- Ok, 1º passo: você vai lá se desculpar com a Larissa. – disse ele apontando com uma régua para um quadro, que ele deve ter pegado no playgroud do hotel. – Espirra um perfume, leve flores e chocolate, conquiste a menina, Bieber!

        Eu ri das baboseiras que ele estava falando, mas fui falar com o Kenny. Pedi pra ele pedir pra alguém, para sair pra comprar flores e chocolates, já que eu não poderia sair do hotel. Aproveitei pra ir pro terraço e esfriar a cabeça. Rezei silenciosamente pedindo a Deus, para ele não tirar Nicolle de mim. Ela era importante demais!

       Quando reparei alguém apareceu do meu lado. Era um homem, que eu nunca tinha visto, mas que estava com as flores e uma caixa de bombons. O agradeci, e me perguntei onde será que a Larissa estava. Provavelmente dançando, peguei o elevador e fui para o lugar onde ficavam os dançarinos. E eu estava certo, lá estava ela. Numa sala com alguns espelhos, dançando uma música lenta. Aquilo estava mais puxado pala ballet. Fiquei parado na porta olhando ela dançar, e depois fui me aproximando vagarosamente por trás. Quando eu já estava bem perto, ela foi dar um passo pra trás e esbarrou em mim.

      - Ah, desculpa. – disse ela séria e voltando a dançar, me ignorando completamente.

      - Larissa, me desculpa. Eu não queria fazer o que eu fiz, desculpa mesmo! – ela olhou pra mim e foi na direção do som, para desligá-lo. Fui andando na direção dela e entreguei as flores e o chocolate. Ela ficou um pouco receosa de pegar ou não, mas no final ela acabou pegando.

       - Se não queria, por que fez?

       - Porque eu sou um idiota?!

       - Certo, só queria ouvir isso de você! – disse ela rindo, me fazendo rir também.

       - Não, mais agora é sério. Vamos fingir que nada disso aconteceu, por favor! – ela colocou as flores de lado e me deu um abraço.

       - Ok, Bieber. Mas pensa um pouquinho antes de fazer merdinhas! – disse ela rindo e bagunçando meu cabelo.

       Deixei ela ensaiando lá e fui pro meu quarto, para a segunda etapa do plano. Quando eu cheguei, Chaz tava todo esparramado lá na cama, tomando um refri, e vendo TV.

      - E aí cara, deu certo?

      - Deu. – disse sentando na cama.

       - Claro, o plano era meu!

       - Então, seu esperto, como vai ser a segunda parte do plano? E espero que seja bem boa, porque não é muita coisa que vai colar com a Nicolle não!

       - Bom Bieber, hoje é seu dia de sorte!

  P.O.V Nicolle:

      É incrível como as notícias correm rápido! No colégio eu já era conhecida como “ a garota que o Justin Bieber chifrou”. Era horrível. Poucas pessoas se importavam comigo, e a maioria ria de mim. Mas uma das únicas pessoas que estava comigo de verdade era a Clara. Ela me dava conselhos, fazia programas para eu esquecer ele, ficava comigo a maior parte do tempo, tentava me tirar daquela fossa...

    Eu reconhecia o esforço dela, e sabia que ela era única. Mas meu coração ainda doía muito. Eu passava o dia com um sorriso falso, só para as pessoas não falarem que eu estava sofrendo, mas só Deus sabia o quanto eu chorava de noite. Eu não queria passar aquela imagem de menina frágil, de menina que ainda ta apaixonadinha pelo cara que chifrou ela.

    Ouvi meu celular tocando e fiquei com medo de ser o Justin. Não com medo, receosa. Ele tentava falar comigo todos os dias, mas eu nunca atendia as ligações dele. Nem sei porque ele insistia, já que eu SEI que ele não gosta de mim. Quem ama não trai. Mas, felizmente, não era ele, era a Clara.

    - Oi Clara.

    - Oi Nic, tudo bom?

    - Sim, e vc?

    - Uhum. Não ta a fim de dar uma volta de bicicleta?

    - O único problema é que eu não sei andar de bicicleta né. Pode ser meus patins?

    - Claro. Arruma aí e eu passo aí em 15 minutos.

