_Me responde! – Disse ele.

  Olhei para Jacob e fechei os olhos. Como eu poderia explicar aquilo?

  _Jake, é complicado de mais – falei.

  _Eu estou vendo que é complicado – disse ele. – Como não tem machucado nenhuma aí agora? Você tem um poder de super-cura ou o quê?

  _É por aí – falei. Ele arregalou os olhos.

  _Como assim? – Falou. – Eu só estava brincando. Mas... Isso é tão estranho.

  _Jake, eu não posso te contar nada, só confia em mim.

  Ele respirou fundo e passou a mão na nuca.

  _Confiar? – Disse ele, como se estivesse pensando no significado dessa palavra. – Eu não sei... Você... Você tem um poder de cura... – ele apertou os olhos. – O quê você é? Um ser geneticamente modificado? Os X-Men existem?

  _Não seja idiota! – Falei, segurando o riso. – Que história é essa de X-Men?! Jake, eu não sou um mutante, se é isso o que você quer saber.

  Ele suspirou.

  _O que você é então? – Perguntou.

  _Não posso falar. Eu só preciso que você confie em mim. Você confia?

  Ele olhou para mim e veio em minha direção. Olhou nos meus olhos e passou a mão na minha cabeça, onde deveria haver um corte.

  _Eu amo você – disse ele. – Não importa o que você seja. Eu... Eu confio em você.

  Sorri ao ouvir aquilo.

  _Obrigada, Jake – falei. – Eu também amo você. Não deveria, mas eu amo.

  Ele sorriu e se inclinou, me dando um leve beijo.

  Era bom ele confiar em mim, mesmo sem eu ter revelado meu segredo.

  _Seja o que você for – disse ele -, não é ruim. Você é a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida.

  Senti as lágrimas vindo. Demonstrando toda a minha gratidão e amor, o abracei, nos mantendo assim por um tempo.

  _Ora, ora, ora. Se não é o casal de ouro.

  Me afastei de Jacob e olhei para a porta.

  _O que você está fazendo aqui, Miguel? – Perguntei.

  _Vim fazer o que você não me deixou – disse ele. – Francamente, Renesmee. Que ideia foi essa de entrar na frente do seu namoradinho? Nós já podíamos ter resolvido isso se você tivesse me deixado matá-lo – ele disse essa última parte entre dentes.

  _Você não vai matá-lo – falei. – Quer ser banido como o seu irmão?

  Miguel riu.

  _Não me importo em ser banido – disse ele – se eu conseguir tirar esse humano da sua vida, eu vou estar muito satisfeito.

  _Você é um monstro – falei. – Como pode desejar o mal para um ser humano? Você foi ensinado a respeitá-los, se lembra?

  _Me lembro sim – disse ele. – Eu não quero acabar com a humanidade, não se preocupe. Eu só quero acabar com esse humano!

  _Por quê? – Perguntei.

  Miguel rangeu os dentes e me encarou.

  _Porque ele tem você – disse ele. – Não entende que ninguém pode ter você? – Ele gritou. – Somente eu posso ter você.

  Diante daquilo eu fiquei sem fala. Miguel estava louco. Será que tem hospício para anjos? Espero que sim.

  _Nessie, não estou entendendo nada – disse Jacob. – Esse maluco quer me matar?

  _Ele não vai matar você, meu amor – falei.

  Miguel riu.

  _Já chega! – Ele gritou. – Cansei de ficar fazendo rodeios. Vamos logo para a ação. Adeus, humano.

  Miguel ergueu os braços e fechou os olhos, uma enorme fonte de luz e energia estava se formando entre suas mãos. Quando ele agitou os braços para jogar aquela imensa bola de energia branca em Jacob, eu corri, ficando em frente ao meu namorado.

  Não sei como, mas outro de meus poderes apareceu, e eu consegui formar um campo de força ao nosso redor. A energia mandada por Miguel ficou presa do lado de fora, como se tivesse sido presa por um ímã. Me concentrando muito e usando todas as forças que eu tinha, puxei a energia que estava do lado de fora do campo de força para as minhas mãos, formando uma bola de luz branca, da mesma forma que Miguel. Mais rápido do que Miguel podia se proteger, lancei a energia contra ele.

  Como Miguel não é humano, seu corpo mortal com seu espírito celeste apenas desapareceram – mas isso é só por um curto espaço de tempo.

  _Vamos sair daqui! – Falei para Jacob.

  Ele assentiu. Peguei sua mão e o puxei para fora do quarto. Quando chegamos na porta, quase dou um encontrão com Luv.

  _Você atacou um arcanjo?! – Ele pareceu desesperado, mas ao mesmo tempo admirado.

  _Arcanjo?! – Disse Jacob.

  _Foi preciso – falei para Luv. – Agora temos que sair daqui antes que ele volte.

  Luv concordou, então começamos a correr pelos corredores.

  _Você tem que trocar de roupa – disse Luv. – Não pode sair por aí com uma camisola de hospital.

