O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 10
Capítulo 10




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Um lindo menino de cabelos bagunçados e brilhantes olhos verdes corria apressado em direção às masmorras, enquanto a maioria dos estudantes terminava o jantar no grande Salão Principal e seguia para suas camas. O afoito menino, porém, sequer podia pensar na palavra "fome", pois cada minuto era decisivo naquela noite, tinha um velho maluco a deter! E diante dessa perspectiva, seus olhos brilhavam ainda mais, com pura ansiedade e motivação. Qualquer um julgaria sensato que o pequeno estivesse com medo, esta palavra, no entanto, não existia em seu vocabulário... Não quando se era o filho do Lord das Trevas e sabia que este moveria céus e terras para protegê-lo. O único que devia temer ali se chamava Alvo Dumbledore, pois em breve colidiria de frente com a astúcia e a perspicácia de legítimos Slytherins.

- "Espere e verá, idiota..." – Harry pensa com um pequeno sorriso, ingressando finalmente na sala comunal das serpentes.

- Harry...? – Theodore questiona preocupado, largando o livro em cima da poltrona ao ver o estado do amigo.

As bochechas avermelhadas do menor comprovavam todo o esforço empregado na apressada corria pelo castelo. Ainda sim, o cansaço e o fôlego eram suas últimas preocupações.

- É... Hoje...

- Calma, respira... – o encarava com curiosidade e é claro, preocupação – O que é hoje?

Harry apenas respira fundo e fixando seus intensos olhos nos azuis do amigo, de maneira significativa, pronuncia:

- Não há tempo para explicações, Theo. Onde estão os outros?

- Creio que voltando do Salão Principal, mas...

- Ótimo! – interrompe – Reúna-os aqui em cinco minutos enquanto vou buscar a Morgana.

Dando o claro ultimato, Harry segue ao quarto em busca de sua serpente, enquanto um confuso Theodore Nott se apressa em buscar os outros. Sem dúvida alguma o Pequeno Lord aprendera a dar ordens com seu pai, ou então, era um talento nato que fora excelentemente explorado. De qualquer forma, o fato é que dentro do tempo estimado, os quatro Slytherins já se encontravam na vazia sala comunal à espera de Harry. Suas expressões denotavam confusão e preocupação, restringindo-se apenas à última quando Harry apareceu com um semblante sério e seus olhos brilhando.

- Encontrei-me com Dumbledore há pouco e ele deixou bem claro que pretende realizar o ritual hoje.

- Por Salazar... – Pansy murmura – O que faremos?

- Muito simples, minha cara Pan – Harry sorri – vamos pegar a pedra antes dele.

- Aquele velhote vai aprender qual é o seu lugar – um divertido Draco acrescenta, fazendo todos sorrirem com malícia.

Sendo assim, no exato momento, Pansy e Blaise caminhavam tranqüila e cautelosamente em direção ao corredor do terceiro andar, cuidando para não levantar qualquer suspeita. Logo atrás deles vinham Theo, Harry e Draco ocultos pela capa de invisibilidade. E Harry, situado convenientemente ao meio, precisava armar-se de paciência para lidar com aquela situação, na qual os herdeiros das famílias Nott e Malfoy discutiam em sussurros sobre quem estava pegando de mais em sua cintura ou coisas do tipo.

- Cuidado com essa mão, Nott – o loiro estreitava os olhos vendo como o insuportável garoto apalpava de mais seu amigo – Para começar, não era nem para você estar aqui.

- Por que você não volta para o colo do papai, menino mimado, e deixa Slytherins de verdade resolverem o problema?

- Quem você pensa que é, seu zero à esquerda, para falar...?

- Chega, vocês dois! – o exasperado sussurro de Harry os interrompe – Guardem essa hostilidade toda para o Dumbledore!

Antes que os dois rivais pudessem responder, depararam-se com a fatídica porta que os levaria àquela tão esperada aventura. Naquele momento, pareciam conter a respiração de tamanha expectativa. Harry, controlando-se como o exímio pequeno Lord que era, não demorou a tirar a capa de invisibilidade e guardá-la sob um feitiço de encolhimento no bolso da calça, certificando-se do contato gelado de uma tranqüila Morgana escondida em sua túnica.

Chegara à hora...

... E o feitiço de Pansy foi certeiro:

- Alohomora!

-x-

Uma doce e tranqüila melodia ecoava pelas paredes de pedra. Para surpresa dos jovens Slytherins, aquele verdadeiro monstro em forma canina se encontrava num sono profundo e invejável. O barulho dos três focinhos respirando compassadamente e soltando ligeiros roncos em forma de grunhidos fazia as cinco crianças arquearem uma sobrancelha, abismadas. A bela harpa dourada que proporcionava aquela linda melodia e que se encontrava logo ao lado da porta, para preocupação de todos, indicava apenas uma coisa:

Dumbledore já estivera ali.

Por sorte, a harpa ainda estava tocando, o que mostrava que o encantamento era recente e o velhote maluco não devia estar muito longe.

- Vamos... – Harry sussurra – Me ajudem a empurrar a pata dele.

Não foi sem esforço que os cinco Slytherins tiraram a enorme pata de cima da porta do alçapão.

- Eu vou primeiro – o pequeno Lord anuncia, olhando para o imenso breu que o aguardava – só me sigam quando eu der o sinal, entenderam?

- Nem pensar! – um indignado Draco protesta – É muito perigoso, eu vou com você!

- Não, eu vou. Harry precisará de pessoas úteis ao dele.

- Cale a boca, Nott, você será muito mais útil estando aqui com o cachorro quando ele acordar.

