O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 18
Capítulo 18




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As semanas passaram voando na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e agora, aproveitando um ensolarado final de semana, os alunos de terceiro ano se preparavam para sua primeira visita ao povoado de Hogsmeade. Seus formulários assinados pelos devidos responsáveis eram entregues à Prof. McGonagall que já os aguardava no pátio central, onde todos se reuniriam para sair e a expectativa, é claro, estava palpável no ar. Harry e seus amigos, por exemplo, planejavam entre risos e brincadeiras os principais pontos os quais visitariam. Blaise estava animadíssimo para conhecer a Zonko's e a Casa dos Gritos, enquanto Pansy insistia em visitar as lojas de roupa do povoado e Harry e Draco combinavam de passar no Café Madame Puddiffot, pois o loiro não queria perder a oportunidade de viver um momento romântico com o namorado na frente de todos os perdedores que o desejavam, o que milagrosamente não se aplicava a Theodore Nott, pois este decidira ficar em Hogwarts na companhia dos seus livros.

O pequeno vilarejo escocês possuía varias casas de madeira dispostas ao redor de uma aconchegante praça. Os caminhos de pedra levavam aos mais diversos lugares e naquele exato momento vários estudantes circulavam por lá. O verde da paisagem e os pássaros faziam daquela imagem algo bucólico e agradável aos olhos de todos os jovens magos que por ali passavam. E após a Prof. de Transfiguração liberá-los quando chegaram à praça central, não demorou nem alguns segundos para que, excitados, os estudantes seguissem aos seus afazeres.

- Mas Pansy...

- Eu quero! Eu quero! Eu quero! – a menina choramingava – Por favor, Blaizesinho, você não deixaria sua querida amiga visitar aquelas lojas de roupa sozinha, não é?

- Deixaria...?

- É claro que não! – responde irritada – Você irá comigo e ponto final.

- Tão doce quanto um cálice de veneno.

- O que disse?

- Er... Nada, vamos lá Pan.

Harry e Draco acompanhavam o sutil diálogo tentando conter o riso.

- Bem... – o pequeno Lord interveio – Nos encontraremos na Dedosdemel daqui uma hora então.

- Você não vem Harryzito?

- Infelizmente devemos declinar Pansy, mas tenho certeza de que o nosso querido Blaise ajudará você em tudo o que precisar.

O aludido lançou um olhar mortal a Harry que apenas sorriu divertido. Assim, as jovens serpentes se separaram, Pansy e Blaise seguiram para as lojas que a menina tanto queria conhecer, enquanto Harry e Draco tomavam o caminho do famoso Café onde vários casais se reuniam. O Café em questão era uma pequena loja, situada numa rua lateral à rua principal de Hogsmeade, e possuía varias mesinhas circulares que combinavam perfeitamente com a decoração aconchegante do local.

- Isso é uma espelunca...

- Draco – os olhos verdes de Harry se elevaram ao teto – Pare de reclamar, eu achei o lugar muito bonito.

- Se você diz.

- Para você tudo precisa ser ostentoso, não é? – sorri divertido – Venha, vamos nos sentar.

Os olhares de todos os estudantes acompanharam o trajeto daquele que parecia ser o mais novo casal de Hogwarts. E os cochichos não demoraram a surgir, seguidos dos olhares ávidos das meninas loucas por uma boa fofoca e absolutamente ninguém deixava de comentar sobre o novo casal. Alguns afirmavam que eles eram perfeitos um para o outro, pois Draco parecia rodear o pequeno Lord com uma aura de proteção encantadora, além de demonstrar que a amizade incondicional deles os levara a este novo patamar, como se estivessem destinados a estar juntos. Outros diziam que o jovem herdeiro da fortuna Malfoy não era bom o bastante para o poderoso filho do Lord das Trevas e que este não se mostraria nada contente com o relacionamento dos dois. E ainda existiam aqueles que se diziam melhores para estar com Harry ou com Draco, sendo que em hipótese alguma chegariam aos seus pés. Assim, os comentários logo enchiam o cenário do Café, mas Harry e Draco os ignoravam olimpicamente, seguindo para uma mesa mais afastada sem lançar um mísero olhar aos estúpidos estudantes que pareciam não ter nada melhor para fazer se não comentar sobre suas vidas.

Depois de três anos naquela escola, o pequeno Lord já estava acostumado com aquele tipo de situação. E Draco, por sua vez, não podia estar mais satisfeito, pois deixava claro a Hogwarts inteira que Harry era apenas seu e para sempre o seria. Os olhares de inveja lançados em sua direção, daqueles que sonhavam estar em seu lugar, apenas o enalteciam e deixavam claro que somente um Malfoy, somente Draco Malfoy, poderia se relacionar com Harry Riddle.

- Em que posso ajudá-los, meninos? – uma sorridente Madame Puddiffot os encarava, segurando uma bandeja de prata e trajando um avental cor-de-rosa. Era uma bruxa de meia idade com um ar simpático, mas que para desagrado de Harry parecia não despregar os olhos de sua cicatriz.

- Eu vou querer um cappuccino e um pedaço desse bolo de chocolate com morangos – Harry pediu após dar uma breve olhada no cardápio.

