─ O que você acha, Sarah? ─ Mel apareceu no meu quarto com seu vestido do baile, mais linda que qualquer princesa.

─ Wow... Mel, você está linda! Aposto que o Mikey vai ficar babando! ─ Ri enquanto Mel corava.

─ Você ainda não se arrumou. Por quê?

─ Estava esperando que você me pedisse pra te ajudar com o cabelo. Mas pelo visto você vai deixá-lo solto.

─ Na verdade... Eu ia mesmo te pedir ajuda. ─ Ela riu. ─ Mas só depois que você se arrumar.

Sorrimos e eu fui me arrumar também. A formatura do 3º Ano era feita em dois dias ─ o primeiro dia era a entrega dos canudos e o segundo era a festa em si, onde havia a coroação do Rei e Rainha Veteranos ─, então precisávamos caprichar no visual desde o início caso quiséssemos competir a algo.

Na verdade, não havia apenas a coroação de Rei e Rainha Veteranos. Havia a Princesa e o Príncipe do 1º e a Princesa e o Príncipe do 2º. Existiam outra categorias também ─ melhor piadista do ano, maior patricinha do 3º, mais popular do colégio, o maior mala e Os Mudos. Essa última categoria era dada às pessoas mais anti-sociais do 3º Ano. Normalmente elas nem iam ao baile para receber o prêmio, então era praticamente uma enorme piada pelas costas.

Lolli atravessou o corredor correndo com seu cabelo rosa bagunçado, remexendo numa caixinha e pulando com uma perna só, pois a outra estava sem o sapato de salto. Ela decidiu usar uma sandália preta ao invés do coturno no primeiro dia, mas não abandonaria seu “bebê”.

─ Sarah, preciso de ajuda com esse salto maldito! ─ Ela gritou.

─ Termina de se arrumar que eu te ajudo!

Corri para o banheiro, tomei um banho, sequei meu cabelo ─ que incrivelmente já estava batendo no ombro ─, arrumei meu vestido e minhas sandálias e encontrei Bob parado perto da porta do meu quarto.

─ Papai me mandou isso. ─ Ele me entregou uma caixa. ─ Ele soube como era sua roupa e resolveu te presentear. Era da mamãe.

Trocamos um sorriso cúmplice e ele beijou minha testa.

─ Termine de se arrumar. Você está linda.

─ Preciso ajudar uma prima e uma melhor amiga em apuros! ─ Sorri. Bob riu.

Corri para ajudar Mel. Ela estava com rolinhos no cabelo enquanto secava o cabelo de Lolli.

─ Precisam de ajuda?

─ Estou terminando o cabelo dela, mas preciso de ajuda com o meu e... Você também precisa de ajuda com o seu.

Meu cabelo estava enrolado na toalha e eu ainda estava de roupão. E já eram 6:30! Os rapazes nos buscariam às 8:00 em ponto.

─ Socorro! ─ Gemi enquanto Lolli e Mel gargalhavam.

Ajudei Mel a terminar com minha prima e ela saiu saltitando até o quarto enquanto eu ajeitava as ondas da pequena. Peguei sua franja e a prendi de lado com uma presilha de flores e pedrinhas. Depois as duas se uniram para secar e alisar ainda mais meu cabelo, deixando-o com as pontas repicadas para fora e a franja de um modo lindo.

Pra colocar o vestido foi um parto ─ tudo para não bagunçar o cabelo! Precisei da ajuda do Bob, e ele foi me ajudar com sua costumeira expressão “emoção zero”. Eu tive que rir da cara dele, literalmente.

Às 7:45 estávamos todas prontas, e Bob estava enrolado com seu terno. Ele acabou por jogar a gravata longe ─ sobre a tv, pra ser exata ─ e calçou seu tênis. Incrivelmente, Gerard e Frank também estavam de All Star pretos, só que o do Iero também era branco.

Frank estava até sexy com sua blusa aberta nos três primeiros botões, sem gravata, All Star e as mangas dobradas, junto com um pequeno topete. Gerard estava com os costumeiros fios negros bagunçados, todo de preto e gravata escarlate. Ah, sim, e All Star.

