Vida Cruzada escrita por Razi


Capítulo 4
Diferenças


Notas iniciais do capítulo

Yo, galerinha do mal
Deixando mais um cap. que está mais pra informativo do que pra qualquer outra coisa.



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Pego meu celular saindo do quarto, encontro Allan jogando videogame na sala.

-Vou para casa da Hana – aviso já abrindo a porta da rua.

Ouço o som da sua resposta, mas não entendo. A casa dela ficava próxima da minha apenas algumas quadras de distância.

Bocejo enquanto o vento toca meu rosto com graça. Pego meu celular discando seu número depois e como sempre demora um pouco a atender, mas finalmente atende.

-Onde você está? – pergunto já na rua de sua casa.

-Em casa – ela responde sonolenta.

-Acordei você? – indago apertando o interfone ao lado do portão de ferro.

-Mato você – ela sentencia pelo interfone antes de aparecer na entrada com seu cabelo meio bagunçado e a cara de sono.

Dou-lhe um sorriso guardando meu celular. Ela vem abrir o portão exibindo sua aparência de garota de mangá.

O cabelo pintado de braço era curtinho, liso com uma franja reta, olhos negros dando destaque na pele parda do corpo esbelto que chamava muita atenção.

Ela me dá passagem analisando-me.

-Não iremos mais ao show certo? – ela conjetura enquanto seguíamos para dentro da casa.

Fico silenciosa até que sento numa das cadeiras forradas com veludo que decoravam a sala de estar.

-Meus primos vão jantar conosco hoje – informo vendo a nova aquisição na decoração – Seu pai comprou esse quadro?
-Não sei – ela diz sincera – Já retorno.

Vejo pelo canto do olho ela desaparecendo rumo a cozinha. A casa era ricamente decorada a moda européia com o toque especial japonês vindo da mãe mesmo que o senhor Nakamura ache que quebrou a harmonia.

São velhos legais e que trabalham muito para dar o melhor à filha que arrastei para estudar numa das escolas violentas da cidade.

Sou um monstro.

-Toma – ela diz jogando pra mim uma lata de refrigerante – Ou está contra o refrigerante?

-Nunca – replico dando um gole – Onde seu primo está?

-Foi levar a namorada para um passeio como compensação – ela responde brincando com seus dedos.

-O que sua mãe disse sobre Housen? – pergunto antes de dar mais um gole.

-O de sempre – ela espalma uma mão – Fez uma gritaria sobre a escola, mas concordou que não era bom deixar você desamparada.

-Tenho que agradecê-la por isso – confesso com um rápido sorriso.

Ela revira os olhos antes de pegar seu jogo portátil que até então fazia na mesa de centro.

-E lá vai novamente – resmungo rolando meus olhos.

-Você é viciada em refrigerantes e café, não devia me criticar – ela se defende.

-Golpe baixo – satirizo levando a latinha até minha boca novamente.

Ela dá de ombros concentrada em seu jogo.

-Quem vai jantar com vocês? – ela pergunta desinteressada.

-Aika – respondo fazendo uma careta – E o Heisuke.

Ela ergue seus olhos para mim desconfiada e com razão.

-Não – ela nega-se se voltando a concentrar no jogo.

-Por favor, Hana – peço – Estamos falando do Heisuke.

-Como também da Aika – ela frisa – E por mais que o admire, não quero agüentar ela.

Faço um beicinho tentando persuadi-la, mas dessa vez não consigo nada.

-Vou indo nessa – aviso já me levantando.

-Fecha a porta quando sair – ela pede enquanto já estou girando a maçaneta – Sorte!

Dou uma passada na loja de música que era meio distante, queria um novo CD para minha coleção.

Acho engraçado é o fato que metade dos artistas que querem tentar sucesso aqui é preciso rebolar muito ou como preferem tem que ter “tarento”.

Olho alguns CDs, no Brasil ter talento é maravilhoso, consegue ganhar fama, tem carisma além do que precisa ralar para que os holofotes fiquem brilhando ainda.

Já por aqui, não precisa ralar, tem que se matar mesmo, ter talento não basta, considerando que é um mercado bastante competitivo, por isso a necessidade de ter “tarento” que é como intitulam os artistas que fazem as mais diversas ações. Prefiro chamá-los de multifuncionais é bem mais bonitinho.

Pego um CD do Arashi e vou procurando por mais um.

Essa não é a única diferença entre Ocidente e Oriente, além do que na mesma base o fato de que o artista tem que ser exemplo tem o fato de o artista tem que ser exemplo para a população. Enquanto do outro lado do mundo essas pessoas podem fazer algo errado daí é só esquecer e seguir em frente de onde parou. Por aqui, ousa fazer algo errado e vai ver o que é bom pra tosse. Não apenas tem que se desculpar publicamente, como em casos graves ter que sair de cena, mudar de visual e esperar a poeira baixar para depois voltar ao mundo começando do zero praticamente.

Ou seja, tem que ter cuidado com o que fiz, faz e por aí vai, não apenas artistas, mas as pessoas em geral.

A sociedade é bastante conservadora e preza muito a imagem.

Pego um CD da Koda Kumi, exemplo vivo disso.

Lembro-me da época em que ela teve a infeliz idéia de abrir a boca para comentar sobre a dificuldade de ter um filho acima dos 35 anos.

Simplesmente o Japão ficou de pernas pro ar. Allan riu muito na época e eu também não nego pelo exagero todo em cima dela já que com apenas esse pequeno comentário quase decreta o fim de sua carreira e mesmo da agência dela também.

Não importou que pedisse desculpas, todos a condenaram. Tão tal que quando retornou não tinha mais o sucesso de antes e duvido que vá tê-lo de volta após dois anos que se passaram.

Assim ser artista por aqui não é pra qualquer um, além do que não é uma profissão que eu vá seguir, já que me causa pena ver esses artistas se esfolando para ter e manter uma figura exemplar.

No Ocidente deveria ser assim também, por mais rígido que seja é melhor que ver nas manchetes artistas bêbados, drogados ou mesmo que agrediram alguém.

Simplesmente são longas as diferenças existentes entre tudo, não chega nem ser certo comparar.


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Notas finais do capítulo

Agora tenho que dar um aviso sobre as postagens, no momento estou enterrada até o topo no estudo de línguas, para que eu possa me decidi no final do ano se vou pra Seul ou Nagoya.
Resumindo, o tempo que passo no pc gira em torno disso e meu tempo no Nyah torna-se bem curto tal como digitação das histórias que estou mantendo em andamento.
Por isso possivelmente vai demorar os cap. Apesar de escrevê-la a mão e aliás, bem adiantada por sinal.
Enfim espero que tenha explicado isso.
O caso que só falta um cap. para trazer Hajime Serizawa de volta, só que até lá, vão curtir o namorado da Katherine e outra coisa mais.
o/
Até mais.