- Justin? O que você está fazendo aqui? – disse levantando e encarando ele, indignada.

     - Eu que pergunto! O que você ta fazendo com aquele cara? – disse ele tirando óculos escuros – que é claro que era o disfarce – e deixando o boné.

     - Ele é só um amigo. – disse falando baixo – E não era pra você estar com as suas namoradinhas, na sua turnê, que é em outro pais?

     - Eu não tenho namoradinhas, Nicolle. – disse ele alterando a voz. – E eu atravessei o país por sua causa, pra tentar me desculpar com você. Eu parei a minha turnê, Nicolle!

     - Pensasse nisso antes de fazer o que fez! – disse deixando cair uma lágrima.

     - Ah, então quer dizer que isso não significa nada pra você? Então ta Nicolle. Fica aí com esse... seu amigo, e finja que eu nem existo. Eu senti sua falta Nicolle, eu não conseguia terminar shows. – disse ele dando uma pausa e deixando lágrimas cair também. – Ah quer saber? Eu não estou nem aí. Acho que acabou. – disse ele tirando do bolso alguma coisa e atirando no meu pé.

      Ele saiu enxugando o rosto e bravo da festa, andando rápido. As pessoas que estavam por perto ficavam revezando o olhar em eu chorando, e ele saindo da festa. Se tinha alguma fã, ela segurou a onda, porque nenhuma menina gritou, chorou, ou foi atrás dele.

      Abaixei de vagar e peguei o que ele tinha jogado. Era mais um daqueles adesivos de parede que ele me dava no inicio do nosso namoro. A forma era de uma flor, uma tulipa.

     - Você está bem Nicolle? – disse Lucas me abraçando por trás.

     - Me da um carona pra casa? – disse chorando ainda mais.

     - Claro. Vamos. – disse ele limpando as minhas lágrimas, e pegando na minha mão.

     - Susana, me desculpa. Eu não queria que isso tivesse acontecido. Mas mesmo assim, obrigada pelo convite. – disse sorrindo meio forçadamente e dando um abraço nela.

     - Sem problemas. Se precisar de alguma coisa pode me ligar, ok? – disse ela sorrindo. Sorri também e continuei meu caminho pro carro.

     Eu não estava a fim de falar uma palavra, com ninguém, e Lucas respeitou isso. A única coisa que falávamos no carro era o caminho para a minha casa, já que ele não sabia onde era. Em alguns minutos ele estacionou o carro em frente a minha casa. As luzes estavam todas apagadas, mas é meu obviu, porque já era de madrugada. Ele desligou o carro e ficou em silêncio.

    - Então, obrigada por me trazer aqui! – disse dando um meio sorriso e saindo do carro.

    - Não, espera Nicolle! – eu sentei de volta e encarei ele. – Eu sei que você não quer falar disso, mas me liga. Qualquer coisa que você precisar pode falar comigo. E se quiser desabafar sobre isso também... – disse ele me dando um papelzinho.

    - Ok, obrigada Lucas, mesmo. – dessa vez eu sai, bati a porta, e fui andando rapidamente para dentro de casa. Cheguei e fui na cozinha pegar um pouco d’água. Apoiei na bancada, e me lembrei dos acontecimentos. Eu não conseguia resistir. Meu coração doía ainda mais. Eu não conhecia mesmo o Justin. Eu sempre pensei que ele fosse o homem certo, que me amasse de verdade mesmo.

    Estava tão triste que pensei em ficar lá o resto da noite, mas aí eu ouvi um barulho no andar de cima, pensei que eram meus pais, e subi correndo. Tranquei a porta, coloquei o meu pijama e fui direto pra cama. Antes eu já não tinha vontade de fazer nada, agora o que eu quero mesmo é morrer!

   Eu revirei a noite, não conseguia tirar aquelas palavras, aquela cena, da minha cabeça. Quando eu me dei conta o sol já estava passando pelo espaço aberto da minha cortina. Meu despertador tocou, mas mesmo assim eu não levantei. Ouvi batidas na porta e minha mãe entrou silenciosamente.

    - Filha, a Clara me ligou. Ela pediu pra se desculpar com você. Ela não estava na hora que tudo aconteceu, e só ficou sabendo depois! Ela me contou tudo, se quiser não precisa ir a aula... – disse ela afagando meu cabelo totalmente bagunçado.

     - Tudo bem mãe, acho que eu não vou mesmo não.

     - Ok, se mais tarde quiser conversar, vou estar aqui. – disse ela levantando e saindo do quarto.

     Como ainda era cedo, mas eu estava sem sono, eu liguei a TV, e fiquei na cama mesmo. Coloquei na Nick e estava passando Bob Esponja. Eu gostava! Mas nem isso conseguiu me distrai muito! Peguei meu Not e o liguei. Entrei no meu email, face, essas coisas. Mirian tinha me mandado milhões de email, tipo: “Como você esta? ”, “Me liga aqui vadia”, “Pelamor de Deus, me diga o que ta acontecendo Nicolle? Justin Bieber? Como é que é?”

