Endless Sorrow escrita por Mari Trevisan


Capítulo 18
A Dangerous Mind


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE um capítulo maior! A pedido da Vanessa-chan!
O melhor capítulo EVER!
Trilha sonora: Within Temptation - A Dangerous Mind
PS. cada capítulo é baseado numa música! Todas já estão nas descrições dos capítulos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/120474/chapter/18

Depois que Drake disse aquilo, eu passei a me sentir bem mais segura.

Então dois dias tranquilos passaram. Na segunda feira, Drake já parecia melhor; e nos amávamos, mas não havíamos nos beijado novamente, porque eu receava que ele piorasse se tivesse que se mexer muito, então eu fazia com que ficasse deitado a maior parte do tempo.

Mas como era dia de semana, tive que sair para ir à escola. O garoto me recomendou que fosse cuidadosa; disse que seria, mas teria que ir a pé, como sempre fazia.

Eu sabia que William poderia aparecer em plena luz do dia, mas achava que seria mais difícil se eu estivesse em grupo. Então chamei duas amigas, Elizabeth e Julia, que me acompanharam até a escola.

De fato nada aconteceu; mesmo na volta, quando eu passei no supermercado.

Quando cheguei em casa por volta das quatro horas da tarde, Drake estava descendo as escadas para pegar as compras da minha mão.

– Drake, como você está?

– Veja – ele sorriu, e virando-se de costas, levantou um pouco a camiseta branca que usava.

Que bom que ele não viu meu rosto corado. Mas enfim, pude ver que o ferimento estava quase fechado e a sutura que eu fizera ainda parecia firme.

– Está bem melhor! – sorri.

– Sim - ele disse, abaixando a camiseta e virando-se para pegar as sacolas. – Hoje foi o primeiro dia que consegui levantar da cama.

– É, você ficou dois dias de cama! – falei, enquanto nos dirigíamos à despensa.

– Agora melhorei, graças a você.

Sorri corada e ele deixou as compras na mesa da cozinha para me abraçar. Sua asa boa ainda pairava ao meu lado, a única que restara. Já não estava mais rasgada; como ele mesmo me dissera, estava se recuperando aos poucos.

Ele me beijou novamente; foi um beijo doce, sem pressa – e muito bom também.

Quando nos separamos, fui fazer o dever de casa e ele foi descansar. Até porque ele estava se recuperando aos poucos, era melhor não arriscar, não fazer coisas bruscas.

Alguns dias tranquilos passaram - percebi que tinha praticamente esquecido que me restavam, agora, quase cinco meses. Mesmo assim, procurei relaxar.

Na quinta feira, porém, eu tinha ficado até mais tarde na escola para estudar. As provas ainda estavam longe, mas mesmo assim. Eu estava voltando a pé – sozinha – por um caminho alternativo, até que percebi que tinha me perdido; quando olhei em volta, eu estava no centro.

Não havia ninguém para quem pudesse pedir informação.

Só percebi que alguma coisa iria acontecer quando senti uma leve brisa agitando meus cabelos; uma brisa que depois se tornou um vento, e de vento foi a uma rajada realmente forte.

Eu tive certeza do que era quando vi olhos cor de âmbar no reflexo da vitrine de uma loja.

Imediatamente virei-me para trás, mas não havia ninguém.

Os olhos não estavam mais no reflexo.

O vento voltou mais forte, como se sussurrasse.

Saí correndo.

Eu corria tão rápido, sentindo a adrenalina nas minhas veias, que era difícil ver onde eu estava; eu nem sabia para onde ia, só queria me afastar – e quem sabe, chegar em casa, de algum jeito.

Afinal Orlando não era uma cidade tão grande assim – eu tinha que passar pela minha casa em algum momento, certo? O vento continuava, agora cortante, enquanto eu corria; eu sabia que ele estava me seguindo.

Talvez ele estivesse esperando que eu me cansasse ou caísse – o que, milagrosamente, ainda não acontecera – para então debochar de mim, ou coisa pior. Eu corria para qualquer lado, sem prestar atenção.

O vento começou a cortar minha pele; eu sentia uma pequena dor em alguns pontos do meu corpo, onde devia haver cortes ou hematomas, mas não me importei; de algum modo, aquilo só me fez correr mais e mais.

Até que em algum momento meu corpo começou a protestar - minhas articulações e músculos latejavam, como se pedissem para eu parar. Mas eu os ignorei e me forcei a continuar.

