Segredo escrita por Lully Cvic
Ela só me dava motivos pra fazer pior com ela depois.
Me levantei e fui até o bar,tomar alguma coisa,quando vi Verônica,sentada em um sofá,sozinha no canto.
Peguei a minha bebida e pedi outra,algo mais leve,pra ela.
-Oi.-disse quando me sentei ao lado dela.
-Oi.-ela respondeu desanimada.
-Está tudo bem?
-Estou com um pouco de dor de cabeça,só isso.-ela forçou um sorriso.
-Hm...talvez isso melhore..-estendi à ela o drink.
-Obrigada.-ela o olhou,agradecendo.
-Por quê não está com a Lola?-ela perguntou,enquanto tomava a bebida pelo canudinho preto.
-Porque ela pôs outro no meu lugar.-eu disse enfurecido.
Mas acho que Verônica entendeu errado,ela me olhou com cara de pena e disse: own.
-Ela sempre vai fazer isso.Se você é o primeiro hoje,amanhã pode ser o quinto,ou o décimo...ela nunca faz nada igual.É melhor se acostumar.
De repente me veio um estalo na cabeça.Verônica poderia ser uma ótima pessoa pra me contar tudo sobre a Lola.
-Você não vai...trabalhar hoje?-eu perguntei meio sem graça,era estranho se referir aquilo como trabalho.
-Não.Estou sem vontade.
-Quer conversar?-joguei verde.
-Por mim...-ela deu de ombros.
Primeiro,fui perguntando coisas sobre ela,claro,sem interesse algum.Apenas por educação.Depois,aos poucos fui entrando no assunto que eu mais queria.Lola.
-Verônica...Como é a Lola na verdade?Eu não consigo entendê-la em certos pontos.
-Lola é difícil mesmo!Ela não é muito de palavras,sabe?Mas ela é uma pessoa legal.
Eu fiz força para ouvi-la.Havia muito barulho ao redor.
-Quer ir pro meu quarto?-ela perguntou no meu ouvido.
Eu a olhei espantado.
-Pra conversarmos!-ela se apressou em dizer.
Eu concordei e a segui.Passamos por Pablo e o cumprimentamos e ele olhou curioso pra gente.
Eu entrei no quarto de Verônica e nos sentamos na cama pra conversar.Realmente era só pra isso.Eu não me sentia desconfortável com ela,talvez por ela ter um jeito calmo e não demonstrar que ia forçar a barra pra fazer alguma coisa comigo.Gostei dela.
-Então,Lola é o que mesmo?
-Uma pessoa legal.Ela tem toda essa pose e esse nariz em pé,mas ela é bem diferente disso,quando não é a Lola.Isso é apenas uma parte de uma personalidade montada.Ela faz as pessoas respeitá-la.Ela exige isso.
-Hm...
-É,se ela não impor respeito,vira bagunça.Tem um monte aqui que acha que pode fazer de tudo.Por isso que ela não desce do pedestal.-ela riu.
-O que quis dizer com: “quando não é a Lola”?
-Quando ela é ela mesma.
Eu cocei a cabeça.
-Lola é um nome.Simplesmente um nome.Mas Alice,é quem ela é de verdade.A Lola só existe aqui e à noite.
Eu estava amando conversar com Verônica.Ela era fácil de se conduzir.Então,Lola era Alice?Ótimo!
-Nem a gente chama ela de Alice.-ela riu de novo.-A maior parte do tempo ela é sempre a Lola,então...
-Ela tá aqui há muito tempo?-eu perguntei a fim de confirmar o que Pablo havia dito.
-Ah,deve ter uns cinco ou seis anos.Eu entrei um pouco depois dela.Nos falamos a primeira vez,quando eu vim fazer um teste.Ela foi a meu favor,logo de cara.-ela sorriu,ao lembrar.
-E quando vocês decidem vir pra cá,é por qual motivo?
-Ah,depende.Eu vim porque,meus pais me expulsaram de casa,quando eu fiquei grávida de um ex-namorado.Já a Lola veio porque ela quis.Era diz que era o sonho dela ser stripper!-Verônica caiu na gargalhada.
Eu acompanhei,mas com menos intensidade.
