Yasmin e Mu voltam correndo para festa, de mãos dadas, pois Athena começa a falar no microfone, algo como um discurso:

            - Meus queridos cavaleiros. É a primeira vez que falo perante todos, por isso temo que as palavras me faltem. Essa festa é para festejar o meu retorno e a reposse do nosso amado Pope. – todos aplaudem. – Mas eu não subi até aqui para discursar, por isso vou logo ao que interessa. Quando eu fui para o Japão, eu tive uma pessoa, daqui do Santuário, que me acompanhou. Claro que eu não sabia de verdade quem ele era, porque meu avó manteve segredo de minha identidade, para minha própria segurança. Bem, pouco antes de eu voltar para cá, ele me revelou quem ele era e agora ele está aqui. Por favor, entre.

            O silêncio é total, todos só tem olhos para a porta atrás do púlpito. Quando adentra um homem com trajes tipicamente gregos. Aioria não acredita no que seus olhos vêem: é seu irmão, Aioros. Aioria corre para onde seu irmão está e lhe dá um forte abraço, chorando como uma criança. Aioros faz carinho na cabeça de seu irmão e diz:

            - Calma, está tudo bem.

            Saga observa a tudo de longe, incrédulo. Ele jurava que havia matado seu amigo, anos atrás. Saga não sabe o que fazer: se se aproxima, pede perdão, o abraça... Aioros solta seu irmão, que fica lá, agaixado no chão, chorando. Ele se aproxima de Saga, andando lentamente e com uma expressão muito séria. Saga o acompanha com os olhos, com uma expressão indecifrável, gelada. Aioros se aproxima dele, o encara e diz:

            - E aí, meu amigo, há quanto tempo. – e dá um abraço apertado em Saga, que continua com expressão gélida, só que agora lágrimas escorrem pela face. Ele retribui o abraço e diz:

            - Como... você está vivo?! Eu me torturei por anos, achando que tinha matado meu melhor amigo...

            Aioros se afasta de Saga para lhe encarar, põe a mão em seu rosto e diz:

            - É, mas isso não aconteceu. Os deuses não permitiram que tal tragédia acontecesse. E você, meu amigo, no fim das contas, não fez tanto mal quanto julgava ter feito e agora, então, vê se toma jeito e se redime. – e dá outro forte abraço em Saga.

            Saga novamente retribui o abraço. Ele não entende como as pessoas, a quem ele fez tanto mal, não o odeiam. Aioros corre novamente para onde está seu irmão e o levanta do chão, dando outro forte abraço. Todos aplaudem.

            Yasmin se aproxima de Saga, que ainda acompanha Aioros com os olhos. Saga parece estar em choque, nem nota a aproximação de Yasmin. A menina o abraça novamente como fez a minutos atrás e diz:

            - Que bom que ele está vivo, ele é uma ótima pessoa.

            Saga abraça Yasmin mas continua com os olhos no amigo. A menina fala novamente:

            - Vamos, Saga, vem comer alguma coisa. – e o puxa para a mesa.

...

            Todos estão sentados à mesa, brindando e comemorando à tamanha felicidade. Saga se sente na obrigação de dizer alguma coisa, se levanta com uma taça na mão e faz um brinde:

            - Eu gostaria de dizer algumas palavras, na verdade agradecer. Agradecer aos deuses por nos permitirem tamanha felicidade, até mesmo quando a gente julga não merecer. Agradecer a nobreza dessa menina que aqui está – e aponta Athena, que acena com a cabeça – Agradecer a nobreza desse homem admirável, que, apesar de ser um ano mais jovem que eu, sempre o admirei na minha infância e juventude, meu melhor amigo, ainda mais agora, pela nobreza imensurável de seu perdão a quem nem o merece. – e aponta a taça para Aioros, que pisca e faz uma continência – E, sobretudo, a pessoa que me ensinou o mais puro sentimento de amor: minha filha, Yasmin. – e aponta a taça para a menina – Todos levantam a taça, fazem um brinde e gritam: - VIVA!