Entretanto, alguns minutos depois minhas pernas começaram a fraquejar. Não vou aguentar, pensei. Pelo menos eu tentei... Antes de me dar por vencida, decidi olhar em volta.

Qual não foi a minha surpresa ao ver que estava na frente de casa!

Foi então que senti alguma coisa vindo; tive força de vontade o suficiente para dar mais dez passos até a porta, enquanto agradecia aos céus.

Bati na porta freneticamente enquanto sentia-o chegando. Quando Drake abriu a porta, eu entrei ofegante, finalmente podendo respirar aliviada. Eu havia escapado.

Porém, assim que ele fechou a porta, virando-se para mim preocupado, senti tudo ficar escuro enquanto perdia os sentidos.

Quando abri os olhos, notei que estava nos braços de Drake. Sentado no divã que ficava ao lado da lareira na sala de estar, ele me segurava com cuidado e havia confusão em seu rosto.

– Lyric...? – ele perguntou docemente enquanto colocava a mão no meu rosto, assim que recobrei a consciência. – O que aconteceu?

Suspirei e lhe contei tudo.

Resolvemos que eu passaria a sair sempre acompanhada, mesmo que fosse para ir até a esquina; e pegaria o ônibus escolar todo dia. De modo que não tive mais nenhum sonho revelador ou algum sinal de que William estava próximo, nos cinco dias seguintes.

Na terça feira seguinte, porém, estava descendo do ônibus depois de um dia de aulas quando ouvi uma voz em minha cabeça.

Sua força está falhando, você terá que ceder.

Já era óbvio, para mim; poderia ele ler mentes, além de tudo?

Me deixe em paz!

Ouvi sua risada, mas dessa vez não na minha mente; ele estava em algum lugar por aqui, muito perto.

Só então notei que havia me afastado um pouco de casa – eu devia ter andado enquanto pensava – e de repente estava chovendo.

Na verdade era só um chuvisco, mas mesmo assim - não estivera ensolarado há um minuto? Enquanto perguntava a mim mesma o que devia fazer, quando percebi que já estava longe de casa; estava num muro,o que era incrivelmente estranho.

A chuva parara.

Eu estava em cima do muro, literalmente.

Isso acaba hoje.

Sua voz soou cortante, ameaçadora; os pelos da minha nuca se arrepiaram. Meu medo aumentou assim que me vi de repente no chão, com uma terrível dor na perna. Eu havia caído involuntariamente?

– Cansei dos seus joguinhos – falei para o nada.

– Sinto dizer, mas acho que eu ganhei. – ouvi sua voz, ele riu, e vi que estava em seus braços, olhando para seu rosto.

Já ia começar a me debater quando William levou um de seus dedos aos meus lábios.

– Não adianta nem tentar. Sua perna está quebrada.

– Droga – falei, enquanto sentia as lágrimas embaçando minha visão.

– Eu disse que ia te pegar, não disse? Pois então, estou cumprindo o combinado.

– Precisava ter feito isso? – as lágrimas salgadas estavam ali, mas não caíam.

– A culpa é sua. Se não tivesse quebrado o pacto, poderia estar desfrutando o final da sua não-vida com o seu novo herói.

As lágrimas começaram a cair.

– Eu não quebrei! Por favor, me deixa explicar!

Ele arqueou uma das sobrancelhas.

– Não tenha pressa; temos todo o tempo do mundo.

Dizendo essa frase irônica ele riu novamente. Ignorei seu sarcasmo e comecei a falar. William começou a andar comigo em seu colo enquanto eu tentava me explicar.

– ... como vê, Drake não sabia. Por favor, me dê uma última chance!

Ele parou.

– Você sabe que não dou segundas chances... minha Lyric Angel.

– Por que me chama pelo meu nome composto? - decidi mudar de assunto por um tempo. Eu sempre me perguntara por que ele não me chamava só por Lyric, como todo mundo fazia.

– Mudando de assunto, mocinha? – ele riu, afagando meu queixo. – Bem, eu gosto da sonoridade do seu nome.

E recomeçou a andar. Abaixei a cabeça.

– É irônico, não é?

Ele arqueou novamente as sobrancelhas. Já estávamos longe da minha casa.

– Tenho Angel no nome e minha alma pertence a um demônio. Isso é irônico.

– Ah sim, é verdade. É exatamente por isso que te chamo assim, Lyric Angel – respondeu, rindo novamente.

– Não vou poder nem me despedir?

Ele me analisou.

– O que acha que vou fazer com você, garota?

– Hmm... me deixar enclausurada pelos cinco meses seguintes e depois tirar a minha alma?

