Fugindo da Fama escrita por meglois


Capítulo 5
Casa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Sakura

Dormi sentindo o olhar de Sasuke sobre mim, que de certo modo era reconfortante, e me fazia sentir segura.

Acordei quando senti uma mão balançando levemente um dos meus ombros. Depois que meus olhos entraram em foco, vi um Sasuke sério na minha frente.

_Que é? – perguntei sonolenta.

_O nascer do sol. É daqui a pouco. Você pediu para que eu te acordasse, lembra? – disse ele.

_Ah... É mesmo. Obrigada. – agradeci, esfregando os olhos com as mãos, para acordar.

Dez minutos depois, eu estava de pé. Arrumei meu colchonete e dobrei o meu cobertor. Quando coloquei tudo arrumado no chão, me sentei em uma das cadeiras.

_Sasuke, você não vai arrumar o seu colchonete? – perguntei, vendo que as coisas dele ainda estavam todas bagunçadas no chão.

_Não. É só atirar dentro da casinha depois, não dá nada. – ele deu de ombros. Eu não consegui não rir. Sasuke era tão criança às vezes.

_De que está rindo? – perguntou ofendido.

_Nada, nada. – menti, me concentrando no horizonte.

O céu estava em uma cor meio rosada meio alaranjada, indicando que o sol estava para nascer.

_Que horas são?

_São 6h20min. – respondeu Sasuke, após conferir o horário em um celular velho. – Acho que não falta muito para o sol nascer.

_É... – concordei, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos. Sentia a brisa fresca da manhã batendo contra o meu rosto.

_Sakura. – chamou Sasuke.

_Hm? – abri os olhos. – Nossa...

Eu estava hipnotizada. O sol já estava visível e tingia o céu, as nuvens, e tudo o que havia por perto de um amarelo alaranjado lindo. Senti os raios solares batendo na minha pele, me deixando quente. O calor, misturado a brisa que passava por ali, deixavam a temperatura perfeita.

Meus olhos acabaram chegando na única coisa que não estava laranja na cena: Sasuke. Ele olhava fixamente a paisagem a sua frente, e parecia tão hipnotizado quanto eu. Com a diferença que agora eu estava hipnotizada nele. Diferenças mínimas, oras, quem se importa com elas?

Quando o sol já estava perdendo a graça, ouvi minha barriga roncar. Sasuke olhou para mim com uma sobrancelha levantada e uma cara curiosa, e senti o sangue subir para as minhas bochechas, seguida de uma risada alta de Sasuke.

_Fome? – perguntou ele.

_S-sim. – concordei, ainda vermelha.

Ele chegou perto e ofereceu a mão para me ajudar a levantar. Aceitei a ajuda e segurei a mão dele, sentido correntes elétricas pelo meu corpo. Sasuke me puxou e eu levantei com o impulso. Não consegui olhar nos olhos dele, estava constrangida demais com minhas próprias reações aos seus toques. Argh. Isso não é normal para mim.

_Vamos tomar café. – informou ele, pegando os colchonetes, os cobertores e as cadeiras e guardando de volta da casinha. – Antes que... – ele apontou para a minha barriga. – Reclame de novo, entende?

_Sasuke! Seu idiota! – xinguei, sentindo ficar corada de novo. – Maldito! Arrrgh!

Sasuke ficava só rindo da minha situação. Ele ficava encantador rindo.

_Vamos logo, seu estúpido. – falei, irritada, pegando meu chapéu e meu óculos.

_Ok. – ele ainda ria. Maldito.

Sasuke

Sakura era realmente engraçada. Mas eu acho que já disse isso antes. Tsc, tsc.

Depois dela colocar o “disface” novamente, nós descemos pela mesma escada de emergência que subimos.

Ao chegar no chão, andávamos lado a lado em velocidade normal, nada de correrias nem fugas. Em umas três quadras, achamos uma lanchonete aberta, e que parecia razoavelmente limpa.

Entramos, escutando o barulhinho do sino que estava preso a porta.

Sakura escolheu uma mesa e se sentou nela. Eu a segui.

_E então, o que vai querer? – perguntei.

_Cadê o menu desse lugar? – respondeu ela, com outra pergunta. Uma balconista apareceu magicamente, com o cardápio na mão, e atirou sobre a mesa de Sakura, para depois sumir de novo. – Obrigada.

Peguei um outro menu e fiquei observando. As coisas normais de sempre: sanduíches, porções de alguma coisa, refrigerantes, bebidas quentes, e tudo o mais.

_Já decidiu?

