Vida Cruzada escrita por Razi


Capítulo 3
Reflexão


Notas iniciais do capítulo

Gomen,
Era pra ter sido postado ontem, mas como estava imersa demais em meus estudos de línguas, tive preguiça e sem tempo para postar.
Mais aqui está um cap. que em partes possuem coisas interessantes.



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Hajime novamente estava ao meu lado enquanto caminhávamos pelo parque próximo ao colégio com um entardecer belíssimo.

-Deveria parar de arrumar briga – o critiquei enquanto sugava pelo canudo um pouco mais de refrigerante.

-E você deveria parar de tomar tanto refrigerante – ele replicou voltando seu olhar para um violinista que tocava a beira da fonte.

-Não começa – o repreendi vendo o violinista tocar – É Chopin.

-Pensei que se tocasse apenas no piano – ele comentou pondo as mãos no bolso.

-Er – disse surpresa -Pensei que quisesse entrar para Yakuza em vez de uma escola de música.

Ele riu, mas parecia ser mais de uma piada interna.

-Homens precisam ser fortes e terem conhecimento – ele recitou estufando o peito.

Dou-lhe um peteleco na testa fazendo-o grunhir me arrancando um riso.

-Você parece machão falando isso – comentei reiniciando minha caminhada.

-Você é que é chata – ele replicou, nunca gostava de ficar por baixo.

Revirei os olhos enquanto bebia mais refrigerante...

Acordo sentindo-me cansada e suada.

Maneiro.

Abro a janela do meu quarto deixando a brisa noturna banhar meu corpo enquanto o ventilador no teto continua girando.

Lembrar e sonhar com Hajime me era pouco comum, mas sempre conseguia com que ficasse nostálgica, sentindo falta de sua companhia eletrizante.

Ele não era um amigo que eu iria conhecer em qualquer esquina, prova disso, era que tinha se passado dois anos desde que foi embora e nunca me mandou noticias.

Um completo idiota.

Nem se importou com a preocupação do Allan que nunca entendi o motivo que era secreto ainda por cima.

Humf.

Será que se esqueceu da amiga aqui que o tirava de encrencas com gangues, emprestava dinheiro e ajeitava seus encontros mesmo que não houvesse necessidade?

Aparentemente sim, talvez esteja enterrada para ele.

Não o chamo de idiota, porque seria ofender quem é. Diria que ele recai na classe dos nojentos, hipócritas.

Ele me dá nos nervos ainda. Na verdade, pensar no que ele me fez dá nos nervos.

Ir embora sem dar mais noticias.

Um grande amigo ele parece não?

Um grande retardado também.

Retorno para cama.

Tinha que voltar a dormir.

-Kath – Allan diz com sua mão me sacolejando – Vamos.

Grunhi enquanto abro meus olhos deparando com seu rosto por hora intacto.

-O que foi? – pergunto esfregando meus olhos.

-Parece um demônio – ele zomba com um sorriso.

Acerto um chute em seu estômago, o que faz com que ele faça uma careta.

-Que golpe baixo – ele me repreende puxando a cadeira da escrivaninha para se sentar.

Reviro os olhos cruzando depois minhas pernas em forma de lótus.

-O que aconteceu? – pergunto olhando-o curiosa.

-Papai ligou avisando que voltara apenas terça – ele responde olhando a rua pela janela.

-Ele vai ficar fora mais tempo? – indago retórica – Que exemplar.

Allan me lança um olhar reprovativo que finjo não notar.

-E nossos primos virão jantar conosco – ele comunica pausadamente.

-Hoje? – indago surpresa – Tenho um show para ir.

-Não posso ficar com o pepino sozinho – ele argumenta – Sei que não se entende com Aika, mas seja educada com ela.

-Humf – bufo cruzando os braços – Quanto custa para contratar um assassino?

-Katherine – ele me repreende.

-Tenho o direito – replico saindo da cama – Vai sair agora?