- Muito engraçado, Malfoy. Você pode tentar matar o velhote com esse seu senso de humor deplorável.

- Ou você pode matá-lo com a sua cara feia.

- E você não...

- HEY! – Harry os interrompe – Vocês não acham que está silencioso de mais aqui?

Todos imediatamente se calaram e perceberam que de fato, a sala parecia mergulhada num silêncio cadavérico, quebrada apenas pelo barulho de furiosos rosnados. Furiosos rosnados... Levantando as cabeças quase que em câmera lenta, os estudantes puderam contemplar aquele animal aterrador encantando-os como se fossem o jantar.

- AHHHHHHHHHHH! – gritaram em coro, não pensando duas vezes antes de se jogar no alçapão. Primeiro Pansy, que arrastou Blaise pela gravata do uniforme, sendo seguidos por um atordoado Theodore que acabara de ser empurrado por Harry e por último, escapando a poucos centímetros de virarem comida de cachorro, vinham Harry e Draco de mãos dadas.

Por sorte, caíram em cima de algo relativamente macio.

- O que é isso? – foram as primeiras palavras de Draco ao aterrissar, ainda mantendo a mão de Harry firmemente sujeita.

- Parece uma planta – Blaise comenta.

- Deve estar aqui para amortecer a queda – um intrigado Harry olhava ao redor.

- É uma sorte, não é mesmo, Harryzito?

- Sorte? – o tom nervoso de Theo os surpreende – Isso é Visgo do Diabo, Parkinson! Olhe só para vocês!

Para terror da menina e dos outros Slytherins, a planta começou a se enroscar em seus corpos como gravinhas de uma trepadeira. Eles se debatiam, mas os ramos e raízes já prendiam com força seus tornozelos, braços e pescoço, a cada segundo parecia rodeá-los mais.

- Parem de se mexer – Theo diz por entre os dentes, completamente imóvel enquanto a planta o envolvia – precisam relaxar, assim só vão morrer mais rápido.

- Morrer mais rápido? Genial Nott, agora é que eu vou relaxar! – o loiro replica com fúria, lutando para se soltar como se sua vida dependesse disso, deixando-se apenas, ainda mais preso.

- Theo está certo, meu pai já me falou dessa planta, precisam ficar quietos.

Draco e Pansy observaram com horror como Harry se colocava imóvel e logo era engolido pelos ramos e raízes, desaparecendo planta abaixo, sendo logo seguido por Theodore e por Blaise, que havia aceitado seus conselhos.

- HARRY! – Draco gritou desesperado ao ver o amigo sumir e assim como Pansy, não parou de se debater.

- É só relaxar! – ouviram a melodiosa voz ao fundo, mas não conseguiam vê-lo.

- Harry! Onde você está? – a preocupação de Draco era palpável.

- Confie em mim, Dragão – a voz doce ecoava pelas paredes num carinhoso pedido – Confie em mim e relaxe, assim vamos nos encontrar logo.

As palavras de seu melhor amigo fizeram o loiro imediatamente parar de se mexer e fechar os olhos, contendo a respiração, desejando apenas ter o moreninho de volta em seus braços. Poucos segundos depois, sentiu-se escorregar para baixo e quando pensou que tudo estava perdido, caiu com um baque mudo no chão.

- Ai... – Draco murmurou, levantando-se, e a sua frente um sorridente Harry o encarava. Blaise, porém, ainda olhava apreensivo para cima, onde as raízes da planta pareciam pairar sob suas cabeças.

- Ela não está relaxando – comenta preocupado.

Harry imediatamente assume um semblante sério e pega a varinha. Parecia que sua amiga não relaxaria tão cedo. Precisava fazer alguma coisa... O que seu pai havia dito sobre essas plantas mesmo?

- Visgo do Diabo... Visgo do Diabo... Uma espécie ranzinza... QUE NO SOL DEFINHA! É isso!

Antes que seus amigos pudessem perguntar qualquer coisa, Harry já apontava a varinha para cima e lançava o feitiço:

- Lumus Solem!

Em poucos segundos uma assustada Pansy caía em cima de um surpreendido Blaise, enquanto à cima deles a planta se encolhia para fugir da intensa luz solar que a atingia.

- Brilhante, Harry – Theo comenta com um pequeno sorriso, aquele que somente o amigo podia presenciar, e este logo corresponde, mas suas atenções são roubadas pelo insuportável Malfoy.

- Com certeza, Harry. Foi genial.

- Sim... Obrigada, Harryzito... – Pansy sorria, recuperando o fôlego enquanto era acudida por Blaise.

- De nada, Pan. Agora precisamos seguir, vamos...

Caminharam por um corredor de pedra que era o único caminho que havia ali. Só o que podiam ouvir além de seus passos eram pingos abafados da água que escorria pela parede. Mas a dúvida era cada vez maior em seus íntimos, afinal, o que mais poderia aparecer depois de um cão de três cabeças e uma plantação de Visgo do Diabo?

- Vocês estão ouvindo isso? – Blaise perguntou num cochicho.

Todos apuraram os ouvidos. Um farfalhar acompanhado de ruídos metálicos parecia vir de um ponto mais adiante.

- Vocês acham que pode ser algum dos fantasmas?

- Não sei, Blaise... – Harry murmura, prestando atenção nos sons – Para mim parecem asas.

- Há luz à frente – Draco chamou suas atenções – estou vendo alguma coisa.

