Do céu eu observava a Terra, as pessoas. Melhor dizendo, uma pessoa. Meu protegido. Nossa! Nunca vi um garoto dar tanto trabalho assim. Sei que não deveria, mas sinto inveja (um dos piores pecados capitais) de Evy. Seu protegido, Jasper Hale, é tão maduro, responsável. Bem que meu protegido poderia ser assim. Mas não, tinha que ser esse encrenqueiro sem-noção. Mal dou conta de tomar conta dele. Mas também, meu divino, é muito trabalho para uma anja só. Qualquer outro em meu lugar teria vontade de se demitir. Mas aí está o problema: anjos não se demitem.

  _Renesmee.

  Ao ouvir a voz de Miguel, o olhei imediatamente. O que o arcanjo poderia querer comigo?

  _Sim, senhor - respondi.

  _Não é meu dever, mas eu quis vir pessoalmente - disse ele.

  _O que há de errado? - Perguntei.

  _Seu protegido - respondeu ele, sem rodeios. - Não está fazendo um bom trabalho.

  _Faço o que posso - eu disse, não querendo faltar com o respeito.

  _Sei que sim - disse ele. - Mas acho, quero dizer, achamos que você não está tendo bons resultados trabalhando aqui em cima.

  _O que quer dizer?

  _Você ficará mais perto de seu protegido, como humana.

  _Humana?! - Eu disse, indignada.

  _Sim, humana. Creio que estando próxima dele obterá melhores resultados. Você fará de tudo para sempre estar ao lado dele. Tente ser, como os humanos dizem, sua melhor amiga. Evite que ele entre em confusão, faça-o sair das que já está. Bom, você sabe como funciona.

  _Mas, se aqui eu não consigo fazer nada direito, na Terra, como humana, será pior.

  _Você conseguirá.

  Então se aproximou de mim.

  _Me chame quando quiser - disse ele. - Mas só atenderei quando realmente precisar.

  Tocou minha testa, e eu senti meu corpo cair.

  Caí. Ví as nuvens passarem sobre mim e me vi afastando cada vez mais do azul do céu.

  Senti minhas costas baterem em algum lugar macio e minhas mãos se fecharam em volta de uma borda. Estava escuro, mas era porque meus olhos estavam fechados. Os abri.

  Dei de cara com um teto branco, com algumas luzes acesas bem em cima de mim. Minhas mãos estavam em volta das bordas de uma maca, na qual eu estava deitada. Já sabia onde estava. Num hospital dos humanos. Jacob já esteve várias vezes em um (acidentes que não pude evitar, melhor não comentar muito).

  Me forcei a sentar. Esfreguei a testa, pois ela doeu com o movimento.

  _Ela acordou, doutora - ouvi uma voz feminina dizer.

  No mesmo instante, uma mulher de cabelos castanhos e olhos verdes entrou no quarto. Estava toda de branco. No crachá que carregava pregado à roupa estava escrito: Dra. Swan.

  _Olá! Como vai minha paciente? - Disse ela, sorrindo.

  _Com um pouco de dor - disse, minha voz parecia diferente.

  Era estranho sentir dor. Nunca havia sentido isso em todos os meus 150 anos.

  _Daqui a pouco passa. Também, ser atropelada por um caminhão não deve ser nada fácil.

  Apenas fingi que entendi.

  _Você é nossa paciente mais misteriosa - disse ela. - Não encontramos nada com você. Nenhum documento, nenhum celular. Espero que não tenha perdido a memória.

  _Não, não perdi. Eu acho...

  _Então, qual é o seu nome?

  _Renesmee - respondi.

  _Nossa, que nome diferente! - Exclamou ela. - Parece um nome...

  _Celestial? - Arrisque. Ela sorriu.

  _Sim - respondeu. - É isso. Parece um nome celestial.

  Ri da piada que eu mesma fiz. Claro que a Dra. Swan não entendeu isso como piada.

  _Então, Renesmee. Qual é o telefone de seus pais?

  _Eu não tenho pais - respondi, mais rápido do que deveria.

  Ela colocou a mão sobre a minha e se sentou à minha frente.

  _Eu sinto muito - disse ela. - Mas você tem algum lugar para ficar?

  Balancei a cabeça, negativamente. Ela mordeu o lábio.

  _Ficará comigo - disse, depois de pensar um pouco. - Será bom ter companhia. Moro sozinha faz tanto tempo.

  _Será maravilhoso - eu disse, sorrindo para ela.

  _Você confia em mim? - Perguntou.

  Olhei fixamente em seus olhos verdes.

  _Você tem uma aura tão boa. Seria impossível não confiar em uma pessoa como você.

  Ela sorriu e mexeu em meus cabelos.

  _Olhe só para você - disse ela. - Cabelo loiro cacheado, olhos azuis, pele clara. Até parece um anjo.

  Apenas sorri, porque, querendo ou não, ela estava certa.