You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 47
The Outburst of Feelings - Parte 1




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– Olá, querida. – Disse acariciando-lhe as bochechas, afastando assim algumas das lágrimas que começaram a cair, assim que ela me viu. Eu não sabia o que se passava na cabeça dela, não sabia porque é que ela olhava para mim com decepção. Mas eu também não queria força-la a nada. Decidi não dizer nada até que ela acalmasse um pouco. Ela chorava violentamente e eu não sabia o que fazer para a ajudar.
– Ele não vai voltar, pois não? Eu pedi para ele voltar e esperei, mas ele não veio. – Disse ela num gemido sussurrado, se não tivesse bem próxima dela, não teria conseguido ouvir. Percebi que ela falava do irmão e que isso era a causa da decepção estampada nos seus olhos. Ela estava à espera que eu fosse o Sean, que tivesse sido o irmão a sentar-se ao seu lado e quando viu que era eu, a esperança de ele voltar resumiu-se a zero.
– Não, amor. Ele não vai voltar. – Respondi com um nó na garganta. Doía-me ver a Alice a sofrer tanto. Estava a conter-me para não desabar à frente dela. Ela precisava de mim, mais do que tudo. Assim que eu respondi, ela fechou os olhos lentamente e virou-se para o lado oposto ao qual eu estava. A vontade de chorar apenas aumentou e a dor causada por ver a Alice assim também. Fiz um esforço enorme para conter as lágrimas nos meus olhos e o choro preso na garganta.
– Eu não sou ingrata, sabes? – Indagou ela ainda virada para o lado oposto ao qual eu estava. Ia responder que sim, sabia que ela não era ingrata, mas ela começou a falar antes de eu ter oportunidade de responder. – Não sei como agradecer tudo o que têm feito por mim. Devido a vocês, agora posso dizer que tenho uma irmã, um quase irmão e um namorado perfeito. Que te tenho a ti e ao Carlisle que considero mais meus pais que os meus pais biológicos que nunca quiseram saber de mim para nada. Que nunca me falta comida em casa, nem dinheiro para comer na escola como antes faltava. Agora, posso comprar roupas e outras coisas que queira para mim. E até vou ganhar um quarto, só meu, de mais ninguém. Eu devia estar mais do que feliz por isso, vocês dão-me tudo o que eu preciso e o que não preciso, tudo o que uma rapariga com a minha idade deve ter. Até certo ponto estou feliz, Esme, eu estou, mas no fundo, por mais infantil e estúpido que pareça, eu sempre sonhei que um dia o meu irmão iria voltar. Que eu iria voltar a morar com ele, e tudo seria como dantes. Eu quero muito que ele volte, Esme, é um sentimento tão desesperante querer tanto uma coisa que é impossível de alcançar. Eu sei que ele não era rico e que eu não tinha isto tudo que agora tenho mas ele entendia-me e amava-me incondicionalmente. – Disse ela suspirando no final. Tentei conter um soluço que queria escapar. Eu não queria que ela me ouvisse chorar. – Desculpa. – Sussurrou ela para mim tão baixo que tive dificuldades em ter a certeza se ela tinha mesmo falado ou não.
Eu percebia o que a Alice queria dizer com o sentimento desesperante. Por anos e anos eu sentia o mesmo. Senti o mesmo sentimento desesperante de querer algo impossível, algo que me fazia sentir impotente e fraca por não conseguir ter. Quando eu tinha dezasseis anos, a minha mãe morreu de cancro. Foi uma época horrível, eu era muito próxima da minha mãe, eu espelhava-me nela e sempre dizia que quando fosse grande queria ser tal e qual o que ela foi. Ela era uma pessoa bondosa, calma e querida. Era a pessoa mais importante na minha vida, e enquanto todas as raparigas daquela época com dezasseis anos desejavam namorados, roupas e jóias, eu apenas desejava ter a minha mãe de volta, desejava que ela não tivesse morrido. Queria continuar com ela a meu lado. Daria tudo para a trazer de volta. Eu fiquei muito mal nessa época, tal como a Alice ficou quando descobriu que o Sean morreu, mas, ao contrário dela, eu fui amparada pelo meu pai e pelas minhas tias, a minha família apoiou-me o tempo todo, até eu melhorar um pouco. A Alice não. Com a morte do irmão, ela deparou-se sozinha no mundo. Ninguém estava lá para a amparar e para a apoiar. Porém, por