Endless Sorrow escrita por Mari Trevisan


Capítulo 23
Sweet Sacrifice


Notas iniciais do capítulo

Bom, demorei um tempão pra achar que música iria combinar com esse capítulo, e como fiquei entre duas, uma, a que menos combina, é o título e a outra é a trilha sonora.
Trilha Sonora: My Heart Is Broken - Evanescence
Ah, vocês acham legal isso de o título dos capítulos ser uma música em inglês? Por favor deem sua opinião o/
Bom, tô te atrasando fazendo você ler isso, né?
Então vamos ao que interessa!



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– Está na hora. Venha, minha querida.


Não. Não podia ser.


Por um minuto fiquei meio abobada.


– Quer dizer, eu... você...


Ele piscou. O aperto ficou mais forte. Um farfalhar me fez virar e Drake apareceu do nada, com Lunick ao seu lado. Então tudo ficou claro.


– Drake, você sabia... por isso que ontem... – minha voz foi sumindo.


– Sim, Lyric. Eu sabia que ontem era seu último dia, e não quis te contar para que você não ficasse... pra que você não soubesse e ficasse com medo, achei que seria o melhor a fazer.


Olhei para Will por um minuto e ele assentiu, paciente, dando a entender que esperaria.


– Eu teria feito o mesmo, Drake. Obrigada.


Como se adivinhasse o que aconteceria a seguir, ele abriu os braços e eu me atirei neles, as lágrimas embaçando minha visão.


– Drake! Eu te amo! Não quero ir... não... – ele me abraçou como se eu nunca fosse sair dali, e desejei que fosse verdade; sua camisa xadrez já estava molhada de tanto que eu chorava.


Eu o abracei com toda a minha força e senti algo macio nas minhas costas; virei a cabeça rapidamente e as duas asas de Drake completavam o abraço.


– Sua asa...


– Cresceu de novo, graças a você.


Aquilo só me fez chorar mais, eu não queria que aquele momento acabasse nunca! Se fosse possível parar o tempo... 

Parecia que tinham passado segundos quando o soltei. Olhei para a bola de pelos preta junto à perna de Drake.


– Eu também te amo, Lunick – peguei-o nos braços e ele esfregou o rosto no meu blusão, pois não queria me perder. Eu não conseguia parar de chorar. Quando fui passá-lo para Drake, o gato segurou a manga da blusa e emitiu um som parecido com um grunhido.


– Quero ficar com você para sempre – a voz do anjo estava embargada, as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Não resisti, indo até ele novamente – e nos beijamos.


Era contraditório, pois não parecia nosso último beijo; era como se fosse o primeiro, calmo e apaixonado. Acariciei o pelo de Lunick; já era difícil pra mim, ainda mais com ele me puxando daquele jeito. Por fim, o gato me soltou.


– Drake, cuide dele, por favor – foram minhas últimas palavras – eu te amo, pra sempre. Eu sinto muito.


Não sei como tive coragem de me virar e andar até ficar na frente de Will, e lhe estendi a mão; durante a despedida o garoto ficara lá, impassível. Ele pegou a minha mão e abriu a porta do carro; entrei sem hesitar, ainda enxugando as lágrimas com as costas da mão.


William ligou o carro e saímos. Não pude conter o choro enquanto olhava Drake ficando cada vez menor, enquanto deixávamos tudo para trás: a pessoa que eu mais amava, meu lar e minha cidade.


Em algum momento da viagem, mais ou menos meia hora depois de sairmos de Orlando, minhas lágrimas secaram. Meu rosto não estava muito inchado. De algum modo, eu começara a entender e aceitar o que ia acontecer, compreendendo que era inevitável.


O demônio não falara nada ainda, só me dera um lenço de papel. De repente o carro parou. Olhei em volta, mas não havia nada que tivesse causado a parada. Ele falou.


– Lyric, eu não causei aquele acidente de avião. Quer dizer, não matei seus pais.


– O quê? – arregalei os olhos, atônita.


Ele respirou fundo antes de continuar, como se o que ia dizer fosse difícil para ele.


– Eu causei o acidente para poder te pegar, ficar mais perto de você e te vigiar, o que é verdade – suspirou. – Seus pais realmente modificaram o contrato, mas eu não tinha motivos para matá-los.


– Mas você disse que, naquela vez...


