O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 8
Capítulo 8




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Grande parte das crianças e adolescentes que mergulham no delicioso mundo dos diversificados livros que dizem sempre as mesmas coisas, das incessantes aulas que parecem nunca acabar e da amada escola que os aprisionam em prol do conhecimento, deseja com todas as suas forças um logo feriado. Esse fato, é claro, não seria nem um pouco diferente para os alunos da prestigiosa Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A maioria se encontrava mais do que radiante graças aos 10 dias de folga que desfrutariam no Natal, e os estudantes que seguiriam para suas casas se apressavam em entregar a notificação para a professora McGonagall anotar seus nomes na lista. O Salão Principal, mediante a isso, encontrava-se quase cheio mesmo antes do início do café, pois os jovens queriam ter logo a certeza de que deixariam sua adorada escola em exatos dois dias e voltariam somente após a comemoração de ano novo.

- Ter certeza que não haverá problemas, Harryzito? – uma sorridente Pansy vinha agarrada ao braço do amigo com seu semblante invejavelmente impecável, como sempre. A imaculada túnica Slytherin, combinando graciosamente com o delicado laço verde-esmeralda que levava na cabeça, acentuava ainda mais a delicada beleza da menina.

- Problema algum, Pansy – Harry correspondia ao sorriso com a animação visível em seus belos olhos – Já falei com meu pai e ele não se importou, pelo contrário, ainda disse que mandará avisar os pais de vocês.

- Oh! Maravilha!

O grupo das serpentes adentrava no Salão Principal atraindo conhecidos e diversificados olhares. Estes se misturavam entre amedrontados, cobiçosos, hostis, deslumbrados, receosos, sonhadores, invejosos, maravilhados e seus derivados, mas nada que tirasse qualquer membro do grupo de suas respectivas ocupações, afinal, não havia novidade alguma ali. Dessa forma, os cinco Slytherins seguiam tranquilamente em direção à mesa quase vazia dos professores para entregar seus comunicados de dispensa a chefe da casa Gryffindor. Harry e Pansy iam à frente conversando sobre o que aprontariam nos dias na mansão, com Draco e Blaise logo atrás, comentando burlonamente sobre o último espetáculo que os inúteis Weasley e Longbottom haviam dado na aula de poções do dia anterior, e atrás deles vinha o sempre frio e imponente Theodore com sua expressão vazia de sentimentos e um velho livro de capa negra nos braços.

- Professora? – uma voz fria chega aos ouvidos da mulher, fazendo com que ela tirasse a atenção dos comunicados que conferia para encarar o conhecido menino à sua frente.

- Pois não, senhor... Riddle?

- Aqui estão nossos comunicados de dispensa – entrega os cinco pergaminhos sem nem alterar a expressão facial ao ouvir a hesitação no pronunciar de seu sobrenome.

- Muito bem... – assente, conferindo-os ligeiramente. Certificando-se dos nomes, anos, datas e assinaturas. Os quatro Slytherins faziam um semicírculo ao redor de Harry, encarando-a com seus olhares desdenhosos e superiores, intensos de mais para tão pouca idade. Após checar a validade dos papéis, McGonagall já abria a boca para dizer que estava tudo em ordem e que colocaria seus nomes na lista, quando uma amistosa voz a interrompeu:

- Harry, Harry... Animado para o Natal? – um sorridente Dumbledore se sentava ao lado da professora, encarando o jovem estudante profundamente.

O pequeno Lord, por sua vez, encarou-o de cima abaixo com suas intensas esmeraldas cintilando devido à poderosa frieza que emanavam. Aquele ar naturalmente altivo herdado dos genes Potter, combinado à educação dada pelo imponente Lord das Trevas, levava-o a reluzir superioridade pura. E com uma expressão inalterável, Harry deu as costas e seguiu para a mesa Slytherin como se a presença do diretor sequer existisse. Os amigos seguiam logo atrás compartilhando da mesma máscara inabalável.

O diretor, obviamente, viu-se humilhado por ser deixado com as palavras na boca por uma criança de onze anos, e se sentiu ainda pior ao notar o olhar consternado da professora. Aquele menino devia ter sido criado pelos parentes muggles da falecida mãe, com certeza se tornaria muito mais dócil e maleável. Do jeito que se encontrava agora merecia até um corretivo... Mas não! Não trilharia por este caminho. Ele era Alvo Dumbledore, um dos magos mais poderosos da atualidade, e tinha plena consciência que o melhor era fazer do garoto seu aliado, trazê-lo para o seu bando e usá-lo para alcançar seus objetivos. E com esses pensamentos, o conhecido sorriso carismático tomou conta da face do ancião, aliviando a pobre Minerva McGonagall e fazendo a burla surgir com mais ênfase nos olhos do seleto grupo das serpentes que já se encontrava desfrutando de um delicioso café-da-manhã.

- Nossa, como eu queria aquela câmera-mágica que meu pai me deu de aniversário só para registrar a cara de idiota que o velhote ficou... – Blaise sorria divertido, servindo-se das deliciosas panquecas com mel e de um copo de suco.

- Harryzito sabe como dar um show! – Pansy dá uma piscadinha, sorrindo, para em seguida levar uma colher de cereais de frutas à boca.

- Você ainda não viu nada, Pan... – aquele sorriso no canto de seus suaves lábios faria qualquer um recuar. Seus amigos, porém, divertiam-se, com uma evidente malícia brilhando no fundo de seus olhos – Agora que descobrimos onde a Pedra está, os dias dos planos malucos do velhote estão contados.

- O imbecil nem para levá-la para longe de Hogwarts... – Theo revira os olhos, saboreando suas panquecas também.