_Acho que sim. – respondeu Sakura. – Eu quero... Um X-Burguer com Coca-Cola.

_Hm? Refri e hambúrguer a essa hora? Sakura, são sete horas da manhã!

_E daí? Eu estou com vontade de comer fast-food. – Sakura atirou o cardápio de volta no balcão. – E você, o que vai querer?

_O mesmo que você.

_Depois vem falar de mim, né... Hunf.

A ignorei. Sakura era muito boa em sarcasmo e ironias, mas não do tipo “amargurada com a vida”. E... acho que isso é bom, né? Hm, sei lá.

A balconista apareceu magicamente de novo e fizemos nossos pedidos.

_Sakura, você ainda não me disse o por que de ter usado o metrô ontem.

_Ah. Bem, eu precisava de alguém para me acompanhar nessa semana. Seria difícil passar uma semana inteira sozinha em Nova Iorque, nem ninguém para me acompanhar.

_Hm... Tudo bem. – falei.

Nossos pedidos chegaram, e estávamos ocupados demais comendo para  falar alguma coisa. No fim, eu terminei primeiro, e depois Sakura acabou o sanduíche e ficou só com o refrigerante.

Eu me levantei, e Sakura ficou olhando para mim incrédula. Ahn?

_Que foi?

_O que você está fazendo, Sasuke?

_Oras, nós vamos embora. Você tem que procurar essa tal pessoa que vai te acompanhar durante essa semana. – respondi, pensando no que eu tinha feito de errado.

_Você está brincando, né? – perguntou ela. Estou confuso.

_Deveria estar?

_Devia! – ela bateu na mesa com as mãos em punho. Agora sim que eu estava completamente perdido.

_Ahn? 

_Senta aí, Sasuke. – Sakura apontou para o banco.

Eu me sentei e fiquei olhando para ela, esperando explicações. Não entendia essa garota! Quero dizer, ela precisava achar uma pessoa, não é? Então, ela não deveria querer procurar a pessoa primeiro?

_Isso está me dando mais trabalho do que eu pensava... – lamentou-se Sakura.

_Sakura, vamos logo embora.

_Homens! Como são tapados! – berrou ela. Suponho que ela sabia que eu ainda estava ali, e que eu era um homem. Ela sabia, né?

Só mandei um olhar nada agradável para ela.

_Ok... Deixa eu explicar a nossa situação. – disse ela. – O meu plano era sair da estação de metrô com alguém para me acompanhar. Faz sentido para você?

_Sakura.

_Hm?

_EU NÃO SOU LESADO! – gritei. Um casal na outra mesa olhou para mim como se eu fosse louco, mas ignorei. Hunf. Gente intrometida. Sakura ergueu uma sobrancelha.

_Não? Então quer dizer que já ficou claro para você que eu já saí do metrô, junto com a pessoa que vai me acompanhar? – falou ela, com os olhos brilhando lindamente.

_Ahn? – perguntei, confuso. Analisando a frase dela novamente, minha mente deu um estalo. – Ah, não! Nem vem! Eu não vou acompanhar ninguém, ouviu bem?

Ela soltou um resmungo, e depois voltou a falar comigo.

_Claro que vai! Só uma semaninha, Sasukeeee! Por favor? – falou ela, com uma cara pidonha.

_Aham. NÃO! A menos que você tenha um ótimo argumento que consiga me convencer.

_Tudo bem. Já até sei. Raciocine comigo, ok?

Eu concordei com a cabeça.

_Veja bem... Você vai ser o único que sabe que eu sou eu. O que quer dizer que minha identidade e felicidade vão estar em suas mãos, porque eu estou confiando plenamente em você. A qualquer momento, você pode me dedurar e acabar com a minha felicidade. E então, fui convincente?

Eu escutei em silêncio. Era um acordo justo, mas ao pensar na ideia de acabar com a felicidade dela, senti uma pontada na região do coração. Provavelmente era só algo da minha cabeça.

Mas eu ainda não sabia se concordava. Não iria ser nada fácil esconder uma estrela do rock em minha própria casa. Em um dia, já sentiriam falta dela, e provavelmente a notícia do seu sumiço seria a capa das revistas e primeira página nas manchetes de jornal no dia seguinte.

O que eu não contava era que minha dúvida acabasse totalmente ao fitar os olhos verde-esmeralda da jovem a minha frente, que tinha um misto de nervosismo, ansiedade e algo que não consegui identificar.

_Tá, que seja. – concordei, dando de ombros. O que eu não fazia por Sakura, a estrela que conheci em menos de um dia?

