O Diário de um Semideus escrita por H Lounie


Capítulo 10
Os sons quebram a prisão de Afrodite




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Seguimos a aura até um lugar que parecia um estúdio de TV. Em uma plataforma que parecia sustentada pelo vento estava um homem estranho, completamente cheio de maquiagem. O lugar era cheio de telas de tevê, apresentando diversos tipos de programa, desde telejornais até lutas de gladiadores, que pareciam bem reais. O homem sorria como doido, enquanto nos avançávamos por uma plataforma, pulando sobre placas de pedras sustentadas por harpias.

– Será que elas vão aguentar nosso peso? – Perguntei. Até quando íamos andar sobre o ar? Isso me fazia pensar na profecia.

– Não se preocupem, apesar de feias as harpias são ótimas construtoras e são bastante fortes.

Aquilo não me deixou muito convencida, sabia que as harpias não eram muito fãs de semideuses.

No centro do que parecia ser o palco do estúdio, o homem continuava a rir e falar, enquanto auras o cobriam com mais maquiagem. Ele vestia um terno que parecia o céu, cheio de nuvens. Assim que nos aproximamos, uma voz gritou no alto.

– No ar em três... dois... um...

– Agora fiquem em silêncio, por favor. – Pediu-nos a aura.

O homem olhou para a câmara e seu sorriso aumentou.

– Alô Olimpo! Voltamos com a previsão do tempo a cada doze minutos! Eu sou Éolo e você confere agora a previsão do tempo em seu estado ... e pelos deuses! – Disse ele, levando as mãos ao ouvido. – Poseidon promete levar uma tempestade ao Texas! Não, espere, Hefesto disse que não vai deixar, atenção Texas: Não vai chover! Esperem, Poseidon disse que vai sim! Deméter mandou os dois pararem de briga, e diz que os agricultores do sul terão uma recompensa pelos dias de seca. Lorde Zeus vai mandar uma tempestade de raios para Chicago, não imagino o que eles fizeram para levantar a ira do senhor do raio! Apolo avisa que o sol vai se esconder atrás das nuvens hoje em toda a região de Washington. Como se isso fosse novidade. Péssimas notícias Michigan, Bóreas está sendo chamado para esfriar as coisas aí! – Éolo continuou a falar, mudando o que dizia cada vez que um deus mudava de idéia. – E esse foi a previsão de agora, voltamos em doze minutos, por eu tenho absoluta certeza que isso vai mudar!

Só pode chegar a uma conclusão: Éolo é completamente doido. Ele continuou a sorri até ouvir um ‘corta’, então focou seu olhar em nós.

– Semideuses? Mais semideuses? É só o que tenho sempre?

– Olá senhor Éolo. – Comecei um tanto nervosa. – Me chamo Lyra, sou filha de Apolo e...

– Ah! Apolo! Excelente deus, o seu pai. Então, o que querem aqui? Vieram pedir um autografo? – Éolo fez pose, querendo parecer o maioral.

– Autografo? – Perguntei. Eu não queria um autografo, queria que ele me dissesse algo sobre o martelo de Hefesto.

– Sim menininha burra, não sabe o que é um autografo? E quem não quer um autografo do mestre dos ventos? Afinal, foram tantos livros escritos sobre mim... A sombra do vento; E o vento levou; Prosa dos ventos...

– O senhor tem certeza que eles são sobre você? – A aura olhou para mim com os olhos arregalados.

– Mas o quê? Genevive – Ele virou-se para a aura. – Eles não são todos biografias minhas?

– Claro que são, senhor. – Disse a aura, meio sem graça.

– Sim, mas isso é obvio. Então, o que querem? Semideuses sempre querem algo mesmo.

– Então senhor, queria saber se poderia nos dizer algo sobre o martelo que sumiu, o símbolo de poder de Hefesto que foi roubado. – Eu não sabia se Éolo iria ajudar, mas esperava que ele ajudasse.

– Ah, sim, eu soube disso. Ele levou uma mão ou ouvido. De fato, vocês irão encontrar alguma coisa no reino do pai daquele ali. – Concluiu ele, apontando para Nico.