- E para mim um cappuccino também com um pedaço de bolo de nozes.

- Certo, um minutinho e eu trago para vocês.

Quando se viram novamente sozinhos, Harry e Draco, que estavam sentados lado a lado no sofazinho em frente à pequena mesa, começaram a conversar sobre as aulas, os professores e outras trivialidades enquanto trocavam discretas carícias como todos os casais que lá freqüentavam.

- Você acha que Pansy e Blaise já estão na Dedosdemel?

- Não seja ingênuo, Harry, se depender da Pansy eles não saem daquelas lojas hoje.

- Hehe... Verdade.

- Pobre Blaise.

- Não acho que ele se incomode tanto – o sorrisinho malicioso de Harry fez o loiro arquear uma sobrancelha – Eles brigam, reclamam um do outro, mas estão sempre juntos. Tenho certeza de que vão acabar namorando.

- Bom, o que eu sei é que os pais deles vão gostar disso.

- E o meu padrinho e a Tia Narcisa, você acha que eles vão gostar da nossa relação?

Os olhos de Draco pareceram brilhar ao ouvir o pequeno Lord falar: "nossa relação". Só podia ser um sonho.

- Não há duvidas quanto a isso, Harry. Para falar a verdade, acredito que os dois já desconfiem de tudo, apenas não comentam nada por causa do Lord.

- Humm... – deixou escapar um pequeno suspiro.

Contudo, antes que Harry pudesse se deprimir ao pensar na provável reação de seu pai ao descobrir o seu relacionamento, um carinhoso beijo fez com que todas as suas duvidas e temores se esvaíssem. Os suaves lábios de Draco acariciavam os seus com delicadeza e calma, saboreando-o, para depois explorar sua cavidade com aquela brincalhona língua que sempre encontrava na sua uma insaciável companheira de jogos. Era como se o loiro dissesse que ele não precisava se preocupar, pois de uma maneira ou de outra tudo acabaria bem, e eles sempre estariam juntos. E eram sensações como esta, que apenas num beijo tranqüilizavam sua alma e que Harry sabia, para infortúnio de Theo, não as sentiria com mais ninguém.

- Com licença – a voz de Madame Puddiffot os interrompeu – Aqui está o pedido de vocês, meus queridos, bom apetite.

- Obrigado – Harry respondeu com as bochechas queimando de vergonha enquanto Draco deixava um sorrisinho malicioso adornar seus lábios, pois não havia nada melhor do que contemplar o moreninho com a face rosada e um olhar envergonhado, era a personificação da beleza a qual, como bom Malfoy, ele não podia resistir.

Assim, após saborearem seus respectivos doces, trocando colheradas e lambidas na bochecha para não se deixar perder o glacê, os dois seguiram a Dedosdemel, onde haviam combinado de se encontrar com Pansy e Blaise. Durante o caminho Harry conservava uma expressão "indignada" e um gracioso biquinho na face, pois o loiro insistira em pagar a conta, não lhe dando sequer direito a voto. "Um Malfoy não deixa o namorado pagar absolutamente nada, não adianta reclamar" – foram as palavras de Draco e o pequeno Lord não teve outra escolha se não ceder, e apesar de achar esta uma atitude encantadora, Harry aproveitava para fazer um pouco de birra, que logo fora aplacada pelos beijos e carícias do namorado.

- Todos prontos? – uma sorridente Pansy os esperava na entrada da loja.

- Sim... Er, você está bem, Blaise?

- Não.

Harry e Draco tentaram, mas não conseguiram conter as risadas ao contemplar o amigo segurando várias sacolas coloridas com uma expressão assassina em seu rosto, em contraste com o sorriso encantador da menina ao seu lado. Definitivamente, fazer compras com Pansy era uma missão suicida a qual apenas o herdeiro da fortuna Zabini conseguia sobreviver.

- Não sei do que ele está reclamando, comprei apenas o essencial.

- Se por essencial você entende renovar um guarda-roupa de inverno inteiro.

- Oh, não seja exagerado, Bebê – a menina sorria alegremente – Foram apenas algumas coisinhas.

- Hum...

- Está chegando o inverno. Você não quer que eu passe frio, quer?

- Congelada você daria menos trabalho...

- O que disse?

- Nada não, Pan – sorri com nervosismo, fazendo o casal ao lado deles cair mais uma vez na gargalhada.

E após encolherem todas as sacolas de Pansy, guardando-as no bolso junto com as novas sacolas com quais saíram da Dedosdemel, o grupo das serpentes seguiu de volta a Hogwarts entre brincadeiras, risadas e conversas divertidas.

Mal sabiam o que acabara de acontecer na mais famosa escola de magia da Grã-Bretanha.

Porém, estavam prestes a descobrir.

