You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 21
Back to School




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Dormi a noite toda e só acordei porque os raios de sol estavam a bater-me na cara. Esfreguei os olhos para afastar o sono e olhei para o relógio. Era uma e meia da tarde. O Jasper também tinha acabado de acordar.

- Bom dia. – Disse voltando a aconchegar-me nele.

- Bom dia. – Disse ele beijando-me de seguida. Ficámos mais um bocado aconchegados um no outro e depois descemos para almoçarmos. Já estava com um pouco de fome. Eu e o Jasper comemos e depois
fomos para a sala, ver um filme que estava a passar na televisão. Não apetecia fazer nada. A casa também estava muito silenciosa. Ainda não tinha visto ninguém sem ser o Jasper. Deviam estar todos ainda a dormir.

Por volta das três da tarde, o Carlisle desceu.

- Boa tarde. – Disse quando nos viu. Para além de só ter vindo agora para baixo, ele aparentava um ar cansado.

- Boa tarde, pai. O que se passa? – Perguntou o Jasper perspicaz.

- A tua mãe passou a noite toda cheia de enxaquecas. Ainda não conseguiu dormir. – Respondeu o Carlisle visivelmente preocupado.

- Mas quando nós fomos para cima dormir, ela estava bem.

- Pois estavas, mas só começaram quando ela se deitou. Venho buscar algo leve para ela comer para depois tomar um comprimido.

- Está bem. – Disse o Jasper com um traço de preocupação no rosto.

O Carlisle retirou-se para a cozinha e uns minutos depois, subiu as escadas com um tabuleiro com comida. Não voltou a descer. Mais ninguém desceu. Por volta das cinco e meia, decidi ir para casa. Amanhã, já havia aulas, infelizmente, e tinha que ir preparar as coisas. Também não queria incomodar mais, visto que a Esme estava com enxaquecas.

- Jasper, vou-me embora. – Disse-lhe.

- Já? – Perguntou.

- Sim, não quero dar mais trabalho e também preciso de ir preparar as coisas para as aulas. – Respondi.

- Está bem. – Disse ele um pouco triste. – Mas vais a pé?

- Sim, não precisas de me levares. A instituição não fica muito longe daqui.

- Tens a certeza?

- Sim. Até manhã. – Despedi-me, beijando ternamente de seguida.

- Até manhã, vou ter saudades.

- Também eu. – Disse sorrindo. Fui buscar algumas coisas minhas que estavam lá em cima e depois fui-me embora. Percorri o caminho calmamente, não estava com pressa. As crianças já deviam estar lá e a Ellen também. Não me importava nada de ter a instituição só para mim. Pelo menos, ninguém me chateava. Cheguei à instituição, trinta cinco minutos depois. A algazarra que existia dento de casa, já se ouvia na rua. Não tinha a certeza se me apetecia entrar. Estas semanas têm sido um conto de fadas e agora, tudo vai voltar ao normal. Também não queria nada ir amanhã para a escola. Existia lá dois rapazes da equipa de futebol que se metiam sempre comigo. Ou tiravam o meu almoço, ou faziam com que eu caísse no corredor… Coisas desse género. Eu já estava meio habituada. Já durava há algumas semanas, mas preferia como dantes, que ninguém dava por mim. Resolvi entrar na instituição. As crianças corriam de um lado para o outro, mostravam o que tinham recebido no Natal nas famílias onde estiveram. Eu fui directa ao meu quarto, mas quando eu passei, começou aquele murmurinho que havia sempre. Não
sei o que tanto murmuravam, mas aquilo era um pouco irritante. Abri a porta do quarto e fechei-me lá dentro. Ainda bem que tinha a sorte de ter um quarto só para mim. Decidi andar à procura dos meus cadernos e dos meus livros da escola. Tinha o quarto um pouco desarrumado. Quando os descobri, guardei os que necessitava amanhã para a escola e depois preparei as coisas para ir tomar um banho rápido. As outras crianças já deviam ter tomado. Quando saí do quarto, os corredores já estavam mais sossegados. As crianças deviam estar todas na sala a ver televisão ou a brincar umas com as outras. Tomei banho num instante e depois voltei para o quarto. Quando já estava na hora de jantar, fui até à cozinha e enchi um prato com comida para comer. Como era normal, fui comer para
a sala, sozinha. Quando acabei de comer, pus o meu prato na máquina de lavarloiça e depois fui para o quarto dormir. Já estava com sono.