  _Tem razão – falei, parando em frente a uma porta. – Mas onde posso encontrar roupas? Não podemos perder tempo!

  Luv olhou para a porta que estávamos em frente, e logo depois olhou para mim. Olhei para a porta também. Nela havia uma placa que dizia: Dra. Swan.

  _Me perdoe, Bella – falei -, mas vou ter que pegar suas roupas.

  Abri a porta devagar e olhei para dentro. Não havia ninguém ali. Fui até o banheiro da sala e encontrei as roupas de Bella em um armário. Mais que depressa tirei a camisola e coloquei suas roupas – uma camiseta rosa, calça jeans e tênis.

  _Vamos logo – falei, saindo da sala.

  _Ele está quase voltando – disse Luv. – Estou sentindo a energia dele cada vez mais próxima.

  _Você também? – Jake perguntou para Luv. – Poderes, arcanjo... Será que vocês podem me explicar o que está acontecendo?

  _Agora não – falei, pegando sua mão. – Temos que sair desse hospital. Não vamos conseguir nos esconder por muito tempo, mas tempo suficiente para pensarmos em alguma coisa e conseguirmos ajuda.

  _Tem razão – disse Luv. – Vamos correr, gente! Ele estará de volta em menos de cinco minutos.

  _Apenas confie em mim – falei para Jacob.

  Ele respirou fundo, apertou minha mão e disse:

  _Vamos logo. Não quero ser morto por aquele cara.

  Fomos para a saída do hospital, tentando andar com calma quando encontrávamos alguém e correndo o quanto podíamos quando estava tudo deserto.

  Finalmente chegamos à saída, mas quando olhamos para trás, Miguel já estava vindo.

  _Essa não! – Falei.

  Corremos o quanto pudemos, mas sabíamos que nada o faria desistir de vir atrás de nós.

  _Não há como – falei para Luv. – Teremos que lutar.

  Observei Miguel andar em nossa direção. Mesmo estando cheio de raiva, ele sabia que tínhamos que manter nosso segredo perante os humanos.

  _Vá com Jacob – disse Luv para mim. – Eu cuido dele.

  _Mas você é só...

  _Eu sei – disse ele. – Tem uma coisa sobre mim que você não sabe. Eu escolhi ser o que sou hoje. Antes eu era um deles. Eu era um arcanjo. – Arregalei os olhos. Luv, um arcanjo? Era impossível de imaginar. – Eu mudei meu nome, um pouco da aparência, mas meus poderes continuam comigo. – Ele olhou para trás e viu que Miguel se aproximava mais. – Eu distraio ele e você leva Jacob para um lugar seguro. Depois eu tento encontrar vocês.

  Assenti.

  _Cuidado! – Jacob gritou, me puxando bem na hora que Miguel lançou uma de suas bolas de energia, mas Luv a impediu de vir até nós, criando rapidamente um campo de força.

  _Vão! – Ele gritou.

  Olhei para Jacob e segurei sua mão, então começamos a correr. Olhei para trás e vi que Miguel e Luv travavam uma batalha mortal – invisível para os olhos humanos. Apenas Jacob conseguia ver, porque ele tinha plena consciência do que estava acontecendo.

  Quando estávamos bem longe daquela bagunça, Jacob me parou.

  _Eu quero saber o que está acontecendo aqui – disse ele. – Mais do que nunca eu quero saber o que vocês são. Não pode esconder isso de mim, Nessie. Não acha que eu já sei coisa de mais? Não custa nada você me contar tudo agora.

  Suspirei.

  _Vou contar – falei. – Mas primeiro temos que encontrar um lugar seguro.

  _A minha casa? – Ele sugeriu.

  _Não – falei. – Muito óbvia. Tem que ser um lugar bem escondido, quase que secreto.

  Ele pensou.

  _Eu sei de um lugar – disse ele. – Vem comigo.

  Segurou minha mão e voltamos a correr.

  Quando eu disse escondido, não achei que poderia ser tanto. Jake e eu corremos por uns vinte minutos, então ele parou em frente a uma loja de CD’s. Fomos para o beco ao lado da loja. No final, havia uma porta e uma escada do lado – era daquelas feitas com barras de ferro e ficavam presas à parede. Jake subiu e eu subi atrás dele. Quando chegou lá em cima, ele estendeu a mão para me ajudar. Estávamos em cima da laje de algum lugar – a loja de CD’s provavelmente. Andamos reto até o final da laje, onde havia outra escada – uma normal dessa vez, feita de concreto e com um corrimão. Descemos, então Jake parou, virado para a parede da loja. Naquela parte não havia nenhuma porta ou janela.

  _Que lugar é esse? – Perguntei.

  _Só um minuto – disse ele.

  Jake se abaixou e começou a tatear a grama, a procura de alguma coisa. Quando encontrou, ele puxou, abrindo uma passagem para debaixo do chão.

  _O que é isso? – Perguntei.

  _Uma câmara que eu e alguns amigos fizemos alguns anos atrás – disse ele -, para ficarmos distantes do mundo um pouco. Tem muito tempo que eu não venho aqui.