-x-

A chegada a Hogwarts fora tranqüila e depois de guardarem as compras em seus respectivos baús, Harry e seus amigos seguiram para um delicioso jantar no Salão Principal. A maioria dos estudantes, a partir do terceiro ano, parecia animada naquela noite, como se o passeio em Hogsmeade tivesse levantado seus ânimos e assim, a refeição seguiu em meio a risadas e brincadeiras por todas as mesas das quatro casas. Era um clima quase festivo que durou até o término da sobremesa, quando todos se dispuseram a voltar aos seus dormitórios para estudar um pouco ou apenas cair nos braços de Morpheus. Naquele momento, o grupo das serpentes caminhava tranquilamente em direção ao corredor que levava às masmorras quando, de repente, ouviram um alvoroço perto das escadas.

- O que está acontecendo?

- Não sei Pansy, mas vamos descobrir – Harry não possuía sangue Gryffindor por nada e sua curiosidade logo levou o grupo para o meio do alvoroço que acontecia, coincidentemente, em frente à Torre Gryffindor.

Instantes depois que os jovens Slytherins se juntaram à aglomeração, Dumbledore chegou deslizando sua túnica arroxeada pelo piso, como se flutuasse, e aquilo obviamente fez o pequeno Lord e as outras serpentes revirarem os olhos com desdém. Logo os alunos Gryffindors se comprimiram para dar espaço ao diretor, e Harry, Draco, Blaise e Pansy se aproximaram para ver qual era o problema.

- Essa é novidade... – Harry comentou divertido.

A Mulher Gorda desaparecera do retrato, que fora cortado com tanta violência que as tiras de tela se amontoavam no chão, grandes pedaços haviam sido completamente arrancados pelo que pareciam ser garras e aquilo apenas fez o diretor entrecerrar os olhos como se soubesse muito bem o motivo de tal atrocidade.

- Precisamos encontrá-la, Sr. Filch chame os fantasmas, devemos vasculhar todo o castelo.

- Talvez não seja preciso, professor.

- O que...? – mas antes que pudesse perguntar, o zelador apontou para um quadro no alto da parede no qual uma assustada mulher parecia ser esconder atrás de um cavalo. Era a Mulher Gorda.

Na mesma hora o diretor abriu caminho em direção a ela, seguido é claro, das curiosas serpentes que não se importavam nem um pouco com o fato de estarem em "território inimigo".

- Madame, quem fez isso com a senhora?

- Oh diretor! Foi ele, foi sim... Ele, de quem todos estão falando!

- Quem...?

- Sirius Black! – aquele nome fez a maioria estremecer – Ele é um demônio! É sim!

- Muito bem, acalme-se... – apesar de sua voz soar tranqüilizadora, os olhos azuis estavam sombrios, e assim ele se dirigiu aos estudantes – Quero que todos vocês voltem ao Salão Principal imediatamente! Minerva, por favor, acompanhe-os e você Severus, venha comigo, precisamos vasculhar o castelo.

Não demorou muito e todos acataram a ordem do diretor. No caminho de volta ao Salão, Harry e seus amigos se perguntavam sobre como Sirius Black pudera entrar no castelo sendo que este se encontrava protegido por centenas de Dementadores, era algo aterrorizante e para Harry, curioso, muito curioso. Esse Black parecia se mostrar alguém interessante.

Para desagrado do grupo das serpentes, logo eles se viram rodeados por Gryffindors, Hufflepuffs e Revenclaws de todos os anos, pois de acordo com o diretor seria mais seguro que eles dormissem ali naquela noite enquanto os professores faziam uma minuciosa busca pelo castelo. Agora, um indignado Harry se via deitado em um fofo saco de dormir púrpura ouvindo as reclamações de Draco de um lado e os murmúrios indignados de Pansy do outro, e precisava concordar com eles, aquilo era um absurdo, uma prova de que aquela espelunca não podia ser chamada de escola enquanto não conseguisse manter um assassino-louco fora de suas paredes.

- Vocês acham que Black ainda está no castelo? – Pansy perguntou cautelosa, após cessar um pouco suas reclamações.

- É óbvio que o velhote acha que sim – respondeu Blaise, que se encontrava deitado do outro lado da menina.

- Interessante feito, conseguir burlar os Dementadores, não acham?

- Interessante e suicida, Harryzito, porque se eles o encontrarem... Hum, não quero nem pensar.

- Verdade – suspirou.

- O que será que ele quer aqui? – perguntou Draco.

- Talvez ele queira vingança pelo velhote não tê-lo livrado de Azkaban.

- Pode ser, Blaise – Harry sorriu – E seria uma coisa bem divertida de se ver.

- Com certeza...

As pequenas serpentes compartilharam um sorriso cheio de malícia.

De repente, todas as luzes se apagaram indicando que chegava à hora de dormir, e com um suspiro resignado os jovens Slytherins se acomodaram o melhor possível naquele horrível saco e se dispuseram a cair nos braços de Morpheus. Harry procurou a mão do namorado ao seu lado e não demorou a encontrá-la, entrelaçando seus dedos, e somente assim conseguindo relaxar o suficiente para se deixar levar ao mundo do deus dos sonhos.

- Acabei de vasculhar as masmorras – uma obscura voz despertou o pequeno Lord que já começava a cair no sono, e ele pôde reconhecer o Prof. Snape e o diretor parados ao seu lado, conversando em sussurros.

- Então?

- Absolutamente nada.

- Foi o que pensei.

- Ninguém viu o Black...