Acordei na manhã seguinte, com uma dor aguda no pulso. Ainda era cedo, muito cedo mas eu não conseguia dormir. Devo ter dado um jeito ao pulso durante o sono. Fiquei um pouco na cama, apenas por preguiça e depois levantei-me. Aproveitei que ainda estava tudo a dormir e fui tomar banho. Depois do banho, vesti-me calmamente e fui tomar o pequeno-almoço. Quando acabei de comer voltei para o meu quarto. Reparei no meu horário, que hoje ia ter a minha primeira aula de desenho. Desenho é uma daquelas disciplinas que só tens metade do ano. Nós escolhemos duas no inicio do ano e metade do ano temos uma e na outra temos a restante disciplina. Eu estava curiosa para a aula de desenho. Eu sempre adorei desenhar, mas sempre achei que não tinha grande jeito. Quando dei por mim, já estava na hora de ir. Eu tinha que ir a pé para a escola e ainda ficava um pouco longe. Peguei na mala e saí da instituição e caminhei até à escola. Quando lá cheguei, já estava a tocar para a entrada. Fui a correr para a sala para chegar antes do professor. Cheguei mesmo a tempo. Sentei-me na minha mesa ao fundo da sala. Esta aula eu
não tinha com o Jasper. Tinha apenas matemática e inglês. Estava na aula de biologia, logo de manhã. Tentei estar o mais atenta possível à aula mas estava um pouco complicado. Quando finalmente tocou, arrumei as minhas coisas lentamente e depois dirigi-me à sala de desenho. Agora, sim, estava entusiasmada. Esta manhã, ainda não tinha encontrado nem o Jasper nem a Rose. Sentia falta deles, mas não sabia se eles queriam estar comigo, aqui na escola. Fiquei à porta da sala até o professor chegar, o que não demorou muito tempo. Quando ele entrou, entrámos todos e como de costume eu sentei-me na mesa mais escondida possível.

- Bom dia, alunos! – Disse o Professor. – Este ano decidi fazer algo novo. Durante o resto do ano, vocês vão estar a trabalhar num projecto, numa obra de arte. Não vão trabalhar nisso em todas as aulas, também têm de trabalhar em casa, principalmente em casa. Este projecto vai consistir em desenharem a palavra que vos calhar deste saco. – Disse ele levantando o saco. – E posso dizer que existe umas um pouco difíceis, mas têm qu e puxar pela vossa imaginação. Quero trabalhos criativos, trabalhos que mostrem realmente o que sentem e não apenas algo para despachar. Quero mesmo que se empenhem neste trabalho. No fim do ano, vou eleger o melhor desenho e ele vai ser exposto no ateliê de exposição de uma amiga, no centro da cidade. – Toda a turma vibrou. Todos deviam ser melhor em desenho do que eu. – Vou andar pela sala para tirarem a palavra. Depois de tirarem uma palavra, não a podem trocar. Não vou abrir excepções. Como eu estava a um canto, ele demorou um pouco a vir a mim e restava apenas um papel dentro do saco. Tirei-o. O papel dizia: happiness. Uma bela palavra. Como é que eu iria desenhar felicidade? No que me fui meter.

 - Agora, quero que todos desenham algo. Quero testar os vossos dotes artísticos. – Disse ele brincalhão. Ele distribuiu folhas e começamos todos a desenhar. Peguei no lápis e comecei também. Às vezes o desenho servia de escape para o monte de sentimentos que estavam aprisionados em mim. Deixei os meus sentimentos fluírem e quando tocou a campainha para sair, tinha o desenho feito. Tinha desenhado uma rapariga no centro da folhar e uma multidão à sua volta. A rapariga estava desenhada com um tom mais carregado para se destacar e a multidão num tom leve quase desfocado. Queria dar a ideia de ela estar sozinha, de não ter ninguém mesmo estando rodeada de pessoas. Como se algo a separasse dos outros. Muitas vezes era assim que me sentia. Sozinha no mundo, sem ninguém. Eu vejo toda a gente com família, reunidos e eu  não tenho isso. Nem mesmo na instituição sou aceite. Sou como um intruso em todo o lado em que eu esteja.

