Hidden escrita por jduarte


Capítulo 67
Vulnerável


Notas iniciais do capítulo

pessoas, eu sei que demorou, devem conter erros, mas já tá tarde, e espero que vocês comentem...
Beijoooos,
Ju!



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   Sorri profundamente. Agora as coisas vão começar a sair direito, pensei. Adam conseguiu captar alguma mudança em meu humor, e conseguiu dar um sorriso apagado no canto dos lábios.

- O que quer saber exatamente? – perguntou ele.

   O que eu queria saber exatamente era uma pergunta meio absurda. Eu queria saber tudo e não esperava saber nada. Falta de lógica, não? Mas enquanto parte de mim gostaria de descobrir o que os militares faziam com os mutantes, outra parte ficava dividida entre não querer saber a verdade por detrás daquilo tudo.

- Hmm... Porque os mutantes estão sendo levados? – perguntei a primeira coisa que surgiu em minha mente.

   Ele se apoiou na mesa de bilhar, deixando o corpo pesar sobre ela, e coçou atrás da orelha como se estivesse incomodado com uma simples pergunta.

- Eles fazem experimentos em subníveis de controle do governo.

- Onde? – perguntei.

   Adam sorriu de leve.

- Em um castelo perto da Marina de Comércio Abandonada.

   Não foi um choque quando ele me disse isso. Parecia que parte de mim já sabia, e alguns flashes de relance me jogaram para trás, fazendo com que o peso de meu corpo parecesse zilhões de vezes maior. Porém, tudo o que eu via, eram rostos nublados.

- Por que isso acontece? – perguntei cada vez mais interessada.

   Adam se posicionou para fazer mais uma jogada antes de responder à minha pergunta. Pude observar todos seus músculos trabalhando por debaixo da fina camisa cinza de algodão que usava. Como eu poderia ter notado isso somente agora?, pensei. Normalmente sou muito mais atenta às coisas.

- Eles querem achar uma nova maneira de “fazer” os generais mais fortes.

- E quando você diz eles, você quer dizer...?

- Eu quero dizer todos os que estão acima de nós. Não tem só o dedo do governo nisso. – disse ele.

   Quando Adam olhou para mim, ele parecia despreocupado. Mas então viu em meu rosto a expressão de horror absoluto que eu deveria ter, e deduziu que eu era inexperiente sobre tudo isso.

- Okay, não vá dizendo que você achou que o governo estava envolvido nisso? Há muito mais!

   Ele riu por alguns segundos, e de repente parou.

- Isso não te preocupa? – perguntei.

   Pelo olhar que ele me deu, pensei que fosse me arrebentar.

- Lógico que sim! Mas o que você quer que eu faça? – perguntou.

   Havia uma tênue linha entre o que eu acreditava, e o que eu de fato podia fazer.

   O vinco que se formou na testa de Adam, foi de preocupação. Mas logo se suavizou, e ele me olhou como se eu fosse uma criança.

- Você já perguntou o bastante. – disse ele. – Agora é minha vez.

   Bufei. Porque ele não podia somente esclarecer minhas dúvidas e ficar quieto?

- O que quer saber?

   Fazer àquela pergunta à um homem, não me parecia coisa boa.

   Seu sorriso se expandiu, e uma sensação desconfortável socou meu estômago.

- Quantos anos têm? – perguntou ele.

   Parei para refletir.

- Dezesseis. Da última vez que chequei, era dezesseis. – respondi.

   Adam se apoiou mais ainda na mesa, quase entretido em minha história.

- Está gostando de nossa conversa? – perguntou rindo.

   Tive de rir com o nervosismo.

   A luz que estava acima de sua cabeça, se moveu ruidosamente, como se alguém muito pesado andasse nervosamente pelo andar de cima.

- Estou achando fascinante. – disse sorrindo levemente. E realmente era. Se pudesse, ficaria ouvindo sua risada o dia inteiro, e sua voz na calmaria. Isso me acalmava um pouco, saber que ele estava comigo por prazer, e para entreter-me. E não para me matar, como todos os outros militares.

   Analisei Adam um pouco melhor quando ele inclinou a cabeça para frente, para rir um pouco. Seus olhos brilhando sob a luz da lâmpada amarela pareciam terrivelmente ternos, e excitados com alguma coisa. Seus dentes expostos não eram absurdamente brancos e alinhados, mas era o suficiente para fazer minha auto-estima cair três pontos. E ela já não era uma das mais altas. A boca rosada e fina de Adam deixava a desejar, e um machucado fundo, e com alguns pontos estava cicatrizando no lábio superior. E sua pele era mais morena que a minha pele alva e cheia de veias azuis aparentes, e de certa forma acreditaria que eu era albina se não tivesse olhos avermelhados e cabelos castanhos.

- Tudo bem, você tem direito a duas perguntas. – disse suspendendo as pernas quase me fechando em uma bolinha de carne mutante, pequena e imperfeita.

   Adam não se importou com meu comentário, e riu novamente. Sua testa se vincou em rugas pequenas de preocupação, e então seus olhos caramelo fundiram, solidificando. Algo dentro de mim me mandava sair. Talvez fosse minha consciência esquecida há tempos. Ela dizia – ordenava na verdade: Saia! Saia agora daí! Os pelos de meu braço se eriçaram, mas me mantive firme.

   Ele se sentou à minha frente, se acomodando em uma das cadeiras vazias, e se esticou para pegar a cerveja gelada, ou não tão gelada assim, cuja existência eu não havia dado conta até agora. Adam fez uma careta. De duas, uma: ou a cerveja estava quente e velha, ou não era dele. E eu gostaria de acreditar na primeira opção.

- Porque quer saber tanto sobre mutantes?

   Quando eu iria responder, alguma coisa me cortou. Me fechou a passagem do ar, deixando-me sem fala. Só sei que me virei instantaneamente para a porta do bar, me surpreendendo a vê-la recém-aberta.

   Meu estômago se revirou, e chicoteou minhas costelas dolorosamente. Dentro de mim, mil borboletas com asas de espinhos perfurantes.

- E aí, cara? – Adam saudou alguém. – Esqueceu alguma coisa?

   E então, meu corpo inteiro se arrepiou dos pés à cabeça.


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Notas finais do capítulo

Continua??