            Yasmin fica sentada no lugar, chorando muito, nunca havia sentido tamanha felicidade. Saga se aproxima, a pega pela mão e a puxa para dançar. Nesse momento, todos se levantam de suas mesas e dançam. Yasmin, apesar de ser grega, nunca havia dançado a Dança Grega (aquela onde se quebram pratos).

            Eles dançam por horas, nem percebem o tempo passar. A festa só é interrompida por um sujeito que aparece de repente, para de longe e fica olhando para todos, sem saber o que fazer. Todos olham, tentando reconhecer o sujeito, mas ele está um pouco distante, com a cabeça levemente abaixada. Quando Saga quebra o silêncio, dizendo:

            - Eu não acredito! – e corre na direção do rapaz, dando-lhe um forte abraço.

            Nesse momento, o rapaz levanta a cabeça, chorando. Todos olham incrédulos: ele é igualzinho a Saga. Yasmin imediatamente se lembra daquela noite estranha, em que pensou ver Saga fugindo pela janela, e passa mal. Ela cai de joelhos, parecendo que iria desmaiar. Sua amiga Shina a ajuda a levantar e Yasmin se apóia nela. Saga continua a conversar com o rapaz:

            - Eu não acredito. São surpresas demais para um só dia. Kanon, meu irmão!

            - Irmão?! – diz Yasmin, muito surpresa.

            - Saga, meu irmão. Eu criei coragem e vim te ver. Eu fiquei sabendo da festa e achei que era a melhor oportunidade para aparecer... – Yasmin se aproxima, ainda apoiada em Shina e o interrompe:

            - Era você, naquela noite, não era?

            Kanon não tem coragem de responder, simplesmente abaixa a cabeça. Yasmin conclui que a resposta é afirmativa e dessa vez Saga que os interrompe:

            - Noite, que noite, Yasmin?

            Kanon responde:

            - Saga, eu fiquei sabendo do seu coma e vim te ver, mas como ninguém sabia sobre mim, achei melhor entrar escondido, mas a menina vinha subindo as escadas e me surpreendeu indo em direção ao seu quarto que, assustado, fugi.

            Saga olha para Yasmin e pergunta, desconfiado:

            - Yasmin, porque não me contou?

            - Porque eu não sabia que você tinha um irmão, ainda mais gêmeo. Acreditei ter tido uma alucinação ou visão.

            Saga não se contém e começa a rir muito. Yasmin estranha sua reação, pois não vê onde está a graça naquela confusão toda. Yasmin e Kanon continuam muito sérios. A menina o encara, com expressão de poucos amigos. Ele não consegue encará-la novamente e abaixa a cabeça. Yasmin se aproxima e pergunta:

            - O que veio fazer naquela noite realmente? Eu não te assustei ao ponto de você fugir, apenas te abracei. Por que você simplesmente não disse que era irmão de Saga? Não teria como eu não acreditar. Eu teria deixado você vê-lo.

            Nesse momento Kanon cria coragem e encara Yasmin. Ele está visivelmente sem jeito, com as bochechas coradas. Mas mesmo assim ele encara a menina, enquanto saga ainda ri distraidamente e diz:

            - Porque eu perdi o rumo com seu abraço, nunca imaginei que, indo ver meu irmão às escondidas, apareceria a garota mais bela que já vi na vida e me daria o abraço mais caloroso que jamais imaginei receber.

            Nesse momento, Yasmin toma um susto, pois não esperava ouvir tais palavras. Mais aliviada e acreditando na sinceridade do rapaz, ela ri. Então ela faz uma coisa inesperada para ele: lhe dá um forte abraço e diz:

            - Seja muito bem vindo, Kanon. – e dá um belo sorriso.

            Kanon sorri de volta, sentindo o coração saltar pela boca. Saga se levanta, abraça ambos e diz:

            - Simbora pra festa.