O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 26
Capítulo 26




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O verão no hemisfério norte consagrava-se a meados de julho e como tal banharia de sol o aniversário do famoso herdeiro do Lord das Trevas. Pai e filho, por sua vez, aproveitavam aquele delicioso clima viajando em seu novíssimo iate pelo Mar Mediterrâneo. E para alegria do pequeno Lord, seus amigos, Pansy, Blaise, Theodore e Draco, além do casal Malfoy, é claro, acompanhavam-nos naquela luxuosa viagem. Assim, durante duas semanas inteiras, Harry e seus amigos se deliciaram com a enorme piscina do iate, além dos inúmeros salões de jogos que este oferecia e das paradas que faziam em quase toda ilha que avistavam.

O iate em questão, adquirido pelo Lord apenas para cumprir um capricho de seu filho, como era de se esperar, consistia numa imponente estrutura. Em seus mais de cinqüenta e seis metros de comprimento ele poderia acomodar pelo menos quinze hóspedes e dezoito membros da tripulação, que naquele caso, consistiam de mais de dez elfos domésticos sempre prontos para servi-los. Seu design assemelhava-se ao dos melhores resorts cinco estrelas do mundo, no convés, inúmeras poltronas e espreguiçadeiras de forro verde-escuro davam um belo contraste com a decoração suave em tons pastéis. Já o seu interior era ricamente decorado com móveis de mogno escuro e lustres de ouro maciço pendendo do teto, os quartos, é claro, eram suítes tão luxuosas que deixariam o Ritz e o Plaza Athénée reduzidos a nada. Mas segundo o Lord era apenas o melhor que um Riddle merecia.

Agora, na manhã do dia 31 de julho, após ser acordado pelo Lord e Nagini para se juntar aos demais na mesa do café da manhã e assim, receber seus presentes, Harry saía de uma deliciosa ducha e enquanto conferia seu aspecto no enorme espelho do closet de sua suíte, passava a toalha pelos cabelos para secá-los um pouco. A imagem devolvida pelo espelho era a de um encantador menino de recém cumpridos quinze anos, que, porém, aparentava pouco mais de treze. O corpo esguio, mas de músculos levemente definidos graças aos treinos de Quadribol, estava coberto por uma calça branca de algodão que lhe chegava à altura da canela, ao estilho pescador, combinando com o sapatênis branco e a camisa verde-água de tecido leve também que evidenciava o brilho de seus olhos e lhe garantia o semblante de pequeno príncipe.

- Espero que aqueles dois não queiram se matar hoje – Harry murmurou, pensando em Draco e Theodore, é claro, enquanto jogava a toalha em cima da cama e pegava um pente para tentar domar um pouco seus cabelos.

Insistentes bicadas na janela, porém, chamaram sua atenção. E quando deixou a cansada coruja de pelagem marrom entrar, não esperava pelo que se seguia. Esperava até mesmo uma carta de Sirius Black, mas não dele:

- Cedric Diggory – ao abrir o envelope, leu o nome do outrora Hufflepuff ao final da carta e agradeceu por Draco não estar em seu quarto naquele momento.

Mas foi o pequeno embrulho que acompanhava a carta aquilo que mais lhe chamou atenção e ao abri-lo, deparou-se com uma réplica em cristal de um delicado lírio, uma de suas flores preferidas. Sorriu. Cedric realmente era uma pessoa amável e doce que agora, segundo sua carta, ingressava na Academia de Aurores para completar seus estudos. Mas apesar de bonito, inteligente, carinhoso e sangue-puro, não era a pessoa com a qual Harry queria dividir sua vida, pois Cedric não era um Slytherin e o mais importante, Cedric não era Draco Malfoy.

Deste modo, o pequeno Lord escreveu uma rápida nota em agradecimento que a coruja não demorou a prender em seu bico e assim, sair voando dali.

- Procurando alguma coisa, Harry?

Uma conhecida voz arrastada, mas carinhosa, surgiu às costas de Harry, que até então olhava pela janela e contemplava a coruja desaparecer em meio a uma imensidão azul turquesa que forjava aquele belo mar.