    - Ok, tchau.

     Aí que eu fui me lembra que eu não sabia onde estava meus patins. Mas antes de procurar, eu fui trocar de roupa.

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     Fui pra garagem correndo e fiquei vasculhando umas caixas lá, sem sucesso. A campainha tocou e eu corri e abri a porta.

    - Rapidinho, to quase achando os meus patins. – disse correndo pra garagem de novo.

     Na última caixa que eu procurei eles estavam lá, eu gostava muito deles. Tipo, eles não eram esses comuns que a gente ver pro ai sabe, com as rodas enfileiradas. Ele tem duas rodas na frente e duas atrás, e elas são rosa. Sentem no sofá e botei eles. Quando eu fui levantar, quase que eu caí, tinha muito tempo que eu não andava com eles. Mas lá fomos nós, ela com a bicicleta lilás dela, e eu com os meus patins rosa.

      Começamos a apostar uma corrida, pra ver quem chegava mais rápido no parque, em um morro. Eu sei, bem arriscado, mas eu não estava nem aí. Foi aí que eu lembrei que eu não sabia muito bem usar aquele freio, mas era meio tarde. Fui andando descontroladamente para a entrada do parque, esbarrando em um monte de pessoa, e com a Clara gritando atrás de mim. Quando eu olhei pra trás pra gritar que eu não sabia usar o freio, eu distrai, e quando eu olhei pra frente tinha um banco. Não consegui mesmo frear e acabei caindo em cima da pessoa que estava sentada em cima do banco.

     - Nossa, me desculpa! Eu vim no impulso, e esse freio não funciona muito bem. Desculpa mesmo! – disse saindo de cima da pessoa, e tentando levantar. Era um menino, bem bonito por sinal.

     - Não, tudo bem! Não foi culpa sua.

     Nessa hora chegou Clara, quase caindo em cima de mim também.

     - Nicolle, pelo amor de Deus, você ta bem?

     - Ah, to sim. – disse rindo. – Esse daqui é o...

     - Lucas.

     - Lucas!

     - Ah, prazer, eu sou a Clara, e ela a Nicolle. – disse ela sorrindo.

     - Ok, acho que já vamos indo. A gente se ver por aí. – disse sorrindo e acenando.

     - Tchau.

     Nós duas nos afastamos e fomos na direção da sorveteria,já que estava um dia quente.

     - Nossa, que gato!

     - É mesmo! – disse a gente rindo.

     - Aqui, esqueci de te falar. A Susana pediu pra te entregar isso. – disse ela tirando um convite do bolso dela. – Vai ser sábado, a gente vai né?

     - Ah, eu não sei. Não to muito animada pra festas.

     - Qual é, Nicolle. Eu sei que é difícil mas você tem que esquecer, tem que conhecer outros caras. Não vai ser bem legal se você não ter ele na sua cabeça, esquecer que ele existe?

     - É bom, pensando por esse lado, pode até ser! – disse sorrindo.

     ********

     Chegou rápido o dia da festa, e eu estava animada. Ela começava ás 21:30, então era melhor eu me apressar. Eu estava terminando de passar a maquiagem quando a Clara tocou a campainha. Apareci na janela e falei que já estava descendo. Ela ia me levar de carro.

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     - Nossa, não estou nem te reconhecendo! – disse ela rindo quando eu entrei no carro.

     - Você também está linda!

     - O Bieber não sabe o que está perdendo! – ela deu uma pausa e me encarou, eu sorri, para não parecer que eu não gostava de falar nele. – A gente só vai ter que dar uma parada ali no posto de gasolina, é rapidinho!

     - Sem, problemas. – disse ligando o rádio. E é lógico que estava tocando Justin Bieber. Desliguei o som tão rapidamente que a Clara até levou susto. Fingi que nada tinha acontecido e fiquei encarando a janela. Rapidamente ela passou no posto e logo seguimos pra festa. Sorte que não era em um lugar muito difícil de encontrar!

        Já estava rolando música alta no lugar, luzes, essas coisas, e também estava lotado. Era bem maneiro o lugar. Era tipo uma mansão, com piscina, dois andares, essas coisas. E a noite também estava linda, cheia de estrelas, e quente. Clara estacionou o carro no final da rua e depois fomos em direção a casa.