- Não achei que ele fosse se demorar – suspirou o diretor – Afinal, o que ele quer não está na Torre Gryffindor, mas sim em Slytherin.

Naquele instante, Harry sentiu os profundos olhos azuis de Dumbledore fixos no seu rosto, e continuou fingindo que dormia da melhor maneira possível. E assim que os dois se afastaram, ele não demorou a fazer o que já devia ter feito há séculos, abriu a conexão com seu pai:

- "Papai? Está acordado?"

- "Como vocês ainda não o encontram? Eu quero aquele homem morto! Crucio!" – Harry fez uma leve careta ao ouvir a indignada voz do Lord em sua mente, com certeza ele não estava feliz e pela potência da maldição, Harry não queria estar na pele do Comensal que o desobedecera.

- "Papai?" – Harry tentou mais uma vez e segundos depois, com um ar mais tranqüilo, seu pai contestou:

- "Ainda acordado, Harry?"

- "Sim, e você não adivinha onde estou".

- "Diga-me, pequeno".

- "No Salão Principal. Todos os estudantes estão dormindo aqui enquanto os professores fazem uma busca pelo colégio".

- "Uma busca pelo o que?" – a voz do Lord soou evidentemente preocupada.

- "Sirius Black" – respondeu com tranqüilidade – "Pelo visto ele conseguiu entrar no castelo e destroçou a entrada da Torre Gryffindor".

- "O que?"

- "Você ouviu, papai. O velhote maluco não está conseguindo controlar essa espelunca, como sempre".

- "Aquele desgraçado..."

- "Mas sabe o que me deixou mais intrigado?" – ignorou o tom homicida de seu pai – "Foi que o velhote maluco disse ao Snape, pensando que eu estava dormindo, que o que Black procurava não estava na Torre Gryffindor, mas sim em Slytherin".

- "Como ele ousa?".

- "Você entende o que ele quis dizer, papai?"

- "Antes me responda uma coisa, Harry, os Dementadores ainda estão por aí?"

- "Sim, centenas deles, mas o Black conseguiu burlá-los de novo".

- "Certo" – suspirou irritado – "Bom, o que você precisa ter em mente é que não deve sequer se aproximar deste assassino, entendeu?"

- "Mas..."

- "Ele ajudou aqueles muggles a matarem Lily e James Potter e agora, provavelmente, quer terminar o trabalho matando o filho de seus supostos amigos".

- "Entendo".

- "Você se lembra do que eu lhe falei, não lembra? Ele é a escória, ignorou o honrado sobrenome Black para aliar-se a Dumbledore".

- "Eu sei, uma vergonha para os sangues-puros".

- "Exato, então tome cuidado, pequeno".

- "Certo, certo..." – revirou os olhos.

- "E não se preocupe, já estou tomando providencias para manter você em segurança, porque se depender deste velho imbecil..."

- "Hehehe... É verdade, papai, ainda bem que eu tenho você. Mas não se preocupe, prometo que não vou me meter em encrenca".

- "Hum! Nisso nem você acredita, Harry".

- "Oh! Que calúnia!"

- "Sei, sei, você não procura os problemas, eles que acham você".

- "Exatamente".

- "Muito bem, agora vá dormir para estar descansado para amanhã".

- "Certo, boa noite".

- "Boa noite, pequeno, e qualquer coisa abra a conexão".

- "Pode deixar. Durma bem, papai".

- "Durma bem, Harry".

E após encerrar a conexão, Harry se encontrava com um leve sorriso em seus lábios. Enquanto na Mansão Riddle, o Lord das Trevas apertava os punhos com irritação e impotência, preocupado com a ameaça de Sirius Black tão próxima ao seu filho. Mas ele iria distribuir Crucios a doquier enquanto os seus inúteis Comensais não lhe trouxessem a cabeça de Black em uma bandeja, pois nada colocaria em risco sua relação com Harry, muito menos um maldito fugitivo que anteriormente se escondia nas túnicas de Dumbledore ao invés de agir como sangue-puro que era.

Oh, não.

Sirius Black não se colocaria entre ele e Harry ou não se chamava Tom Riddle.

-x-

Passado algumas semanas desde o incidente "Sirius Black na Torre Gryffindor", as aulas continuaram em seu ritmo normal, sem menções por parte dos professores, mas com vários comentários amedrontados da maioria dos alunos. Naquele exato momento, as jovens serpentes do terceiro ano aproveitavam o intervalo entre as aulas de DCAO e História da Magia para conversar no agradável jardim da escola. Harry se encontrava sentado sob a sombra de uma árvore acariciando os cabelos de Draco, que recostava preguiçosamente a cabeça em seu colo, enquanto Pansy e Blaise estavam sentados lado a lado de frente para o casal e comentavam sobre as estanhas faltas do Prof. Lupin às suas aulas.

- Talvez ele esteja doente.

- Pode ser, Bebê – a menina o encarou com astúcia – mas essa não é a primeira vez que ele falta.

- Pare de me chamar assim! – Blaise grunhiu. Mas ela apenas revirou os olhos.

Draco e Harry compartilharam um sorrisinho malicioso e antes que os dois voltassem a discutir o moreno decidiu intervir:

- Pansy tem razão, não é a primeira vez que ele falta, e o Snape não parecia nada contente em ter que substituí-lo.