   Ri interiormente, mas fiquei com preguiça de responder. Ela estava realmente desatualizada! E agora também não era uma boa hora. Meu dedo estava coçando para eu entrar naqueles sites de fã-clube do Justin, que tem todas as notícias dele. Na boa, parece que elas seguem ele, porque sabem de tudo que acontece na vida dele! Quando eu dei por mim já estava abrindo uma nova guia e procurando por um desses sites no Google. Abri o que era mais visitado e uma foto de nós dois estava estampada na “capa”.

   Abri a notícia toda e fui ler. Estava falando mais ou menos assim: “Justin Bieber terminou oficialmente com sua namorada Nicolle Jackson. O motivo do termino não foi ainda não foi divulgado! Parece que o clima diminuiu quando Bieber saiu de turnê e foi visto junto com outra garota. Ontem ele foi visto em Atlanta, e aparentemente ele largou a turnê. Clique aqui e saiba mais.”

   Lendo isso fica ainda pior. Segurei as lágrimas e abri a outra notícia. Nela falava assim: “ Justin Bieber teve que cancelar a turnê por motivos pessoais. Ainda faltavam duas semanas e shows em 10 cidades. Algumas fãs se revoltam e fazem um pequeno protesto em frente ao hotel em que ele estava hospedado. Muitas pessoas deduziram que ele largou a turnê por causa da sua ex-namorada Nicolle Jackson, mas ninguém tem certeza.”

   Depois eu fui ler alguns comentários. Tinha uns assim: “Vadia, ainda bem que terminaram mesmo, menina metida, odeio você Nicolle!”, e outros assim: “ Pena! Gostava dela. Dava pra ver que perto dela o Justin ficava muito feliz!”, e mais assim: “ Prefiro ela do que a Selena”. Fiquei assustada, claro, mas não levei aquilo a sério, já tínhamos terminado mesmo.

   Tudo bem que eu falei que ele abandonar a turnê não significava muito pra mim, mas eu me arrependo. Mas isso não muda o que eu estou sentido por ele agora, eu ainda estou magoada. E mesmo se eu tivesse falado aquilo eu acho que não estaríamos juntos agora. Mas acima de tudo, eu sinto falta dele. Daquelas nossas saídas escondidas pra ir ao parque, dos telefones de noite, do beijo dele! Que merda! Como eu pude achar que isso daria certo?

     P.O.V Justin:

    - O que aconteceu Justin? Cadê a Nicolle? – disse o Chaz parado na porta do carro, quando eu estava voltando da festa.

    - Nada. Só entra no carro. – disse falando rápido, e entrando sem nem olhar pra ele. Dei a partida no carro, e ele nem tinha fechado a porta ainda. Eu sabia que ele tava com uma cara de bunda, mesmo sem olhar pra ele.

   - Pode, por favor, me explicar o que aconteceu?

   Fiquei por um tempo em silêncio, depois disse:

   - Ela não ficou nem um pouco impressionada por eu ter parado a minha turnê, de ter fugido do hotel, só com a minha mãe e o Kenny sabendo. Disse que não vale nada perto do que eu fiz pra ela. – disse parando o carro no acostamento de qualquer jeito, e encostando no volante.

    Ele ficou em silêncio um tempo, talvez pensando no que ia falar. Eu estava com tanta raiva, tão magoado, que dava vontade de socar o vidro do carro. Mas me segurei.

   - Pelo menos agora eu sei que vocês dois são trouxas!

  ********

   Eu e Chaz paramos em um hotel e pegamos um quarto. Olhei no meu celular e tinha algumas ligações perdidas da minha mãe. Como eu não estava a fim de falar daquilo, eu não retornei. Chaz não falou mais nada depois do carro. E eu achava melhor assim! Já que o plano não deu certo, depois de amanha já estávamos embarcando de volta para a turnê de novo. O único lado positivo era que eu tinha perdido apenas dois shows, e uma entrevista em um programa de TV.

   No quarto tinha duas camas (ainda bem) e eu peguei a que ficava mais perto da janela. Troquei de roupa e deitei. Chaz foi ver TV e comer alguma coisa do frigobar. Eu não estava com sono algum, mas não tinha vontade fazer nada!  Depois de eu tempo eu vi que ele ficou com sono, pois ele desligou a luz, e só deixou acesa a do abajur.

  - Chaz?

  - Oi?

  - Obrigado por ter vindo aqui comigo, e ter tentado me ajudar com a Nicolle!

  - Todo bem cara. Mas você sabe que não acabou né?

  - Como assim? – disse virando pra ele.