_Que bom! Obrigada, Sasuke! – falou Sakura, se levantando, com um sorriso maior que a cara estampado no seu rosto. - Obrigada, obrigada, obrigada!

Eu estava quase chegando ao ponto de ficar corado. Estava quase impedindo, mas acho que fiquei totalmente vermelho quando ela disse:

_Adoro você, Sasuke! – e me abraçou. Tá certo que eu não deveria ter ficado surpreso, porque provavelmente eu realizei o maior sonho dela, mas ainda assim, não é todo dia que uma mulher linda como ela me abraçava assim, do nada. Ou talvez não tão do nada.

Quando ela me soltou, continuou sorrindo na minha frente.

_Tudo bem, Sakura. Mas o quê você pretende fazer durante essa semana?

_Hm. Vamos ver... Coisas de gente normal! Sabe, fazer compras de coisas idiotas em lojinhas, passear no parque, ir à sorveteria, dar uma volta do shopping, ir ao cinema e essas coisas. Coisas que são tão normais para você, mas que, para mim, são momentos preciosos que eu já não tenho há muito tempo.

Ouvir Sakura falar daquele fazia até eu me sentir culpado por ser uma pessoa normal. Por poder experimentar na hora em que eu quisesse, algo que se ela tentasse fazer, seria acompanhada e gravada por um monte de gente. Realmente, não teria graça alguma passear no parque com um bando de idiotas me pedindo autógrafos.

_Você é quem escolhe o cronograma. – sorri para ela.

_E antes que eu me esqueça... Preciso comprar roupas, uma peruca, e um óculos novo. – falou Sakura.

_Perucas? Não seria mais fácil pintar o cabelo?

_De jeito nenhum! Eu adoro os meus cabelos! Era a única coisa que minha mãe dizia que prestava em mim...

Fiquei tentado a perguntar sobre a família dela, mas achei melhor não. Já que eu não falei nada sobre isso, então ela também não precisaria.

_Tá bom.

_Legal! Estou tão feliz, Sasuke! Obrigada mesmo! – disse ela.

Eu apenas sorri. Confesso que estava me sentindo encabulado depois de todo aquele agradecimento. Também, que não gosta de agradecimentos assim? Uma mulher, talvez. Mas eu – felizmente – não sou uma mulher.

Sakura se levantou sorridente, carregando o seu refrigerante, ainda pela metade, junto. Pagamos e saímos da lanchonete.

_Então, que vamos fazer agora? – perguntou Sakura, tomando mais um gole da Coca-Cola.

_Não dá para passarmos uma semana dormindo em cima de um prédio.

_Concordo. Então...?

_Já que eu estou desempregado e você está me obrigando a ser sua babá... – Sakura me deu um tapa do braço, fazendo uma careta engraçada. – Vamos para a minha casa. Você não vai destruí-la em uma semana, vai?

_É óbvio que não! Seu chato! – ela me deu outro tapa.

_Não sou chato... Se fosse, você não estaria aqui...

_Convencido. Hunf. Mas como é que nós vamos para lá? É muito longe?

_Não, até que é perto. Quero dizer, isso se você não se importar de andar por mais umas oito ou nove quadras.

Sakura olhou para o chão, parecendo considerar a ideia.

_Não me importo de bater perna. Shows não cooperam no quesito perder peso. Come on! – exclamou animada. Tão animada que falou em inglês.

Assim que ela terminou de falar, fiquei procurando lugares nela onde ela precisaria perder peso. Desnecessário dizer que não tive sucesso.

Seguimos nosso caminho escutando os carros passarem e o canudinho de Sakura fazer barulhos irritantes cada vez que ela bebia o refrigerante.

_Sasuke...

_Quê?

_Já andamos nova quadras e meia.

_Oh. Bem, nosso percurso acabou. – sorri de canto, apontando para um prédio pequeno de apenas três andares no outro lado da rua. – Chegamos.

_É ali?

_Sim. Espero que não se decepcione, pois com certeza não se compara ao seu apartamento na cobertura.

_Não se preocupe com isso.

Trocamos sorrisos, e logo depois Sakura atravessou a rua, saltitante como uma criança com um brinquedo novo, e ficou me esperando na frente da minha casa.

Me aproximei em silêncio, levando em conta que Sakura estava de costas para mim.

Sakura

Fiquei admirando a casa de Sasuke. Era tão normal e civilizada que me dava inveja... Não que um apartamento luxuoso na cobertura fosse ruim, mas o meu mais parecia um palco de filmagem de reality show do que um lar.