Chegaram ao fim do corredor e se depararam com uma câmara muito iluminada, o teto parecia sumir de vista de tão alto. Era cheia de passarinhos brilhantes como jóias que esvoaçavam e colidiam pelo aposento todo. Do lado oposto da câmara, havia uma pesada porta de madeira. Em silêncio, eles cruzaram o lugar para chegar à porta, observando os pássaros com atenção. Eram pássaros curiosos... Muito curiosos, pequenos e brilhantes – "brilhantes?"

- Não são pássaros! – Harry exclamou de repente – São chaves! Chaves aladas, olhem com atenção. Então isso que dizer... – e olhou ao redor da câmara enquanto os outros apertavam os olhos para enxergar o bando de chaves no alto.

E como Harry imaginava, logo mais à frente encontrava-se uma vassoura velha e desgastada flutuando a menos de um metro no ar. Quieta e solícita, como se esperasse há séculos para ser usada.

- Tem que ser apanhada – seus olhos verdes brilhavam de maneira suspicaz.

- Qual o problema, Harry?

- Não sei, Dra... – suspira, seguindo até a velha vassoura e encarando-a com atenção – Está fácil de mais.

- Ora, você é o mais novo apanhador do século! Se o velhote conseguiu, você irá arrasar!

Harry apenas sorriu e olhou para cima tentando achar qual seria a certa. E como se lesse seus pensamentos, a voz de Theo ecoou pela sala:

- Precisamos de uma chave velha e grande, de prata, assim como a fechadura.

- Certo.

Colocando finalmente a mão sobre a vassoura, Harry observou assustado como todas as chaves empregavam uma vertiginosa corrida em sua direção. E isso, com certeza, complicava um pouco as coisas. Assim, sem pensar duas vezes, Harry montou na vassoura e saiu voando pela sala, fugindo dos dolorosos baques que as pontas das chaves davam em seu corpo e aproveitando para procurar a certa. Mas não era por nada que ele era o mais jovem – e melhor – apanhador do século! Em poucos minutos, sob o expectante olhar dos demais Slytherins, Harry avistou o que procurava. Uma chave prateada, grande, com aspecto desgastado e uma asa quebrada, como se já tivesse sido apanhada e enfiada de qualquer jeito na fechadura.

Com um vôo rasante, Harry seguiu atrás da chave velha que mesmo se misturando com as outras não foi rápida o bastante para fugir das pequenas e habilidosas mãos do apanhador.

- Consegui! – sorriu satisfeito, sentindo o bater das asas por entre os seus dedos.

Sem perder mais tempo, voou em direção aos amigos e lançou a chave na mão de Draco. Este na mesma hora a pegou e levou à fechadura, virou-a, ouvindo satisfeito o barulho da lingüeta abrindo. Na mesma hora todos forçaram a porta e a cruzaram, enquanto Harry ainda voava em ziguezague para despistar as outras chaves.

- Harry! Depressa!

Após ouvir a preocupada voz do loiro, Harry arremeteu contra a porta que ainda contava com uma fresta aberta. As chaves o seguiam de perto. Mas as serpentes eram mais espertas e após o moreninho cruzar a porta, imediatamente a fecharam com um sonoro baque. As pontas das chaves haviam ficado todas presas na madeira.

- Até que essa foi fácil – Blaise comentou, divertindo-se ao receber um olhar mortal de Harry que procurava respirar com mais calma e baixar a adrenalina.

Logo eles caminharam mais um pouco e chegaram à câmara seguinte. Esta era tão escura que não dava para ver absolutamente nada. Mas, ao entrarem nela, a luz inesperadamente inundou o aposento, revelando uma cena surpreendente. Estavam parados na borda de um tabuleiro de xadrez, atrás das peças pretas, que eram todas mais altas do que eles e talhadas em um material que parecia pedra. De frente para eles, do outro lado da câmara, estavam dispostas as peças brancas. Todo esse cenário levou-os a impressão de estar vivendo um Déjà vu.

- Harryzito...

- Eu sei, Pan.

Aquilo era praticamente igual ao xadrez em tamanho humano que Harry ganhara do Lord em "sei-lá-qual-Natal", com a diferença de que o seu era um pouco menor e feito em puro marfim.

- Agora o que vamos fazer? – sussurrou Draco.

- É óbvio, não é? – replicou Theo, com puro azedume – Temos que jogar para chegar ao outro lado da câmara.

Por trás das peças brancas eles podiam ver outra porta.

- Mas como? – perguntou Pansy, nervosa.

- Assumiremos o lugar das peças que estão faltando – Blaise respondeu, observando como, de fato, faltavam cinco peças pretas.

- Blaise, aqui você é o melhor de todos nós no xadrez, diga-nos que posição devemos tomar.

- Hehe... Obrigado, Harry, mas já perdi para você muitas vezes. Em todo caso, vamos lá – respirou fundo – Assuma o lugar do rei, Harry. Devemos protegê-lo e garantir que você chegue ao velhote.

- Certo.

- Nott, algum problema em você ser o bispo?

- Problema algum, Zabini.

- Muito bem. Pansy, você será a rainha.

- Claro! É perfeito para mim, querido!

A piscadinha marota da menina fez os quatro revirarem os olhos, com o pensamento: "Só podia ser a Pansy mesmo".

- Draco, nós assumiremos os cavalos.

- Ok.

- Como vocês estão cansados de saber, no xadrez as brancas sempre jogam primeiro – apontou Blaise, já em sua posição assim como os outros, observando o tabuleiro – É... Olhem...

Um peão branco avançava duas casas.