- O Snape nunca parece contente.

- É, nesse ponto você tem razão, Blaise.

- A questão é que algo muito estranho está acontecendo nessa escola – Pansy declarou e todos assentiram.

- Como sempre – concluiu Harry, e Draco tomou a palavra, mas o pequeno Lord já não prestava mais atenção no namorado e nem nos amigos, pois seus olhos estavam fixos na atitude suspeita dos gêmeos Weasley que vinham caminhando pelo jardim com o que parecia ser um mapa nas mãos, um mapa muito interessante para deixar os travessos Gryffindors tão entretidos.

- Harry?

-...

- Harry?

-...

- HARRY!

- Oi? O que foi, Dray?

- Está me ouvindo?

- Claro... – seu olhar ainda estava fixo nas ruínas pelas quais os gêmeos haviam passado – Mas acabei de me lembrar que esqueci uma coisa nas masmorras.

- Esqueceu o que?

- Er... Um livro, para a próxima aula, não se preocupe porque eu volto já.

- Mas...

As palavras, é claro, se perderam na boca do loiro, pois Harry acabara de dar-lhe um selinho e se levantara rapidamente, seguindo para as ruínas que ligavam o jardim a Hogwarts. As três serpentes ficaram sem reação por alguns segundos, mas logo suspiraram, pois quando o pequeno Lord colocava algo na cabeça não havia mortal que conseguisse descobrir o que ele estava tramando. A principal preocupação de Draco, contudo, era que seu namorado não encontrasse o perdedor-come-livros, pois este não perdia uma oportunidade de importuná-lo e como Harry era uma boa pessoa, acabava dando papo para o imbecil.

O caminho que o pequeno Lord percorrera, porém, situava-se bem longe de Theo. E agora ele se encontrava habilmente escondido atrás de uma pilastra observando como os gêmeos Wesley interagiam com aquele interessante mapa. Algo tão interessante que apenas um Riddle poderia ter.

Sim, definitivamente ele estava andando muito com Draco.

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom – ouviu a voz de um dos gêmeos, que apontava a varinha para o mapa.

Curioso...

Então era assim que eles o abriam?

- Veja, o Filch não está mais na estátua da Bruxa de um Olho Só.

- Maravilha, Fred! Podemos descer até a Dedosdemel.

- "Um mapa que mostra as passagens secretas e os habitantes de Hogwarts?" – os olhos de Harry brilhavam de uma maneira incondicionalmente Gryffindor. Seu antepassado Godric estaria orgulhoso daquele olhar.

- Vamos logo antes que ele volte.

- Certo – Fred apontou a varinha para o mapa novamente – Malfeito Feito!

E Harry entendeu que, provavelmente, era assim que eles impossibilitavam as outras pessoas de o lerem. É claro que bastou os gêmeos vivarem as costas, e um deles colocar o mapa no bolso traseiro da calça, para Harry puxar a varinha e murmurar um simples Wingardium Leviosa que na mesma hora, com sumo cuidado e delicadeza, trouxe aquele curioso objeto às suas mãos. E Fred e George Weasley seguiram seu caminho sem sequer notar que faltava algo com eles.

- Muito obrigado, Weasleys, tenho certeza de que farei melhor uso deste mapa do que vocês.

Assim, com um sorriso incondicionalmente Slytherin dançando em seus lábios, Harry já planejava o passeio noturno daquela noite.

-x-

E não demorou muito para a noite em questão cair em Hogwarts, como um véu negro e estrelado que se espalha pelo horizonte, levando os estudantes às suas camas e alguns professores a uma intensa ronda para proteger o castelo. É claro que um jovem Slytherin não pensava em seguir para sua cama tão cedo, não quando possuía um incrível mapa que lhe dava acesso a absolutamente tudo o que ocorria em Hogwarts, desde as mais diversas passagens secretas que existiam até os passos de cada um que por lá circulavam. Era incrível. Podia ver o velhote andando de um lado para o outro em seu escritório, seus amigos dormindo tranquilamente nos dormitórios, os elfos trabalhando nas cozinhas... Com certeza, agora estava um passo a frente de Dumbledore, sem que este soubesse. E era maravilhosa a sensação de superioridade no território inimigo, vivenciara-a muito bem no ano passado, com um Basilisco a solta e segundo as suas ordens.

- Amo Harry? – a suave voz de Morgana chamou sua atenção – Para onde estamos indo?

- Para nenhum lugar específico, Morg.

- Entendo.

- Estamos apenas fazendo um "tour".

- Pensei que você estava voltando à Câmara.

- Humm... – o rosto de Harry se tornou sombrio por alguns instantes – Não. Por enquanto não está na hora de voltar lá.

Caminharam em silêncio por alguns minutos, com Harry conferindo todas as passagens e anotando mentalmente o caminho para quando surgisse a ocasião de usá-las. Uma tranqüila Morgana deslizava ao seu lado como se conhecesse cada canto daquelas paredes e de fato conhecia, pois ela sempre estava rondando o castelo atrás de algo saboroso para comer ou apenas para matar o tempo enquanto seu jovem amo estudava.