Estava tão concentrada que nem parei para pensar em onde estava Sasuke.

_O que achou? – dei um pulo exagerado, tremendo de susto. Sasuke havia sussurrado bem perto do meu ouvido e pude até sentir a respiração quente dele no meu pescoço, causando um calafrio na minha espinha.

_Seu... idiota! Faça o favor de fazer barulho ao andar, ok? Aí eu sei que você está por perto! – reclamei, ainda me recuperando do susto.

_Já pensou em praticar salto em altura? – provocou ele. Lancei um dos meus melhores olhares tipo fuzil para ele, que se calou na hora. Hunf. – Bem, voltando ao assunto... O que achou?

_É maravilhosa!

_Huh? – ele parecia surpreso com o que eu falei. – Ok, então.

De repente, dois carregadores passaram na nossa frente levando um sofá para dentro do prédio onde Sasuke morava.

_Você mora aqui mesmo, né?

Sasuke achou melhor encarar a pergunta como retórica. Hunf. Não entendi o problema com a pergunta!

_Devem ser vizinhos novos do andar de baixo.

_Ah. Entendi. Você mora no segundo andar?

_É. O terceiro está a venda há anos, mas parece que ninguém se interessa por ele. – comentou Sasuke. Notei uma pequena placa amarela na janela do terceiro andar escrito: “À Venda”. – Vamos entrar.

Sasuke e eu passamos pela porta logo atrás dos carregadores, e subimos por uma escada de madeira até o segundo andar.

As paredes eram todas adornadas com quadros com cores pastéis, tudo muito bonito e um tanto elegante. Sasuke abriu a porta, mas me deixou passar primeiro.

_Cavalheirismo é bom de vez em quando... – justificou-se ele. Não que tenha me convencido.

_Sei.

O apartamento de Sasuke era grande e arejado, muito bem mobiliado e impecavelmente arrumado. Nem parecia a casa de um homem. 

_Quem você paga para arrumar a casa? – perguntei, passando os dedos em uma mesa, comprovando que não havia nem sinal de poeira.

_Ninguém. Eu limpo... Na verdade, eu não passo tempo suficiente em casa para fazer sujeira.

_Uau. É linda, Sasuke.

Ele não disse nada. Para ser sincera, acho que ele não está acostumado a dar agradecimentos. Hm. Sasuke era tão diferente dos outros homens.

Adentrando no apartamente, ele me mostrou a cozinha, a sala, a área de serviço, o banheiro, o quarto de hóspedes, o escritório, e os nossos quartos.

_O seu quarto é esse, o meu fica aqui em frente. – disse ele, apontando para as portas.

Meu quarto tinha as paredes brancas, e o espaço era ocupado por uma cama, um guarda-roupas, uma escrivaninha com alguns livros, e uma janela. Era tudo o que eu precisava.

_É perfeito!

_Que bom que gostou.

_É. Que dia é hoje mesmo?

_Quarta-feira.

_Ótimo. – aprovei. – Vamos marcar os dias que eu vou ficar aqui. Tem papel e caneta?

_Claro. Só um minutinho.

Concordei com a cabeça, e Sasuke desapareceu por um instante. Quando voltou, tinha uma folha sulfite e duas canetas na mão.

Fomos para a sala de estar. Peguei o papel e uma caneta e fiz uma espécie de calendário, que marcaria os dias em que eu passaria ali. Quando terminado, colei o na parede com uma fita adesiva.

_Para que isso? – perguntou Sasuke, observando o papel.

_Nós vamos riscando um quadradinho a cada dia que eu fico aqui. Por exemplo, hoje, nós riscamos o quadradinho da quarta-feira. E quando chegarmos a riscar a próxima quarta... Eu vou embora. – falei com tristeza. Não sentia voltade alguma de voltar a minha “vida normal”.

_Tudo bem... – Sasuke concordou, abaixando a cabeça. Impressão minha ou ele também parecia triste?  - E o que você quer fazer hoje?

_Eu preciso de uma peruca logo, não vou aguentar usar esse chapéu por muito tempo. E também preciso de um outro óculos, esse não me deixa enxergar direito.

_Ok.

_Mas a peruca tem que ser de cabelo de verdade, claro. Você conhece algum lugar que venda?  - perguntei.

_Não. Mas a lista telefônica serve para isso, não serve? – eu ri com o comentário dele.

_É, você está certo. Vamos logo.

_Vamos.


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Notas finais do capítulo

Eu postei hoje porque provavelmente só vou poder postar o próximo dia 13 ou 14. XD
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