Blaise começou a comandar as peças pretas com precisão. Elas obedeciam em silêncio indo aonde eram mandadas. Os outros Slytherins apenas observavam e seguiam suas instruções sem replicar, tinham confiança e certeza de que Blaise sabia o que estava fazendo. E isso era um fato, ninguém era melhor naquele jogo do que o herdeiro da fortuna Zabini. Ninguém... Ok, Lord Voldemort provavelmente, mas isso seria apelação.

- Nott, ande quatro casas para a direita em diagonal.

- É claro que eu sei que é em diagonal, Zabini, eu sou o bispo!

- Oh, certo... – murmurou meio deslocado, o nervosismo era tanto que esquecera até que os outros sabiam jogar.

Todas as vezes que eles perdiam uma peça, as peças brancas não mostravam piedade. Dali a pouco havia uma coleção de peças pretas inertes encostadas à parede. Mais de uma vez, Blaise reparou, em cima do lance, que os outros estavam em perigo. Ele próprio disparou então pelo tabuleiro comento quase tantas peças brancas quanto as pretas que haviam perdido.

- Estamos quase chegando – murmurou de repente – me deixem pensar...

A rainha branca virou o rosto vazio para ele.

- É... – continuou ele baixinho – é o jeito.

- NÃO! – Harry gritou na mesma hora, entendendo muito bem o que o amigo queria fazer.

- Ele não vai... – um apreensivo Draco questionou, mas as expressões de Harry e Blaise já diziam tudo.

- O que houve? – Pansy encarava o reboliço sem entender nada – O que aconteceu?

- Ele quer se sacrificar! – respondeu Harry.

- BLAISE ZABINI! ISSO NÃO! – gritou assustada.

- Isso é xadrez! – retorquiu Blaise – A pessoa tem que fazer alguns sacrifícios! Dou um passo à frente e ela me come, isso deixa o caminho livre para o Nott dar o xeque-mate no rei!

- Mas...

- Você quer deter o velhote ou não, Harry?

- Blaise...

- Há essa altura ele já deve ter apanhado a pedra e começado o ritual!

Não havia opção.

- Pronto? – perguntou, a decisão brilhando na face daquele orgulhoso membro da casa de Salazar Slytherin – Então vamos, pois eu vou ganhar essa partida ou não me chamo Blaise Anthony Zabini!

Ele avançou e a rainha branca atacou. Golpeou com força o coração do cavalo, espatifando-o e levando Blaise ao chão com um estrondo. Pansy gritou, quis correr até ele, mas a voz de Harry a deteve:

- Não! Fique onde está, Pansy! Ainda estamos jogando... – respirou fundo – Theo, é com você.

Com uma máscara de frieza impecável ocultando seu nervosismo, Theodore se deslocou três casas para a esquerda. – "Xeque-mate" – O rei branco tirou a coroa e jogou aos pés dele. Os meninos tinham ganhado o jogo. As peças se afastaram e se curvaram, deixando o caminho livre para a porta em frente.

- Pansy... – Harry chamou a atenção da menina que já se encontrava ao lado do inconsciente amigo – Levite Blaise até a enfermaria e depois vá ao corujal, mande uma carta ao meu pai explicando tudo, já que não sei se poderei abrir a conexão.

- Certo, não se preocupe Harry.

- Bom, Draco e Theo, vocês estão comigo?

- Até o fim! – responderam em coro, sem querer, mas no lugar do típico olhar de ódio, encararam-se com seriedade e concordaram silenciosamente com a cabeça. A prioridade dos dois, ambos sabiam, era proteger o lindo moreninho de brilhantes olhos verdes que os encarava com carinho e um leve sorriso nos lábios.

Chegavam à reta final.

-x-

Finalmente os três Slytherins cruzaram a última porta, deparando-se com uma câmara grande em formato circular, onde ao centro, encontrava-se aquele conhecido espelho que tantas vezes Harry fora visitar. O espelho de Ojesed – como fora transportado tão rápido? – E prostrado em frente ao espelho estava o mago que as crianças já esperavam encontrar. Sua expressão, porém, não denotava triunfo por conseguir utilizar a pedra, mas sim uma fúria crescente. Os olhos azuis, escondidos pelos óculos em formato de meia-lua, voltaram-se finalmente aos recém chegados, estes já sujeitavam ameaçadoramente as varinhas, preparados para qualquer ataque.

- Harry, Harry, Harry... – sorri com falsa tranqüilidade – Que conveniente surpresa.

- Saudades em me ver, querido diretor?

- Mais do que você imagina, meu jovem. Contudo, penso que nossa conversa deva ser um tanto privada, então por que não dispensa seus guarda-costas?

Harry apenas sorri com desdém, assim como Theo e Draco.

- Não são meus guarda-costas, Dumby, mas um velhote oportunista como você não entenderia.

- Você chama a mim de oportunista, criança, tendo vivido tanto tempo com Voldemort?

- Não ouse insultar o meu pai... – adverte num tom perigosamente baixo, estreitando seus belos olhos verdes.

Na mesma hora Dumbledore vê a necessidade de desviar rapidamente da certeira luz vermelha que vinha em sua direção. Maldição Cruciatus. Mas ele sequer vira o menino balançar a varinha ou conjurar o feitiço. Como era possível?... De qualquer forma, isso apenas ajudava a confirmar suas suspeitas.

- Vou direto ao assunto, Harry. Você está com algo que me pertence.

- O que? – arqueia uma sobrancelha. Será que o velhote já estava ficando gagá mesmo?

- Não se faça de sonso, ou eu mesmo irei revistá-lo.

- Em seus sonhos...

No entanto, não era por nada que o diretor de Hogwarts era considerado um dos melhores bruxos do mundo, a velocidade e precisão de seus feitiços eram impressionantes, e antes mesmo que Harry tivesse tempo de convocar um resistente escudo, o poderoso Petrificus Totalus já vinha em sua direção.