mais amor e apoio que eu tenha recebido depois da morte da minha mãe, eu tinha o desejo que a minha mãe aparecesse a qualquer momento, fazendo com que mais ninguém tivesse importância. Em todos os momentos especiais da minha vida, eu senti esse desejo. Nesses momentos, desejava tanto olhar para o lado e ver a minha mãe ali com aquele sorriso que desde que nascera me passava tanta confiança e segurança. Foi assim quando me formei. Passei a cerimónia toda com a esperança que ela aparecesse e sorrisse para mim afectuosamente, abraçando-me de seguida e dissesse “Estou tão orgulhosa de ti, minha filha.” Foi assim também no dia em que o Carlisle me pediu em namoro e depois me pediu em casamento. Desejei tanto nessa altura, tê-la ali para poder falar com ela sobre os meus medos e os meus anseios. Sobre tudo que se estava a passar de novo no meu coração. Foi assim, no dia do meu casamento quando me vi reflectida no espelho. Quis tanto tê-la nesse momento especial da minha vida, apenas para a ver a conter as lágrimas que tentavam escapar dos cantos dos seus olhos e para ouvi-la dizer: “Cresceste tanto minha querida, estás uma mulher tão bonita.” Quando senti as dores no parto dos meus filhos, desejei tanto que ela estivesse ao meu lado, para me dar força, para afastar o medo e a dor. Quando peguei pela primeira vez em cada um dos meus filhos, quis tanto que ela estivesse lá para vê-los, com um olhar que só uma avó pode ter. Eu sentia imenso a falta dela e conhecia demasiado bem esse sentimento desesperador.
– Porquê? – Acabei por perguntar-lhe quando tive a certeza que mais nenhum soluço escaparia.
– Porque eu o amo tanto, Esme e sinto tanto a falta dele na minha vida. Era por ele que eu me levantava da cama todos os dias e encarava o mundo, por mais duro que pudesse parecer. Apenas para o ver sorrir. Um sorriso dele já me fazia feliz, Esme. Porque ele era o único que me amava verdadeira e incondicionalmente. Ele era o único que me via. Para ele, eu não era invisível. – Disse ela ainda um pouco engasgada com os soluços. Ela ainda chorava e cada soluço dela, era um golpe no meu coração.
– Não, amor. Porque é que me estás a pedir desculpas? – Perguntei carinhosamente. Eu queria tanto acariciar a sua bochecha e afastar algumas das lágrimas, mas eu tinha medo que ela me rejeitasse, por isso fiquei imóvel onde estava.
– Porque ao dizer isto… ao querer isto, estou a magoar-te. Querer que ele volte para mim, faz com que eu esteja a ser ingrata com vocês e assim vocês podem não me querer mais na vossa família. Eu não quero fazer isso, Esme. Eu não vos quero perder também. Eu amo-vos tanto que apenas pensar em perder-vos já dói. – Explicou ela soluçando no final. Ela continuava virada para o lado oposto ao que eu estava. Eu queria que ela olhasse para mim, queria que ela visse a sinceridade nos meus olhos. Eu nunca a abandonaria, nunca. Ela é minha filha e eu seria incapaz de a abandonar.
– Querida, isso não vai acontecer. – Disse. – Nunca vai acontecer. – Frisei o que eu queria dizer. Eu queria que ela soubesse, que sempre estaria ao lado dela. Sempre.
– Prometes? – Perguntou-me ela virando-se para onde eu estava. Ela voltou a olhar para mim, mas desta vez o seu olhar não tinha decepção. O seu olhar era de desampara e medo. Percebi que o que eu respondesse, iria definir a confiança que Alice depositará em mim. Eu queria que ela confiasse em mim, mesmo de olhos fechados, ou no escuro. Eu queria ser um porto de abrigo para ela, tal como todas as mães deviam ser para os filhos. Mas para isso, eu não lhe podia mentir. Eu não lhe podia dizer algo e depois esse algo simplesmente não acontecer, ser apenas uma mentira.


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Notas finais do capítulo

Bem, este capitulo eu tive que dividir em duas partes, senão ficaria muito grande, mesmo e claro que um pouco de suspense não faz mal a ninguém! ahaha :p Espero que tenham gostado do capitulo!
Espero os vossos comentários! Eu estou a sentir a falta de algumas pessoas que costumavam comentar e agora já não comentam, fico mesmo triste com isso! Espero que voltem a deixar o vosso comentário!
Tenham um bom ano novo!
Beijinhos
S2