– É, para te assustar, para que você tivesse medo de mim. Assim eu achei que seria mais fácil, pois não me envolveria com você.


Parei, perplexa; ele estava conversando comigo, pela primeira vez estava sendo sincero, não havia nenhum traço de deboche em seu rosto.


– Bem. – Abriu as portas. – Vamos.


Saímos do carro e me perguntei para onde iríamos a seguir, ainda era de manhã.


– Lyric Angel – virei-me para a direção da voz e vi Will, nada parecia diferente pois ele estava de jeans e camiseta preta, até que ele pareceu diferente, maior, foi então que percebi.


Lindas asas negras saíam de suas costas; negras como nanquim, ele parecia um anjo das trevas. Suas asas eram parecidas com as de Drake, só não tinham penas e na parte de cima não eram arredondadas como s asas de anjo, e sim pontudas.


Fiquei olhando sem conseguir falar até que ele bateu as asas e o vento me fez acordar do transe; fui até ele e Will me pegou nos braços e alçou voo. Enquanto voávamos, iluminados pelo sol, cada vez mais alto, notei que suas eram frias, o oposto das de Drake, mesmo que não houvessem me tocado.


Lá de cima a visão era estonteante, de algum modo eu sabia que estávamos em uma altura maior que o balão do dia anterior. Tudo parecia minúsculo e eu via rios, lagos, e muito verde, além de algumas cidades de vez em quando. Tão lindo!

Foi um voo curto. Assim que descemos reparei como ele era capaz de cobrir grandes distancias em pouco tempo ao ver a placa ‘’ONTÁRIO – CANADÁ’’.


Bem, a compreensão realmente me atingiu nesse momento, eu entendia que minha vida estava chegando ao fim – e tinha tido uma vida maravilhosa. Andamos por alguns minutos e chegamos numa região plana onde havia um lago e uma montanha atrás. Iluminada pelo sol, era uma das paisagens mais bonitas que eu já vira.


A pressão em meu peito avisou que meu tempo estava acabando.


– Posso ver meu reflexo?


William assentiu e fui à beira do lago. Era justo que pudesse ver como estava meu rosto.


Assim que me aproximei, não havia nenhum vestígio de choro, meus olhos estavam secos. Minhas bochechas estavam um pouco coradas, como se tivesse passado blush antes de sair de casa.


Meus cabelos, repartidos de um lado, caíam em onda sobre meus ombros, parecia que eu tinha feito escova ou baby liss. Observei meu rosto por um longo minuto até levantar, andar mais uns dez passos e sentar na relva, onde Will estava me esperando. Encostei-me a uma árvore. O aperto ficou mais forte, como um segundo coração batendo.


Ele se aproximou e colocou a mão no meu rosto.


– Não sei por que quis se olhar, você está linda. – Concordei. Pelo menos eu ia morrer bonita, o que já era alguma coisa. – Ahn, gostaria de pedir alguma coisa antes que eu comece?


Naquele momento o medo me atingiu.


– Will, você diz à minha irmã e ao Drake que eu os amo? – assentiu, me incentivando a continuar. – E... por favor, entregue meu corpo ao Drake. Diga a ele que eu sinto muito e o amarei pra sempre. – Engoli em seco.


– Sim. E te prometo uma coisa, também. Lyric, você teve uma vida maravilhosa, e é por isso que você não vai desaparecer; vou manter você viva dentro de mim, vai ter sua consciência humana, emoções e claro, suas memórias. Você não será despedaçada como acontece com todas as outras almas.


Suas palavras me encheram de esperança. Era um fim, mas não definitivo.


– Esperei dezesseis anos por esse momento. Agora, respire fundo e mantenha a calma.


Fiz tudo como Will pediu e senti que afagava meu rosto.


A última coisa que vi foi Will vindo em minha direção, então fechei os olhos e mergulhei na profunda, perene escuridão.


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Notas finais do capítulo

Bom, pessoal, sei que estão querendo me matar - acho - mas a fic NÃO ACABOU, está bem? Já tenho mais ou menos uma ideia de como a história vai continuar. E sobre aquelas alternativas, qual escolhem agora? ;)
a) Matar a autora
b) Matar o Will
c) Chorar e abraçar o Drake
*se esconde*
-> A continuação é a fanfic Where Is The Edge!