- Harry! – gritaram Theo e Draco ao mesmo tempo. O loiro, porém, não pensou duas vezes antes de empurrar o melhor amigo para os braços do rival e ser atingido pelo poderoso feitiço em seu lugar. Poderoso, sim, pois Harry conhecia a magia por trás desse encantamento e sabia que um simples "Finite Incantatem" não bastaria, Draco precisaria de uma poção para voltar ao normal.

- Você vai se arrepender por isso, velhote – murmura com ódio, encarando o amigo petrificado no chão.

- Harry, Harry... Você poderia tornar as coisas bem mais fáceis, sabia?

O menino, porém, ignora-o. E antes mesmo que o diretor pudesse continuar, Harry já sussurrava alguma coisa em uma língua estranha... Parsel! Oh, não! Mas era tarde de mais, em poucos segundos o diretor se viu atingido por garras invisíveis que retalhavam sua pele e suas vestes, como se tigres furiosos estivessem atacando-o sem que ele pudesse ver. Harry usou aquele momento para tentar abrir a conexão com o Lord. Mas era impossível. Como se uma imensa barreira mágica os separassem.

- Mald...Maldito... Pirralho! – Dumbledore parecia furioso ao conseguir se livrar do feitiço - Petrificus Totalus!

- Protego! – repele com precisão.

Mas as furiosas investidas do diretor continuaram e ainda que os jovens Slytherins conseguissem replicar com maestria, o trapaceiro velho fazia uso de seus incontáveis séculos de experiência.

- Desmaius! – o poderoso feitiço, como aquele que acertara Draco, atinge o jovem Nott em cheio – Enfim sós, meu caro Harry.

- Não por muito tempo, velho caduco.

O diretor estreita os olhos.

- Não se iluda, Voldemort jamais poderá entrar aqui.

- É o que vamos ver.

- Sabe Harry... – adota um ar estranhamente cálido – Você está do lado errado dessa guerra.

- Oh, jura? – sorri com burla.

- Sim, você devia estar ao lado daqueles que desejam protegê-lo...

Harry apenas arqueou uma sobrancelha, incrédulo, com a clara expressão de: "Então não é com você!"

-... Lily e James Potter deram a vida para tentar salvá-lo, sabia?

Oh, não. Aquela história ridícula não... Harry suspirou mentalmente.

- Mas Voldemort não deu nenhuma chance a eles, nenhuma chance aos seus pais, Harry. Ele os assassinou cruelmente.

- É mesmo? – os olhos verdes se arregalaram, lacrimejantes, numa convincente expressão de dor e surpresa.

- Sim, Harry. Sinto muito, mas é a verdade.

- Oh... Agora pergunte se eu me importo?

- O que?

Aquele lindo sorriso e o ar tranqüilo do menino pegaram o diretor de surpresa. Afinal, Harry sabia que era tudo mentira, seu pai já o alertara bem antes. Dumbledore, por sua vez, concluiu que ele sabia a verdade e que não se importava nem um pouco, o que era completamente frustrante para os seus planos.

- Certo, chega de brincadeiras – a paciência do ancião já havia claramente se esvaído – Devolva-me a pedra!

- O que?

Aquilo sim pegara Harry de surpresa.

O velhote estava definitivamente maluco.

- A Pedra Filosofal, você sabe do que estou falando, você a pegou!

- O QUE? Você ficou maluco de vez? Eu estou aqui justamente para impedi-lo de usar essa pedra! Quem está com ela é você, velhote!

A ira pareceu tomar conta das feições do diretor.

- Não se faça de inocente, Harry! Onde ela está?

- Você acha mesmo que seu eu soubesse iria contar? – sorri com sarcasmo.

- Ela não pode ter sumido, esteve aqui o tempo inteiro só esperando pelo dia de hoje! Devolva-me!

O menino encarava-o em silêncio.

A pedra realmente havia sumido?

Aquilo era estranho. Muito estranho...

- "Sim, muito estranho..." – pensava distraído, tão distraído que nem notou o diretor lançar-lhe os feitiços:

- Incarcerous! Expelliarmus!

Em poucos segundos Harry viu seu pequeno corpo aprisionado por poderosas cordas que o apertavam de tal forma que chegava a sufocar. E para piorar a situação, sua varinha havia sido lançada para longe.

- Cordas mágicas, elas anulam seu núcleo mágico enquanto você estiver preso – explicou Dumbledore, com um sorriso auto-suficiente adornando sua face.

- Então... nada de feitiços... sem... varinha – Harry completou com dificuldade, pois o ar já começava a faltar.

- Muito bem! 10 pontos para Slytherin! Agora vamos ver se você escolhe contar onde está a pedra ou prefere sufocar lentamente, meu caro Harry.

Para total indignação do diretor, Harry apenas sorri e murmura alguma coisa impossível de se entender.

- Agora, Morgana! – foram as palavras do menino.

Imediatamente, algo que parecido a um filhote de serpente deslizou da túnica de Harry até o chão, mas antes que o diretor pudesse fazer qualquer comentário sobre o insignificante tamanho do animal, este já era envolvido por uma suave luz prateada e para terror de Dumbledore, seu tamanho aumentava numa velocidade vertiginosa. Até que, por fim, Dumbledore se viu contemplando o que parecia ser uma Anaconda de mais de 12 metros que devia ter no mínimo uns 250 kg. O corpo da cobra era numa coloração verde-escura e possuía várias manchas ovais pretas em forma de anéis, mas o mais aterrador era aquele par de olhos negros com apenas um risco vermelho evidenciando as pupilas que o encaravam como se fosse a próxima refeição.