  - Justin, eu te conheço há bastante tempo. Tempo o bastante pra saber que quando você gosta de alguém, você não deixa seu orgulho atrapalhar. E também não importa o que ela falou! Mesmo com tudo isso que aconteceu, você gostaria de estar do lado dela, não?

  - Gostaria Chaz, mas não é só isso! Você nem sabe o que ela disse...

  - Eu não sei, mas sei que foi da boca pra fora. Ela só foi levada pela tensão do momento, e aporto que você falou coisas que se fosse agora, pensando duas vezes, você não falaria!

  Respirei fundo, e virei pro outro lado. Ele até tinha razão. Mas ela é orgulhosa, mesmo que ela se arrependesse ela não voltaria atrás. E eu cansei de correr atrás e me fuder. Sinto a falta dela? Sinto. Mas pense só: o que eu falaria pra ela que a fizesse mudar de ideia? Nada. Já estava cansado, e com dor de cabeça, de tanto pensar naquilo, então peguei no sono rápido. Não consegui dormir direito. Acordei varias vezes durante a noite, e demorava pra pegar no sono de novo. Quando eu percebi já era de manha. Olhei no relógio e era 7 horas, então eu levantei e fui tomar um banho. A dor de cabeça tinha passado um pouco, mas ainda sim eu me sentia um pouco mal. Não sabia o que eu e o Chaz faríamos aqui hoje. O combinado seria que eu e a Nicolle passássemos o dia juntos, e o Chaz procuraria alguém no hotel ou aqui por perto. Mas não ia ser mais assim.

   Saí do banho com uma toalha em volta da cintura. Quando eu olhei para cama do Chaz, ele tava com a cara na cama, e ajoelhado no chão. Eu parei de passar a mão no cabelo e encarei ele.

   - Qual é seu problema?

   - Por favor, diz que eu não vou ter que levantar agora! – disse ele com a cara enterrada no colchão.

   - Não, não precisa, eu acho. – disse colocando uma cueca e uma calça.

   Ele fez um pequeno esforço pra voltar pra cima da cama, e em menos de cinco segundos ele já estava num sono profundo. Suspirei e coloquei uma blusa, o meu cordão, e um boné. Tinha uma mensagem do Scooter pedindo pra eu ligar pra ele, então fui até o jardim do hotel e chamei o número dele.

   - Justin?

   - Mãe? O que você ta fazendo com o telefone do Scooter?

   - Ah, Justin. Eu estava preocupada com você. Está tudo bem aí? Conseguiu falar com a Nicolle? – disse ela falando de pressa.

   - Ah, está tudo bem sim, mãe. E eu consegui falar com a Nicolle, e deu errado! – disse eu me sentando num banco, e apoiando minha mão na cabeça.

   - O que? Por quê?

   - Ah, é uma longa história. Agora a gente terminou de verdade. E eu e o Chaz compramos as passagens da volta antes de encontrar a Nicolle, e a gente comprou para amanha. Eu não sabia que ia dar errado! Enfim, o vôo é amanha de tarde!

   - Não, Justin. Não é assim. Vocês se gostam, eu vi o jeito que ela olha pra você, e você olha pra ela. Eu sei que você está cansado de ouvir isso, mas vá atrás dela. Não deixa a sua fama estragar mais um namoro seu!

      ********

    Estava lá no jardim do hotel, raciocinando tudo o que ela disse, o que eu faria... até que Chaz me passa uma mensagem me perguntando onde eu estava. Eu respondi com um “no jardim da cobertura”, e em menos de 5 minutos ele já estava lá do meu lado. Contei pra ele o que aconteceu lá na festa, e o que a minha mãe disse.

   Uma das coisas que eu mais admirava no Chaz é ele ser tão pés no chão. Quando eu precisava de ajuda era para ele que eu pedia. Apesar de ele ser um idiota brincalhão, “pegador”, essas coisas, ele era uma boa pessoa. E eu já vi ele apaixonado, é estranho o jeito que ele se entrega totalmente.

    - Aposto que se você estivesse no meu lugar, não estaria chorando ou aqui olhando pro céu, e sim indo na casa da Nicolle, tentando falar com ela, certo?

    Ele da um sorriso de lado e fala:

    - É, acho que sim. Por que você não faz isso?

    - Porque eu estou magoado, e com raiva ainda.

    - Não importa! Quando você chegar em Nova York eu sei que você vai se arrepender de não ter ido falar com ela. Eu sei que vai ser difícil, e que você está bravo, mas é melhor você se arrepende de uma coisa que você fez, do que se arrepender de não ter ao menos tentado! E além do mais vocês se amam, cara!

    Dei um sorriso pra ele e fui em direção ao elevador, sem dizer nada. Ele sabia o que eu ia fazer.

   ******

   Gente pelamor de Deus, leiam as notas finais, eu falo coisas importantes e eu percebi que só duas pessoas liam, eu hein! kkkkkk