Ele balança a cabeça negativamente.

-Vou tomar banho – aviso pegando minha toalha.

Ele vai para a porta do meu quarto.

-Que esteja aqui antes deles chegarem – ele alerta antes de fechar a porta.

Trinco os dentes enquanto vou para o banheiro para um banho que me relaxou em partes com as lembranças...

O auditório do colégio estava lotado com os alunos contando os minutos para gritarem que estavam livres da escola.

Hajime estava ao meu lado quieto, pensativo enquanto Hideki puxava assunto comigo arrancando alguns risos meus, apesar de começar a ficar preocupada com o silêncio anormal de Hajime.

Esperei que a cerimônia de encerramento acabasse para puxá-lo numa conversa enquanto nossos amigos jogavam conversa fora.

-Hajime – disse enquanto saiamos da quadra – O que houve?

Ele depositou seus olhos em mim confuso.

-Por que está com essa cara de enterro? – perguntei usando uma expressão brasileira fazendo-o me olhar mais confuso – O que está te preocupando?

Ele deu um rápido sorriso antes de dar de ombros.

-Nada – ele respondeu olhando para frente – Pelo menos com o que deva se preocupar.

O olhei por um bom tempo para saber que não ia falar nada. Bom seria deixar de lado.

-Vem – o chamei indo em direção a barraquinha que estava movimentada – Te pago uma lanche.

Ele sorriu novamente.

Só que era meio triste...

Enrolo a toalha em torno do meu corpo olhando-me de relance no espelho vendo que estávamos bebendo refrigerante brincalhões.

A última lembrança que me restou.

Trinco os dentes.

Lembrar dele não irá trazê-lo de volta. Ele quis ir embora sem falar nada. Ele escolheu isso.

Tenho que esquecer essas lembranças por melhores que sejam, ele é um idiota que não merece nenhuma atenção.

Ajeito meu cabelo olhando-me no espelho da porta do meu guarda-roupa. Meu corte era médio e repicado, do jeito que o dele era.

Bufo fechando a porta.

Pensar nele não ajuda a superar o abandono, ah não mesmo.

Só que estava irritada por ele ter me abandonado ou não ter tido a chance de me declarar?

É isso mesmo, a maldição de se apaixonar pelo melhor amigo recaiu sobre mim.

Alguns ou a maioria das pessoas pode achar isso uma coisa normal, mas é por isso mesmo que é uma maldição.

Tudo começou com o meigo ciúme das garotas com quem ficava, depois veio à maneira de olhá-lo diferente e finalizando com a necessidade da presença dele.

O que tornava as coisas um caos para mim que tentava achá-lo feio, um grosseiro, mas quem disse que é fácil?

Além do que a mistura de encrenqueiro e charme era tentadora.

Isso vem de sangue, as japonesas geralmente preferem os mais calminhos e aquele pacote maçante enquanto que as brasileiras preferem os errados, que não possuem uma rotina certa.

Minha mão podia ser russa, mas nasci brasileira e vivi quase minha vida inteira no país para pegar toda a ginga cativante do povo.

Tudo bem.

Allan também não fica atrás. Seu jeito todo sexy de ser atrai muitas garotas que penso que é uma por dia, mas pra minha alegria é uma por mês.

Retornando ao caso do meu amor por Hajime foi difícil superar ao longo desses dois anos, só que consegui parar de sofrer com isso e acabei engatando um novo namoro e depois veio outro até o momento.

Não sou fã da solidão igual ao meu irmão, por isso já estou namorando um carinha que conheci quando acompanhei Hana uma vez ao parque de diversões.

Ele não é lá muito divertido, mas é uma boa companhia ou como a Hana diz “Dá pro gasto”.

Pensando nela melhor apressar o passo.


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Notas finais do capítulo

Agora é fato dentro de dois capitúlos o reencontro de Hajime e Katherine, preparem-se porque a luta apenas vai começar.
:P
Até o próximo cap.
o/