Hidden escrita por jduarte


Capítulo 66
Constituível


Notas iniciais do capítulo

Saiu!!! Finalmenteeeeeeeee
Espero que gostem
Deixem reviews comentando, e tals.
Beijooooos,
Ju!



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   Estava atrasada demais para me preocupar em como essa pessoa havia conseguido meu número de celular. Quase 20 minutos atrasada, e praticamente entrando em colapso nervoso!

   Quando chamei o taxi, me lembrei que não tinha nenhum endereço, nem nada disso. Iria chegar ao Bar do Joe como? Por osmose?

   Como eu respirava alto, era difícil pronunciar palavras, e formar uma frase completa.

- Sabe o caminho para o Bar do Joe? – perguntei, conseguindo enfim.

   Ele sorriu como se dissesse: “Quem não sabe?”, e ligou o taxímetro.

- Como é esse lugar? – perguntei.

   Ele riu, como se não fosse me falar. Ou quase como se me perguntasse mentalmente: “Preciso realmente falar?

   Em minha cabeça, ele falaria: “Ah, é cheio de strippers luxuosas, e cheio de gordos barbudos que não agüentam ficar longe da bebida. Oh, mas sem contar com o xixi no chão, e o cheiro de pum, o lugar até que vende uma boa bebida.

   Mas em vez disso, ele disse:

- É um bar.

   Não me diga!, pensei ironicamente.

- Pode me levar até lá? – perguntei.

- Claro.

   O taxista logo começou a correr por entre os carros da avenida, como se tivesse pressa para me deixar no local. O que de fato, me causava um pouco de medo, e alívio. Queria me livrar logo daquilo.

   Segurei-me mais fortemente no banco, temendo cair, bater a cabeça, ou qualquer coisa. Só queria que tudo acabasse. E logo!

   Fechei os olhos, tentando – inutilmente – pensar em algo que não fosse a velocidade que o taxista corria, e as buzinas que surgiam do nada.

   Mas então, quando ele brecou, me fez bater a cabeça contra o vidro, fazendo um barulho absurdo. Parecia por um instante, que eu tivesse levado um tiro na testa, tamanha era a dor latejante.

- Chegamos. – disse ele sem muito entusiasmo.

   Revirei os olhos. Não conseguia nem falar com tanta dor de cabeça. Parecia que eu ia desmaiar. Mas saí do carro antes que isso acontecesse. Vai que ele me cobra pra me levar desmaiada até o hospital mais próximo!

- Quanto? – perguntei ao reunir todas as forças que tinha para tentar me recuperar.

   Ele pensou um pouco, e concluiu:

- Quinze dólares.

   Estaquei com a mão na carteira.

- Como? – perguntei sem acreditar.

- Quinze. Dólares. – disse ele pausadamente, como se estivesse falando com uma criança.

- Eu entendi! Não sou retardada!

   O cara riu desgraçadamente.

- Quinze dólares eu não pago! – exclamei. O taxista abriu a boca para falar e eu lhe cortei. – Você correu como se fosse a morte, eu bati a cabeça no vidro e quase tive um traumatismo craniano! A culpa é sua. Não merecia ganhar nada!

   Ele olhou o vidro, e observou alguma coisa.

- Setenta dólares, então. Só pelo vidro quebrado.

   Bufei.

- Doze dólares, e fique com o troco. – resmunguei jogando em seu colo, de mau gosto, saindo do taxi.

   Antes de arrancar, o motorista olhou para mim com cara de quem viu um cadáver levantar do túmulo para fumar, e disse:

- Cuidado na rua, garota. Há mutantes por aí, e não é seguro ficar sozinha numa hora dessas.

   Quando pensei em revidar e dizer que não estava sozinha, ele saiu, quase atropelando um homem que cruzava a rua.

   Respirei fundo antes de me virar para o bar. O cheiro que emanava dele, não era muito bom, devo dizer, e havia vários fumantes, e garotas com minha idade no máximo, fingindo fumar, tentando se equilibrar em saltos do tamanho de minha cabeça, quase implorando para alguém as levar para casa. E eu tinha uma certeza absurda de que não era para ler uma história de “boa noite”.

   O lugar não me dava segurança nenhuma. Tinha a aparência meio esverdeada, em alguns lugares da pintura, como se tivesse crescido musgo nas paredes, e o letreiro era definitivamente brega! Verde neon, com algumas luzes piscando, e formando uma imagem de uma cerveja ao lado do nome: Joe.

   Ao entrar, senti um cheiro de mofo, misturado com tabaco, e um forte cheiro masculino, como se alguém tivesse passado um desodorante ali.

   Num dos cantos do bar – na parte mais escura -, havia alguns casais em mesinhas pequenas, tomando em seus copos, o que eu imaginava ser cerveja, e em uma pequena TV, passava os jogos de futebol americano. Já do outro lado, onde fui perceber que as paredes eram de veludo, havia mesas de sinuca, forradas de homens segurando os tacos firmemente, e alguns até passando giz na ponta dele.

   Alguém gritou meu nome por cima da gritaria, e rapidamente reconheci como vindo do outro lado do “salão”. Era Adam, isso era óbvio, mas ele estava com alguém. Um homem alto, e loiro. Mas só pude ver suas costas largas, pois se encontrava bebendo seu drink.

- Ah, oi! – disse acenando.

   Agora podia perceber que colocar um casaco de lã fora uma estúpida decisão, que eu teria que carregar depois.

   Ele sorriu de lado a lado, e disse:

- Camila, esse é o Astif. Astif, essa é a Camila.

   Sorri timidamente, esperando que o homem virasse para falar comigo. Mas isso não aconteceu. E porque aconteceria? Ele parecia tão antipático quanto uma maçã.

- Oi, Astif... – disse sem saber como proceder.

   O homem estacou com as mãos trêmulas sobre o copo. Quase como se a minha presença lhe trouxesse desconforto. Credo, que cara mais mal-criado!, pensei.

   Estava meio claro, que Adam estava com vergonha dessa atitude do amigo.

   O ouvi falar alguma coisa para Adam, e se retirar, ainda sem olhar para mim. Mas então, vi de relance seus olhos azuis, que relampejaram uma carga gigante de energia para cima de mim, quando se encontraram – mesmo que tenha sido cinco segundos – com os meus, fazendo minhas pernas tremerem.

   Adam bufou, se encostando à mesa de sinuca.

- Ele é sempre assim? – perguntei.

   Ele riu.

- Não. Nunca o vi fazer isso, na verdade.

- Hmm...

   Ficamos em um silêncio desconfortante até que ele conseguiu o quebrar.

- Então... – disse rindo.- Vai querer saber sobre o que?

   Sorri de lado.

- Mutantes. – disse.

- Claro... – disse Adam. Sabia que tinha alguma coisa à mais, que ele não queria me contar.

- Mas?

- Mas você vai ter que jogar algumas partidas comigo. – disse.

- Não posso.

- Porque não? – perguntou.

   Tentei arrumar uma desculpa plausível para tudo, mas nada que eu formava dentro de minha cabeça parecia ser convincente demais. Pelo contrário. Acabava sendo banal.

- É que eu não estou me sentindo muito bem. – disse finalmente.

   Ele revirou os olhos.

- É sério! O taxista veio correndo, e quando freou eu bati a cabeça no vidro.

   Ele ia me cortar, até que eu acrescentei.

- Eu tive que pagar oitenta dólares por causa do vidro. – menti. – e tá tudo girando. Acho que vou ficar aqui, sentada, quieta.

   Ele bufou baixo.

- Ok. O que quer saber?


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Notas finais do capítulo

continua??