- Estou procurando pelo meu namorado lindo e desnaturado que até agora não apareceu para me dar um beijo.

Draco não pôde conter um sorriso de lado ao observar o gracioso biquinho que o moreno fazia. Um biquinho ao qual ele particularmente não resistia, assim, aproximou-se sedutoramente do menor e o prendeu em seus braços, sem desviar o olhar daquelas belas esmeraldas.

- Feliz aniversário – sussurrou a escassos centímetros dos lábios rosados.

E Harry sorriu, enlaçando o pescoço do namorado. Aquele era sim mais um feliz aniversário com as pessoas que amava.

-x-

Naquele entardecer, para completar o maravilhoso dia em que fora rodeado de mimos por seu pai e amigos, Harry se viu num belo cenário planejado inteiramente por Pansy com a autorização do Lord. O cenário em questão se assemelhava ao de um Luau muggle. Ao longo do convés estavam distribuídas centenas de velas azuis e verdes que criavam uma iluminação aconchegante e harmoniosa, e para ressaltar as belezas naturais daquele belo mar pelo qual navegavam algumas pétalas de lírios e rosas também se encontravam espalhadas pelo convés. Uma mesa em carvalho real no formato de "L" disponibilizava as mais exóticas e deliciosas frutas, saladas, guloseimas e ponches que acentuavam a beleza da decoração. E ainda para completar o magnífico cenário, a piscina era adornada por velas flutuantes e pétalas de rosas, rodeada ainda por confortáveis puffs e almofadas enormes em cores leves e harmoniosas.

Era um cenário simplesmente divino.

Como apenas a herdeira da fortuna Parkinson poderia idealizar.

- Oh, Merlin... – Harry murmurou maravilhando, olhando ao redor, pois Draco o distraíra em sua cabine, jogando Snap Explosivos, para que Pansy e os outros organizassem tudo.

- Gostou Harryzito?

- Está incrível, Pansy! Você realmente leva jeito para planejar festas como esta.

- Eu sei, sou ótima no que faço, meu querido.

Com um sorriso divertido, Harry seguiu para a piscina, onde os demais já se encontravam. O Lord e o casal Malfoy estavam acomodados a uma das pequenas mesas redondas dispostas pelo convés, saboreando um delicioso espumante enquanto conversavam sobre os incompetentes funcionários que ainda trabalhavam no Ministério. Theodore, é claro, permanecia mais afastado em uma das espreguiçadeiras e como era de se esperar estava imerso em alguma leitura. Blaise, por sua vez, acenava para ele de dentro da piscina, convidando-o para experimentar a ótima temperatura da água. E Harry não se fez rogar, puxando na mesma hora o namorado para cair com ele na água, sob o olhar reprovador de Pansy, que se acomodava ao lado de Theo para tomar o que ela chamava de banho-de-lua que deixaria sua alva pele ainda mais bela e macia.

Assim, naquele agradável clima, ao som da banda preferida de Harry – As Esquisitonas – que o Lord contratara apenas para aquela ocasião, o menino soprou as quines velinhas que adornavam o delicioso bolo de chocolate recheado com marshmallow e, como era de praxe, fez um pedido:

Que as coisas continuassem exatamente como estavam.

Infelizmente, este anseio não seria atendido, mas o pequeno Lord ainda não sabia disso.

-x-

Com o final daquela bela noite, Harry e Draco aproveitaram para escapulir para o quarto do moreno. Um sorrisinho cheio de malícia e desejo adornava ambos os lábios enquanto trocavam carícias e beijos apaixonados no corredor deserto, a poucos passos da porta da cabine de Harry. Este sentia cada uma de suas células arrepiarem ao ser pressionado contra a parede pelo musculoso corpo do namorado que agora lhe devorava o pescoço com beijos e mordidas sensuais.

- Oh... Dray... – um pequeno gemido escapou de seus lábios. E os olhos acinzentados do loiro, naquele instante, brilharam de luxúria, as mãos ávidas percorrendo todo o corpo do menino que se derretia em seus braços.

- Talvez eu possa passar a noite no seu quarto – a voz rouca evidenciava a excitação que o consumia – Você sabe, apenas conversando, é claro...

