Hidden escrita por jduarte


Capítulo 30
Enrascada


Notas iniciais do capítulo

Foi maaaaaaaaaaaaaaal, mas não consegui me segurar!O aperto de tentar postar foi maior que eu.Beijoooos, e aproveitem.Ju!



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   Ele sussurrou algo, e gostaria de ter ouvido, mas como chorava ficou meio impossível.

- O que? – perguntei secando as lágrimas.

- O que, o que?

- O que foi que você disse?

- Nada. Eu nunca falei nada. – Bernardo defendeu-se

- Tanto faz. – respondi enxugando ainda mais as lágrimas que deixavam meu rosto melado.

   Ainda senti como se Bernardo não quisesse que eu fosse embora, mas só poderia ser coisas da minha cabeça. Coloquei as mãos sobre seu peito, e senti o coração vital pulsando sobre meu peito cheio de sangue pulsando sob minha palma, e de repente senti a pele de Bernardo ficar muito quente quando coloquei as mãos sobre seu pescoço.

   Quando me icei para ficar mais ao menos à sua altura – não vou mentir: não consegui nem chegar à altura de seu queixo –, Bernardo enlaçou ainda mais a minha cintura, e fez com que eu subisse em seus pés. Ele tirou uma das mãos de minhas costas, para tirar uma mecha de cabelo que caía em meus olhos.

   Estávamos praticamente nos beijando, quando ouvimos um pigarro atrás de nós.

- Bem, acho que Dr. King não mencionou amassos ocasionais no corredor. – disse uma voz rouca, sombria e parecida com a de Bernardo.

- Norbert! O que faz aqui? – perguntou Bernardo segurando ainda mais a minha cintura quando tentei livrá-la de suas mãos. Ele passou-me para trás de modo protetor, e se não estivéssemos cara-a-cara com o demônio, até seria fofo e muito inspirador.

- Fazendo a ronda, para que coisas desse tipo não acontecessem. – respondeu Norbert mais afiado do que moto-serra.

- Será que você não consegue ser bom pelo menos dois minutos? Ou será que a sua inveja é tão grande que vai até o centro de sua espécie? – perguntei ríspida.

   Ele ficou meio chocado.

- Você não sabe nada sobre mim! – disse ele como se fosse pegar a arma que estava descansada ao lado de seu corpo, e atirar em minha cabeça.

- Sei uma coisa que, se eu estou certa, pode fazer o pessoal dessa “prisão” se chocar.

- Ah, é? O que? Mentir que eu durmo com um ursinho azul chamado Lionel, e que tomo banho com um patinho de borracha amarelo? – perguntou Norbert sacanamente.

- Não. Que você e Bernardo são irmãos.

   O silêncio tomou aquele lugar. Nós três ficamos ouvindo a respiração um do outro, como se fosse a única coisa que pudesse nos tirar do silêncio constrangedor que havia se formado entre nós.

   Parecíamos um bando de estátuas retardadas que haviam congelado.

- Q-quem te disse isso? – perguntou Norbert pálido, e gaguejando.

- Eu ouvi. Ou será que esqueceu que sou um maldito mutante? – rebati.

   Ouvi com a audição aguçada, Norbert e Bernardo engolirem a saliva secamente.

- É... Bem, se você ouviu, não há nada a esconder. – suspirou Bernardo, recebendo pela primeira vez um olhar reprovador do... irmão.

- Você enlouqueceu de vez? – perguntou Norbert se inclinando para frente, para fingir falar com Bernardo.

- O que? Uma hora ela iria descobrir mesmo! – exclamou Bernardo.

- Ah, e o que faz você pensar que ela não vai contar para todo mundo o que nós somos?

- Eu confio nela, tá legal?

   Cruzei os braços em cima do peito. Aquela conversa que me excluía totalmente começava a me deixar confusa, chateada e irritada!

- Não é possível, só posso ser invisível! Será que dá para parar de falar de mim, como se eu não estivesse aqui? – perguntei praticamente berrando.

   Algumas pessoas pararam para nos olhar, e eu praticamente gritei. Será que eles não podiam cuidar de sua mísera vida por três segundos? Que droga!

- Desculpe, mas acho que essa situação é muito além do seu alcance. – disse Norbert.

   Bernardo bufou.

- Sinceramente às vezes acho que você tem algum tipo de problema! – berrou Bernardo.

- Eu tenho problemas? E você com sua namorada inalcançável? Hein? Nem vêm falar besteira para mim!

- Você fala de Camila como se ela fosse algum monstro horripilante. Já parou pra pensar que eu não te julguei quando você se apaixonou por alguém daqui? – perguntou Bernardo segurando os ombros encolhidos de Norbert. – Você acha que eu não sei como é estar preso em um lugar onde se você espirrar todos ficam sabendo? Eu acredito nela, Norb, e peço para que você acredite em mim. Só dessa vez. – pediu Bernardo.

   Um elo forte, indestrutível e totalmente elástico pareciam os envolver dentro de uma bolha invisível. Uma bolha cuja camada era tão espessa, que eu conseguia sentir flutuando como se fosse um bicho em volta deles.

- O que você quer em troca? – insistiu Bernardo.

- Você sabe o que eu quero.

- Isso não vai ser possível, Norbert! King já te falou isso!

- Ele não sabe de nada!

- É lógico que sabe! Ou você acha que estaríamos tendo essa conversa se não soubesse? Ele nos trouxe para cá, não Grayse ou Adam. – Bernardo engoliu meio seco ao falar de Adam. Ele não parecia pronunciar muito bem esse nome, e eu tive que resistir ao impulso de ir até lá e acariciar seus cabelos.

- Isso é pura ladainha! – exclamou Norbert virando e batendo com o cano da arma contra a parede.

- Não é! – disse Bernardo com o tom de voz mais autoritário, e mais experiente. – Você sabe que não! A sua cabeça diz que não, mas seu coração diz que sim, e ignorar o coração faz mal, Norb.

   Eles ainda falavam como se eu não estivesse congelada olhando para os dois como uma grande estúpida e com a aparência demente.

- Ok. Então eu quero outra coisa. – disse Norbert totalmente ríspido. – Eu quero a K94F3-2. Acho que você se lembra dela. Não lembra?


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Notas finais do capítulo

Quem será a tal "K94F3-2"?