– No submundo? – Perguntei

– Não, no Olimpo querida. – Disse Éolo, sarcástico. Tudo bem, minha pergunta foi bem idiota. – Agora se puderem me dar licença, tenho um programa a continuar. Boa viagem ao inferno e mandem lembranças minhas a Hades.

Com um aceno, ele nos dispensou. Fomos com Genevive, a aura, até nossos quartos, pegamos nossas mochilas e nos preparamos para deixara a ilha.

– Ficamos esperando tanto tempo para que Éolo nos dissesse apenas isso? – Reclamou Will. Poxa vida, como esse garoto gosta de reclamar.

– Na verdade Will, Éolo nos deu uma dica importante. Sabemos para onde ir. – Argumentei.

Depois de descer os incontáveis degraus, começamos a descer a ponte de névoa. Um vento frio fez a ponte balançar até dissolver completamente. Gritando, começamos a despencar no ar. Em um segundo, começamos a ser sugados para dentro de uma nuvem de pó rosa, enquanto eu via Meganny continuar a cair, sem nos seguir para dentro da nuvem de pó.

Um perecerá no ar, dizia a profecia. Meganny continuou caindo até que não pudéssemos mais vê-la. Chorando, tentei me lançar para fora da nuvem rosa, porém Will segurou meu braço. Então desmaie nos braços do garoto.

– Me desculpe por isso. – Disse uma voz feminina enquanto eu acordava. – Não consegui segurá-la também, presa aqui meus poderes não estão em plena forma.

Eu me lembrava vagamente de ter ouvido aquilo voz um dia, mas seria possível? A voz me arrastou diretamente para um momento passado, para minha infância, mas eu não podia ter certeza.

– Quem é você? – Era Jéssica perguntando.

– Eu sou Afrodite, a deusa do amor.

Silêncio, ninguém disse uma palavra se quer.

– O que faz aí dentro, Afrodite? – Perguntou Will.

Dentro? Que diabos está acontecendo?

– Onde está Meganny? – Soltei-me dos braços de Will, olhando assustada para o lugar onde nos encontrávamos agora. Estávamos em uma boate? O lugar estava vazio, mas algumas luzes ainda piscavam. O cheiro de rosas tomava conta do lugar e quando olhei para meu lado direito, vi uma mulher que me fez ter vontade de morrer, tamanha inveja senti.

– Afrodite.

– Olá Lyra, enfim você acordou. Sinto muito por sua amiga.

– O que você faz dentro dessa jaula? – Afrodite estava presa em uma jaula que parecia feita de bronze. A jaula tinha uma enorme letra ‘eta’ ou H gravado entre suas grades da frente.

– Meu marido Hefesto meu trancou aqui, ele teme que eu ajude Poseidon, que é exatamente o que eu vou fazer quando me tirarem daqui.

– E onde estamos?

– Em uma boate em Vegas. Agora, poderiam ter a bondade de me tirar daqui, sim?

– Por que você mesma não faz isso? É uma deusa, não é? – Perguntou Nico.

– Não é tão simples assim filho de Hades, eu estou presa, não posso usar meus poderes para sair, isso é o que acontece quando um deus é preso por outro.

– E como acha que podemos quebrar isso? – Perguntou Jessica.

– Isso vocês tem que descobrir, só peço que sejam rápidos, por favor. Não vejo a hora de por minhas mãos em Hefesto e fazê-lo se arrepender de ter nascido.

– Pobre Hefesto. – Comentei, um pouco alto demais.

– Você está do lado dele, querida? – Afrodite lançou-me um olhar mortal.

– Não, eu só... estava comentando.

– Ande logo, é exatamente você quem vai quebrar essa prisão. Ajude-me, por favor, eu sei o que você quer, eu posso te dar isso em troca.

– Vo-você sabe? Do que está falando?

– Nos duas sabemos do que eu estou falando. Agora depressa, quebre a prisão, faça sua mágica.

– Mas eu não sei o que fazer...

– Sabe sim, basta pensar um pouco, alguém já te disse o que fazer.