De fato, assim que Draco e Harry haviam voltado para a sala comunal, após o encantador encontro com o cão de três cabeças na noite de Halloween, não esperaram até o dia seguinte para dividir suas suspeitas com os outros três. Estes imediatamente concordaram com o raciocínio e desde então tinham a certeza do paradeiro da Pedra Filosofal. Um dado crucial, mas que ainda não encerrava o jogo. Agora precisavam saber como passar pelo animal e descobrir o máximo possível sobre a pedra para se caso encontrassem algum feitiço protetor, conseguir arrebatá-la sem muitas dificuldades.

- Esse velhote deve ter antepassados muggles, Hufflepuffs ou squibs, não é possível...

- Sem dúvida, Dra – Harry sorri, apreciando seu prato favorito: Waffles com mel.

- Hum! Até parece, um velho doido como ele querer fazer frente ao Lord – o tom de puro desdém do loiro divertia o amigo que, no entanto, concordava com suas palavras.

- Há louco para tudo nesse mundo... – suspira falsamente, roubando uma colherada da geléia de avelãs que untava as torradas de Draco para passar em seu Waffle, com um sorrisinho maroto nos lábios.

Antes que pudessem continuar a discussão, porém, as corujas faziam sua entrada trazendo o correio matinal e Harry não demorou a avistar sua ave voando por entre as demais, vindo em sua direção com um envelope negro em seu bico.

Sorriu.

Conhecia aquele selo, e o reconheceria até de olhos fechados: O brasão de Salazar Slytherin, o símbolo da família Riddle.

Sem pensar duas vezes, deixou Edwiges bicando alguns pedacinhos de pão em um pratinho separado e se pôs a ler a carta que seu pai lhe enviara. Já sabia do que se tratava, mas seus olhos brilhavam mesmo assim. Logo estariam juntos. Logo poderia correr para os braços de seu pai:

Olá, pequeno... Ansioso?
Conhecendo-te como eu conheço, tenho certeza que sim.
O fim do primeiro trimestre já anunciando sua entrada e com ele mais de uma semana longe desse velhote maluco,
desses estudantes problemáticos e desse ambiente cheio de imbecis é de alegrar qualquer um.
Isso sem contar a presença de seu adorado pai, mimando-o como um príncipe nesses dez dias, hein?...

Harry sorriu.

...Sim. Pode sorrir, pequeno, mas você sabe que é verdade.
Tanto é que já mandei avisar aos pais de seus amigos e está tudo certo para a chegada de vocês.
Lucius e Bella estarão às 17h00min na plataforma do trem, com a chave-do-portal que os transportará à mansão.
Nagini não vê à hora de você chegar, já não me deixa em paz essa irritante serpente...

O moreninho revirou os olhos, sabia que seria impossível o imponente Lord admitir que estava ansioso por sua chegada e a pobre Nagini, que também devia estar transbordando de ansiedade, acabava levando toda a fama.

- Esses dois não mudam mesmo... – balançava a cabeça, divertido, colocando algumas uvas no bolso da túnica para amenizar a fome de uma inquieta Morgana que não via à hora de caçar alguns ratos. Hum! Essa cobra parecia fazer só isso: comer e dormir. Não queria nem ver quando ela e Nagini se encontrassem.

...Em todo caso – continuou a ler – os quartos de hóspedes já estão arrumados.
Seus amigos serão muito bem-vindos,
mas quero minha casa inteira no final da contas!
Hum, isto serve principalmente para os jovens Nott e Malfoy,
não quero ninguém se matando em minha presença. Ficou claro?...

Harry suspirou, esperava poder controlá-los.

...Muito bem. Espero que você se cuide e me conte todas as novidades quando chegar.
Vemo-nos em dois dias, pequeno.
Seu Pai,
Tom Marvolo Riddle.

Com o característico sorriso que ficava ao receber uma carta do pai, Harry a guardou cuidadosamente na túnica e se pôs a conversar com os amigos, avisando que já estava tudo certo e comentando que não via à hora de passar logo os dois dias que faltavam para poderem aproveitar as merecidas férias. Na mesa dos professores, um par de brilhantes olhos azuis-turquesa escondidos pelos graciosos óculos em forma de meia-lua, estreitavam-se com a astúcia imprópria num Gryffindor, maquinando seus próximos passos. Se tudo corresse conforme o planejado, logo Harry estaria caindo em suas graças. Este, completamente alheio aos pensamentos do diretor, seguia com seus amigos à aula de DCAO, a primeira aula daquela longa terça-feira.

-x-

Por sorte, as 48 horas que os separavam da liberdade acadêmica não demoraram a passar e logo a maioria dos estudantes de Hogwarts já embarcava no trem que os levaria à plataforma 9 ¾. O grupo das serpentes, encabeçado pelo herdeiro do Lord, encontrava-se agora numa confortável cabine desfrutando das guloseimas que haviam comprado e se divertindo às custas da "sangue-ruim-Granger" que os encontrara no corredor e imediatamente fugira aterrada quando, acidentalmente é claro, uma inocente Morgana havia aparecido aos seus pés. E em meio ao divertimento e à expectativa não demorou muito para o trem estancar, anunciando sua chegada à Londres.

Os cinco jovens, ao desembarcar, logo notaram a imponente presença de Lucius Malfoy a alguns metros, ao lado da sempre fascinante Bellatrix Lestrange, que imediatamente deixou um enorme sorriso adornar sua face ao avistar o pequeno Lord:

- Harry! Harry! Harry! Meu adorado prodígio! – uma entusiasmada Bella abraçava o menino esquecendo o mundo inteiro ao redor.

- Oi... Bella... preciso... respirar...

- Oh, desculpe querido! – sorriu, afrouxando o agarre, mas sem soltá-lo.