- Aqui, neste corredor existe mais uma passagem – Harry sorriu, mas quando ingressou no corredor e olhou novamente para o mapa, que naquele momento era iluminado pelo Lumus de sua varinha, seu sangue gelou ao observar o nome "Severus Snape" caminhando em direção ao nome "Harry Riddle".

Sem dúvida, seu professor conseguia ser muito inoportuno.

- Amo?

- Volte para as masmorras Morg, e seja discreta, pelo visto o passeio acabou por hoje.

- Certo.

- Nox – murmurou, e a luz de sua varinha rapidamente se apagou, mas quando estava prestes a dar as costas e sair o mais rápido possível dali, um potente clarão atingiu seus olhos e ele logo pôde distinguir o desagradável sorriso do seu chefe de casa.

Como desejava lançar-lhe um Crucio naquele momento.

- O que faz fora da cama há essa hora?

- Eu sou sonâmbulo – respondeu divertido.

- É extraordinário como se parece com o seu pai – murmurou consigo, os olhos negros crispando de ódio.

- O que disse?

- É melhor você voltar para o seu dormitório, Potter.

Não foi o desprezo com o qual Snape falou seu sobrenome que levou o pequeno Lord a estreitar perigosamente seus olhos, mas sim o sobrenome em si, que o professor usou sem se dar conta.

- Sabe de uma coisa, Snape – o mesmo desprezo ao pronunciar o nome dele – sempre me perguntei se você me via como um inimigo, a julgar pelo ódio e o desprezo com os quais me encara às vezes, e não, não adianta negar porque eu não sou idiota.

- O que você...?

- Mas agora percebo que o seu problema não é comigo. Então me diga, o que James Potter fez para que você cultivasse um ódio tão grande dele, a ponto de não conseguir entender que meu pai se chama Tom Marvolo Riddle? Diga-me, o que Potter fez com você para que agora, anos depois, suas ações imbecis coloquem essa sua mísera vida em risco?

- Minha vida em risco?

- Oh sim, porque se você me chamar de Potter mais uma vez ou se eu ouvir mais algum comentário sobre como eu me pareço com o meu pai, posso garantir que sua próxima reunião com os Comensais da Morte não será nem um pouco divertida.

Os olhos verdes estavam frios como piscinas de gelo e finalmente o Prof. de Poções se deu conta de que não havia nada de James Potter ali, mas absolutamente tudo de Tom Riddle. E não sabia se devia se sentir feliz ou não. A única coisa que ocupava sua mente agora era a lembrança dos cálidos olhos verdes de Lily, olhos idênticos aos do menino a sua frente, mas ao mesmo tempo completamente diferentes, mostrando que a linhagem Potter-Evans não significava absolutamente nada, que o sangue não significava nada, pois o que Harry tinha com o Lord das Trevas, seja lá o que fosse, significava tudo.

- Você está me ameaçando Sr. Riddle? – conseguiu recuperar sua frieza a tempo. Mas não podia olhar para os olhos do menino. Olhos que certa vez, no rosto de uma jovem ruiva, chegaram a encará-lo com carinho.

- De maneira alguma, digamos apenas que é um aviso, Prof. Snape.

- Não gosto de receber tais avisos de meus alunos.

- Também não gosto de muitas coisas, professor, e mesmo assim sou obrigado a conviver com elas – sorriu com malícia.

- Eu devia lhe dar uma detenção!

- Devia. Mas não vai.

- Ora seu...

- Harry – uma cálida voz interrompeu os pensamentos assassinos de Snape e capturou a atenção dos dois.

Remus Lupin, com uma expressão tranqüila em seu maltratado rosto, dirigia-se a eles com um olhar desconfiado para o Prof. de Poções.

- Ora, ora, Lupin... – Severus sorriu com sarcasmo – Dando uma voltinha a luz do luar?

- Olá Severus.

- Se não se importa, o jovem Riddle e eu estamos tendo uma agradável conversa agora.

- Pude perceber. E como você está, Harry?

- Muito bem, obrigado professor – respondeu com sinceridade – Na verdade, eu estava mesmo precisando falar com o senhor, tenho uma dúvida sobre a matéria.

- Claro, vamos à minha sala.

- Cuidado, Harry, seu pai pode não gostar que você ande com esse tipo de companhia.

- Não se preocupe, Prof. Snape, meu pai prefere que eu ande com um desconhecido competente do que com um de seus empregados imbecis, e por favor, sublinhe o "imbecis".

O rosto impassível de Snape, por um segundo, viu-se impactado pelo choque. Assim como o de Remus, que não conseguia conter seu espanto enquanto caminhava atrás de Harry em direção ao seu escritório. Céus, aquele menino definitivamente não era como ele pensava, mas mesmo assim não podia deixar de simpatizar com ele e não apenas por ser filho de seus melhores amigos, mas por sua irreverência e personalidade forte, características que sequer James as possuíra em tamanha intensidade.

- Desculpe evolvê-lo nisso, Prof. Lupin – Harry suspirou quando chegaram, sentando-se displicentemente em uma cadeira em frente à mesa do docente – Mas eu realmente precisava sair dali antes que lançasse uma maldição no Snape.