- Isso está perfeito! – Ouvi alguém atrás de mim a dizer. Era o professor. Olhei espantada para ele.

- Obrigada. – Disse simplesmente.

- Alunos, estão dispensados, até à próxima aula. Não se esquecem de trazer esses desenhos. Quero os ver a todos na próxima aula. Sei que alguns ainda não acabaram, por isso, acabem em casa. – Disse ele ao pé da sua secretária. Arrumei as minhas coisas e fui até à aula de educação física. Não a ia fazer, ainda não podia por causa do pulso. Sentei-me nas bancadas e quando a professora entrou, fui falar com ela, para a avisar que não podia fazer. De seguida, voltei para as bancadas. Fiquei a vê-los jogar voleibol. Eu não gostava muito de voleibol, aleijava-me sempre nas mãos e nos pulsos por causa do impacto da bola. A meio da aula, uma bola vinha contra a minha cara e eu como instinto para me defender, pus a mão à frente da cara, mas levantei a errada, levantei aquela que tinha o pulso aleijado e a bola bateu aí com força. Doeu. Com a outra mão atirei a bola para o campo. Sentia uma dor horrível no pulso. A professora percebeu o que se tinha passado e veio ter comigo.

- Vai à enfermaria e mete gelo, está bem? Não precisas de voltar, podes ir almoçar.

- Obrigada. – Disse entre gemidos de dor. Levantei-me e fui até à enfermaria. Pedi um pouco de gelo e depois fui até ao refeitório comprar comida. Comprei o que pude com o dinheiro que me davam e depois fui sentar-me numa mesa vazia. Comecei a comer lentamente com a mão que não estava aleijada. Passado um tempo, tocou para a saída e o refeitório começou a encher.

- Podemos sentar? – Ouvi a Rose a perguntar.

- Sim. – Respondi sorrindo. Com ela estava o Jasper e o Emmet. – O Edward e a Bella?

- Já foram embora, não têm aulas de tarde. – Respondeu a Rose.

- Alice, o que é que aconteceu com o teu pulso? – Perguntou o Emmet um pouco preocupado. O Jasper e a Rose olharam para o meu pulso para ver o que se passava.

- Levei com uma bola de voleibol. – Respondi ajeitando o gelo no meu pulso.

- Dói-te muito? – Perguntou o Jasper preocupado.

- Não. – Respondi. – Já doeu mais. - Continuei.

- Tens a certeza? – Perguntou o Jasper.

- Tenho. Está melhor. – Disse sendo sincera. A dor já não era tão horrível. Estava a atenuar.

- Esperámos por ti na aula de música. – Disse a Rose. Música era outra das disciplinas que poderíamos ter. Mas eu nunca tive muito jeito para música por isso pus logo fora de questão. – Não escolheste música?

- Não.

- Então o que escolheste? – Perguntou o Jasper.

- Desenho.

- Isso não é difícil? – Perguntou o Emmet.

- Até agora, não muito. Ainda só desenhei algo à minha escolha.

- Desenhas bem? – Voltou a perguntar o Emmet.

- Não acho, apenas gosto de desenhar. – Respondi.

- Tens aí o desenho? Podemos ver? – Perguntou o Jasper.

- Sim tenho, mas não está nada de jeito, não vale a pena vê-lo. – Respondi.

- Vá lá, Alice. Queremos ver, temos curiosidade. – Disse a Rose sorrindo.

- Então prometem que não se riem?

- Sim! – Responderam os três em coro. Tirei o desenho da mala e pu-lo na mesa para eles verem. Não estava mesmo nada de especial, pelo menos a meu ver. Eles ficaram os três calados a olhar para o desenho.