Lucius apenas revirou os olhos e apertou o ombro do filho, cumprimentando-o. Sua aristocrática face refletia todo o orgulho que sentia do menino, não por ter uma boa relação com o filho de seu chefe, mas por ver que Draco fazia jus ao sobrenome Malfoy. Uma família cujo lema era mostrar sua grandiosidade perante todos, mas sempre cuidar e proteger aqueles que amavam. E Harry era uma pessoa mais do que digna de ser amada por um Malfoy, ainda que seu filho não tivesse plena consciência disso, logo o tempo se encarregaria de revelar seu trunfo. Estando a par do reconhecimento do pai, Draco ergueu a cabeça com pura altivez:

- Pai.

- Olá, Draco – Encarando os demais, Lucius fez uma ligeira referência, cumprimentando-os – Srta. Parkinson, Sr. Zabini, Sr. Nott.

- Sr. Malfoy – responderam em coro, retribuindo educadamente a reverência.

Harry, mais efusivo, conseguiu por milagre divino se soltar de Bella e já pulou nos braços de um desconcertado Lucius:

- Padrinho! – sorria daquela característica maneira encantadora, levando o maior a balançar a cabeça negativamente tentando conter um sorriso.

- Como vai, Harry?

- Muito bem! E obrigado por deixar o Draco passar esses dias conosco.

- De nada. Tenho certeza que não vou me arrepender de minha decisão – o olhar significativo que lançou ao filho serviu para este imediatamente engolir em seco, sabendo que não deveria arrumar problemas, ou seja, nada de brigas com o insuportável Nott.

Pansy, Blaise e Theo, por sua vez, também haviam recebido sugestões de comportamento de seus pais. Isto para não dizer, rolos e mais rolos de pergaminhos com recomendações expressas para que não desagradassem ou fizessem feio na presença do Lord, o que não era realmente necessário a julgar pela refinada educação que receberam desde o berço, mas ainda sim os pais achavam que era sempre bom reforçar, ainda mais se tratando de 10 dias na presença do chefe. Estavam orgulhosos de seus filhos pela excelente amizade com o herdeiro do Lord, mas isso de nada importava a eles, o que os jovens queriam realmente é aproveitar esse tempo com seu amigo Harry.

- Agora vamos nos apressar antes que fique tarde – Lucius continuou – Todos toquem nesse livro quando eu contar até três.

Assentimento geral.

- 1...

Harry e Pansy suspiraram, odiavam esse tipo de transporte, era tão bárbaro.

- 2...

Todos tocaram na capa do envelhecido livro que os levaria a mansão.

- 3!

Imediatamente aquela conhecida sensação de ver o mundo girando vertiginosamente ao redor tomou conta de seus corpos, para em seguida, aterrissarem no majestoso jardim da mansão Riddle. Aterrissar, pelo menos, para Lucius, Bella e Theo, pois Pansy havia caído sentada em cima das costas de um pobre Blaise e Harry estava em cima de Draco, cara a cara, a poucos centímetros de unir seus lábios.

As belas jóias verde-esmeralda estavam fixas naqueles magnéticos olhos acinzentados, estes inconscientemente se desviaram aos suaves lábios separados a uma escassa distância dos seus. Nada mais existia em volta. As mãos do loiro seguravam com firmeza a cintura de Harry que com as bochechas levemente avermelhadas cerrava a distância pouco a pouco.

Pareciam estar em outro mundo...

Uma ligeira "tosse", porém, tirou os dois melhores amigos de seus devaneios. Tom encarava a cena com uma sobrancelha elegantemente arqueada e o cenho franzido. Harry, ao avistar seu pai, esqueceu todo o resto e logo se levantou e se jogou naqueles conhecidos braços.

- Papai! – sorria radiante.

O Lord, por sua vez, não pôde conter um meio sorriso, correspondendo ao abraço do filho e passando por alto a cena que acabara de presenciar.

- Ola, pequeno.

Ao se separarem, o mais velho cumprimentou com um elegante aceno de cabeça seus jovens convidados:

- Srta. Parkinson, Sr. Zabini, Sr. Nott e Sr. Malfoy... Sejam bem-vindos. Espero que se sintam em suas casas.

- É uma honra, Mi Lord – responderam em coro, realizando uma profunda reverência. Draco ainda tentava voltar a si, diante do discreto, porém divertido, olhar de seu pai.

- Bella, indique a Srta. Parkinson qual será sua habitação para que ela possa se acomodar. Os elfos cuidarão das bagagens.

- Imediatamente, Mi Lord.

Com respeitosas reverências, as duas seguiram para dentro da mansão, onde Pansy poderia tomar um relaxante banho, descansar e se preparar para o jantar.

- Lucius, acompanhe os meninos, cada um aos seus aposentos, e depois pode se retirar juntamente com Bella.

- Como ordenar, Mi Lord.

Após as respectivas reverências, pai e filho se viram finalmente sozinhos e assim seguiram ao escritório, com o intuito de colocar o assunto em dia e Harry poder contar com mais detalhes suas suspeitas a respeito da Pedra Filosofal. Obviamente o menino já relatara sua experiência no Halloween, por meio da conexão, no mesmo dia, mas era sempre bom contar de novo e com todos os detalhes possíveis. Ainda comentou sobre a cara de pau do diretor ao se dirigir a ele nesta manhã, o que fez o Lord estreitar perigosamente os olhos, mas logo um sorriso divertido surgiu nos lábios do mais velho quando Harry descreveu o que fizera: deixou Dumbledore com as palavras na boca, como se nem existisse. Seu filho era realmente um prodígio, orgulhava-se tanto. E entre os relatos, Tom pôde perceber que o menino estava consciente de cada passo que seu inimigo dava naquela escola.

-... É obvio que McGonagall é quem faz todo o planejamento. Quando o velhote está por perto as coisas ficam uma bagunça. No Halloween mesmo, ele desapareceu e nós que tivemos de cuidar do trasgo.