- Quem não conhece você, senhor Malfoy – sorriu com malícia – que o compre.

- Ora, nós vamos nos divertir, Harry.

- Eu sei... Ah... – outro pequeno gemido escapou de seus lábios ao sentir as habilidosas mãos do loiro lhe apertarem o traseiro com luxúria.

- Você me quer, Harry – surrou, mordendo o lóbulo da orelha e assim, ganhando um arrepio de prazer do menor.

- Eu quero...

- Então o que estamos esperando?

- Alguém pode... Aparecer... A qualquer momento...

- Estão todos dormindo – sorriu de uma maneira puramente Slytherin. E o hormonal corpo de quinze anos do pequeno Lord não podia resistir mais.

- Oh, Merlin...!

- Isso é um sim? – perguntou com malícia ganhando um olhar assassino do menor – Hahaha... Não se preocupe, meu amor, todos já estão em suas camas à uma hora dessas.

- E na sua própria cama, senhor Malfoy, é onde o senhor deve estar neste exato segundo se não quiser sofrer com as conseqüências...

Draco imediatamente congelou em seu lugar.

Estava petrificado. Os olhos arregalados. O corpo tremendo involuntariamente.

Aquela voz...

- Papai... – Harry murmurou suavemente, as bochechas vermelhas, sem levantar o olhar em direção ao Lord.

Tom Riddle estava, naquele momento, usando todo o seu autocontrole para não lançar uma maldição no abusado loiro que imprensava seu filho, seu doce e inocente filho, contra a parede, como se fosse violá-lo a qualquer instante.

- Papai, eu...

- Você tem meio segundo, Malfoy.

Harry sempre soube que o namorado não era famoso por sua coragem, mas ainda sim se espantou quando, num piscar de olhos, Draco saiu correndo, o mais dignamente possível para um Malfoy aterrorizado, e desapareceu pela imensidão do corredor.

Com um suspiro resignado, o menino se voltou ao pai, mas antes mesmo que este pudesse abrir a boca, adiantou-se:

- Eu sei. Sinto muito. E prometo permanecer virgem até o final da viagem.

Aquelas palavras fizeram o Lord empalidecer.

O que divertiu imensamente o garoto.

- Muito engraçado, pirralho – murmurou de mau humor, seguindo o filho para dentro do aposento deste – Acho bom é você se manter virgem até o casamento... Na verdade, eu deveria colocá-lo num convento.

- Papai, nós somos magos, não há conventos no Mundo Mágico.

- Ora, criarei um. O primeiro convento em honra a Merlin que guardará a pureza de jovens belos e inocentes como você.

Harry apenas arqueou uma sobrancelha.

Certo, seu pai estava ligeiramente... Louco.

- Por que a cara assustada, pequeno?

- Não é nada, apenas estou prevendo a próxima idéia do meu pai, Nagi, que provavelmente será me trancafiar numa torre com um Dragão feroz como guardião para impedir que qualquer príncipe encantado se aproxime de mim.

- Ele o flagrou com o jovem Malfoy de novo?

- Bingo.

A serpente que adentrava no quarto pareceu suspirar. Se as serpentes suspirassem, é claro.

- Já disse para vocês esperarem até que ele durma.

- Eu sei, mas...

- Eu ainda estou aqui – uma irritada voz os interrompeu.

E com um inocente sorriso, Harry abraçou o mais velho, que havia se sentado ao seu lado na cama, enquanto uma divertida Nagini se enrolava no tapete persa em frente à lareira do aposento, a qual já aquecia uma adormecida Morgana.

- Não se preocupe, eu sou um adolescente responsável.

- Me parece incrível que estas duas palavras não combinem nem um pouco – replicou com sarcasmo, bagunçando os cabelos do menino.

- Ora, mencione uma só vez em que eu não fui responsável?

- Deixe-me ver, por onde eu começo? – perguntou com ironia – Tentar apanhar a Pedra Filosofal sozinho? Ou quem sabe mexer nas minhas coisas e acabar abrindo a Câmara Secreta? Talvez se encontrar com um perigoso fugitivo de Azkaban? Ou participar daquele insensato Torneio Tribruxo?...

