fico assim no sol.

Não tinha mesmo uma resposta melhor para eu dar, né?  O professor ficou me olhando por um momento, talvez procurando por alguma resposta, até que eu estiquei minha mão para acabar com aquilo logo.

— Tenho que ir, foi um prazer!

— Igualmente.

Saí rápido daquela situação embaraçosa e voltei para casa, caminhando devagar dessa vez e aproveitando o ventinho daquela rua arborizada. Teria sido uma manhã tranqüila se eu não tivesse me atrasado.

Ao chegar em casa, percebi que não tinha muito o que fazer por lá enquanto Sofia estivesse no colégio. A empregada carrancuda que devia ter chegado enquanto eu estava fora, não ia muito com a minha cara, então nem adiantava eu tentar fazer amizade com ela. Enrolei bastante em meu quarto, arrumando o armário umas 3 vezes só para as horas passarem mais rápido. Bem, elas não passaram.

— Oi, tudo bem?

Sim, eu desisti de manter distância e fui procurar a empregada. Ela estava de costas para mim, lavando alguma coisa na pia e virou-se para me olhar com sua cara azeda.

— Quer alguma coisa?

— Na verdade, eu queria saber o que tem de lazer por aqui...

— Não tenho tempo para lazer.

Tenho medo dessa pessoa. Agradeci com um sorriso silencioso e dei alguns passos para trás até estar longe o suficiente dela. Sua cara de psicopata não me agradava. Foi quando vi um porta-retrato sobre um móvel e a foto era do meu patrão segurando Sofia no alto, dentro da piscina. Tinha lazer melhor do que fazer uma visita àquela atraente piscina?

Não havia cláusula nenhuma sobre não poder usar a piscina da residência. Aliás, eu sabia perfeitamente que quando Sofia não estivesse em casa, sob os meus cuidados, eu podia fazer o que quisesse para passar o tempo. Usufruir da piscina deveria estar incluído nisso, certo? Sabia que a cozinheira ranzinza não iria me responder caso eu perguntasse, então subi para o quarto e peguei um dos biquínis que tinha tido a brilhante idéia de levar. Tudo bem que ele não era a roupa mais comportada do mundo, levando em consideração o tamanho da calcinha de biquíni que as americanas costumavam usar, mas... quem se importa? Não tinha ninguém mesmo para ver minha bunda ali.

— Vai sair?

A moça simpática – ironia pura claro – perguntou quando me viu descendo as escadas apenas com uma saída de praia cobrindo o biquíni. Sorri para ela e passei a mão pelos meus cabelos que mesmo bagunçados, eram mais sedosos do que os dela.

— Vou tomar um banho de piscina. Estou com tempo livre.

— Vai querer que chame quando o almoço estiver pronto?

Não, prefiro que me deixe morrer de fome mesmo! Passei por ela tentando contar até 20 e respirei fundo. Ela me olhava com sua carranca que parecia ser definitiva naquele rosto.

— Por favor, me chame.

— Não vou ficar gritando!

— Não precisa, basta me chamar normalmente...

A pessoa já acordava com raiva da vida, só pode! Fiquei me perguntando se minha adorável e simpática amiga tinha algum namorado, pois não parecia... Era como se ela precisasse extravasar, se é que me entendem.

Cheguei na parte externa que ficava atrás da casa e exibia uma estonteante e atraente piscina de água azul cristalina. O calor que estava fazendo só me dava mais vontade de pular ali dentro e virar peixe.

Tirei a roupa e pulei na água gelada, que parecia percorrer todos os meus músculos e fazê-los relaxar. O bairro era tranqüilo e a casa super silenciosa, o que me proporcionava uma calmaria perfeita. Depois de nadar um pouco, deitei na beira da piscina, sobre a pedra molhada e fechei os olhos por um momento. Talvez tenha dormido, não sei ao certo, mas quando acordei, o sol já tinha mudado de posição e eu já sentia que não era mais o sol da manhã e o cheiro da comida era inebriante. A minha amiga simpática com certeza já devia ter preparado o almoço há tempos e não me chamou. Se dependesse dela, eu provavelmente teria dormido ali na piscina até a hora da janta.

— O almoço está servido...

Meu susto com a voz masculina atrás de mim foi tão grande que rolei para o lado e caí na piscina, bebendo um pouco d’água e sentindo mais um pouco entrar pelo nariz. Quando voltei à tona, pude ver o rosto do meu patrão, agachado com uma expressão preocupada. O que diabos ele estava fazendo em casa?

— Você está bem?

O Sr. Cullen esticou uma mão e eu a segurei sem pensar duas vezes. Estava chocada demais para raciocinar. Ele me puxou – oh Deus, ele era forte – com facilidade para fora da água e por um breve momento eu desejei que ele fosse a toalha.

— Estou...

— Não quis assustá-la, me desculpe.

Ele me entregou a toalha que eu tinha deixado em cima da mesa ali perto e me enrolei nela. Não que eu estivesse reclamando dele ter me olhado rapidamente dos pés à cabeça...

— Eu estou só... É... Esperando Sofia sair do colégio.

Meu patrão meio que ignorou o que eu disse e saiu andando de volta para dentro de casa. Eu não iria ser demitida, né? Porque mal tinha acabado de chegar e meus pais provavelmente estavam comemorando a casa só para eles.

— Não precisa dar explicações, Isabella. O seu tempo é livre quando minha filha não estiver em casa. A casa é para ser usada sem cerimônia, afinal, ela será também sua casa durante meses.

Eu me sentia uma tola com ele falando daquele jeito, como se precisasse explicar tudo para uma criança conseguir entender. Era fato que Sofia deveria ser mais perspicaz do que eu, mas a culpa também era do inglês, lógico! Eles falavam rápido demais e eu custava um pouco para acompanhar e manter o raciocínio.


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Notas finais do capítulo

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