- Hum! Um perigo! Já levei ao conselho de pais...

O menino apenas sorriu.

- Na verdade foi fácil, mas ficou na cara que era o que ele queria. Sem duvida o velhote idiota não é nada discreto.

- Isso o imbecil nunca foi mesmo. Mas o que mais me intriga é que você está me dando mais informação do que o espião que coloquei naquela escola – comenta divertido.

- Snape?

- Sim.

- Não confio nele – diz simplesmente, fazendo o Lord arquear uma sobrancelha. Quando seu filho não confiava em alguém, algo estava errado.

- Por que não, pequeno?

- Ele parece fazer jogo-duplo. E do jeito que me olha, é como se visse alguém que não suporta. Por mais que tente disfarçar, dá para perceber.

- Sei...

- Certas vezes, quando pensa que não estou ouvindo, ele fala: "É mesmo idêntico ao pai" de uma maneira depreciativa muito suspeita.

- Entendo... – estreita os olhos – Pode deixar que resolverei esse assunto, não se preocupe mais com isso, Harry.

O pobre professor de poções mal podia imaginar o tipo de conversa que o Lord teria com ele. Afinal, Tom não podia deixar um idiota qualquer aborrecer seu filho só porque tivera problemas com James Potter no passado. Harry era SEU filho e isso devia ficar gravado na mente de todos.

Um suave sibilar adentrando no escritório, contudo, interrompe a conversa dos dois:

- HARRY JAMES RIDDLE! – uma indignada Nagini se esgueirava elegantemente pelo piso, vindo em sua direção – Como você teve a coragem de por os pés nesta casa e não vir falar comigo?

O doce sorriso do menino, é claro, logo fez a serpente esquecer sua "fúria".

- Oh, sinto muito, Nagi, mas é tudo culpa do meu pai que mal esperou eu chegar e já me arrastou para cá.

- Hey!

- Você! Tom Riddle, seu possessivo! Será que não pode dividir o pequeno nem um pouquinho comigo, é?

O Lord apenas revirou os olhos, enquanto a serpente se enroscava em volta de seu filhote. Harry, por sua vez, sorria divertido com os toques da gelada língua de Nagini "beijando" suas bochechas.

A família estava, novamente, reunida.

-x-

No dia seguinte a chagada à mansão, 24 de Dezembro, as crianças amanheceram na piscina desfrutando do maravilhoso sol e do clima ameno que aquela véspera de Natal oferecia. Contaram com os mais diversos tipos de bolos, pães, queijos, frutas, geléias e guloseimas que os esmerados elfos puderam oferecer naquele requintado café-da-manhã. Pansy viu também a oportunidade perfeita para estrear seu novo biquíni importado diretamente de uma das melhores butiques-mágicas de Paris, um biquíni preto com belíssimas rendas na cor verde-esmeralda que fazia jus a sua casa em Hogwarts. E assim, passaram o dia inteiro se divertindo: Pansy na espreguiçadeira tentando conseguir um leve bronzeado, Theo lendo um maravilhoso livro de Artes Obscuras da coleção de Harry sob a sombra de um guarda-sol, Blaise sendo atormentado por uma maldosa Nagini que o acurralava em cada canto da piscina e Harry brincando com Draco de pega-pega dentro d'água. Uma brincadeira que aos olhos de Theo parecia mais uma pouca vergonha, principalmente nas ocasiões em que o loiro pegava o amigo no colo e ficavam assim até o pobre Harry ser cruelmente mergulhado na água, Theo tinha em mente que só não fazia nada a respeito porque prometera ao amigo que se comportaria e não queria colocá-lo em problemas. Dessa maneira, todos aproveitaram ao máximo aquele maravilhoso dia até a hora de se arrumar para o baile.

Oh, sim... O baile.

Naquela mesma noite, a luxuosa mansão Riddle era cenário de um elegantíssimo baile para a mais alta sociedade de magos e bruxas sangues-puros que arrastavam suas túnicas atrás do Lord. Um evento cobiçadíssimo que fazia jus a elegância de seu anfitrião. Tom Riddle usava uma elaborada túnica vinho que contava com suas extremidades cravejadas de diamantes e uma capa de veludo negra por cima, acentuando toda a sua magnitude, mostrava-se como um rei que observa seu império do alto de um pedestal. Os súditos, naquele momento, rodeavam o amo expressando a alegria que sentiam ao fazer parte da belíssima festa, sem poupar elogios para massagear o ego do Lord. Jamais um baile de Natal fora tão glamoroso, mas ninguém poderia esperar outra coisa se tratando de Lord Voldemort.

O elegante salão de festas contava com uma enorme árvore de Natal ao centro, que sob a ação de um magnífico feitiço, parecia coberta de neve, e os anjinhos que a decoravam voavam todos ao redor dela deixando aquele espetáculo ainda mais mágico. As bandejas flutuavam com taças de caríssimos vinhos e espumantes, além dos mais elaborados canapés que deixavam os convidados com água na boca. A música clássica propagando-se magicamente, as mulheres com seus melhores vestidos e suas jóias mais caras, os homens com suas elegantes túnicas e seus sorrisos suntuosos, absolutamente tudo que não podia faltar em uma festa dada por Lord Voldemort. Este nome, por si só, já causava grande impacto.