- Er... Tudo bem... Não se preocupe, Harry.

- Ele é realmente irritante.

- Bom... – Remus se sentou ao seu lado – Eu não deveria falar isso, mas concordo com você.

- Hehe. Obrigado, mas posso perguntar uma coisa?

- É claro.

- O que você faz nessa espelunca?

- Perdão?

- Digo, você é um profissional competente, o que é raridade hoje em dia, poderia estar numa escola decente, não em Hogwarts.

Um melancólico sorriso surgiu nos lábios do professor.

- Você não acha Hogwarts uma escola decente?

- Não me leve a mal. Essa escola tem potencial, é claro, mas Dumbledore praticamente acaba com ela.

- Entendo... Bom, eu estudei aqui, então é como viver um pouco no passado, naquele glorioso passado.

- Oh... E em que casa você estudou? – a curiosidade do menino, de repente, viu-se mais aflorada do que nunca.

- Gryffindor – sorriu ao ver a pequena careta de Harry – E eu e meus amigos fazíamos parte de um grupo chamado Os Marotos.

Os Marotos...

Harry imediatamente se lembrou do mapa guardado em sua túnica.

- Nós aprontamos bastante aqui, pregávamos peças e éramos o terror dos professores, mas sempre tirávamos boas notas.

Os olhos verdes se mostravam interessados e sorrindo, Remus continuou:

- O próprio Severus, muitas vezes, foi vítima de nossas peças.

- Sério? – sorriu radiante.

- Sim, o chamávamos de Snivellus, ranhoso, seboso e coisas do tipo.

- Hilário! – Harry anotava mentalmente aqueles apelidos.

- Prongs sempre foi o que aprontou mais com ele...

- Prongs?

- Er... Sim, nossos apelidos eram Prongs, Padfoot, Wormtail e eu, Moony.

- Que legal!

- Sim – sorriu levemente – depois eu te conto mais sobre Os Marotos, mas agora você precisa voltar para a sua cama, ou arrumaremos problemas.

- Certo. Boa noite, Prof. Lupin.

- Boa noite, Harry.

O menino já colocava o pé para fora da sala, quando decidiu perguntar algo:

- Professor?

- Diga.

- Vocês, Os Marotos, fizeram algum tipo de mapa da escola?

- Por que a pergunta? – o encarou com desconfiança. Mas o menino logo sorriu inocentemente.

- Porque eu vi os gêmeos Weasley com um mapa desses e parecia sofisticado de mais para ser um produto da Zonko's.

- Humm... Boa noite, Harry.

- Durma bem, professor.

E com o inocente sorriso ainda adornando seus lábios, Harry deixou o adulto para trás. Este por sua vez pensava em como conseguir que os gêmeos Weasley devolvessem aquele mapa, pois se caísse nas mãos de Sirius, aquilo seria uma arma perfeita para chegar a Harry. E não podia permitir que nada ameaçasse o menino, muito menos o homem que um dia fora seu melhor amigo, ainda que não soubesse ao certo em que lado ele estava.

-x-

Outro mês chegava ao fim e Harry e seus amigos se divertiam como nunca. O Mapa do Maroto, a capa de invisibilidade e o vira-tempo de Harry ofereciam a eles várias oportunidades de deixarem a escola para um passeio a Hogsmeade e assim, eles passavam noites e noites explorando os arredores do povoado e é claro, a assustadora Casa dos Gritos. Sirius Black passara a ser apenas um nome esquecido depois do incidente na Torre Gryffindor e mais ninguém ouvira falar dele coisas além do normal. Snape, enquanto isso, parecia não despregar os olhos de Harry procurando qualquer falha que pudesse levar o pequeno Lord a uma detenção, coisa que não acontecia, e fazia o Prof. de Poções suspirar profundamente sabendo que não podia castigar o menino sem motivos se desejasse sair vivo da próxima reunião com seus colegas. Remus Lupin, por sua vez, parecia se aproximar cada vez mais de Harry, contando-lhe sobre suas aventuras com Os Marotos, mas nunca mencionando quem eles foram de fato, pois sabia que se contasse que fora amigo de James Potter o menino se afastaria achando que a aproximação dos dois era algo ambicionado pelo diretor.

Agora, com Slytherin mais uma vez liderando o campeonato, o time de Harry chegava às finais e se preparava para dar uma surra na equipe Hufflepuff. O clima estava um pouco pesado, é claro, com Theo e Draco a ponto de se matarem, mas sendo apaziguados por Harry que não estava nem um pouco a fim de ver seu capitão destroçar duas pessoas tão especiais para ele porque estas não pareciam se importar nem um pouco com o jogo, mais preocupadas em discutir e trocar insultos.

- Theo, Dray, já chega – suspirou irritado – não vou pedir de novo.

E imediatamente os dois fizeram silêncio e se sentaram no banco do vestiário para esperar que chamassem o time. Os belos olhos verdes do moreninho, às vezes, podiam ser assustadores.

- Harry, você já sabe o que fazer, não é?

- Sim, Marcus.

- É só pegar o pomo e colocaremos aqueles bebês para chorarem.