– Bem... até posso fazer isso mais tarde. Só depende de você.

Meu rosto revelava confusão.

– Vai fazer o quê, então?

– No momento estou te levando até um hospital para darmos um jeito nesse osso quebrado, depois vou decidir o que farei. Por isso eu disse, só depende do seu comportamento.

Estaria ele... cuidando de mim?

– O que essa palavra quer dizer, cuidar? – perguntou, quando eu pensei em voz alta.

– Não sabe mesmo? – assentiu. – cuidar de alguém... é quando você se preocupa com uma pessoa - quando você a leva para consertar a perna quebrada, por exemplo.

Seu rosto mudou por um momento; parecia...

– É uma coisa humana – ele disse.

– Pois é Will, parece que seu coração não é totalmente frio, no final das contas.

Ele me olhou nos olhos. Eu acabara de chamá-lo por um apelido?! Que estranho!

– Eu não tenho coração – disse, quase voltando à frieza habitual.

Eu queria ver o William humano.

– Não ter um coração físico não significa que você não tenha uma parte humana; você finge que não se importa, mas eu sei que aí dentro, em algum lugar, tem um William que se importa.

– Isso é contra a minha natureza... Lyric...

– E daí? – falei simplesmente.

– Você pode pensar o que quiser, mas estará errada. Não tenho sentimentos.

Antes que eu pudesse responder, ele ordenou:

– Quieta. Durma.

Involuntariamente, meus olhos se fecharam e caí num sono induzido.

– Acorde.

Meus olhos se abriram para uma luz branca; demorei algum tempo para perceber que estava numa maca, com um médico e uma enfermeira de um lado, e William do outro.

– Vamos ter que voltar a sua perna no lugar – disse o médico.

Dizendo isso os dois pegaram minha perna delicadamente.

– Pode gritar – disse William – isso vai ser doloroso – e me imobilizou.

Não tive tempo de dizer nada; quando vi, os dois puxavam a minha perna para lados opostos, tentando colocar o osso no lugar. Claro que tudo isso foi muito rápido - mas assim que começou, dei o maior grito da minha vida – o que deve ter chacoalhado o hospital.

– Já acabou – disse a enfermeira.

Abri os olhos novamente e estava deitada, mas já solta; o médico colocava uma bota ortopédica. No momento seguinte William estendia os braços para mim; instintivamente, abracei seu pescoço enquanto ele me levantava. Eu o ouvi agradecer a equipe do hospital enquanto me levava para fora.

Estava nublado e feio lá fora. Continuei com os meus braços em volta do pescoço dele enquanto me perguntava o que aconteceria a seguir. Como ele não dizia nada, tive que descobrir sozinha; entramos num complexo de apartamentos.

Ainda me segurando com um dos braços, vi que abriu a porta de um apartamento que parecia antigo.

O imóvel era simples – havia uma pequena sala de estar com uma cozinha embutida, e um corredor comprido que levava a duas suítes. O garoto entrou em um dos quartos. Enquanto me colocava na cama, disse:

– Vai ficar aqui até eu decidir se vou deixar você voltar para sua casa ou se vai ficar em meu poder até o fim.

Suspirei.

– Lembre-se, só depende de você. E mais uma coisinha...

Vi que abriu um armário que havia no quarto; no começo não vi o que estava em suas mãos, só ouvi um barulho metálico.

Vi que era uma coisa feita de metal – aço ou ferro, eu não sabia dizer qual deles era -, e quando o demônio chegou ao meu lado, não havia dúvidas: era uma corrente.

– O-o que vai fazer? – indaguei alarmada.

– Apenas uma garantia de que você ficará aqui.

Ele tentou pegar meu pulso - desviei num primeiro momento, mas depois foi inevitável.

– WILL, NÃO! – me desesperei enquanto ele prendia meu pulso na corrente, e esta à cabeceira da cama. – Por favor, não faça isso!

Ele me fez olhar em seus olhos.

– É para o seu bem.

– E quem é você pra dizer isso? Desde quando você faz coisas pelo bem dos outros?

– Cuidado com o que fala. Eu posso mudar de ideia a qualquer momento – percebi o que havia feito e tapei minha boca com as mãos.

– Ah, e para você não reclamar... – ele colocou um celular descartável na minha mão, e saiu do quarto, trancando a porta.

Imediatamente disquei o número de casa.

–Alô... Drake...?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora, mas aí está!
Não me matem, eu precisava fazer alguma coisa acontecer! *pega escudo*
Gostaram?
Mereço reviews? *-*
Até o próximo!