Segredo escrita por Lully Cvic


Capítulo 11
Alice




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Alice

Ela só me dava motivos pra fazer pior com ela depois.

Me levantei e fui até o bar,tomar alguma coisa,quando vi Verônica,sentada em um sofá,sozinha no canto.

Peguei a minha bebida e pedi outra,algo mais leve,pra ela.

-Oi.-disse quando me sentei ao lado dela.

-Oi.-ela respondeu desanimada.

-Está tudo bem?

-Estou com um pouco de dor de cabeça,só isso.-ela forçou um sorriso.

-Hm...talvez isso melhore..-estendi à ela o drink.

-Obrigada.-ela o olhou,agradecendo.

-Por quê não está com a Lola?-ela perguntou,enquanto tomava a bebida pelo canudinho preto.

-Porque ela pôs outro no meu lugar.-eu disse enfurecido.

Mas acho que Verônica entendeu errado,ela me olhou com cara de pena e disse: own.

-Ela sempre vai fazer isso.Se você é o primeiro hoje,amanhã pode ser o quinto,ou o décimo...ela nunca faz nada igual.É melhor se acostumar.

De repente me veio um estalo na cabeça.Verônica poderia ser uma ótima pessoa pra me contar tudo sobre a Lola.

-Você não vai...trabalhar hoje?-eu perguntei meio sem graça,era estranho se referir aquilo como trabalho.

-Não.Estou sem vontade.

-Quer conversar?-joguei verde.

-Por mim...-ela deu de ombros.

Primeiro,fui perguntando coisas sobre ela,claro,sem interesse algum.Apenas por educação.Depois,aos poucos fui entrando no assunto que eu mais queria.Lola.

-Verônica...Como é a Lola na verdade?Eu não consigo entendê-la em certos pontos.

-Lola é difícil mesmo!Ela não é muito de palavras,sabe?Mas ela é uma pessoa legal.

Eu fiz força para ouvi-la.Havia muito barulho ao redor.

-Quer ir pro meu quarto?-ela perguntou no meu ouvido.

Eu a olhei espantado.

-Pra conversarmos!-ela se apressou em dizer.

Eu concordei e a segui.Passamos por Pablo e o cumprimentamos e ele olhou curioso pra gente.

Eu entrei no quarto de Verônica e nos sentamos na cama pra conversar.Realmente era só pra isso.Eu não me sentia desconfortável com ela,talvez por ela ter um jeito calmo e não demonstrar que ia forçar a barra pra fazer alguma coisa comigo.Gostei dela.

-Então,Lola é o que mesmo?

-Uma pessoa legal.Ela tem toda essa pose e esse nariz em pé,mas ela é bem diferente disso,quando não é a Lola.Isso é apenas uma parte de uma personalidade montada.Ela faz as pessoas respeitá-la.Ela exige isso.

-Hm...

-É,se ela não impor respeito,vira bagunça.Tem um monte aqui que acha que pode fazer de tudo.Por isso que ela não desce do pedestal.-ela riu.

-O que quis dizer com: “quando não é a Lola”?

-Quando ela é ela mesma.

Eu cocei a cabeça.

-Lola é um nome.Simplesmente um nome.Mas Alice,é quem ela é de verdade.A Lola só existe aqui e à noite.

Eu estava amando conversar com Verônica.Ela era fácil de se conduzir.Então,Lola era Alice?Ótimo!

-Nem a gente chama ela de Alice.-ela riu de novo.-A maior parte do tempo ela é sempre a Lola,então...

-Ela tá aqui há muito tempo?-eu perguntei a fim de confirmar o que Pablo havia dito.

-Ah,deve ter uns cinco ou seis anos.Eu entrei um pouco depois dela.Nos falamos a primeira vez,quando eu vim fazer um teste.Ela foi a meu favor,logo de cara.-ela sorriu,ao lembrar.

-E  quando vocês decidem vir pra cá,é por qual motivo?

-Ah,depende.Eu vim porque,meus pais me expulsaram de casa,quando eu fiquei grávida de um ex-namorado.Já a Lola veio porque ela quis.Era diz que era o sonho dela ser stripper!-Verônica caiu na gargalhada.

Eu acompanhei,mas com menos intensidade.