- Sim, sim... Já entendi.

- Sem pressão – explicou o capitão, contradizendo-se com a visível ansiedade em suas palavras – Apenas agarre o pomo.

- É claro... Não se preocupe, Marcus.

Pareceu não passar meio segundo quando o apito soou indicando que os times deviam entrar em campo. A torcida Hufflepuff parecia conformada com a derrota, assim como os jogadores, mas ainda gritava e incentivava o time. Enquanto a torcida Slytherin, encabeçada por uma sorridente Pansy que balançava pompons verde-prata, praticamente já comemorava a vitória. Os gritos de "Vai Harry!" ou "Coloquem esses perdedores para chorar, serpentes!" eram os que mais se ouviam no campo. E após Madame Hooch mandar os capitães apertarem as mãos – momento em que Harry quase teve pena do capitão Hufflepuff, pois Marcus com certeza fraturara seus dedos – o apito soou novamente e foi dado inicio à partida.

- Não esqueça o pomo, Harry! – Marcus gritou ao passar por ele, levando a Goles para marcar o primeiro ponto da partida.

O pomo. É claro... E como Harry era Harry, ele não demorou a avistar a pequena bolinha que decidia o jogo. Imediatamente mergulhou para ela com a mão esticada, perdendo-a por poucos centímetros, e ao levantar a cabeça para procurá-la novamente, notou um furioso Balaço vindo em sua direção.

- "Merda..." – foi seu único pensamento.

Mas antes de ser atingido, um certeiro golpe de Theo o salvou, e o pequeno Lord sorriu agradecido pelo amigo ter mandado o Balaço para a equipe rival. Contudo, Theo não o mandara para a equipe rival, mas sim para o seu rival pessoal e foi com extrema dificuldade que Draco conseguiu se esquivar da poderosa bola, lançando-a de volta para o moreno de olhos azuis.

Por um instante Harry ficou em choque.

Eles estavam trocando Balaços entre si?

Oh, com certeza Marcus iria matá-los.

- Esses dois são impossíveis... – suspirou, voltando a se concentrar na bolinha de ouro com a qual devia se preocupar.

Instantes depois, enquanto sobrevoava o campo, Harry começou a sentir um poderoso frio percorrer sua espinha. Um frio que se espalhava por todo o seu corpo, fazendo uma fumaça branca sair de sua boca. Era como se toda a felicidade do mundo desaparecesse.

- Não pode ser!

Mas era.

Olhando ao redor, Harry pôde distinguir dezenas de Dementadores invadindo o campo e vindo em sua direção. A agitação não demorou a tomar conta das arquibancadas, proveniente tanto dos assustados estudantes quanto dos indignados professores que não podiam acreditar que estavam sendo atacados por aquelas criaturas. O diretor, contudo, Harry pôde perceber, permanecia impassível em seu lugar. Era como se esperasse por aquilo, desejasse que eles se aproximassem, e seus olhos fixos em Harry se mostravam ansiosos pelo que o menino poderia fazer.

Estava testando-o.

Provavelmente fora informado sobre o Dementador no trem e agora queria saber até que ponto os boatos chegavam a ser verdade. Tão medíocre e manipulador, com aquele leve sorriso no canto de seus enrugados lábios, que chegava a enojar o jovem Slytherin.

Mas ele queria poder? Então veria poder.

- EXPECTO PATRONUM!

Um gigantesco Basilisco deixou a varinha de Harry, sobrepujando todos os pequenos patronos que os professores conjuravam naquele momento para afastar os guardas de Azkaban. Era uma demonstração tão extraordinária que o alvoroço dos alunos nas arquibancadas até parou, para que todos prestassem atenção e conseguissem sentir em suas almas a magnitude daquela magia. O incrível Basilisco de Harry praticamente perfurou os Dementadores, reduzindo-os a uma névoa negra que logo se dissipou, sob os aplausos de todos.

Mas não era só aquilo que o pequeno Lord queria.

E com um malicioso sorriso e uma leve agitação de sua mão direita, Harry fez seu patrono seguir diretamente ao encontro do diretor, o que levou este a arquear uma sobrancelha, porque até onde ele sabia patronos não representavam perigo para os magos. E mais uma vez Harry provou que ele não sabia nada de nada. Pois uma dor aguda atingiu-lhe o peito ao sentir aquela poderosa energia transpassar seu corpo. Naquele instante, Dumbledore caíra no chão, com a respiração agitada e a mão segurando firmemente o peito, vivendo uma das piores experiências de sua vida: uma parada cardíaca. Por sorte, após o choque inicial, os professores não demoraram a agir e correram com o ancião para a enfermaria.

Ele ficaria bem.

O mesmo, porém, não poderia ser dito da equipe Hufflepuff, pois naquele exato momento uma bolinha dourada batia as asas nas mãos de um sorridente Harry.

- Slytherin ganha o jogo... – Lino Jordan, o comentarista, murmurou no microfone, ainda abobalhado.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Vocabulário - Na tradução brasileira:

Prongs – Pontas.
Padfoot – Almofadinhas.
Wormtail – Rabixo.
Moony – Aluado.



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