Harry, que até então se encolhia um pouco a cada tópico mencionado, protestou quanto ao último:

- Hei! Este não foi minha culpa! O velhote maluco foi quem colocou o meu nome no cálice de fogo, então, dessa vez, eu estou isento da responsabilidade.

- Talvez, então, eu devesse mencionar aquela vez em que você quase colocou fogo na mansão ao entrar no meu laboratório de poções escondido.

- Eu tinha quatro anos... – murmurou com um gracioso biquinho.

E o Lord, é claro, não pôde conter um sorriso.

Um daqueles raros sorrisos, livre de sarcasmo ou malícia, que apenas Harry podia presenciar.

Aquele espontâneo e agradável momento, porém, viu-se interrompido com o constante bicar de uma coruja na janela de Harry. Aquilo era estranho, pensou o menino, não esperava que mais ninguém lhe mandasse uma carta à uma hora dessas. Assim, com uma expressão curiosa adornando a pele alva de seu rosto, deixou que o animal ingressasse no aposento e se apressou a pegar o grande envelope que este trazia consigo sob o inquisidor olhar de seu pai, que obviamente acompanhava cada um de seus movimentos.

Dentro do envelope grande e pardo havia um pergaminho comum que parecia ser uma carta, e uma fotografia, a qual Harry tomou em suas mãos com cuidado e curiosidade. Nesta, um sorridente casal se abraçava, no cenário que lembrava uma praça de povoado, e a bela mulher carregava nos braços um lindo bebê que sorria para a câmera, na direção em que o pai apontava. Estranhamente aquela imagem lhe oprimiu o coração. E ao observar como seu pai apertava os punhos com firmeza num intento de conter sua aura furiosa, entendeu o que se passava ali, e principalmente, quem eram os personagens daquele cenário acolhedor.

Não precisou nem mesmo ler o que as breves palavras de Sirius Black diziam no pergaminho que acompanhava a imagem:

Querido Harry,
Para você nunca se esquecer dos seus pais.
Parabéns pelos seus quinze anos. Nós dois nos encontraremos em breve.
Seu padrinho,
SB.

Aquilo não podia passar de uma piada de mau gosto. Era o que Tom pensava. Ou então, era mais um pesadelo que o assombrava desde a fuga de Sirius Black, cujo enredo consistia num enraivecido Harry o abandonando depois de descobrir a verdade sobre seus pais e assim, seguindo diretamente para os braços de seu maldito padrinho, o mesmo que Tom se arrependia de não ter ido até Azkaban matar com suas próprias mãos quando teve a oportunidade.

- Papai... – a apreensiva voz de Harry o despertou de seus desejos homicidas.

Então, respirando fundo, o Lord colocou sua máscara de impassibilidade:

- Imagino que você vá querer um porta-retrato para colocá-la. Bem, mandarei um dos elfos providenciarem o mais rápido...

- Papai... – Harry o chamou novamente. Aquela máscara nunca funcionava com ele por mais que o Lord quisesse – A única coisa que eu sinto pelos Potter é pena por eles terem sido ingênuos o bastante para confiar num bando de muggles. O resto é vazio. Eu não cheguei a conhecê-los para poder sentir alguma coisa. E o Black parece não entender isso.

Aquelas palavras pareceram acalmar um pouco o maior.

- Eu achei que você não se comunicasse mais com ele... – perguntou com um leve soar rancoroso.

- E não o faço – afirmou com segurança – Mas ele é insistente.

- Se ao menos ele parasse de se esconder – comentou com ódio – alguns Comensais cuidariam dele para mim.

Harry não pôde deixar de se surpreender com o ar claramente homicida que rodeava seu pai. Algo fora do que estava acostumado. Como se Black representasse uma verdadeira ameaça para o poderoso Lord das Trevas.

- Talvez eu tenha uma solução mais rápida e eficaz – sorriu docemente, pegando uma pluma e um pergaminho em branco, no qual escreveu:

Black,
Esqueça que eu existo. E não ouse se aproximar de mim ou do meu pai se não quiser sofrer com as conseqüências.
Você não é meu padrinho.
H. J. Riddle.
PS: Não ouse me mandar mais fotos estúpidas.