Os inúmeros Comensais e seguidores do Lord conversavam entre si e transitavam altivamente pelo salão. David Parkinson e sua bela esposa, Juliet Parkinson, encaravam a pequena Pansy com orgulho e comentavam com o matrimônio Zabini sobre o lindo casal que sua filha e o jovem Blaise formavam. Anthony Zabini e sua esposa, a sempre deslumbrante Eleonor Zabini, concordavam, animadíssimos com as palavras dos Parkinson e já podiam até visualizar o dia daquela bela união. Alheios a conversa de seus pais, Pansy e Blaise passeavam tranquilamente por entre os convidados e o menino apenas revirava os olhos enquanto ouvia a amiga desdenhar as horríveis vestes laranja de uma pobre Emilia Bulstrode que estudava em seu mesmo ano. Pansy estava uma perfeita boneca com o vestido de pregas rosa-bebê que possuía um lindo laço branco na cintura e que de acordo com ela, acentuava ainda mais a beleza de seus brincos de brilhantes. Blaise, não menos elegante, usava um belo smoking com uma capa verde-musgo por cima que intensificava sua altivez natural ao andar.

Em outra parte do salão, Theodore Nott Sr. segurava orgulhosamente o ombro do filho enquanto comentava com o matrimônio Lestrange sobre a estreita relação que seu filho e Harry possuíam. O jovem Theo, por sua vez, mantinha o habitual semblante indiferente e seus olhos azuis iguais aos do pai, frios como duas pedras de gelo e combinando com a elegante túnica azul-marinho que usava, mostravam que apenas suportava a presença de seu progenitor. Aquele homem nunca lhe dera um abraço sequer em toda a sua infância, preocupava-se apenas com os negócios e via o próprio filho como um negócio a mais. Theo sentia tanta falta de sua mãe. A doce Helen Nott morrera quando ele tinha 5 anos de idade, no quinto mês de gravidez devido a um aborto espontâneo, pois era uma gestação de alto risco. Seu pai não estava em casa, estava viajando a negócios, sempre negócios. Até hoje Theo o culpa silenciosamente pela morte da mãe. Helen... Lembra-se apenas de seus cálidos e carinhosos olhos, de um verde reluzente e brilhante, como os de Harry.

Há alguns metros, do outro lado da habitação, os elegantes Lucius e Narcisa Malfoy conversavam com o anfitrião da festa. Era óbvio o lugar de destaque que possuíam no círculo interno de confiança do Lord, o que fazia olhares cheios de inveja serem dirigidos ao casal, mas que serviam apenas para enaltecê-los ainda mais. Que Comensal da Morte não queria ter a honra de ser o padrinho do herdeiro do Lord? Mas o posto em questão fora sabiamente concedido a Lucius, este amava e cuidava do menino como se fosse membro de sua própria família. E o patriarca da família Malfoy, enquanto conversava com o Lord, não podia deixar de sorrir mentalmente ao observar de esgueira seu ansioso filho aos pés da escada. Draco esperava pacientemente por Harry, e ao notar o sorriso que se instalou nos lábios de seu jovem herdeiro, imaginou que seu afilhado devia estar descendo as escadas.

De fato, um sorridente Harry se jogava nos braços do amigo sem medo de amarrotar sua caríssima túnica.

- Você é pior do que minha mãe para se arrumar... – Draco comenta com burla, sem soltar o moreno.

- Hey! Tente tomar banho e se arrumar com duas serpentes querendo se matar no seu quarto e depois me conte quantos séculos demorou a ficar ao menos apresentável.

- Certo, certo... – sorria divertido – Nagini e Morgana outra vez?

- E quem mais poderia? – suspira de maneira teatral.

Entre risos, o loiro replica sem pensar:

- Não se preocupe, está bonito.

Imediatamente uma linda cor rosada se apodera das bochechas de Harry, fazendo Draco sorrir. O moreno vestia uma elaborada túnica negra cravejada de esmeraldas e bordada com fios de ouro branco, acentuando o brilho de seus olhos e sua face angelical.

- Obrigado, você também está ótimo, Dra – comenta com um suave sorriso. Draco, por sua vez, usava um elegante terno azul-marinho com uma camisa de seda cinza-clara fazendo jogo com a bela capa da mesma cor.

- Sim, eu sei. É o charme natural dos Malfoy.

Harry sorriu, divertindo-se com o conhecido jeito do amigo.

- Ah, claro... A humildade também?

- Harry, querido, aprenda uma coisa. Uma coisa que deverá levar para o resto de sua vida.

- O que?

- Já dizia o grande sábio: "humildade é hipocrisia quando se é perfeito".

- Hahahahahaha...

- É verdade – diz com auto-suficiência, fazendo o moreno balançar a cabeça negativamente, entre risos.

- Aiai... Só você mesmo, Dra. E que grande sábio falou isso?

- Não faço idéia – dá os ombros – Mas sei que falou.

- Uhum... Imagino que este grande sábio tenha sido um Malfoy.

- Sem dúvida – a piscadinha marota fez o moreno voltar a rir com vontade. E assim os dois saíram a passear pelo salão. Conversando, divertindo-se e apreciando a festa.

O resto da noite seguiu no mesmo elegante e charmoso ritmo, com os convidados apreciando os requintados pratos do Buffet, dançando a belíssima valsa e conversando sobre trivialidades. À meia-noite todos brindaram alegremente e ouviram o discurso do Lord que sujeitando orgulhosamente o ombro direito de seu altivo filho, expunha sua satisfação ao receber seus aliados em seu humilde lar e prometia que uma nova era estava a caminho. Harry, por sua vez, apenas sorria mentalmente, perguntando-se de onde seu pai tirava inspiração e criatividade para aqueles elaborados discursos. Dessa forma, logo a noite foi chegando ao fim e as crianças – Harry, Draco, Pansy, Blaise e Theo – mandadas aos seus quartos para descansarem e assim poderem abrir os presentes pela manhã.

Presentes.

Esta única palavra fez Harry sequer pensar em replicar e já sair como uma flecha para sua cama. Mal podia esperar pelo dia seguinte, e mal sabia as surpresas que o aguardavam.