- Está assim tão mau? – Perguntei olhando para a cara deles.

- Não, Alice. Está lindo. – Respondeu a Rose.

- Está tão perfeito. – Disse o Jasper.

- Está…está…desenhas mesmo bem, Alice. – Finalizou o Emmet.

- Não acho que esteja nada de especial. – Disse surpreendida com a reacção dele.

- Não está nada de especial? Alice, estás maluca. Tu tens um dom. Está magnifico. – Disse a Rose.

- Obrigada. – Respondi envergonhada. Senti as minhas bochechas a corar, para variar.

- Não tens nenhum projecto para o resto do ano, na aula de desenho? – Perguntou o Emmet.

- Tenho. Tirámos uma palavra de um saco e temos que fazer um desenho que a envolva.

- Que palavra tiraste? – Perguntou o Jasper.

- Happiness. – Disse suspirando no final. Na minha vida não tive muita felicidade. Ainda não sabia muito bem o que era, por isso, esse trabalho ia ser muito difícil. Não sabia o que haveria de desenhar. Eles não disseram nada em relação à palavra e até foi melhor, não queria falar mais sobre isso, depois pensava em algo. – E vocês? Têm algum projecto?

- Sim. Fazer uma música. – Respondeu a Rose. – Até não acho que vá ser difícil.

- O meu vai. – Suspirei. Continuámos a comer e quando acabámos fomos cada um para a sua sala. Ia ter matemática, pelo menos tinha com o Jasper. Sentei-me na minha mesa, ao canto e o Jasper sentou-se ao meu lado. Ele normalmente ficava com uns amigos, dele.

- Não te importas que me sente aqui, pois não? – Perguntou sorrindo para mim.

- Claro que não, mas não preferes ir sentar-te ao pé dos teus amigos? – Perguntei.

- Não, prefiro estar contigo. Hoje, quase não tive tempo nenhum contigo. – Respondeu, beijando-me a bochecha.

- Como está a Esme? – Perguntei lembrando-me dela. Ela ontem estava cheia de enxaquecas, nem dormiu na outra noite. Estava preocupada com ela.

- Na mesma. Passou outra noite sem dormir por causa das dores de cabeça. – Disse ele triste. Ele estava preocupado com a mãe. – Já não é a primeira vez que isto acontece. Nos últimos tempos, ela tem tido muitos episódios destes. O meu pai disse-me que se ela continuar assim mais um dia, ele leva-a ao hospital.

- Nas outras vezes, ao fim de quanto tempo é que ela melhora? – Perguntei preocupada. Não queria ver a Esme doente.

- Depende, já foi três dias, já foi uma semana. Esse foi o pior. Ela praticamente não dormiu numa semana, ela já não aguentava tantas dores. Varia. Não é muito regular. – Disse ele ainda com a expressão tristonha. Não consegui dizer mais nada. Depois queria ir vê-la. O professor acabou por entrar dentro da sala de aula e calámo-nos. Eu precisava de estar atenta para tirar boa nota neste teste. A meio da aula, alguém bateu à porta. Era o director. Normalmente, o director não vinha às salas de aula. Algo de grave deve ter acontecido.

- Boa tarde, Director Smith. – Cumprimentou o professor.

- Boa tarde. Preciso que o Jasper Cullen arrume as suas coisas e venha comigo. – Pediu o director. Olhei para o Jasper e percebi que ele também não estava a perceber porque tinha que ir embora, mas não questionou o director. Ele arrumou as suas coisas, deu-me um beijo na bochecha e saiu. A aula voltou a decorrer normalmente. Não consegui
prestar mais atenção à aula. Estava preocupada. Quando deu o toque de saída, arrumei as minhas coisas calmamente e depois fui até à instituição. A Esme não estava lá. A esta hora, ela costumava estar sempre cá.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acham que a Esme tem? Espero que tenham gostado deste capitulo. E espero que não me matem por me atrasar a postar. Eu tive um teste e uma apresentação oral de português. Tive a semana toda a estudar e a preparar a apresentação. Espero que compreendam! (: Fico à espera dos vossos comentários!
Beijinhos
S2