Ao ler o que escrevera para o Lord, os olhos deste brilharam, num sinal de puro orgulho. E um pequeno sorriso surgira em seus lábios ao observar a coruja sair pela janela com a carta de Harry em seu bico.

Mas algo ainda o incomodava.

Seus olhos, agora, estavam fixos na fotografia que repousava sobre a escrivaninha de Harry. E este entendeu perfeitamente o acontecia.

- Diffindo.

O feitiço deixou os lábios do pequeno Lord sem que este sequer usasse a varinha.

A fotografia, então, rompera-se em centenas de pedaços.

O Lord até mesmo tentou, mas não conseguiu esconder seu olhar satisfeito e o sorriso orgulhoso que dançava em seus lábios. Então, com um carinhoso beijo na testa de seu filho, deixou o aposento para que Harry pudesse descansar daquele animado, porém cansativo dia.

Quando se viu sozinho no aposento, Harry dirigiu um demorado olhar aos fragmentos da fotografia que se espalhavam pela escrivaninha de mogno e, por um breve instante, viu-se tentado a usar um simples feitiço "Reparo" para voltar aquele valioso objeto ao seu estado original. Mas então pensou a respeito. Por que deveria considerar aquela fotografia algo valioso? Era certo que raras eram suas informações sobre seus verdadeiros pais e aquela doce imagem despertara um pouco de sua curiosidade. Mas era apenas isto: curiosidade. Nunca vira qualquer necessidade em saber mais sobre Lily e James Potter porque, sinceramente, não fazia a menor diferença em sua vida. Tom Riddle era seu pai. Tom Riddle estivera ao seu lado quando havia despertado assustado de algum pesadelo; Tom Riddle levara um medimago ao seu encontro quando pegara pela primeira vez uma virose-mágica; Tom Riddle lhe protegera inúmeras vezes; Tom Riddle lhe ensinara a ser quem ele era hoje; E o mais importante, Tom Riddle lhe dera uma família que estava ao seu lado em todos os momentos, não como o casal Potter que, por confiarem em muggles preconceituosos, acabaram mortos, deixando-o sozinho no mundo. Sozinho se não fosse por Tom Riddle.

- Incendio – conjurou com firmeza.

As chamas azuladas, assim, colocavam fim a suas duvidas.

-x-

Naquela mesma noite, enquanto isso, numa remota localidade da Grã-Bretanha, onde se encontrava a famosa Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, mais precisamente no escritório do diretor desta escola, duas pessoas conversavam animadamente. Uma animação impregnada de sadismo e crueldade.

- Minha cara Dolores, eu não sei o que faria sem você.

- Oh, Alvo... – a bruxa baixinha e de meia idade, que se vestia dos pés à cabeça de cor-de-rosa, deixou escapar uma risadinha aguda – Não diga bobagens, foi apenas um favorzinho bobo este que eu fiz.

- O que você fez minha querida, foi mudar o rumo do Mundo Mágico – os olhos azuis turquesa brilhavam perigosamente, fixos numa pequena pedra completamente negra e brilhante, que cabia na palma de sua mão – Este precioso item que você roubou da Seção de Objetos de Alta Periculosidade Confiscados pelo Ministério vai mudar completamente o nosso destino e o de todos os magos e bruxas do mundo.

- Em nome do bem maior, Alvo.

- Sim, sempre em nome do bem maior – sorriu com maldade – Sempre.

E com os olhos fixos naquele sombrio objeto, murmurou ao vento:

- Feliz aniversário, Harry. Vou me assegurar de que você receba este presente em breve.

Após essas palavras, sob o divertido olhar da mulher com cara de sapo, o diretor de Hogwarts chamou um dos elfos do castelo. Precisava de um pequeno favor daquela criatura...

-x-

Tudo que é bom, dura pouco.

Como paz e tranqüilidade, por exemplo.