Para seu completo horror, Dumbledore viu a cobra vir em sua direção, mas ela passou direto por ele e seguiu até o menino. Com a ponta certeira de sua cauda, ela arrebentou as cordas que o envolviam.

Maldita cobra!

- Vipera Evanesca! – conjurou o feitiço. Mas absolutamente nada aconteceu, a cobra ainda continuava lá e ele jurava que estava encarando-o com burla.

- Ela não foi criada com nenhum feitiço – Harry comenta divertido – É minha amiga e minha guardiã. Não é mesmo, Morgana?

O menino se aproxima do mais velho, com a cobra ao seu lado, protegendo-o.

- Acho que o diretor está querendo um abraço, Morg.

- Imediatamente, jovem amo.

Não demorou muito e Morgana já se encontrava enrolada dolorosamente em volta do corpo do diretor sem que este pudesse fazer nada. Todos os feitiços eram inúteis. E a força com a qual a cobra o apertava era tanta que deixou até sua varinha cair no chão. Harry, por sua vez, recuperara a sua com apenas um movimento de sua mão direita.

- Agora vamos ver se o senhor escolhe desistir dos seus planos malucos ou prefere sufocar lentamente, meu caro Dumbledore.

- Eu... AH! – solta um grito ao sentir os ossos de seu braço esquerdo se partindo.

- Sabe, eu até daria você como jantar para a Morgana – o ancião estremece ao ver a cobra abrindo aquela enorme boca que poderia tranquilamente devorá-lo por inteiro -... Mas procuro sempre que meus animais mantenham uma dieta balanceada, então não posso deixar que ela coma qualquer porcaria.

- Você... irá... se... arrepender... moleque!

- Oh, que medo! Afinal o senhor está numa posição tão ameaçadora! Hahahahahaha...

O diretor, no entanto, fecha os olhos e se concentra alguns minutos, esquecendo da dor e da falta de ar, concentrando-se apenas no ódio que sentia ao ver seus planos a um passo de serem frustrados por um fedelho irritante. Mas ele era Alvo Dumbledore e mostraria o porquê de ainda ser considerado por muitos o maior mago de todos os tempos! E assim, concentrando-se em um antigo encantamento, o diretor deixa uma poderosa nevoa negra rodeá-lo, sufocando a pobre cobra que precisou solta-lo para não morrer asfixiada. Até mesmo Harry estava tossindo pela proximidade à tóxica fumaça, seu pequeno corpo havia ficado dormente de repente, e foi quando Dumbledore aproveitou para recuperar a varinha e lançar um poderoso feitiço na cobra que passara assim a assumir sua forma original – uma Naja negra. Morgana se viu então, lançada ao ar e aprisionada no que parecia ser uma inquebrável esfera de magia. Não podia se transformar! Não podia sair dali e ajudar seu pequeno amo que agora se encontrava ajoelhado no chão, com as mãos no pescoço e uma dolorosa expressão em seu rosto enquanto não parava de tossir.

- Pobre Harry – Dumbledore sorri – o papai nunca lhe ensinou magia de camuflagem Wicca?

- Des...Desgra...çado!... – murmura sem forças. Por Merlin! Seu pequeno corpo de onze anos não estava acostumado com uma substancia tão tóxica. Encontrava-se mole e sonolento, como se tivesse ingerido litros de poções tranqüilizantes.

- Já cansei dessa brincadeira, Harry. Não quero machucá-lo de verdade, agora me diga, onde está a pedra?

- Eu... não sei... já... disse!

O diretor apenas estreitou os olhos, aproximando-se, e parando apenas a poucos centímetros do trêmulo corpo de Harry.

- Não me faça repetir, garoto! Ela estava aqui de manhã e agora desapareceu! Para onde você a levou?

- Já disse... que... não toquei... nela!

- Eu não caio nessa! – replica com fúria, levantando-o e sujeitando-o violentamente pela gola da blusa com seu braço direito, pois o esquerdo jazia ao lado do corpo como um peso morto, aos pedaços – É bom responder agora, Harry, se não quiser...

Porém, um forte puxão interrompe o diretor, separando-o de Harry.

- FIQUE LONGE DO MEU FILHO! – e contra todo o esperado, Lord Voldemort acerta um furioso murro na cara de Alvo Dumbledore, espatifando-lhe o nariz ao melhor estilo Hollywoodiano muggle.

Com o rosto banhado em sangue e uma expressão de pura incredulidade, Dumbledore se afasta pronto para atacar o Lord, mas este é mais rápido e sem que o ancião sequer tivesse tempo de se defender, a poderosa maldição já o atingia:

- CRUCIO!

Jamais uma maldição como aquela fora tão forte. Era evidente que Voldemort estava estalando em ódio e com satisfação observava o corpo de diretor se contorcendo sobre o piso de pedra, gritando e agonizando diante de tamanha dor. O Lord, por sua vez, com apenas um suave balançar de sua mão direita desaparece com a névoa negra que Dumbledore utilizara para submeter Harry, e cuidadosamente trás o menino que parecia bem fisicamente, mas demasiado sonolento, para os seus braços.

- Você está bem, pequeno? – pergunta com evidente preocupação

- Estou bem, papai, mas confesso que muito melhor agora.

- Hum! Foi muito irresponsável o que você fez, mocinho.

- Oh não, sermões agora não, papai.

- Harry...

- Eu só queria impedi-lo de completar o ritual – os dois observam o diretor, já semi-consciente, ainda se debatendo no chão.