-x-

O dia 25 de Dezembro amanhecera com um entusiasmado Harry batendo no quarto de seus amigos para acordá-los e assim poderem correr para abrir os presentes. Não demorou muito para um sonolento Blaise, com pijamas de seda e um roupão caqui, sair atrás do moreninho. Em seguida, um animado Draco vestido em pijamas e com um roupão verde-escuro por cima, já seguia atrás dos dois. E não demorou muito ao silencioso Theo sair logo atrás, o único já elegantemente vestido com uma calça social preta e uma pólo de gola alta azul-marinho. Por fim, a última a descer para o salão de festas onde se encontrava a árvore com os presentes, foi uma sorridente Pansy em seu lindo conjunto de camisola e roupão rosa.

- Prontos? – Harry sorria, encantadoramente vestido com seu belo pijama de seda verde-claro e um elegante roupão preto por cima – Atacar!

- Sim! – sorriram todos e já se colocaram a abrir os pacotes com seus nomes.

Naquele momento, o Lord adentrava no local com uma xícara de café nas mãos e sorria discretamente ao contemplar o brilho de alegria nos olhos de seu filho. Harry adorava presentes. E o que se encontrava embaixo da árvore não era nem dez por cento dos obséquios que o menino receberia, eram apenas os mais "seletos e pessoais". Os inúmeros pacotes que seus subordinados sempre mandavam na busca de ganhar sua simpatia, seriam entregues depois.

- É uma delicia, Pan! – Harry sorria, sentindo o maravilhoso aroma do perfume francês que ganhara da amiga.

- Que bom que gostou, Harryzito! Ele está entre os melhores do mundo, a sua cara, com certeza! – ela sorria com puro entusiasmo, abrindo o presente de Blaise – Oh, Merlin! "B", é linda!

O aludido apenas sorriu, vendo como a menina olhava embelezada para a delicada caixa de jóias banhada a ouro e cravejada de pedras preciosas. E abrindo o presente do amigo, sorriu deslumbrado também.

- Uau! Draco! – Blaise conteve a respiração, observando a rara miniatura de Nimbus 86 que faltava em sua coleção.

- Hehehe... Que bom que gostou – o loiro sorria, mas quando abriu seu presente ficou sem fala.

Em suas mãos estava uma magnífica espada de colecionador banhada a ouro branco e cravejada de esmeralda na bainha. Um ostentoso obséquio proveniente do Lord.

- Muito... Muito obrigado, Mi Lord – conseguiu murmurar, fazendo uma longa reverência.

Tom, por sua vez, apenas revirou os olhos e fez um sinal com a mão, como se tirasse a importância do assunto.

- Por Salazar... – murmurou uma outra voz, também impressionada com o presente que ganhara do Lord. Theo contemplava boquiaberto, um raríssimo livro que sempre procurou, mas que já não estava no mercado: "O controle das criaturas obscuras - a arte de controlar suas mentes" – Muito obrigado, Mi Lord.

Tom apenas repetiu o gesto, como se não fosse nada de mais. E assim as crianças passaram aquele inicio de manhã desfrutando de seus maravilhosos presentes. Harry, além do perfume de Pansy, ganhara um Kit de manutenção de vassouras versão de luxo de Blaise; um maravilhoso livro: "Os mais raros feitiços em Parsel", edição única, de Theo; deslumbrantes túnicas bordadas de Narcisa; uma coleção de armaduras em miniatura banhadas a ouro de Lucius; e um lindíssimo colar em ouro branco que funcionava como um amuleto protetor, delicado e poderoso, que possuía um encantador pingente tendo as letras D e H entrelaçadas, encomendado por Draco obviamente.

Coincidentemente ou por obra do destino, Harry presenteara o melhor amigo com um impressionante colar também, um medalhão com o emblema da família Malfoy e o símbolo de Slytherin entrelaçados, além da constelação de Dragão brilhando ao fundo; o jovem herdeiro da família Malfoy também ganhara uma Nimbus 2000 de seu pai; maravilhosas túnicas de sua mãe; um interessante Frisbee dentado que morde as pessoas de Blaise e um bonito chapéu que se adequava a cor da túnica que usasse, cortesia de Pansy, é claro.

A menina, por sua vez, além do lindíssimo presente de Blaise também ganhara uma bonita gargantilha de esmeraldas de Harry; uma tiara com esmeraldas e diamantes cravejadas do Lord; maravilhosos brincos de safiras de Draco e inúmeros vestidos e túnicas de seus pais. Já Blaise ainda ganhara uma raríssima miniatura de Dragão Dinamarquês Albino de Harry; um cobiçadíssimo estojo para auto-preparo de poções do Lord; um elegante e custoso conjunto de botas e luvas de couro de Dragão de Pansy e algumas elegantes capas de veludo de seus pais. Theo, enquanto isso, maravilhava-se também com a coleção de livros: "A arte das trevas através dos séculos" que contava com 7 volumes e que lhe fora presenteado por Harry, um presente que para ele valia muito mais do que a novíssima Nimbus 2000 que seus pai lhe enviara.

- Muito bem, é melhor vocês subirem para trocar de roupa e enviar uma carta de agradecimento aos seus pais – Tom ordenou sutilmente quando já havia baixado toda a empolgação dos presentes.

- Sim senhor, com licença Mi Lord – responderam prontamente.

Com um leve assentimento de cabeça, Tom observou os jovens desaparecerem, e então se voltou ao seu entusiasmado filho que sorria daqula forma encantadora, já imaginando que chagara o momento de receber o melhor presente.

- Vamos ao escritório, pequeno.

