Depois daquilo, ele sorriu para mim.

Ao mesmo tempo em que eu me perguntava por que ele fizera aquilo, eu tinha que achar um jeito de sair de lá. William, porém, me encurralou novamente contra o pilar.

– O... que... você quer? – perguntei – Por que fez isso?

Ele lambeu de novo. Eu já pensava que ia vomitar de nojo quando ele finalmente respondeu.

– Eu quero você.

– Mas pra quê?

– Ah, logo você saberá... – ele sorriu. Como era lindo, e como era assustador também.

Cada vez eu sangrava mais. Decidi fazer uma coisa bem arriscada. Eu me encolhi contra o pilar, fingindo que estava me encolhendo de medo. Ele permitiu que eu me agachasse. Era o que eu queria.

Isso fez com que ele também se abaixasse, e assim que aproximou seu rosto – eu lhe dei uma joelhada na cara com toda a minha força. Isso o surpreendeu, me dando tempo para levantar e correr para a porta, enquanto meu sangue já formava pequenas poças no chão.

Ainda tive tempo de ver sua expressão em fúria e seu rosto sangrando enquanto ele tentava se levantar. Dei-lhe mais um chute e disparei para a porta; quando a abri, porém, vi que estava num banheiro – parecia o da minha escola.

E não tinha saída. Droga.

Sendo assim, tive que me esconder em um dos boxes, colocando os pés em cima do vaso e prendendo a respiração. Ele entrou alguns minutos depois. Uma de suas mãos ainda cobria o ferimento que eu havia provocado, e sua expressão era tão furiosa que me arrepiou os pelos da nuca.

– Lyric Angel, eu sei que você está aí... e não vai poder ficar escondida para sempre. E quando eu te pegar...

Dito isso, ele começou a chutar as portas dos boxes para abri-los. Todos estavam vazios, e o meu era o próximo. Tive um segundo para pensar. Foi quando vi uma entrada de ar logo acima de mim, que estava aberta.

Apesar da minha altura, consegui alcançá-la esticando os braços.

– Então você está aqui! – ele disse, e quebrou a porta com alguns chutes. Eu já havia agarrado a abertura, o problema era me içar para cima.

– Desça aqui agora mesmo, antes que eu cometa uma loucura! – ele ameaçou.

– Você não me dá ordens! – falei, e minha voz soou surpreendentemente forte para aquele momento.

Foi então que ele agarrou minha cintura e começou a me puxar para seus braços.

Foi aí que percebi que ele era muito mais forte que eu.

Mas não desisti. Usando toda a minha força – mesmo sendo puxada para baixo – consegui me agarrar em alguma coisa metálica dentro da entrada de ar, e aí chutei a cabeça de William, o que fez ele me soltar, e entrei no tubo.

Mas eu tinha me esquecido do sangue.

Por algum motivo, o corte aumentara e já estava chegando ao meu cotovelo – e havia um rastro desse sangue, o meu sangue.

William calculara bem.

Só percebi que havia perdido muito sangue quando despenquei lá de cima (não era tão alto assim) direto para seus braços.

Ainda vi um sorriso cínico se formar em seus lábios antes de perder a consciência.