  Como eu não tinha consciência disso?

  A resposta veio na mesma hora: eu não era o anjo de Jacob ainda.

  Eu só fui ser o anjo da guarda de Jacob Black quando ele já tinha 14 anos – já era um encrenqueiro daqueles. Antes de Jacob, eu protegia uma garota chamada Stephenie, mas ela morreu por causa de uma doença, então fui designada para esse garoto sem proteção. Antes eu perguntava: por que eu? Mas agora eu agradeço por terem me colocado ao lado de Jacob.

  Ele deixou que eu entrasse primeiro. Tinha que descer por uma escada de madeira, então virei de costas e comecei a descer. Assim que cheguei lá embaixo, Jake desceu, fechando a passagem.

  Não dava pra enxergar nada. Não tinha nenhuma fresta de luz.

  _Acho que a lâmpada que deixamos ainda funciona – disse Jacob.

  Ele acendeu a luz do celular e procurou pelo interruptor. A lâmpada piscou um pouco, mas ficou bem acesa. Só uma lâmpada não iluminava bem o local, mas dava para enxergar.

  _Como fizeram isso? – Perguntei.

  _Tivemos a ajuda dos nossos pais – disse Jacob. – No final esse foi o resultado. Não é grande coisa, mas gostávamos. Acha que aqui é um bom esconderijo?

  Olhei ao redor.

  _É perfeito – falei.

  As paredes eram revestidas de madeira – o que era ótimo, porque isolavam qualquer energia que Miguel pudesse captar para nos achar. O chão era revestido por um carpete cor de musgo.

  _Incrível! – Disse Jacob. – Mesmo com o passar dos anos, tudo continua como antes, sem nenhum defeito. Nada comido por traças ou outro animal. Tá, tem uma teia de aranha aqui e outra ali, mas tudo está da mesma forma.

  Jacob começou a vasculhar as coisas, olhando tudo que era seu. Ali havia um armário, uma mesa quadrada de madeira com quatro cadeiras, alguns pôsteres e reportagens colados nas paredes e um colchão de casal no chão, com um lençol meio amarelado.

  Ouvi Jake rasgar alguma coisa da parede e me virei para ele.

  _Por que fez isso? – Perguntei.

  _Acho melhor que não veja isso – disse ele.

  _Isso o quê? – Perguntei, indo em sua direção.

  _Estou falando – disse ele. – Não quer ter pesadelos pelo resto da sua vida.

  _Me dá isso – falei, estendendo a mão. Ele fez que não com a cabeça. Tentei tirar o papel de sua mão, e com muito esforço consegui.

  Desamassei o papel e olhei para a foto.

  _Eu disse que iria se assustar – disse ele.

  _Qual é Jake – falei, ainda olhando para a foto. – É mesmo você?

http://tayanecristie.tumblr.com/post/11533810595/taylor

  _Sou sim – disse ele. – O que achou?

  _Incrível – falei. – Ainda faz isso?

  Ele chegou bem perto de mim, aproveitando que me deixou tonta e hipnotizada para tirar a foto da minha mão.

  _Sei fazer muito mais que isso – disse ele, colocando sua mão na minha cintura. – Mas agora é a sua vez de falar, e você vai me contar o que está acontecendo, sem esconder nada de mim, Nessie.

  Olhei em seus olhos e assenti.

  _Tudo bem – falei. – Vai ser difícil de acreditar, mas é tudo verdade.

  _Depois do que eu vi hoje – disse ele -, acredite, não vai ser nada difícil de eu acreditar em você.

  _Eu sei – falei. – Para começar a te contar a verdade, eu acho melhor mostrar para você o que eu sou. Não sei se vai ficar mais fácil, mas acho melhor assim.

  Ele assentiu e eu me afastei.

  _Por favor, feche os olhos – pedi. – Não quero que fique cego.

  Jake franziu o cenho, mas fechou os olhos.

  _Só abra quando eu pedir.

  _Tudo bem – disse ele.

  Abaixei minha cabeça, fechei os olhos e me concentrei. Deixei que a minha natureza tomasse conta de mim e usei todas as minhas forças para que elas se mostrassem. Em poucos segundos houve aquele forte clarão. Jake apertou mais os olhos quando sentiu a intensidade. Aos poucos a luz foi diminuindo. Quando ela se dissipou totalmente, olhei para os lados. As minhas amigas estavam ali. Minhas asas. Tão brancas e puras; enormes e graciosas. Ainda havia um brilho em volta delas, mas essa luz era inocente.

  Respirei fundo e olhei para Jacob.

  _Pode abrir os olhos – falei.

  Devagar, como se receasse por alguma coisa, Jake abriu os olhos. Então olhou para mim, estupefato. Os olhos um pouco arregalados e a boca um pouco aberta. Ele arfou e me encarou, sério.

  _Você... Você é um anjo!

  Eu só queria saber se seu reconhecimento era bom ou ruim.