Imediatamente Harry o seguiu, e quando chegaram, sentaram-se no confortável sofá do couro negro e assim, com apenas um balançar de varinha, Tom convocou um pacote de presente verde e prata que chegava quase à cintura de Harry. O menino, diante disso, logo sorriu e se pôs a abrir o pacote. Ao terminar encarava o objeto com seus brilhantes olhos verdes maravilhados. Sabia o quão raras e custosas eram, seu pai tinha apenas uma que, todavia, estava proibido de mexer

- Incrível... – murmura. À sua frente estava uma bacia de pedra rasa com runas e estranhos símbolos entalhados ao redor de sua margem. Uma Penseira. Um artefato mágico de raríssima grandiosidade que os bruxos usavam para guardar os pensamentos que ocupavam demasiado espaço em suas cabeças, ou apenas reviver cenas que marcaram suas mentes. No interior da bacia, uma névoa brilhante, branco-prateada, movia-se sem parar; sua superfície se encapelava como água sob a ação do vento e, então, como uma nuvem, se dividia e girava lentamente. Um espetáculo digno de se parar para observar.

- Fico feliz que tenha gostado, Harry.

- Gostar? Eu adorei, papai!

Sem se importar em conter a emoção, coisa que nunca o preocupava mesmo, pelo menos nessas ocasiões, Harry pulou no colo de seu pai e lhe abraçou o pescoço com força.

- Ok... Menos, Harry, menos... – sorria, sem conseguir evitar – Isto é para que possamos ver e rever os momentos em que você fizer o velhote de idiota.

- Uau! Mas tem garantia?

- Hum?

- Pois vamos usá-la várias e várias vezes – comenta com burla.

As risadas logo tomaram conta da habitação. Somente seu filho poderia conseguir tal façanha: uma gargalhada sincera do Lord das Trevas.

- Por que não colocamos...? – porém, antes que Harry pudesse continuar, incessantes bicadas são ouvidas na janela.

- Mas o que é isso? – Tom questiona mal-humorado, e com um simples balançar de sua mão direita abre a janela para que a suposta coruja fizesse sua entrada.

A ave, contudo, não era uma coruja. Mas sim uma belíssima fênix, talvez a mais exótica que Harry tenha visto, nem os livros expunham uma imagem tão bela. Suas penas vermelhas e douradas cintilavam como se refletissem o brilho do sol, possuía o tamanho de um cisne e uma incrível cauda dourada e faiscante, comprida como a de um pavão, mas ainda mais bela. Harry jamais havia visto uma fênix tão deslumbrante. O Lord, porém, conhecia aquele animal desde muito antes do menino nascer. E quando já se dispunha a enxotá-la, a esperta fênix deixou um pacote marrom no colo de Harry e saiu voando pelo mesmo lugar que entrara.

- O que será...? – Harry se perguntava em voz alta, rasgando o pacote barato sem cuidado. Quando terminou, no entanto, seus olhos se abriram de par em par.

Não podia ser possível...

- Uma capa de invisibilidade? – diz emocionado – Merlin! É impossível, já não existem mais!

O deslumbre estava visível na face de Harry. Enquanto o Lord, por sua vez, estreitava seus olhos cintilantes de fúria. E esta intensificou ainda mais quando o menino pegou o cartão e o leu em voz alta:

"Seu pai, o valente James Potter, deixou isto comigo antes de morrer.
Está na hora de devolvê-la a você.
Faça bom uso.

Um maravilhoso Natal para você, Harry.

Com meu sincero afeto,
Alvo Dumbledore".

Ao ler aquele nome, Harry caiu em si, notando como seu pai tentava esconder a raiva, a indignação e o inevitável ciúme. Raiva por terem a ousaria de lembrar quem era o verdadeiro pai do menino. Indignação por Dumbledore fazer isso bem embaixo do seu nariz. E ciúme pela animação que Harry sentia diante daquele presente evidentemente melhor.

- O velhote maluco apela mesmo – Harry revirou os olhos com desdém, procurando remediar a situação.

- É... Mas parece que você gostou desta "apelação".

- Ora, por favor, papai.

- Eu percebi como seus olhos brilharam, não tente me enganar, precisaria nascer duas vezes para poder tentar.

- Sim, eu gostei. Que garoto de onze anos não adoraria ganhar uma capa dessas?...

Tom estava prestes a abrir a boca para replicar quando o menino continuou:

- Mas o que o velhote idiota não percebeu é que acaba de assinar sua sentença de morte me enviando isso.

- Hum? – arqueia uma sobrancelha, encarando-o fixamente.

- Oh, por Salazar, papai! Pense bem: Eu, Harry Riddle, com uma capa de invisibilidade? Será o terror personificado em Hogwarts!

Antes mesmo que o mais velho pudesse concordar, Harry continuou, falando com sinceridade:

- Pouco me interessa se ela pertenceu a James Potter ou não. A única coisa que eu quero é usá-la para ajudar você, pai.

Verde e vermelho se encaravam fixamente.

Tanta Verdade.

Tantos sentimentos contidos.

Tantas palavras que não precisavam ser ditas.

E deixando um pequeno suspiro escapar de seus lábios, Tom esticou os braços para trazer o menino ao seu colo e assim ficaram, em silêncio, numa cena que deixaria qualquer um boquiaberto, mas que acalentava seus corações. Corações estes que estavam conectados. Pai e filho. Sem a necessidade do sangue pelo meio, apenas o amor que eles sabiam existir. Nada era poderoso o bastante para ficar entre os dois.

- Você é impossível, pequeno...

- Eu sei. Faz parte do charme natural dos Riddle.

-x-

O decorrer da semana passou como uma flecha para os jovens Slytherins, confirmando aquela famosa fase Muggle: "O tempo passa rápido quando a gente se diverte". Pois viveram dias de pura diversão desfrutando da piscina, do maravilhoso jardim, da brinquedoteca de Harry, onde acharam os mais diferentes tipos de jogos, bonecos e brinquedos mágicos. Além dos passeios que o Lord os mandava fazer quando queria um pouco de paz e sossego e então Lucius e Bella levavam as crianças a inúmeros parques de diversões mágicos, centros comerciais e praças mágicas onde podiam patinar no gelo, comer deliciosas guloseimas e esgotar todas as suas energias. Sem dúvida as melhores férias escolares que já haviam passado, ainda que fossem as primeiras em suas vidas.