- Parece que deu certo então, logo irá amanhecer.

- É claro que deu certo, afinal, sou seu filho ou não sou?

- É claro que sim – sorri. Finalmente o Lord suspende a maldição e Dumbledore aproveita suas últimas energias para aparatar para longe dali.

- Covarde – falam Harry e Tom ao mesmo tempo. Ambos sabiam que a partir de agora, Dumbledore pensaria duas vezes antes mesmo de olhar para o pequeno Lord.

Pegando o filho no colo – o que faz Harry revirar os olhos por julgar aquilo desnecessário – Tom liberta Morgana e levita os corpos de Theodore e Draco para levá-los a enfermaria, onde poderiam tomar a poção necessária para se verem novos em folha de novo.

- Como você me encontrou aqui, papai? Pansy conseguiu mandar a carta a tempo?

- Carta?

- Sim, avisando o que tinha acontecido.

- Não cheguei a receber nenhuma carta não, pequeno. Mas quando tentei abrir a conexão e não consegui, imaginei logo que você tinha se metido em problemas.

- Hehe... – sorri com as bochechas ligeiramente avermelhadas.

- Essa câmara tem uma poderosa barreira contra conexões mágicas e Legilimens. Então segui sua magia até aqui.

- Oh...

- Mas creio que foi mais... Intuição paterna?

Os dois sorriram.

Quando já estavam deixando a câmara, com uma preocupada Morgana enroscada em seu dorso, Theo e Draco levitando logo atrás e com seu pai o levando protetoramente no colo, Harry olhou uma última vez para o espelho de Ojesed e viu algo que o deixou perplexo. O espelho refletia a imagem que qualquer espelho normal refletiria, ele no colo do pai se afastando em direção à saída, mas de repente o Harry do espelho tirava uma reluzente pedra vermelha do bolso, sorria e dava-lhe uma piscadinha marota, guardando a pedra de volta na calça.

- "Será?" – Harry pensou assombrado e quando discretamente colocou a mão no bolso, sentiu que de fato, era lá onde estava a pedra.

Sorriu.

E logo fixou os olhos na bela túnica negra de seu pai.

-x-

No dia seguinte, ou melhor, algumas horas depois do acontecido naquela madrugada, após deixar seu filho e os outros Slytherins na enfermaria, aos cuidados da zelosa enfermeira que parecia cuidá-los melhor que a própria vida, Tom voltara à mansão. Não queria deixar Harry sozinho – apesar de o ano letivo acabar em poucos dias – mas sabia que não podia permanecer em Hogwarts. O diretor, é claro, não seria mais uma ameaça por um bom tempo, afinal, não voltaria a se manter em pé até o próximo mês. Contudo, não era bom que pensassem que ele queria intimidar os estudantes ou quebrar o tratado de paz, já que tudo tinha o seu momento certo de acontecer...

- "Pai?" – uma conhecida voz interrompe seus pensamentos, ressoando em sua cabeça.

- "Como você está, Harry?"

- "Ótimo! Mas Madame Pomfrey ainda não me deixou sair da enfermaria" – notou o suspiro resignado do menino.

- "Que bom, é assim que tem que ser para você ficar em perfeito estado".

- "Mas estou melhor do que nunca! Hum, daqui a pouco ela aparece com mais vitaminas inúteis. Em todo caso, eu queria perguntar uma coisinha, papai..."

- "Diga".

- "Você já olhou no bolso da sua túnica?"

- "O que?"

- "Digamos que é o meu presente de Dia dos Pais um pouco adiantado... hehe... Até mais, papai!"

Sem dizer mais nada, Harry encerrou a conexão e o perplexo Lord inconscientemente levou a mão ao bolso da túnica, tocou em algo gelado e maciço, que parecia emanar uma energia mágica impressionante. Puro assombro foi o que tomou conta de seu perfeito rosto. Era impossível! Diante de seus olhos, na palma de sua mão esquerda, estava aquele precioso objeto que milhares desejavam. Estava bem ali... A Pedra Filosofal.

- Você é mesmo impossível, pequeno – murmura com um inevitável sorriso.

Pela primeira vez Lord Voldemort, ou melhor, Tom Riddle percebia que talvez fosse realmente um bom pai para aquele lindo garotinho de brilhantes olhos verdes. Afinal, não era qualquer pai que ganhava um presente como aquele. Mas estranhamente, não era a pedra o que verdadeiramente importava para o "Terror do Mundo Mágico", era o significado por de trás daquele ato.

Seu filho o amava...

...E era – ainda que silenciosamente – correspondido.

-x-

Dois dias haviam passado e a maioria dos estudantes já estava com as malas prontas para partir no dia seguinte. O ocorrido entre Harry e Dumbledore nas masmorras era segredo absoluto, então, é claro, todos já estavam sabendo. Os boatos de que o Lord das Trevas aparecera em Hogwarts para salvar seu filho e que ainda dera uma surra no diretor, corriam por todo o castelo, mas ninguém se atrevia a chegar perto do pequeno Lord para perguntar. Este, no exato momento, encontrava-se no Salão Principal saboreando aquele que seria seu último café da manhã em Hogwarts como um aluno do primeiro ano, na agradável e divertida companhia de seus amigos.

- Aposto que o velhote não conseguirá andar até o próximo mês.

- Eu dobro a aposta, Draquinho, e ainda digo que logo ele estará internado em St. Mungus.

- Tenho certeza que ele já está lá, Pansy, para ter deixado a McGonagall em seu lugar – Blaise comenta divertido, observando a preocupada professora de Transfiguração ocupando o lugar do diretor.

