Vida Cruzada escrita por Razi


Capítulo 8
Conversa




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Chego em casa retirando o casaco enquanto seguia para meu quarto com o único pensamento de dormir e não acordar tão logo, pelo menos até que Hajime retornasse a ser apenas lembranças.

Parece que tudo rui ao meu redor com sua chegada, na verdade, com seu retorno que ainda vai me por a fazer coisas idiotas.

Sinceramente estou furiosa com ele, com Naomi, Hideki, comigo mesma. Só que não sei como controlar tudo novamente.

Na real penso que vai demorar até que me acostume com a idéia de estudarmos juntos de novo, isso está me embrulhando o estômago.

Deito-me na cama vendo o ventilador continuar seu trabalho o que acaba me dando sonolência.

Ás vezes o sono é o melhor remédio...

Quando preparo um lanche pra mim já que Allan ainda não tinha chegado, o que me faz cogitar o que tanto ele está aprontando.

Meu bom humor está de volta e com isso possuía pique para realizar algumas tarefas que até então estava deixando de lado. Coloco o CD da Koda Kumi para tocar enquanto amarro meu cabelo num rabo de cavalo, só que a campainha toca fazendo-me ir ver quem é.

Antes não tivesse ido.

-Agora acerta o número da casa? – indago ríspida encarando Hajime com toda a sua pose.

-Temos que conversar – ele diz solene.

Faço uma cara pensativa antes de olhá-lo.

-Não – nego séria.

-Pensei que sua raiva tinha passado – ele reflete não demovendo seus olhos dos meus.

-Trágico não – ironizo – O caso é que volte pra onde estava, já que era tão bom assim para não mandar noticias.

-Tenho meus motivos para não ter feito isso – ele se defende – Pare com a infantilidade.

-Allan te mandou aqui não foi?

-Eu não te conheço de ontem, Katherine – ele muda de assunto – Não está apenas zangada pela minha falta de noticias.

-Serizawa – digo por entre os dentes – Não acha que isso é razão o suficiente para mandá-lo pro hospital?

Ele franze a testa antes de suavizá-la de novo.

-Desde quando ouve Koda Kumi? – ele indaga com seus olhos recaindo no meu rosto.

-Não lhe infere isso – replico irritada – Por que não azucrina sua namorada? É melhor do que se importar comigo.

Ele revira os olhos, empurrando-me para dentro fechando a porta atrás de si.

Olho-o surpresa enquanto me coloca na parede com seus braços de cada lado do meu rosto.

-Será que não pode entender que tive meus motivos para fazer o que fiz? – ele indaga estreitando as sobrancelhas.

Afasto-o de mim no mesmo segundo atônita, nunca o tinha visto fazer tal atitude.

-Não posso entender quando não sei de nada – digo pausadamente – Você não é o mesmo que conheci antes, não adianta achar que depois de nos reencontrarmos voltaríamos a ser os velhos amigos de sempre, porque lamento informar não vai ser assim.

Ele aproxima-se de mim novamente.

-O que aconteceu? – ele murmura.

-Você me abandonou – respondo afastando-me dele.

-Eu não te abandonei – ele diz com uma convicção que me pega de surpresa.

Olho-o com uma sobrancelha arqueada.

-Não concordo com isso – replico séria – Você simplesmente desapareceu, me deixou as cegas por explicações.

Ele novamente se aproxima de mim.

-Custa ser compreensiva? – ele indaga retórico.

-Nunca foi meu forte – disparo afastando-me ainda mais.

-Está fugindo por que? – ele indaga virando seu rosto para me encarar.

-Porque não estou gostando dessas suas aproximações – digo recompondo minha mascara de seriedade.

-Antes você gostava – ele reflete.

-Passado é passado – retorqui cruzando os braços – Além do que tenho um namorado.

-Tora não é? – ele conjetura olhando para o teto.

-Não lhe interessa – replico ríspida, quem é que tinha contado?

Allan.

Ele deixa seus olhos caírem sobre mim novamente antes de dar um passo na minha direção só que para, pensando melhor sobre a idéia que não era das melhores.

-Ainda está irritada? – Ele indaga retórico.

Arqueio uma sobrancelha cruzando os braços novamente.

-Você melhor que ninguém sabe que não estou – digo solene.

-Claro – ele revira os olhos – Eu estaria morto agora.

-É uma situação a se pensar ainda – rebato sugestivamente.

-Posso saber por que tanta hostilidade? – ele pergunta meio ácido.

-Não preciso responder isso – respondo com um sorriso sem humor.

-Você nunca foi assim comigo – ele comenta pensativo.

-Tem sempre a primeira vez para tudo – recito dando de ombros.

No segundo seguinte estava sendo imprensada na parede com corpo de Hajime colado ao meu.

O que tinha dado nele?

-Pegou muitos costumes ocidentais – debocho olhando-o – Nada agradáveis.

-Tem certeza? – ele indaga insinuante.

Abro minha boca, mas não pronuncio nada.

Digamos que estava dividida entre a surpresa e ao fato de gostar daquele ataque dele.

-Afaste-se, Serizawa – peço intimidadora.

Ele tomba a cabeça para o lado enquanto trinco os dentes e o empurro.

No mesmo instante a porta se abre revelando as figuras de Allan e Naomi que olhava curiosa para mim e Hajime.

Faço a reverência pra ele e giro meu corpo para voltar ao meu quarto quando me lembro do linguarudo que tenho como irmão.

-Se ainda quiser ter filho, Allan, acho bom tomar cuidado com o que solta – advirto retornando meu antigo trajeto tocando de propósito o ombro de Hajime.

A amizade tinha descido pelo ralo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Bem, curtiram a nova capa?
Queria que tivesse alguma em trio, mas não achei.
Só que mesmo assim essa me parece uma boa.
Finalizamos o primeiro dia verdadeiro de Katherine.
No próximo apresento como é o sistema em Housen e um certo deus monumental entra na área.
Espero que curtam ele como eu.
Assim até lá.
o/