Alguém já me disse? Quem? Minha mente vagava pelas possibilidades, mas nada surgia, eu não conseguia... ‘Basta que cuide dos sentidos, os sons certamente cuidaram de si e se dobraram ao seu comando.’ Era o que Leto havia dito. Então, compreendi exatamente o que deveria fazer.

– Afastem-se e tapem bem os ouvidos. Inclusive você, Afrodite.

Assim que vi todos cobrirem os ouvidos com as mãos, comecei e me concentrar na música que tocava ao fundo. Como se estivessem me obedecendo, os sons começaram a flutuar pelo espaço, unindo-se em uma espécie de massa sólida. Guie o som até ele estar dentro da prisão de Afrodite e então comecei e fazer com que ele expandisse. A música soava extremamente alta agora, eu teria que ser rápida, ou acabaria fazendo mal a Afrodite.

O som continuava a se expandir dentro da jaula até que em uma explosão sonora a prisão de Afrodite de desfez.

– Incrível. – Comentou Nico. – Você pode controlar sons?

– Parece que sim.

Não sabia como havia feito aquilo, mas foi algo extremamente difícil, estava completamente sem forças.

– Muita obrigada Lyra... você. – Ela parou, olhando fixamente para meu pulso. – Onde você arranjou está pulseira?

– Eu ganhei de um amigo.

– Mas que um amigo, eu diria. Está pulseira era minha Lyra, Hefesto me deu como presente de casamento. Há alguns anos eu a dei de presente a um amigo, para que ele a desse de presente a seu verdadeiro amor, assim que o encontrasse.

– Do que está falando? – Perguntei confusa.

– Isso é mais que uma pulseira minha querida. – Riu Afrodite. – Você aceitou um pedido de casamento. Você está prometida ao príncipe do mar.

– Mas o que? Você só pode estar brincando!

Eu não queria acreditar que Sky havia me enganado e que agora eu teria que me casar com ele.

– Você não tem escolha. – Começou Afrodite. – Isso só pode ser desfeito se...

– Se? – Insisti

– Se um herói lutar por você! Isso não é romântico? – Afrodite parecia nas nuvens com tudo que estava acontecendo.

– Onde vou achar alguém disposto a lutar com Sky? Ele deve ser o melhor no manuseio de espadas que existe. – Conclui desanimada.

– Eu luto. – Meu coração parou de bater quando percebi que quem falou foi Nico. – Você não vai casar com um peixe, Lyra.

Senti meu rosto esquentar. Nico lutaria por mim? Acalme-se Lyra, disse a mim mesma, isso não significa nada.

– Nico, eu... obrigada. – Ele se aproximou de mim, passando um braço por minha cintura.

– Serei seu herói. – Ele sorriu, me deixando sem jeito. Comecei a imaginar que Afrodite já estava mexendo seus pauzinhos. – Confia em mim?

– Confio, você vai vencê-lo facilmente, meu herói.

– Então, não querendo estragar a cena toda, mas já estragando, - Começou Will. – Onde vamos encontrar o palhaço?

– Ah, creio que poderão chamá-lo no Porto de Nova York. – Disse Afrodite, pensativa.

– Nova York? Ótimo, como chegamos até lá? – Perguntei; ainda completamente ciente do meio abraço de Nico.

– Nisso eu posso ajudar. Agradeço pela ajuda semideuses, boa sorte em sua missão. E Lyra querida, nos veremos em breve, sim? Foi um grande prazer... - sua voz soava emocionada, quase chorosa - conhecê-la.

Afrodite estalou os dedos e mais uma vez a nuvem rosa nos engoliu. Quando abri meus olhos, estávamos no píer 86, no porto de Nova York.

– Nada bom. – Comentei, assim que vi os estranhos pássaros que saiam do USS Intrepid, o antigo porta aviões, o enorme navio de guerra, que agora servia de museu, ancorado no porto, na Intrepid Square.

– São os Ornithes Areioi! – Gritou Nico. – Afrodite nos mandou para o templo de Ares!

– O Intreped é o templo de Ares? – Perguntei confusa. Bem, isso fazia certo sentido.


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