Ou férias escolares, que dá no mesmo, principalmente se a cada ano o diretor de sua escola o tenta matar de uma maneira diferente. Diante dessa perspectiva, então, dando adeus à paz e ao sossego que o acompanhavam sempre que estava rodeado pelas paredes da Mansão Riddle, Harry suspirou com pesar, ao se ver novamente cruzando as portas do Salão Principal para se reunir com os demais no jantar que inaugurava mais um ano letivo na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

O mesmo coral, segundo ele, desafinado.

O mesmo chapéu a gritar: Slytherin, Gryffindor, Hufflepuff e Ravenclaw.

Os mesmos pratos a serem devorados por Crabbe e Goyle com sofreguidão.

O mesmo discurso hipócrita de Dumbledore acerca dos perigos do Bosque Proibido.

O mesmo...

Espera.

Aquela coisa cor-de-rosa sentada na mesa dos professores era novidade.

Oh, sim, a mesma novidade de sempre: o novo professor de Defesa Contra as Artes Obscuras. Dolores Umbridge, segundo palavras de um alegre Dumbledore, funcionária do Ministério da Magia e braço direito de Cornélio Fudge. Ou seja, ponderou Harry, uma ratazana qualquer a serviço do Ministério e de Dumbledore.

- Pelo delineador de Morgana Le Fay! – exclamou uma horrorizada Pansy – Meus olhos estão ardendo!

- O que houve?

- Melhor não perguntar, Blaise – Harry sugeriu divertido.

- Aquilo é um crime! Um atentado ao bom senso e ao bom gosto, Harryzito!

- Eu sei, Pan.

- Você está vendo?

- Sim.

- Você está vendo o mesmo que eu?

- Infelizmente, minha cara.

- Será que alguém pode ter a decência de avisar para aquela senhora que em hipótese alguma se deve usar uma cor vibrante como cor-de-rosa sem fazer uso de qualquer outro tom neutro para dar um contraste harmonioso!

- Respira, Pansy. Um, dois, três... Isso, respira...

A menina, seguindo as instruções de Harry, sob o olhar divertido de seus amigos, respirou profundamente e desviou seus preciosos olhos negros daquele atentado ao bom gosto que, naquele instante, dava risadinhas irritantes em companhia de Dumbledore.

- Depois do Olho-tonto-Moody, não pensei que Dumbledore pudesse fazer uma escolha pior.

- Ah, mas ele consegue se superar, Theo.

- Essa cara-de-sapo como professora deve ser a forma que ele encontrou para torturar você esse ano.

- Não duvido, Blaise – o pequeno Lord suspirou, revirando os olhos com desdém.

- Mas você se esquece, Blaise, de que o Harry pode fazer esta mulher pedir as contas em menos de quinze minutos – Draco sorria com malícia, abraçando a cintura no namorado, que lhe correspondia o sorriso, divertido – Eu aposto que ela sairá daqui traumatizada.

- Bom, lavando-se em conta que o último professor de DCAO foi morto...

- Não seja medroso, Blaise.

- Não sou medroso, Dragão, apenas pondero minhas chances.

- Então?

- Certo, aceito a aposta.

Com um sorriso divertido nos lábios, Harry observava Draco e Blaise acertarem os detalhes da aposta. No entanto, um insistente olhar em sua nuca fez com que guiasse suas esmeraldas à mesa dos professores, na qual Dumbledore, com um sorriso que poderia ser classificado facilmente como obscuro, encarava-o. O mais irritante, porém, foi perceber o mesmo olhar na cara-de-sapo sentada ao lado do diretor, que fazendo uso do sorrisinho mais falso que Harry já presenciara em seus quinze anos de vida, acenava docemente para ele.

Um calafrio percorreu sua espinha.

Aquela mulher ainda lhe causaria problemas...

...Mas ele era Harry Riddle, pensou, com o sorrisinho sádico que aprendera com o Lord adornando seus lábios, ele não se importava com problemas. Ele sorria na cara do perigo.

- Acho que esse quinto ano vai ser divertido.

Continua...

Próximo Capítulo:

- E quando vamos lançar feitiços? – perguntou com desdém.

- Ora... – a mulher deu uma risadinha irritante – Vocês não usarão a varinha nesta aula, meu querido, apenas esses livros recomendados pelo Ministério.

Harry arqueou uma sobrancelha.

Aquilo era ridículo.


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