- Isso porque o meu pai pegou leve... – Harry sorri, mas antes que pudesse continuar uma coruja parda de aspecto mal-humorado entra no Salão, o que era bem estranho já que hoje não haveria correio, e para surpresa de todos, ela deixa cair um belo envelope negro nas mãos do pequeno Lord. Uma carta. Harry congela ao ler o nome do remetente escrito com uma bela caligrafia prateada.

"Nicolau Flamel".

- Problemas? – Theodore pergunta ao reparar na desconcertada expressão do amigo.

- Não sei... – murmura simplesmente, colocando-se a ler o que o famoso alquimista tinha escrito:

Prezado Sr... Riddle?

Peço que me desculpe, mas sei apenas o que os jornais falam ao seu respeito:
"O famoso Harry Potter, o menino que se sacrificou pelo Mundo Mágico".
Um bando de notícias oportunistas, creio eu. Penso, na verdade, que você seja
um menino inteligente e educado que teve a sorte de ser criado por uma família
com a qual tivesse muitas coisas em comum. É daí que nasce o amor, sabia?
Não se espante se eu estiver certo, afinal, são mais de 600 anos de sabedoria.

600 anos...
Sabe? Quando Dumbledore roubou minha pedra – sim, eu sei que foi ele -
fiquei preocupado com o que sua mente retorcida planejaria, mas confesso
que fiquei aliviado também. Sim, eu e minha querida esposa já vivemos de mais,
queríamos descansar, mas não conseguíamos ficar sem o elixir.
Agora tenho elixir o suficiente para deixar meus negócios em ordem e
poderemos finalmente nos entregar à tranqüilidade da vida eterna no outro mundo.

Mas sabe o que me deixa mais tranqüilo?
É ficar sabendo que meu ex-colega acaba de ser internado em St. Mungus,
com seus maníacos planos frustrados por um inteligente garotinho de apenas onze anos de idade.
E mesmo sabendo que agora, provavelmente, a pedra esteja no poder do Dark Lord,
sinto que este a usará com muito mais sabedoria.

Não estou tomando partido na guerra de vocês.
Não... Minha cor nessa disputa entre o branco e o negro, é a cinza.
Mas posso afirmar que estou feliz que tenha sido você a conseguir minha tão estimada Pedra Filosofal.

Imagino, Harry, como você tenha ficado surpreso ao ver que no final das contas a pedra sempre esteve com você.
Mas sabe como isso aconteceu?
Deixe-me contar, esta talvez tenha sido uma de minhas mais brilhantes idéias:
Só uma pessoa que quisesse encontrar a pedra, encontrar sem usá-la, poderia obtê-la.
Sem dúvida alguma essa pessoa teria sido você.

Tenho um sobrinho-tataraneto em Hogwarts, sabia? Ele está no terceiro ano em
Revenclaw, então posso garantir que estou bem informado sobre os
acontecimentos nas masmorras e fico contente pelo sucesso de você e seus amigos.
Aquele cabeça-oca do Dumbledore deve estar se remoendo até agora,
ou pelo menos fará isso quando conseguir acordar.

Despeço-me aqui, jovem Riddle, sentindo-me honrado por escrever essa carta
sabendo que minha estimada pedra está em boas mãos.
Espero encontrá-lo um dia, pessoalmente, para podermos apreciar um chá.
Minha mulher faz uns biscoitos amanteigados que são uma delicia...

Um atencioso abraço,
Nicolau Flamel.

Harry dobrou a carta cuidadosamente e a guardou. Um sincero sorriso adornava seus lábios.

-x-

Finalmente o ano letivo chegava ao fim. Para alegria dos Slytherins, com a Taça das Casas em suas mãos. Todos os estudantes agora já se encontravam no Expresso Hogwarts prontos para voltarem ao aconchego de seus lares. Ao longe, podiam ver o imponente castelo se afastando enquanto o trem dava a partida.

- É estranho estar indo para casa, não acha? – Pansy sorri, observando o amigo olhar em direção ao colégio.

Harry, no entanto, balança a cabeça tranquilamente, deixando-se cair no colo de um sorridente Draco que não pensou duas vezes antes de envolvê-lo com seus braços.

- Não, Pan – diz finalmente – É ótimo estar indo para casa!

Todos sorriram, concordando com o pequeno Lord. Mas eles sabiam que ainda viveriam muitas aventuras por entre os muros daquele castelo.

Um castelo que guardava uma câmara secreta.

Uma câmara que estava prestes a ser aberta.

Continua...

Próximo Capítulo:


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Notas finais do capítulo

Vocabulário e esclarecimentos:

Alohomora - Usado para destrancar portas.
Lumus Solem - Cria a luz do Sol na ponta da varinha.
Maldição Cruciatus - Causa enormes dores físicas por todo o corpo da vitima, levando-a a loucura.
Petrificus Totalus - Transforma o alvo em pedra.
Finite Incantatem - Usado para acabar com o efeito de um feitiço.
Protego - Faz com que os feitiços ricocheteiem em quem os usou.
Desmaius - Feitiço (NÃO OFICIAL) que faz a vítima desmaiar.
Incarcerous - Cria cordas que se prendem ao corpo do alvo.
Expelliarmus - Feitiço de Desarmamento.
Vipera Evanesca - Destrói uma cobra feita por feitiço.
Legilimens - Permite o bruxo de penetrar na mente da vítima, podendo ver memórias e emoções.

Quem assistiu ao sexto filme sabe que Dumbledore consegue aparatar em Hogwarts, já que é o diretor da escola.



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