-Ela brigou com os pais dela por isso,mas ao contrário de mim,ela não foi expulsa,ela quis sair de casa e morar sozinha.Eles não a entendiam,aliás,quem entenderia que a filha queria ser stripper,né?Tentaram convencê-la do contrário,mas não conseguiram.Lola sempre teve tudo,mas parece que isso não a deixava muito satisfeita.
-Os pais dela sabem?-perguntei incrédulo.
-Depois de um tempo você não tem como esconder.Eles sabem que ela dança,mas não sabe que ela faz mais do que isso.
-Devem desconfiar,só não admitem...
-Também acredito nisso.Mas ninguém mais da família dela sabe.Seria um vexame e tanto,imagina?Uma filha prostituta por opção na família?Ela preferiu até sair da cidade pra não chamar atenção.Não queria que os pais sentissem mais vergonha do que já sentiam.
-Mas porquê isso?
-Porque ela é uma viciada em sexo.Lola transpira sexualidade.Ela podia dar o quanto quisesse pro namorado que ela tinha,mas não era isso o que ela queria.Isso é meio chato,entende?Não tem graça você ter o mesmo tipo de sexo sempre,com a mesma pessoa...e ela também não consegue parar em um relacionamento.Ela não consegue ter fidelidade.O negócio é você correr um risco,transar com estranhos,fazer loucuras,ser desejadas por gente que você nunca viu na vida.Lola não é muito certa da cabeça,não procure entendê-la.
Eu estava sem palavras.Não sabia dizer se estava admirado ou pasmo com tudo aquilo.
-Ela pode parecer uma desequilibrada,mas ela tem juízo naquela cabecinha.Lola é extremamente cuidadosa consigo mesma.Ela não transa sem camisinha,não deixa ninguém pôr nada dentro dela,sem que ela queria,se é que me entende...ela ainda é uma das poucas que não ficaram grávidas dos engravatados lá embaixo. Ela manda nesses caras e eles obedecem,como eu não sei...
Eu queria muito contar que eu já tinha pintado e bordado com Lola e feito tudo o que não podia:já tinha transado sem camisinha,gozado dentro,mandado nela e feito ela me obedecer.Ou eu tinha algo que a intimidava ou aquele homens não deviam saber o que era pulso firme.Mais uma vez,eu me senti.
Decidi guardar aquilo pra mim.
Já eram quase dez da noite e eu havia perdido a noção do tempo,por ter conversado com Verônica.E ela não pareceu se chatear em só falar da Lola.De repente,Pablo nos chamou e entrou no quarto,ficando surpreso ao nos ver sentados na cama,vestidos,apenas conversando.
-Acho que Lola está te chamando...-ele disse olhando pra Verônica.
-A mim?-ela perguntou.
-Não,ele!
Ah,agora a vadia estava me chamando?
Eu me levantei e agradeci à Verônica.Fui até Lola que estava sentada na cama,de pernas cruzadas,com uma cara bem invocada.
-Achei que eu fosse uma prioridade.-falei ao fechar a porta.
-Eu não trato com prioridade quem me trata como opção!-ela rebateu,se levantando da cama.
-Olha quem fala!Não fui eu quem te mandou esperar,foi?Eu acho que não!-respondi por ela,com o mesmo tom.
Ela me olhou furiosa.
-Aliás,do que está falando?-eu sabia bem do que se tratava.
-Por quê não volta pra ela e pergunta?-ela apontou pra porta.
-Está dando um chilique só porque estive conversando com a sua colega de trabalho?-respondi a puxando pela cintura.-Você dá pra uma dúzia lá embaixo e eu não reclamo!
-Primeiro:é o meu trabalho.Segundo:é o seu dever me esperar,se você quer ficar comigo.E em terceiro:você não foi pro quarto dela conversar porra nenhuma!Não me faz de idiota!-ela disse,batendo em meu peito.
Eu estava rindo,não consegui me controlar.
-Eu devia mesmo deixar você achar que eu transei com ela,mas eu vou te dizer,embora você não mereça,que eu não fiz nada além de conversar.Se você não quer acreditar,o problema é seu.pode perguntar à ela se quiser!Eu não tenho outro motivo pra vir aqui,senão atrás de você!
Eu jamais falaria aquilo pra uma prostituta.Mas acontece que era a Lola quem estava na minha frente.
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Ui =X
Kkkkk