-Ela brigou com os pais dela por isso,mas ao contrário de mim,ela não foi expulsa,ela quis sair de casa e morar sozinha.Eles não a entendiam,aliás,quem entenderia que a filha queria ser stripper,né?Tentaram convencê-la do contrário,mas não conseguiram.Lola sempre teve tudo,mas parece que isso não a deixava muito satisfeita.

-Os pais dela sabem?-perguntei incrédulo.

-Depois de um tempo você não tem como esconder.Eles sabem que ela dança,mas não sabe que ela faz mais do que isso.

-Devem desconfiar,só não admitem...

-Também acredito nisso.Mas ninguém mais da família dela sabe.Seria um vexame e tanto,imagina?Uma filha prostituta por opção na família?Ela preferiu até sair da cidade pra não chamar atenção.Não queria que os pais sentissem mais vergonha do que já sentiam.

-Mas porquê isso?

-Porque ela é uma viciada em sexo.Lola transpira sexualidade.Ela podia dar o quanto quisesse pro namorado que ela tinha,mas não era isso o que ela queria.Isso é meio chato,entende?Não tem graça você ter o mesmo tipo de sexo sempre,com a mesma pessoa...e ela também não consegue parar em um relacionamento.Ela não consegue ter fidelidade.O negócio é você correr um risco,transar com estranhos,fazer loucuras,ser desejadas por gente que você nunca viu na vida.Lola não é muito certa da cabeça,não procure entendê-la.

Eu estava sem palavras.Não sabia dizer se estava admirado ou pasmo com tudo aquilo.

-Ela pode parecer uma desequilibrada,mas ela tem juízo naquela cabecinha.Lola é extremamente cuidadosa consigo mesma.Ela não transa sem camisinha,não deixa ninguém pôr nada dentro dela,sem que ela queria,se é que me entende...ela ainda é uma das poucas que não ficaram grávidas dos engravatados lá embaixo. Ela manda nesses caras e eles obedecem,como eu não sei...

Eu queria muito contar que eu já tinha pintado e bordado com Lola e feito tudo o que não podia:já tinha transado sem camisinha,gozado dentro,mandado nela e feito ela me obedecer.Ou eu tinha algo que a intimidava ou aquele homens não deviam saber o que era pulso firme.Mais uma vez,eu me senti.

Decidi guardar aquilo pra mim.

Já eram quase dez da noite e eu havia perdido a noção do tempo,por ter conversado com Verônica.E ela não pareceu se chatear em só falar da Lola.De repente,Pablo nos chamou e entrou no quarto,ficando surpreso ao nos ver sentados na cama,vestidos,apenas conversando.

-Acho que Lola está te chamando...-ele disse olhando pra Verônica.

-A mim?-ela perguntou.

-Não,ele!

Ah,agora a vadia estava me chamando?

Eu me levantei e agradeci à Verônica.Fui até Lola que estava sentada na cama,de pernas cruzadas,com uma cara bem invocada.

-Achei que eu fosse uma prioridade.-falei ao fechar a porta.

-Eu não trato com prioridade quem me trata como opção!-ela rebateu,se levantando da cama.

-Olha quem fala!Não fui eu quem te mandou esperar,foi?Eu acho que não!-respondi por ela,com o mesmo tom.

Ela me olhou furiosa.

-Aliás,do que está falando?-eu sabia bem do que se tratava.

-Por quê não volta pra ela e pergunta?-ela apontou pra porta.

-Está dando um chilique só porque estive conversando com a sua colega de trabalho?-respondi a puxando pela cintura.-Você dá pra uma dúzia lá embaixo e eu não reclamo!

-Primeiro:é o meu trabalho.Segundo:é o seu dever me esperar,se você quer ficar comigo.E em terceiro:você não foi pro quarto dela conversar porra nenhuma!Não me faz de idiota!-ela disse,batendo em meu peito.

Eu estava rindo,não consegui me controlar.

-Eu devia mesmo deixar você achar que eu transei com ela,mas eu vou te dizer,embora você não mereça,que eu não fiz nada além de conversar.Se você não quer acreditar,o problema é seu.pode perguntar à ela se quiser!Eu não tenho outro motivo pra vir aqui,senão atrás de você!

Eu jamais falaria aquilo pra uma prostituta.Mas acontece que era a Lola quem estava na minha frente.


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Notas finais do capítulo

Ui =X

Kkkkk



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