E agora, na noite do dia 31 de Dezembro, uma singela, porém elegante comemoração íntima acontecia no deslumbrante jardim da mansão Riddle. Belas mesas redondas de mármore estavam distribuídas pelo local fazendo um maravilhoso jogo com a decoração de arranjos brancos, que indicavam a passagem para o ano novo. Uma música suave tocava ao fundo, permitindo aos convidados desfrutarem do agradável clima e ainda estabelecerem amenas conversas entre si. Como no Natal, as bandejas flutuavam pela festa oferecendo os melhores vinhos, espumantes, whiskys e sucos que o dinheiro podia comprar, além dos elaborados canapés que pareciam obras de arte em miniatura ao invés de comida. Um cenário que deixava claro que não importava o fato de ser uma comemoração estrondosa, ou apenas um jantar mais íntimo, a mansão Riddle sempre ofereceria as melhores festas, as quais, magos e bruxas se matavam por um convite.

Os convidados em questão consistiam apenas nos familiares dos amigos de Harry e nos Comensais pertencentes ao círculo interno de confiança do Lord, como os Lestrange, Avery, McNair, Dolohov e alguns outros. Todos encantados por compartilhar aquele momento com Voldemort e seu brilhante herdeiro.

23h40min.

Tom e Harry se encontravam mais afastados, contemplando o chafariz mágico que o Lord mandara fazer. Uma bonita estrutura em mármore branco que possuía um enorme Basilisco ao centro e que das presas deste caíam jorros coloridos de água.

- É bom que esteja aproveitando com seus amigos, e me alegra ver seu bom gosto para amizades, pequeno.

Harry sorri com burla:

- Ora, papai, você não achou que eu fosse me relacionar com algum Weasley, achou? Hum, por favor...

- Oh, você não seria capaz de matar seu pobre pai de tamanho desgosto – suspira teatralmente, fazendo o menino sorrir.

- Com certeza...

Os dois se encontravam sentados na borda do chafariz observando a festa de longe e desfrutando do momento entre pai e filho.

- Meu pobre antepassado Godric deve estar se contorcendo em seu túmulo ao ver o tipinho de gente que anda entrando em Gryffindor.

- Aquela escola por si só, Harry, acabou virando uma bagunça quando esse velho maluco assumiu.

- Uhum... Mas não se preocupe papai, o que é dele já está a caminho.

O Lord logo adotou aquela expressão séria que o menino conhecia de sobra:

- Só não quero que você se coloque em perigo...

- Mas eu não me coloco, o perigo é que vem até mim.

- Harry!

- Hehe... Certo, certo, brincadeira.

- Estou falando sério, pequeno. Esse velho maluco é imprevisível, até te comprar ele está tentando.

- Azar o dele – sorri ainda mais, encarando o adulto com seus brilhantes olhos verdes reluzindo de sinceridade – O idiota pode fazer o que quiser, pode até me dar a Pedra Filosofal de presente, embrulhada com um laço dourado, que eu não pensaria duas vezes antes entregá-la a você, pai.

O Lord não pôde conter um sorriso, mas antes que pudesse falar qualquer outra coisa, Harry se pôs em pé depressa, já sujeitando a varinha, e diante do olhar confuso do pai respondeu com um sorriso:

- Isso me lembra que eu esqueci de dar seu presente de Natal.

- Presente? – arqueia uma sobrancelha.

- Sim.

- Harry, você é uma criança – aponta o óbvio – crianças não dão presentes.

- Não seja estraga-prazeres, papai – diz simplesmente para então realizar o feitiço – Accio, presente de Tom Riddle!

Em poucos segundos, uma caixinha de veludo envolta por um laço verde e prata, veio flutuando da janela do quarto de Harry em direção a eles. Este, ao sujeitá-la, entregou-a com um radiante sorriso ao pai. Não era como se Tom não ganhasse presentes, pelo contrário, seus Comensais pareciam ficar mais exagerados a cada ano, mandando bobagens e mais bobagens – alguns livros interessantes – mas a maioria eram coisas que ele sequer ia usar. No entanto, algo de seu filho era realmente inesperado, descontando é claro, os desenhos que Harry fazia quando criança.

- Vamos, abra! – o menino mostrava-se evidentemente ansioso e ao abrir a bela caixinha, Tom pôde contemplar aquele pequeno objeto. Pequeno, ingênuo, mas cheio de significado.

- Harry...

- Representa a primeira vitória de Slytherin esse ano. Meu primeiro trunfo como apanhador e é para você, pai.

Ainda ligeiramente desconcertado, Tom contemplava a brilhante bolinha de ouro em sua mão. Já havia visto muitos pomos-de-ouro, comprara centenas para Harry, mas nenhum tão belo quanto este. Uma pequena bolinha de ouro, com belíssimos desenhos em auto-relevo e suas pequenas asas batendo vertiginosamente. Tão bela. Tão admirável. Tão simbólica. Era como se Harry deixasse claro que sempre compartilhariam suas vitórias e batalhariam juntos até o fim. Porque eram e sempre seriam o mais importante um para o outro.

- Obrigado, filho – o Lord sorriu sinceramente, aquele sorriso que somente Harry presenciava, trazendo o menino para um cálido abraço.

Meia noite.

Neste exato momento, os milhares de fogos mágicos que Tom contratara começaram a brilhar no céu.

- Feliz ano novo, pai.

Continua...


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