      - Oi meninas, que bom que vieram! – disse Susana, que estava na porta recebendo os convidados. Entregamos os presentes pra ela e fomos pegar uma bebida.

     Estava cheio de gente do colégio, claro. Muitos gatinhos... mas nada que chamasse mesmo a minha atenção. Para esquecer certas coisas, eu fui pedindo logo uma vodca. Eu não era muito alcoólica, mas naquele momento era preciso.

    - Oi, Nicolle!

    - Lucas? O que você faz aqui? Você conhece a Susana? – disse virando pra trás.

    - Ah sim, ela é minha vizinha!

    - Hm, entendi. Tudo bom? Nenhum roxo por eu ter caído em cima de você? – disse rindo.

    - Não, não. Ainda não achei nenhum. – disse ele rindo.

    - Ah, oi Lucas. Não tinha te visto aí! – disse Clara aparecendo por trás de mim e acenando pra ele.

    - Oi. Tudo bom?

    - Tudo sim. Não vai beber nada? – disse ela apontando pro bar.

    - Hm, acho que agora não. Mais tarde...

    - Aaaah Clara, eu tava te procurando. – disse uma menina aparecendo atrás dela.

    - Vou ali com ela, já volto. – disse ela sorrindo, e lançando um olhar pra mim sem que o Lucas perceba.

    Cara, ele era bem bonito. Tinha os olhos e o cabelo preto, era alto e musculoso. E tipo, tinha estilo! Bom, o resto da noite eu apresentei uns amigos meus pra ele, fiquei contando a minha história, e essas coisas. E ele também contou muito da infância dele. Ele tinha nascido em Atlanta mesmo, e morava com a mãe e os avós dele. Mas verdade ele só morava com os avós porque eram os únicos que podiam cuidar dele. A mãe dele não tinha tempo, eles quase nunca se viam. Quando ele falou isso eu fiquei sem reação, eu nunca sei o que falar nessas horas! Mas mudei de assunto rapidamente, e logo depois, ele já não tinha aquela expressão triste.

    - Vamos dançar? – digo olhando pra ele com um sorriso malvado.

    - O que? Acho melhor não! Não sou muito bom nisso, e eu tenho vergonha!

    - Vergonha de que? Ah fala sério, eu também não sei dançar. Se for pra você pagar mico vai ser junto comigo! Por favoor?! – disse segurando a mão dele e fazendo a cara do gato de botas.

      - Ah, ta bom!

      E então fomos pra posta de dança, que nessa hora estava fervendo. Que isso, nem sei como aquele tanto de gente cabia ali! Mas o melhor é assim, todo mundo em cima de tudo mundo! Tava tocando umas músicas eletrônicas e então a gente começou a dançar. Foi muito engraçado! No início ele tava meio duro mesmo, e eu demorou um tempo pra ele descontrair. Mas aí ele viu ninguém tava ligando mesmo, e começou a dançar loucamente!

      - Uau, agora meus pés estão doendo! – disse sentando em uma cadeira na varanda, e tirando o sapato. – Viu como foi divertido?

     - É tem razão, foi bem legal! – disse ele rindo e sentando do meu lado.

     Ficamos um tempo olhando pro horizonte, e para as outras pessoas, em silêncio. Acho que já tínhamos falado de tudo! Respirei fundo e admiti para mim mesma que essa noite estava sendo bem boa. E também teve uma grande coincidência né? Quem diria que o menino que eu atropelei era vizinho de uma amiga minha? É o destino...

      - Desculpa perguntar isso, mas, você é a ex-namorada do Justin não é?

      - Sou sim. – disse dando um suspiro.

      - Sendo sincero, eu acho que ele não tinha o direito de fazer aquilo! Ele não faz a mínima idéia do que perdeu... – disse ele olhando nos meus olhos e se aproximando.

      Por um momento eu pensei em recuar, em falar “Eu gosto de você Lucas, mas não sei se estou preparada”, mas não deu tempo de decidir!

     - Nicolle?

     - Justin? O que você está fazendo aqui? – disse levantando e encarando indignada ele.