Mikey estava como o figurino mandava ─ terno milimetricamente arrumado, sapatos apropriados, gravata borboleta. Só seu cabelo que estava do mesmo jeito de sempre ─ mentira, estava num leve topete, muito fofo. Ray também estava todo arrumado, sem gravata e com sua costumeira cabeleira.

─ Wow, as meninas estão lindas! ─ Frank sorriu ao nos ver e levou uma cotovelada de Mikey e um tapa na nuca por Gerard. ─ Desculpa!

Rimos.

─ Cadê a Bárbara?

─ No carro. ─ Frank sorriu. ─ Ela não quis sair da nossa limusine.

─ Limusine?!? ─ Lolli, Mel e eu praticamente gritamos.

─ S-Sim. ─ Frank disse e se escondeu atrás de Gerard.

─ Vamos, vamos! ─ Agarrei as mãos de Lolli e Mel e as arrastei para a limusine enquanto os garotos permaneciam parados como estátuas na sala. ─ Oi Bárbara!

─ Hey meninas! ─ Bárbara sorriu. Estava com um vestido preto com a barra de filó vermelha. ─ Olhem isso! Aqui tem refri de graça! E GE-LA-DO!

─ WOW!! ─ Gritamos todas ao mesmo tempo.

─ Gostaram? ─ Gerard surgiu acompanhado dos outros e se sentaram perto de nós. ─ Ray vai ter que dirigir porque não tem espaço pra todo mundo.

─ E eu vou lá na frente também porque não quero ver agarração. ─ Bob ainda estava no “emoção zero”.

─ Peraí! Mas e eu? ─ Lolli gritou. ─ Não quero ficar de vela aqui!!

─ Perdeu! HAHAHAHAHAHA! ─ Bob e Ray começaram a gargalhar enquanto Lolli cruzava os braços.

Fomos para a entrega dos canudos. Nos colocaram por ordem alfabética de sobrenomes, então já viram: Gerard e Bárbara foram pro final da fila, e acabaram por ficar perto do Ray. Eu, Bob e Lolli ficamos um atrás do outro, rindo até não agüentar mais. Frank ficou perto de nós, e às vezes furava fila para ficar conversando conosco. O diretor estava quase dando uns tapas no capetinha.

─ Minha mãe está em outra mesa. ─ Gerard disse. ─ Por que ela sempre vem? É tão tosco...

─ Se sua mãe fosse como meu pai você estaria chorando de felicidade por ela vir. ─ Disse.

─ Ai, meu pai! Me escondam, por favor! ─ Frank gritou e passou a coçar o queixo, tentando se esconder de algo ou alguém.

─ O que foi?

─ Minha... Mãe...

─ Frank Anthony Thomas Iero Jr! Meu bebê! ─ Uma mulher, baixinha como Frank, surgiu do além e agarrou o filho, enchendo-o de beijos, abraços e tentando arrumar o “bebê”.

─ Mãe! Por favor!

─ O que foi? Ah, olá crianças! Vocês estão tão lindos! Nem acredito que estão se formando!

─ Sarah? ─ Ouvi uma voz conhecida e me virei num pulo.

─ Pai? ─ Minha voz falhou.

─ Pensou que eu não viria? Você está linda nas jóias da sua mãe...

─ Pai! ─ Sorri e o abracei fortemente. ─ Que bom que está aqui!

─ Oi pai. ─ Bob sorriu e abraçou nosso pai também. ─ Que bom que veio.

Por um momento eu quis chorar de alegria, mas os outros ririam de mim. E, além disso, a maquiagem não era à prova d’água. Peter Bryar, meu pai, envolveu-me em seus braços novamente e beijou-me carinhosamente, sorrindo.

─ Achou mesmo que eu faltaria sua formatura?

Preferi não respondê-lo. Apenas sorri e o abracei mais fortemente. Recebemos nossos canudos, selecionamos uma mesa enorme e nos sentamos lá para o jantar que seria servido depois da cerimônia.

Linda Iero, a mãe de Frank, sentou-se conosco e passou a noite conversando com meu pai e tentando arrumar o filho. Nos divertimos muito no jantar, depois fomos para casa. Eu estava tão cansada que nem tive tempo de trocar de roupa. Foi encostar na cama e apagar.